domingo, dezembro 25, 2011

A Sopa 11/09


Termina 2011 e estou em férias.

Merecidas. Justas.

Fui almoçar esses dias com um amigo que, ao me ver, disse que há tempos não me encontrava daquele jeito, com aspecto descansado, relaxado. Tem razão, estou tranquilo, consegui reduzir a marcha para me recuperar, física e mentalmente. E, melhor de tudo, sensação do dever cumprido.

Sensação de que consegui, e neste momento não importa o que eu possa ter conseguido, nem vem ao caso. Quer fazer isso mesmo, tornar intransitivo o verbo que originalmente pede um objeto direto. Simplesmente consegui. Ponto.

E encerra o ano, bola ao centro, começamos tudo de novo. Mais uma vez, e sempre.

Sei que falo e não digo nada, ou – melhor – quase nada. Claro que é proposital, neste momento acho que os pormenores são irrelevantes para o entendimento (ou não) do todo. É a potencial audiência mais ampla o que justifica o fato.

Dois mil e doze é o ano em que farei quarenta anos.

E lembro o começo do ano de 2002, quando vi que era hora de mudar minha postura perante algumas coisas que ocorriam na vida. E assim o fiz: dediquei-me aquilo que eu precisava me dedicar, inverti prioridades – profissionais, mais especificamente – e acabei entrando num turbilhão de acontecimentos que resultaram em chegar até aqui na condição em que estou. E foi bom? Claro que sim. Como já disse, consegui.

Fazer quarenta anos não quer dizer muita coisa, exceto que o tempo realmente avança a passos largos e não somos mais crianças. Tinha pensado numa grande festa, reunindo a Banda da Sopa novamente, os guris já tinham até topado, mas não sei mais de nada. Não com relação à banda, falo de fazer a festa ou não. Não sei mesmo. Tem tempo, que não é muito, para decidir. Vamos ver.

Mas essa é uma retrospectiva, dizia eu, e a ideia é pensar o ano que passou.

Posso dizer que reencontrei velhos amigos, relembrei de fatos e tempos idos e também não lembrei fatos que pessoas juram que vivi, o que assusta um pouco, afinal a boa memória sempre foi uma das minhas características. Não tive tempo de encontrar outras que queria muito reencontrar e que - sinceramente - pretendo fazê-lo no próximo ano. Algumas porque temos um passado muito significativo e acho que devo ao menos reafirmar isso.

Sinto que falo como se tivesse “contas a acertar” com as pessoas e uma urgência em fazer isso, como se correndo contra o tempo. E é verdade. Estou mesmo correndo contra o tempo. Aliás, sempre corro contra o relógio e, em boa parte das vezes (bem menos agora), nado contra a corrente. Como dizia, tenho pressa em dizer às pessoas que elas são importantes e que o convívio – mesmo que eventual, afinal amizade não tem hiato - é importante para a minha sanidade mental, para não esquecer quem realmente sou.

O que de importante aconteceu, no ano que ora termina, foram – como sempre – as pessoas e as relações. O resto é o resto, é falsificação, como diz a música dos Engenheiros do Hawaii. Música essa, ‘Exército de um homem só’, que poderia servir de trilha sonora:

Não importa se só tocam
O primeiro acorde da canção
A gente escreve o resto em linhas tortas
Nas portas da percepção
Em paredes de banheiro
Nas folhas que o outono leva ao chão
Em livros de histórias seremos a memória dos dias que virão
Se é que eles virão
Não importa se só tocam
O primeiro verso da canção
A gente escreve o resto sem muita pressa
Com muita precisão
Nos interessa o que não foi impresso
E continua sendo escrito à mão
Escrito à luz de velas quase na escuridão
Longe da multidão
Somos um exército, o exército de um homem só
No difícil exercício de viver em paz
Somos um exército, o exército de um homem só
Sem bandeira
Sem fronteiras
Pra defender
Pra defender...

Para terminar, conversando com uma colega com quem convivo há bastante tempo, e comparando quem eu era e o que fazia há alguns anos com quem sou e o que faço hoje, ela disse “Te vendeu ao sistema, então?”. Na hora, não soube o que responder, apenas disse que “pode ser, pode ser”. 

Semanas depois, tive a epifania:

“Não me vendi para o sistema, agora eu sou o sistema...”

:-)
 Até.

Um comentário:

Tiago disse...

Lembrei dessa:

http://www.youtube.com/watch?v=ekAPqr-obXk

vamos em frente!
abraço!