Estou em trânsito.
Serão vinte e quatro horas entre – depois de tirar o lixo, dar a última revisada na casa, conferir documentos, passagem, passaporte, apagar as luzes, conferir tudo de novo, sair do apartamento, chavear a porta, conferir se está fechada, chamar o elevador, entrar no elevador, sair de novo e conferir de novo se está mesmo trancada, voltar ao elevador – sair do apartamento e chegar no meu destino final. Serão cerca de sete horas de espera em Miami, talvez com uma rápida passada para um café ou um suco em Miami Beach, antes de embarcar no vôo de oito horas até São Paulo e depois mais hora e meia até chegar em casa.
Normalmente, seria um massacre.
Dessa vez, não estou incomodado pelo tempo de viagem. Chegar, isso é o que importa. Ao contrário da vida – onde o que importa é o caminho que trilhamos – agora é o destino final só o que conta: Porto Alegre.
Do Quintana.
O MAPA
Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo...
(É nem que fosse o meu corpo!)
Sinto uma dor infinita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...
Há tanta esquina esquisita,
Tanta nuança de paredes,
Há tanta moça bonita
Nas ruas que não andei
(E há uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)
Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso
Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)
E talvez de meu repouso...
Do Vitor Ramil.
RAMILONGA
Chove na tarde fria de Porto Alegre
Trago sozinho o verde do chimarrão
Olho o cotidiano, sei que vou embora
Nunca mais, nunca mais
Chega em ondas a música da cidade
Também eu me transformo em canção
Ares de milonga vão e me carregam
Por aí, por aí
Ramilonga, Ramilonga
O trânsito em transe intenso antecipa
A noite
Riscando estrelas no bronze do temporal
Ares de milonga vão e me carregam
Por aí, por aí
Ramilonga, Ramilonga
O tango dos guarda-chuvas na Praça XV
Confere elegância ao passo da multidão
Triste lambe-lambe, aquém e além do tempo
Nunca mais, nunca mais
Do alto da torre a água do rio é limpa
Guaíba deserto, barcos que não estão
Ares de milonga vão e me carregam
Por aí, por aí
Ramilonga, Ramilonga
Ruas molhadas, ruas da flor lilás
Ruas de um anarquista noturno
Ruas do Armando, ruas do Quintana
Nunca mais, nunca mais
Do Alto do Bronze eu vou pra
Cidade Baixa
Depois as estradas, praias e morros
Ares de milonga vão e me carregam
Por aí, por aí
Ramilonga, Ramilonga
Vaga visão viajo e antevejo a inveja
De quem descobrir a forma com que me fui
Ares de milonga sobre Porto Alegre
Nada mais, nada mais
8 comentários:
Oi Marcelo,
Boa viagem! Curta bastante com a sua família, namorada, mate as saudades e recupere as forças para continuar os seus estudos em Toronto.
Abçs, Laila.
Oi Marcelo,
Aproveite bastante Porto Alegre e tome um chimarrão por nós. abraços,
Acho q vc ainda volta para Toronto, né? Que eu me lembre vc ia ficar ate fevereiro + ou -.
Boa viagem para vc, aproveita bastante!
Beijos!
Boa viagem Marcelo. Se você esquecer do seu Blog e não mais nos falarmos, feliz Natal e Feliz Ano Novo. Abraço.
YYYYYYYYYYYÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊ!!!!!!!!!!!
Vem voando, chega logo, estou te esperando, morrendo de saudades!!! Beijos da tua esposa virtual, e em breve real, Jacquinha
Boa Viagem Padrinho! Nos encontramos em breve aqui em POA! A Confraria trará ventos de Toronto, de Ribeirão Preto e da Austrália! Vamos provocar um furacão por aqui. Brindes, boas risadas e muitas saudades! Até breve, Lucinha
Boa viagem Marcelo!
Aproveite bastante e volte cheio de historias para contar. ;)
Q
Oi, Marcelo!
Uma ótima viagem pra vc!!!
Vai ter muito assunto pra postar depois, hein?! Estarei por aqui pra ver!;o)
Bjo
Luly :)
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