domingo, novembro 19, 2006

A Sopa 06/18

Lendas urbanas.

Chega um momento da vida em que percebemos que estamos velhos. É inevitável. 100% certo. Só não digo que é batata porque nada é batata, só a batata é batata. Parênteses. A frase anterior é uma descarada referência a um texto do Luís Fernando Veríssimo. Achei honesto citar. Fecha parênteses.

Antes de chegarmos nesse momento, em que percebemos que envelhecemos, existe um marco que é exatamente isso mas dito de forma mais suave, de forma que não nos espante como inevitavelmente acontece quando acordamos um dia e, ao olharmos no espelho, nossa primeira reação é se perguntar quem é esse senhor nos olhando: é quando percebemos que não somos mais guris.

É uma sutil diferença essa. Não ser mais guri ainda não é ser um velho, mas é a manifestação da inevitabilidade da passagem do tempo, a qual estamos todos condenados (certo, condenados foi meio pesado, admito). Saber que não somos mais guris tem algumas implicações práticas que, se por um lado nos limitam em alguns pontos, por outro nos livram do risco de alguns constrangimentos. Como na história do Cidão. Cidão tinha esse nome por causa da música “Os seus botões”, do Roberto Carlos, no trecho que diz “nos lençóis macios, amantes se dão”… Deixa pra lá.

Bom, a história não é do Cidão. Ele é um personagem emblemático dela, mas não o protagonista. Aconteceu com um conhecido de um conhecido meu. E atenção, isso – além de uma crônica – é também um alerta. Avisem seus amigos que ninguém está livre disso, a não ser, claro, aqueles que perceberam que já não são mais guris e não freqüentam determinados lugares e festas.

Pois bem, o conhecido de um conhecido meu saiu uma noite dessas para se divertir com amigos. Foram a um bar onde tomaram várias doses de bebidas com alto teor alcóolico, conversaram amenidades diversas – política e religião, por exemplo – até que resolveram ir a uma festa, numa conhecida casa noturna de uma conhecida cidade da região sudeste do Brasil. Chegando lá, se dispersaram naquilo que costumeiramente chamavam de “ir à luta”. O personagem em questão engrenou uma conversa com uma ruiva num vestido branco. Tomaram mais alguns drinks. E é tudo o que ele se lembra. A partir daí, tudo é escuridão e silêncio.

No momento seguinte acordou com o ruído do ventilador de teto num quarto de motel barato, sem roupas e apenas com um lençol cobrindo até pouco acima da cintura. De bruços. Ao lado dele, roncava um cara barbudo.

Era o Cidão.

Até.

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom "dindo"! Muito bom mesmo!!! Beijo, Lu

Allan Robert P. J. disse...

Pois é...
Dizem que o de bêbado não tem dono.