domingo, janeiro 30, 2022

A Sopa (de Férias)

(um texto antigo, e reflexivo)

 

Confissões.

 

Por incrível que pareça para você, fiel leitor, nem todo mundo gosta de mim. Não sou uma unanimidade. Verdade. Entendo sua estupefação. Como alguém pode não gostar de mim, um cara bem-humorado, simpático e modesto? 

Mas acontece que, e durante algum tempo, quando era mais novo e achava que precisava provar muita coisa para muita gente, eu realmente quis que todo mundo gostasse de mim. Foi duro descobrir que isso é impossível, por diversas razões. Desde as relacionadas a quem sou e o quê quero para mim, até aquelas relacionadas a circunstâncias da vida e às outras pessoas. Não é nada anormal que pessoas entrem e saiam de nossas vidas.


É um processo de seleção, o que vamos fazendo durante a vida. Encontramos pessoas, as conhecemos, nos conhecemos melhor por interagirmos com elas, nos reconhecemos nos outros. Nem todos estão na mesma sintonia que nós, ou não estão no mesmo barco, seja lá o que isso quer dizer. Procuramos aqueles que são parecidos conosco, com quem nos identificamos. E isso é muito mais marcado quando somos muito jovens, quando estamos formando nossa identidade social, digamos assim, que é a forma que o mundo nos vê e com a qual nos apresentamos.


Para reafirmar nossa própria identidade, procuramos aqueles que se identifiquem com quem somos, ou achamos que somos. É a fase das turmas, dos grupos, todos iguais, músicas iguais, roupas iguais. Lembro do All Star preto, que marcou uma fase. Tudo isso é importante e até fundamental para nos tornarmos adultos, para crescermos.


Chega um momento, porém, que aquilo que somos não muda mais, ao menos não em essência. E chega o dia que percebemos que não podemos (e na verdade não queremos) agradar a todos, fazer todos gostarem de nós. Como toda revelação, não é tão simples, e por mais que alguém diga que foi tranquilo, nunca é. Tem gente que nunca consegue, e passa a vida se preocupando com o que os outros vão pensar. E tomando atitudes em virtude do que os outros vão pensar.

 

Muitas vezes, para chamar a atenção – pois precisam disso, plateia, circo – criam polêmicas, agridem, tentar chocar os outros e, se e quando conseguem, ficam em estado de êxtase com as reações a suas provocações. Como muitos nas redes sociais. Criam polêmicas, acirrados debates, dão respostas agressivas quando, no fundo, são apenas crianças pedindo atenção. Eu não dou corda e esses provocadores. Não dou bola, que escrevam o que quiserem. Se eu não gostar, ou ficar ofendido, não leio mais.

Além disso, outro problema é que tem muita gente que se leva muito a sério. Que acha que é mais ou melhor que outros. E que – além de “serem” especiais – se consideram “guardiões” do bem no mundo. Vão de um lado a outro, de uma rede social a outra, policiando o que os outros escrevem e/ou pensam. Falta do que fazer.


Eu não me levo tão a sério assim. 

 

Escrevo porque gosto e porque sinto necessidade de fazê-lo. O que escrevo é de minha única responsabilidade, e arco com as consequências do que digo e faço. Não preciso provar nada para ninguém, mas devo confessar que – de vez em quando - não consigo não pensar que ser quem eu sou e estar onde estou é uma forma de vingança contra alguns por aí que – além de não gostarem de mim – ainda tentaram puxar o meu tapete.

 

E não conseguiram. 


(falei, falei, e não disse nada, eu sei…)

 

Até.

sábado, janeiro 29, 2022

Sábado (Por aí, Portugal - 2)


                Há 4 anos, Cascais/Portugal (2018).

                Bom sábado a todos.

quarta-feira, janeiro 26, 2022

Em 2022??

 Ainda a pandemia. 

Os últimos dias, de aumento de casos de COVID decorrentes da variante do momento, a Ômicron, tem – evidentemente – levando a um proporcional aumento da procura por consultas médicas, boa parte online. Muitos casos, invariavelmente leves sabemos que por causa da vacina. Os únicos casos graves de verdade são de pacientes que inexplicavelmente não se vacinaram.

