segunda-feira, maio 16, 2005

Sobre a Vida e Outras Idéias

Cuidado com o que dizes (ou escreves).

Há um tempo atrás escrevi na Sopa – até acho que ela já era blog – que eu estava pronto para morrer. Foi um estresse. As pessoas tiveram reações diferentes.

Um primeiro grupo mandou emails me chamando de mórbido, e “que eu virasse a boca pra lá”. Perguntando se eu não tinha mais nada para fazer do que ficar pensando bobagens. Dava até azar falar uma coisa dessas. Bate três vezes na madeira. Toc, toc, toc. Para que mexer com a matungona?

Um segundo grupo me escreveu perguntando se eu estava doente. É isso, certo? É câncer, pode falar. Esse cabelos ficando escassos não eram sinal de calvície, era a quimioterapia. Tu tens que ser forte, luta, não te entrega. Que promessas já fizeste? Nós já fizemos algumas, que tu vais pagar se melhorares…

Finalmente, um terceiro grupo achou que era uma declaração suicida. Você sabe, o suicida sempre avisa, dá sinais de que quer ou planeja se matar. Só podia ser isso, era um pedido desesperado de ajuda. E resolveram me ajudar. Primeiro, não me deixaram mais ficar sozinho. Sempre tinha alguém por perto. Depois, não me deixaram mais cozinhar. “Longe das facas! Longe das facas!”. Até aí, tudo bem, tinha um desculpa para não ajudar nas lides domésticas… Mas quando resolveram não me deixar mais usar cinto e tiraram todos os cadarços dos meus sapatos e tênis, achei que a coisa estava indo longe demais. Resolvi explicar a situação de uma vez por todas.

Não era nada do que estavam pensando.

Não, eu não queria nem pretendia morrer tão cedo. Aliás, a morte, a matungona, não estava nos meus planos, mesmo os mais distantes.

O que eu queria dizer no início de tudo é que eu tinha me dado conta que já tinha tocado a vida de alguém, já tinha sido importante na vida de alguém, e isso já tornava a minha uma vida produtiva e significativa. De certa forma, eu já me imortalizara.

E que esse era o sentido da vida.

(TEXTO DE FICÇÃO BASEADO EM FATOS REAIS)
(ACIMA DE TUDO, PORÉM, FICÇÃO)

5 comentários:

Mirella Matthiesen (mikix) disse...

Putz... agora eu é que estou confuso... foi vc que escreveu esse post, certo???
Mas falando em "pronto pra morrer"... acho que nunca vou estar, mesmo sabendo que já toquei a vida de alguma pessoa... sou medrosa que só vendo!!!
Mas jura que o pessoal acho que vc fosse suicida... da proxima vez se explique direito, tá?

Allan Robert P. J. disse...

Algumas pessoas são realmente importantes na minha vida, mas ser importante para alguém é uma responsabilidade que não deve pesar.

De morte eu não gosto nem de falar. Aliás, morrer é a última coisa que eu quero fazer nessa vida.

Ciao

Anônimo disse...

Bom eu acrescentaria que eh dificil pensar na morte, mas na realidade o dia em que nascemos sao assinados 2 atestados: o de nascimento e de obito. A diferenca eh que no primeiro se completa todos os dados: data, peso, hora, etc e o medico assina. No segundo, o medico so assina. A data e o "porque" ficam em branco.... Acho ainda que o ser humano tem uma grande capacidade de sublimar isso e nao considerar isso como uma realidade. Tem que ser assim mesmo. Caso contrario, se senta em casa, numa cadeira, contemplando um calendario e se esperando que os outrso 2 campos sejam preenchidos....
Adriana.
PS. como me torno alguem com nome e deixo de ser un anonimo????

Anônimo disse...

Eu estou pronta pra morrer.

Tranquilerrima.

Abraco :)

Ana - http://aninhablog.com/blog

Anônimo disse...

Acho que isso é coisa de médico, viu... Detesto falar nesso assunto. bjs,