sexta-feira, junho 24, 2005

Consultório Sentimental do Seu Sopa (4)

by Ombro Amigo


Meus queridos e alflitos leitores,

Não se desperem, não abandonei vocês, apesar das evidências em contrário e das mensagens alarmistas do meu amigo e editor deste blog, o Marcelo. Tenho pensado nas questões que os afligem com particular interesse.

Principalmente nas manhãs em que dou longas caminhadas pelo Boulevard St. Germain, desde a esquina com o Boulevard St. Michel, do Brioche Dorée que sei que gostas muito, Marcelo, junto da Pizzaria Cluny, até onde ela se encontra com a Quai D’Orsay, já na beira do Sena, não muito longe da Pont Alexandre III. Tenho que sair logo cedo para aproveitar o ar fresco de manhã porque depois a temperatura tem ido aos 30ºC, tornando qualquer pensamento mais lento, todo movimento mais prudente.

Mas temos sido premiados com finais de dia belíssimos, independente de onde são observados. Uns dias subo até a Sacre Coeur e fico lá, sentado, em silêncio, até o sol sumir quase atrás da torre, quase às 10 da noite. Em outros, fico numa das pontes sobre o Sena, principalmente a Pont des Artistes. Os dias longos de Paris, ah, o dias longos de Paris… Será possível que exista um lugar mais belo? Mais mágico?

Querem saber da Isabella? Às vezes me acompanha, noutras não. Apesar de juntos sermos quase perfeitos, e felizes, nos respeitamos e respeitamos nossas individualidades. Ou seja, juntos somos um, mas separados não somos duas metades.

Esses são dois erros freqüentes dos casais: primeiro, um não respeita a individualidade do outro. Querem estar sempre juntos e acabam por se afastar de todo o resto do mundo, e – segundo - acabam se anulando enquanto seres independentes que se encontraram. E acabam perdendo no caminho aquilo que os uniu. Um casal nunca pode ser duas metades que se encontraram, ou juntaram. Metade da laranja é coisa para pra fazer suco. Duas pessoas que se juntam são duas histórias que se unem para formar uma única, que vai ser a soma de dois inteiros.

E é justamente o início da história que é a fase de estabelecer as condições, as fronteiras e os limites de cada um. Se um dos dois se anula para a relação funcionar, esta já nasceu morta, sem futuro.

O que não quer dizer que não é necessária flexibilidade, bom senso e uma certa dedicação para construir uma relação.

Agora vou pedir a sua licença, atento leitor, que ouvi barulho de chaves e o aroma de pão quentinho, e devo ir me dedicar à minha relação.

Semana que vem, se possível, volto.

Au Revoir!

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