 E esses evoluem como se ainda estivéssemos em 2021, com insuficiência respiratória, ventilação mecânica, etc. E a distinção tem sido bem clara: em sua esmagadora maioria, os vacinados tem casos leves. Um exemplo ocorreu aqui em casa. A Marina teve COVID pela segunda vez há poucos dias. Obstrução nasal, garganta “arranhando”, e só. Sem febre. Decidimos testar, porque – atualmente – quem tem sintomas respiratórios, de vias aéreas superiores, deve se testar, e ela estava positiva.

Isolamento, e só.

 

Ao completar 5 dias de início dos sintomas, como estava totalmente assintomática, testamos novamente: negativo. Pode sair do isolamento, mas manteve os cuidados (máscara quando na presença de outras pessoas, por exemplo) até completar 10 dias. Essa evolução benigna foi possível pela proteção oferecida pela vacina, sem dúvidas.

 

Corta para ontem.

 

Uma paciente antiga (e quase amiga) perguntou se eu poderia – depois de eu ter saído do consultório – atender a sobrinha dela, que estava com COVID e consultara com uma médica, mas que não confiara e queria ser atendida por outro médico, e me indicara. Claro que eu poderia atendê-la. Assim que cheguei em casa, fiz a consulta on-line.

 

Um caso leve, poucos sintomas, apenas esclareci dúvidas e orientei tratamento sintomático. Durante a consulta, ela me contou que a colega médica pneumologista que a havia atendido havia conversado pouco e rapidamente prescrito o chamado “Kit-Covid”, com hidroxicloroquina e ivermectina, além de zinco e vitamina D. A paciente diz ter ficado horrorizada e que não tomaria, por isso quis uma segunda opinião (que acabou sendo a minha, no caso). Disse a ela que – se estivéssemos em maio de 2020 – eu até entenderia a prescrição, pois ainda estávamos aprendendo, mas não agora, em janeiro de 2022. Mas isso não foi o pior que me aconteceu ontem.

 

Pela manhã, atendendo no consultório, uma paciente me revelou – enquanto conversávamos sobre as vacinas, e eu dizia sinceramente não entender quem não se vacina - que uma pneumologista, colega conhecida e que frequenta algumas das mesmas reuniões científicas que eu, e que a havia atendido anteriormente, não se vacinara (!) e dizia que não iria se vacinar porque “essas vacinas foram feitas muito rapidamente” (!). Fiquei sem saber o que dizer. Apenas sorri, dei de ombros, e segui a consulta, como se não tivesse ouvido tamanha bobagem vinda de uma pessoa que supostamente deveria estar ajudando as pessoas.

 

Não falei nada porque não tenho mais paciência com essa gente.

 

Até.

domingo, janeiro 23, 2022

A Sopa

Tenho planos.

 

Estou sempre – sempre – com o olhar mirando o horizonte, o futuro. Planos, projetos, expectativas. Isso pode ser visto como parte de um quadro de ansiedade (esperar viver no futuro) ou como foco em objetivos, dependendo de quem está analisando a situação. E a pergunta que fica é se isso me impede de viver o presente.

 

Acho que não impede, devo dizer.

 

E está aí uma equação nem sempre fácil de ser resolvida. Como aproveitar o momento, estar presente, viver o presente, em contrapartida a antecipar o que virá, preparar, construir. Devemos fazer sacrifícios hoje para aproveitar os benefícios no futuro. E se não houver futuro, se não houver amanhã?

 

Vejo isso como processo contínuo, e – à medida que  tempo passa – devemos precisar cada vez menos sacrificar o presente em prol do futuro. A experiência, imagino, tem o potencial de nos dar essa possibilidade, de saber o momento de cada coisa, viver o hoje e projetar o que vem em frente.

 

E nunca devemos parar de projetar, planejar, em suma, andar em frente. Viver é como andar de bicicleta: manter o equilíbrio, e - se paramos – caímos. Às vezes enfrentamos trânsito e devemos andar mais devagar, com mais cuidado. Parar, contudo, não é opção. 

 

Mas sempre aproveitando o passeio, digamos assim.

 

É o que tenho tentado fazer.

Até.   

sábado, janeiro 22, 2022

Sábado (Por aí, Portugal)


 


              Lisboa, 2018.

              Bom sábado a todos.

              Até.

quarta-feira, janeiro 19, 2022

Sobre a liberdade

Liberdade. 

 

Sou um defensor ferrenho e intransigente da liberdade individual.

