domingo, novembro 14, 2004

Sábado (11)

Como mandam as regras de etiqueta e os bons costumes, esse foi um sábado de sol e céu azul. Frio, mas de um jeito bom.

Estes dias, recebi uma carta. Do Brasil.

Eu gosto de receber cartas. São melhores que emails, toda a vida. Não que eu não goste de receber emails – pelo contrário – mas cartas demonstram um esforço verdadeiro de fazer contato. Requerem caneta, papel, envelope, selo e a atividade de levar a mesma até a caixa de correio. Cartas são o resultado de um encontro íntimo entre a folha e o lápis, ou caneta. A palavra escrita à mão, dizem que se pode saber muito da personalidade de alguém apenas estudando sua escrita. Não chego a tanto.

Mas eu contava que recebi uma carta, e vocês imaginam a felicidade que fiquei ao recebê-la. A letra no envelope, conhecida. Dentro, uma propaganda e um guardanapo. Mais nada.

No guardanapo, um dicionário.

“Afeitar: cortar a barba, enfeitar.

Andar pelas caronas: andar mal, em dificuldades.

Baldoso: cavalo manhoso.

Borracho: o mesmo que bêbado.

Bugre: termo genérico para os índios aqui do sul.

Cancheiro: quem é provido de experiência e habilidade em alguma coisa.

Chasque: mensageiro; pessoa que se despacha levando uma mensagem.

Crioulo: o natural de determinado lugar, região, estado, país.

Cupincha: camarada, companheiro, amigo.

De vereda: imediatamente, já.

Engasga-gato: ensopado com pedaços de charque da manta da barrigueira.

Estar com o diabo no corpo: estar furioso, insuportável.

Galpão: trata-se de uma grande construção, rústica, onde os peões do campo vivem, comem e dormem.

Gaudério: termo usado para coisas referentes à arte, costumes e ao que é típico do Rio Grande do Sul, tal como o modo de falar e vestir.

Guampa torta: pessoa mal-humorada.

Mala de garupa: pequeno saco, com abertura no centro, usado como alforges.

Mão-de-leitão: indivíduo avarento, sovina.

Na ponta dos cascos: alguém numa posição excelente, cuidasdosamente pronto para atuar.

Paisano: do mesmo país, amigo, camarada, camponês, não militar.

Piquete: pequeno potreiro, ao lado de casa, onde se põem os animais utilizados diariamente.

Se aprochegar: chegar mais próximo, se acomodar.

Solito: sozinho.

Terneiro: cria de vaca até a idade de 01 ano.

Tropeiro: condutor de tropas, de gado, de cargueiros.

Vivente: criatura viva, pessoa, indivíduo.”

A propaganda, da Churrascaria Galpão Crioulo, “o melhor da tradição do Rio Grande”. Só para garantir que não vou esquecer de onde vim, imagino.

Não tem perigo, podem ficar tranqüilos. Além do mais, logo estarei aí.

Até.

2 comentários:

Anônimo disse...

Quem te mandou essa carta? Só pode ter sido o "Freddy" certo? Nós temos uma intrigante correspondência por guardanapos, todos cuidadosamente guardados, ou por mim, ou por ele... e carta é um costume do "Freddy" nem que seja para "sutilmente" me xingar pelo correio...E aí,acertei? Beijinhos da Jacque

marcelo disse...

RESPOSTA:

Absolutamente certa!

Parabéns...