terça-feira, fevereiro 22, 2005

Tanto Amar

Sou um romântico incurável. Mas não sou o único nem o último.

Tem um amigo meu, por exemplo, que um dia se apaixonou pela menina da fiambreria. Você sabe, aquela que fica atrás do balcão e pesa e embrulha os fiambres (do Cast. fiambre, carne fria - s. m., carne, especialmente presunto, preparada para se comer fria) e os queijos. Pois é, nunca se comeu tanto queijo na casa dele quanto naqueles dias de tresloucado amor platônico e muitas visitas ao supermercado.

Não lembro se ele chegou a viver uma história com a menina dos queijos, mas isso não vem ao caso. Pensando nisso, percebi que hoje em dia, na era dos queijos fatiados e já embrulhados a vácuo, que ficam à disposição do consumidor sem que se precise solicitar a alguém “duzentos gramas de queijo lanche”, esse tipo de amor não surge mais…

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Essa semana, A Sopa no Exílio homenageia um dos maiores poetas da música popular brasileira, gênio mesmo, Chico Buarque de Holanda. Assim como com os Beatles, escolher apenas cinco ou seis músicas chega a ser uma crueldade, mas – paciência – ninguém disse que a vida era justa… Para começar a semana, e já antecipando a que vem, a música de hoje é dedicada à Jacque.


Tanto Amar

Amo tanto e de tanto amar
Acho que ela é bonita
Tem um olho sempre a boiar
E outro que agita

Tem um olho que não está
Meus olhares evita
E outro olho a me arregalar
Sua pepita

A metade do seu olhar
Está chamando pra luta, aflita
E metade quer madrugar
Na bodeguita

Se seus olhos eu for cantar
Um seu olho me atura
E outro olho vai desmanchar
Toda a pintura

Ela pode rodopiar
E mudar de figura
A paloma do seu mirar
Virar miúra

É na soma do seu olhar
Que eu vou me conhecer inteiro
Se nasci pra enfrentar o mar
Ou faroleiro

Amo tanto e de tanto amar
Acho que ela acredita
Tem um olha a pestanejar
E outro me fita

Suas pernas vão me enroscar
Num balé esquisito
Seus dois olhos vão se encontrar
No infinito

Amo tanto e de tanto amar
Em Manágua temos um chico
Já pensamos em nos casar
Em Porto Rico

Um comentário:

Anônimo disse...

É MArcelo, mas em compensação o que tem de queijo "de plastico" aqui, sem falar que queijo é caríssimo. Mas de qq forma que venha então o amor ....