 

Acredito que cada um de nós tem o direito de viver da forma que achar mais adequada. Que tem o direito de decidir o que fazer e com quem fazer o que bem entender de sua vida. E ninguém tem nada com isso. A forma que vives tua vida só diz respeito a ti, e ninguém mais.

 

Por isso que – insisto – a sexualidade, religião, partido político, time de futebol, são questões pessoais e individuais, e não deveria ser passível de discussão se sou isso ou aquilo. Simples assim.

 

E isso vale para a questão da vacinação ou não.

 

Sim, é um direito individual inalienável de cada um a decisão de se vacinar ou não, e – em tese - ninguém pode obrigar a isso. Porém...

 

Liberdade implica em responsabilidade, com arcar com as consequências dos seus atos. É aquele clichê de que a “liberdade de um termina onde começa a liberdade do outro”. Em outras palavras, se coloca em risco outras pessoas, não está legal. Para evitar isso, o colocar em risco as pessoas, existem regras de convivência estabelecidas e que disciplinam a vida em sociedade.

 

Estou falando, podem imaginar, da falsa polêmica criada em torno da participação ou não, da entrada no país ou não, do tenista Novak Djokovic, que foi impedido de jogar o Austrália Open e deportado da Austrália. Digo falsa polêmica porque não existe polêmica, e qualquer tentativa de criar uma é desonestidade intelectual.

 

Sim, ele tem o direito de não se vacinar (por mais estúpido que possa parecer, e é). Mas ele deve arcar com as consequências de sua decisão. Uma delas é que ele não pode entrar na Austrália sem estar vacinado (ou ter uma razão médica para não estar). E, consequentemente, não pode jogar o torneio. Assim como – a princípio – não poderá jogar o Roland Garros, na França, pela mesma razão. É a regra, e que deve ser respeitada.

 

E não adianta chiar.

 

Para entrar nos Estados Unidos, preciso tirar visto. Ponto, é a regra. É a mesma situação. Se tiver que ser vacinado para o COVID para entrar em qualquer país, se eu quiser entrar terei que me vacinar. Simples assim.   

 

Não é um assunto passível de discussão.

 

Até. 

segunda-feira, janeiro 17, 2022

A Sopa

 Aconteceu semana passada.

 

Estava em casa, final do dia de quinta-feira, recém chegado do consultório, sentado no sofá em silêncio na casa silenciosa porque as meninas estavam viajando e pensando na jantar que faria e comeria sozinho assistindo alguma série da Netflix quando o celular tocou. Era um número desconhecido.

 

Prontamente atendi, afinal são dias de COVID.

 

“É o Dr. Marcelinho?” perguntou a pessoa do outro lado da linha.

 

Uma série de associações rápidas me fez concluir que quem estava ligando (não era uma voz conhecida) certamente teria alguma ligação com o meu passado, com os verões na praia de minha infância/adolescência, o que se confirmou logo depois quando se identificou: era a mãe de um querida amiga (e agora também paciente) da nossa turma da praia, a ‘Turma do Muro’ da qual já falei por aqui em algum momento no passado.

 

Marcelinho.

 

Eu mesmo, à disposição.

 

Quando ainda, eventualmente, sou chamado de Marcelinho, é certo que é por alguém que me conheceu naquela época em que, para diferenciar do ‘Marcelão’, mais velho, maior e de maior peso, tornei-me o Marcelinho. De certa forma, ainda sou...

 

O efeito de ser chamado assim é o mesmo que ouvir algumas músicas tem em mim, que é o de estar numa máquina do tempo e voltar a outra época. Consigo sentir exatamente o que sentia naquela época, no caso os verões da metade dos anos 80 até início dos anos 90, assim como ouvir algumas músicas do Cazuza tem esse efeito, de me sentir como se estivesse lá, que eu ainda fosse quem eu era naquele tempo.

 

É uma sensação boa, mais ainda por saber como a história se desenrolou desde então, e que – em meio a diversos erros cometidos ao longo do caminho – não mudaria nada (para não correr o risco de não estar onde estou).

 

Também ser chamado de Marcelinho me conecta com minha história e  de certa forma me deixa bem mais jovem, mesmo que de qualquer maneira eu ainda me sinta muito jovem...

 

Até.  

domingo, janeiro 16, 2022

Sábado (atrasado, eu sei...)


