Vivo um “quase-dilema”.
Aproxima-se o verão no hemisfério sul, e seu antípoda, o inverno, aqui no norte do mundo. Existe o risco de haver uma dissonância entre o que escrevo n’A Sopa e o que os leitores – que ainda em sua maioria estão no Brasil – querem ler. Explico.
Ao contrário do verão, tempo de maior informalidade, de textos mais leves, situações de praia, pensamentos amenos, o inverno convida à introspecção, à filosofia, aos pensamentos profundos. O vinho tinto, as sopas, o pão, tudo combina com o frio e com reuniões de amigos, conversas sobre quem somos e para onde vamos, o sentido da vida.
Penso que é difícil ser filósofo nos trópicos. Não tem como pensar na 'finitude do ser diante do nada' na beira da praia, tomando caipirinha, em plenão verão. Por mais que se queira, não é possível buscar a transcedência com protetor solar e areia.
Por outro lado, aqui o tempo de reflexões começa já no outono, quando as temperaturas começam a cair. A mudança das cores, as folhas que ficam amarelas e depois vermelhas, até cairem, tudo nos remete à passagem do tempo, justamente à finitude, ao ciclo da vida. Nos primeiros dias, me encantei com espetáculo das cores, encantamento esse que durou até me dar conta que os tons diferentes que surgiam a cada dia eram apenas a longa agonia das árvores em direção à morte, ao inverno. Ela secam e caem, ficam “mortas” até renascerem, na primavera.
As folhas no chão, podem representar muitas de nossas ilusões, algumas vezes sonhos, que se frustram, caem, e jazem mortos esperando serem recolhidos. Mas que vão renascer em breve, e o ciclo da vida se completa. Nascemos, vivemos, envelhecemos e morremos. O outono aqui não nos deixa ficar longe desta perspectiva. Mas traz consigo um alento, a lição de que algumas vezes, ao sentirmos que algo se perde, devemos lembrar que ali na frente vamos ter a oportunidade de recomeçar.
É tudo uma questão de estar atento ao que acontece ao nosso redor.
3 comentários:
Pois é, Velho ! Continuo no Mottin e isso gera uma defasagem nos mails. Li todo o Blog hoje. Fiquei sensibilizado com a parte das folhas que são como ilusões perdidas. Continuo com algumas ilusões, que insisto em cultivar, mesmo que já amareladas.
O frio, o quente, o verão...nada importa. O que importa são as pessoas que nos fazem bem.
Continua guentando aí, que nós tocamos aqui!
Um grande abraço do amigo Jéferson
Oi Marcelo,
Adorei sua comparação do ciclo de uma árvore no outono à vida humana. Foi perfeito ! abraços,
Oi, Marcelo!
É isso aí, tudo é um ciclo... e o melhor de tudo é termos a chance de sempre recomeçar!!
Boa semana pra vc!
Bjo!
Luly :)
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