domingo, fevereiro 10, 2008

A Sopa 07/27

A Viagem (12)

Após a visita à Cervinia e o encantamento com o Lago Blu, sabíamos que era hora de encerrar o período de visita aos Alpes e partir para os objetivos principais da viagem: Côte d’Azur, Provence e, encerrando em grande estilo, Paris. Pegamos, então, a estrada.

Tínhamos um grande percurso a percorrer, e nosso plano era chegar ainda no mesmo dia à costa. A distância entre Cervínia e o litoral era cerca de trezentos e cinqüenta quilômetros. Por essa razão, decidimos ir por uma autostrada (pedagiada, claro) para ganharmos tempo. Dessa forma, passamos apenas na periferia de Turin, avistando apenas ao longe a Basílica de Superga, imponente no alto de um monte próximo à cidade, mantendo para sempre a sua associação com uma tragédia, o acidente aéreo que matou o time inteiro do Torino, multicampeão e o melhor time de futebol do mundo na época: o avião em que estavam os jogadores se chocou com a basílica no dia 4 de maio de 1949, numa tragédia que emocionou a Itália e o mundo à epoca. Passamos ao longe, e nem comentei o fato com todos.

Foi uma longa viagem de carro, não tanto quanto mas semelhante a do primeiro dia. Paradas apenas para ida ao toillet e, já com vista do Mediterrâneo bem próximo a nós, para um lanche mais reforçado de final de tarde. Aliás, era bem comum durante os trajetos entre um lugar ao outro. Parávamos nessas estações e comprávamos pão, queijos, salames, copas, água e, claro, vinho (que quem dirigia NUNCA bebia). No início, o plano era comprar para comermos numa parada, talvez um piquenique, mas era só voltarmos ao carro e sairmos que comia-se tudo e tomava-se o vinho ainda com o carro em movimento. Em boa parte dessas vezes, era em quem dirigia e, portanto, não tomaava o vinho. Especificamente quando estávamos chegando ao litoral, eu não estava ao volante e – sim – pude aproveitar do vinho.

Ao sairmos da autostrada, fomos pegos pelo trânsito conturbado do final do dia e foi um trecho bem lento, por pequenas praias ainda no lado italiano da costa. Inicialmente, a idéia era parar em Menton, a primeira praia francesa após passar a fronteira com a Itália, a primeira da Côte d’Azur, mas esse plano mudou e resolvemos passar a primeira noite no litoral em Sanremo, ainda na Riviera Italiana.

Sanremo é mundialmente conhecida pelo seu festival de música, que teve seu auge nos anos sessenta – quando até o Roberto Carlos se apresentou e o italiano Domenico Modugno cantou, pela primeira vez, a famosa ‘Nel Blu di Pinto di Blu’, conhecida também como ‘Volare’ – mas existe até hoje. A cidade, ao menos em parte, espelha isso, dando a aparência de ter tido o seu auge entre os anos cinqüenta e setenta, e agora estando “meio decadente”.

Admito que essa é apenas uma impressão inicial, talvez devido à fonte com o nome da cidade iluminada por luzes fúcsia (conforme as mulheres disseram, eu jamais saberia que aquela cor tinha esse nome), e alguns dos hotéis que visitei até encontrarmos o nosso, história essa que conto em detalhes em breve. Antes disso, porém, estávamos chegando em Sanremo, que tem esse nome devido ao seu padroeiro, San Romolo. Sanremo é uma contração do nome do padroeiro.

Ao chegar à cidade, já noite, fomos procurar hotel para a noite. Em uma das avenidas centrais, encontrei dois diferentes, o primeiro de preço adequado mas de condições inadequadas, e o segundo de condições mais do que adequadas e preços beeem acima do que pretendíamos pagar, esse último em frente ao cassino da cidade. Andamos mais um pouco, e paramos em frente a um cinco estrelas, que eu disse que teria a diária super em conta. Entrei, perguntei e – pena – estava lotado. Logo em frente a esse, encontramos o Villa Maria, que era composto por três mansões de dois ou três andares, que haviam tido seu apogeu lá por 1950, conectadas por corredores. O preço era adequado, mas resolvemos ainda procurar um pouco mais antes de tomar a decisão final.

Circulando pelas ruas estreitas (que pareciam mais estreitas devido ao tamanho da nossa van) – típicas da Itália – continuamos procurando hotel. Em determinado momento, chegamos a uma intersecção que nos dava duas opções, direita ou esquerda. Para a esquerda, a placa indicava San Romolo (ainda não sabia que era o nome completo da cidade…) e fomos para ali, e a rua foi ficando mais estreita, mais estreita até que chegamos numa entrada de garagem, sem ter como retornar.

Estávamos parados numa rua de aparente mão única, com espaço para passagem de um único carro, em frente a uma garagem fechada, e com carros atrás de nós. Neste momento, admito, fiquei feliz por não ser eu na direção (era o Paulo). Uma transeunte no indicou que deveríamos voltar pelo mesmo caminho. Descemos, a Karina, o Pedro e eu, e fomos auxiliar o Paulo na manobra. Lentamente, fizemos o retorno, sob extremo cuidado e mesmo assim a Karina quase foi “amassada” pela van. Feito o retorno, fomos direto ao hotel Villa Maria.

Hotel cujos proprietários eram traficantes de órgãos.

Semana que vem, semana que vem.

Até.

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi Marcelo,
obrigada pela resposta no post anterior (ano passado) sobre a foto da Lagoa dos Patos.

Sabe? Morando aqui em Vancouver, CA, tenho visto coisas lindas, fotos parecendo postais, mas eh so para arquivar. Nao me transmite nada, fico atonita sem emocao.
E estava lendo teu blog e sempre leio de frente para tras, qdo vi aquela foto e me deu uma emocao.!!!Fiquei horas olhando e imaginando onde seria.
qdo vc respondeu sendo na Lagoa dos Patos, pronto..achei algo que tocou meu coracao, pque apesar de anos em Brasilia, sou de Porto Alegre Tche, gaucha mesmo que aqui o sotaque gaucho resolveu ficar forte,(mix com ingles) ja que em Brasilia estava escondido. kkk
So faltava vc ser Gremista. Eu sou, mas de familia colorada, entao estamos quites.
abracos
Marilia