     Uma foto de sábado em um domingo escaldante..

     E de um verão no Algarve, quando lá era inverno (em 2018)

     Até.

domingo, janeiro 09, 2022

A Sopa

Tento ser leve, na vida.

 

Nem sempre consigo, confesso. 

 

A busca da simplicidade, do viver bem, da não ausência de ambições, mas o estar confortável com o caminho percorrido e disposto a seguir em frente, entre humilde e resoluto, absorvendo cada passo na estrada e tendo a capacidade, a vontade e o tempo de apreciar o que está à volta, a paisagem.

 

Importante também são as companhias de jornada.

 

Digo ser leve no sentido de não irradiar energia negativa e aprender a não absorver as que são emanadas ao meu redor. Precisar de menos, no sentido material, e de mais, em termos de relacionamentos. Como disse uma vez, tudo na vida são relacionamentos, o tempo todo. 

 

Aprender a nos relacionarmos com as pessoas, com o mundo em geral, é a chave de tudo. E lembro da música do Nei Lisboa, que é (mais um) tipo de mantra para mim:

 

Me ofereceram Buda, Krishna, Cristo
Um coração, um ombro, a mão
Um visto pro Japão
Não que eu achasse graça
Mas me lembrava
Aquelas calças divididas
A lingerie por cima
Ainda por cima aquelas pernas
Tantas ideias, tantas braçadas
Tantos amassos, tanta tesão
Não que eu me desse conta
Enquanto havia
Mas na memória
As contas da história brilham na luz
E nessas horas
Não tem mais hora
É sempre meio-dia

Seria um lindo domingo
Um grande desfile
O último show
Se houvesse um tele transporte
Se fosse arte nas mãos de deus

Porém o céu parece estúdio
Nem o silêncio não diz nada
Mesmo essas frases vão pro lixo
São como lenços de papel
Ainda por cima aquelas pernas
Algumas coisas serão eternas
Que bela ideia acreditar
Que o mundo te aprendeu

  

Eu gosto especialmente da ideia de que o mundo pode nos aprender, assim como o aprendemos e apreendemos. A letra da música é poesia pura, magistral, encantadora e inspiradora.

 

Dá vontade de sair por aí e viver.

Até.   

sábado, janeiro 08, 2022

Sábado (e perfeição)




Nunca foi tão atual, lamentavelmente....


Vamos celebrar a estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja de assassinos
Covardes, estupradores e ladrões
Vamos celebrar a estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso Estado, que não é nação
Celebrar a juventude sem escola
As crianças mortas
Celebrar nossa desunião


Vamos celebrar Eros e Thanatos
Persephone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade

Vamos comemorar como idiotas
A cada fevereiro e feriado
Todos os mortos nas estradas
Os mortos por falta de hospitais

Vamos celebrar nossa justiça
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos

Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas, mentiras e sequestros
Nosso castelo de cartas marcadas
O trabalho escravo
Nosso pequeno universo
Toda hipocrisia e toda afetação
Todo roubo e toda a indiferença
Vamos celebrar epidemias
É a festa da torcida campeã


Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar um coração
Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado de absurdos gloriosos
Tudo o que é gratuito e feio
Tudo que é normal
Vamos cantar juntos o Hino Nacional
A lágrima é verdadeira
Vamos celebrar nossa saudade

E comemorar a nossa solidão


Vamos festejar a inveja
A intolerância e a incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer a nossa gente
Que trabalhou honestamente a vida inteira
E agora não tem mais direito a nada
Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta de bom senso
Nosso descaso por educação

Vamos celebrar o horror
De tudo isso com festa, velório e caixão
Está tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou esta canção


Venha, meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão

Venha, o amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Nosso futuro recomeça
Venha, que o que vem é perfeição 


Ah, pois é. Bom sábado a todos.


Até.

 


quinta-feira, janeiro 06, 2022

Sobre o dizer e o escrever

Registrar pensamentos.

 

Tenho que começar a anotar, ou gravar, as ideias que tenho para textos e crônicas para cá. Durante o dia, por aí, envolto em atividades diversas, muitas vezes tenho insights, eventualmente epifanias, que penso que serão perfeitas para uma Sopa de domingo, mas depois acabo esquecendo, não conseguindo lembrá-las quando sento para escrever.

 

Acontece direto.

 

Aconteceu hoje.

 

Caminhava no longo corredor do Centro Clínico da PUCRS, indo ou voltando do hospital, passando também pelo túnel que liga um com o outro, o Centro Clínico e o Hospital São Lucas, que chamamos (chamo) de túnel de extremos meteorológicos (é congelante do inverno e senegalês no verão), quando tive um pensamento que concluí na hora que merecia uma crônica sobre, que ia escrever sobre. Andei por metros empolgado com a ideia e a possibilidade de escrever sobre ela, de escrevê-la.

 

Esqueci, claro.

 

E não consigo lembrar.

 

Pode ter a ver com uma colega pneumologista que é parte agora da diretoria da Sociedade de Pneumologia, da qual continuo diretor, agora financeiro, já tenho passado por quase todos os cargos possíveis desde 2008 quando passei a fazer parte e que sou atualmente o diretor há mais tempo na diretoria, sem nunca esquecer que quando assumi a presidência eu era “a nova geração”. Mas eu falava dessa colega que disse que estava feliz em voltar a fazer parte do grupo e respondi que era muito bom tê-la de volta, e pensei que gosto realmente de pessoas, dos amigos, claro, de conviver com eles, de conversar, de contar histórias, de celebrar.

 

Talvez fosse isso que eu quisesse escrever.

 

Confesso, envergonhado, que não lembro.

 

Não importa, no final das contas, pois dizer o que eu acabo de dizer é o que eu precisava dizer. 

 

Até.   

quarta-feira, janeiro 05, 2022

Crônicas de uma Pandemia, a Volta

Pois é.

 

Não, as Crônicas de uma Pandemia não estão de volta, assim como a pandemia não está de volta porque não havia terminado. E, sim, vou falar um pouco da COVID-19, mesmo que eu não mais quisesse fazê-lo.

 

Falando aqui de perto do meu umbigo, estamos vendo que os casos de Síndrome Respiratória Aguda aumentaram muito na última semana e pouco, fruto da variante ômicron e da cepa H3N2 do vírus influenza, somados aos festejos de final de ano. A boa notícia é que estão cancelando as festividades de carnaval, que só ocorreriam no início de março, mas é o mais prudente a fazer.

 

Dizia eu que os casos aumentaram (até a Marina, tendo tido COVID e vacinada com duas doses, teve sintomas na semana do Natal, mas os testes para COVID e influenza foram negativos) o que evidentemente motivou a maior necessidade de nos cuidarmos, distanciamento, evitar aglomerações em locais fechados, máscaras, aquilo tudo o que temos falado ao longo do tempo. A quem não vacinou, que se vacine.

 

Sobre isso, criou-se no Brasil uma polêmica estéril sobre a vacinação das crianças de 5-11 anos. O governo central, esse poço de estupidez e ignorância, vem jogando contra a vacinação das crianças desde o início, o que – sim – já é motivo de chamá-los de criminosos, mas não é essa minha função. De um governo negacionista, espera-se tudo.

 

O que me espanta e frustra e decepciona e irrita é ver colegas médicos, a quem tenho grande respeito, entrando na onde de questionar a validade de vacinar ou não esse grupo etário. É mais ou menos a mesma sensação que tive – após dizer que eu havia sido voluntário do estudo da Coronavac – ao ouvir que ‘eu não faria essa vacina, vou feita muito rápido...’. E isso em 2020! Se fosse em 1950, eu entenderia e até apoiaria...

 

Agora ocorre o mesmo com a vacina infantil.

 

A vacina da Pfizer para crianças está aprovada para uso nesta faixa etária nos Estados Unidos (FDA), na União Europeia (EMA) e também no Brasil. Os estudos com crianças foram avaliados, e mais de 3 milhões de crianças já receberam ao menos uma dose nos Estados Unidos, com pouquíssimos eventos adversos, todos leves. E nem falo dos riscos da COVID em crianças que, sim, são menores que em adultos, mas não são inexistentes. Na balança do risco x benefício, que é o que fazemos todos os dias em medicina, sempre pró-vacina.

 

Se colegas competentes estão em dúvida quanto ao assunto, quando – em minha opinião pessoal, sabendo que não sou dono da verdade – não deveria haver nenhuma, só podemos concluir uma coisa...

 

Os anti-vaxxers, se não estão ganhando a guerra, estão fazendo muito estrago. 

 

Até. 

segunda-feira, janeiro 03, 2022

Consistência

Começou o ano de trabalho.

 

Devagar, confesso, mas janeiro será assim até as férias do início de fevereiro. Lembro que, tradicionalmente, os meses de verão são (para mim, para mim) mais tranquilos, leves. Pode ser pelo caráter sazonal da minha especialidade, fato esse que foi pervertido no último verão pela pandemia.

 

De qualquer forma, a sensação de início lento é boa porque permite que possa por em curso algumas das metas a que me propus para  ano que recém iniciou. Porque – sim – eu proveito o ritual da virada de ano para  um tipo de recomeço, mesmo sabendo que a troca de ano é uma convenção social, que o primeiro de janeiro é igual ao trinta e um de dezembro.

 

E começo com o objetivo dos últimos anos: consistência.

 

É o que tenho buscado. Ser consistente naquilo que faço.

 

Atividade física, alimentação (mesmo que o último mês e meio tenha sido “meio selvagem”), sono, estudos, trabalho. É incluir as atividades a que me propus fazer entrarem na rotina diária. Como fiz com a atividade física.

 

Há alguns meses, quando chegava na academia um dia de manhã, no estacionamento onde deixo o carro, uma das donas perguntou como eu conseguia ir todos os dias, de segunda a sexta-feira, treinar. Disse que era simples, era só não pensar. Tornar aquilo algo mecânico, automático, parte do dia, como escovar os dentes ou tomar banho.

 

Demorei muito tempo para conseguir fazer isso com a atividade física (sei que não é fácil e nem simples). Foi difícil encontrar a academia ideal para mim, que certamente é diferente de outras pessoas. Depois disso, foi só não pensar: acordar, me arrumar e ir. De segunda a sexta. E, nos finais de semana, a bicicleta (bike, para os modernos). Acordo normalmente antes da sete horas, tomo café, me arrumo e saio. Sozinho, com fone de ouvido tocando podcasts, ou com parceria, que torna o pedal mais leve.


O fato de que consigo ser consistente e disciplinado com a atividade física mostra que posso ser também em outros aspectos da vida, o que é mais um grande benefício do processo.

 

Melhora a autoestima e dificulta que a síndrome do impostor apareça com frequência maior...

 

Até.   

domingo, janeiro 02, 2022

A Sopa

Começou 2022.

 

Durante muitos anos, e até ano passado, sempre nos dias ao redor dessa transição entre o ano que terminava e o que iniciava, eu fazia a retrospectiva do ano anterior e projetava o ano seguinte. Era uma forma de para e refletir sobre o que havia vivido, com quem havia vivido e convivido, e de certa forma planejar aquilo que eu queria para o novo ano.

 

Quero, contudo, falar ainda algo de 2020.

 

Bem pouco, ou quase nada, admito, mas preciso retornar ao ano em que conhecemos o SARS-COV2 apenas para lembrar do principal acontecimento daquele ano, e que – não – não foi o vírus. Foi algo muito mais local, mais caseiro, da cozinha especificamente. Isso, o grande acontecimento da vida (minha, minha) em 2020 foi na cozinha.

 

Compramos uma air fryer

 

Após um mais ou menos longo período de negação e preconceito, decidimos adquirir uma fritadeira elétrica, dessas que não usam óleo, que “fritam” o alimento baseado num fluxo de ar quente gerado pela máquina e que circula em alta velocidade, dando o crocante característico nos alimentos. Foi um revolução aqui em casa.

 

Tardiamente descobrimos a utilidade desse aparelho, e passamos a utilizá-lo para esquentar ou preparar alimentos com um boa frequência. De certa forma, mudou nossas vidas para melhor.

 

O ano de 2021, como sabemos, foi desafiador.

 

O acontecimento mais significante de 2021 não foi, diferente de 2020, um eletrodoméstico. A vida, sabemos, é muito maior que isso. Apesar disso, e talvez ainda por efeito da pandemia (do tempo em que passamos em casa), o principal “acontecimento” do ano que recém terminou, também foi relacionado à cozinha.

 

O matambrito.

 

Sim, é óbvio que o matambrito não foi inventado e/ou descoberto em 2021. E também que não o conhecemos esse ano. Dã.

 

Acontece que essa iguaria (não vou me desculpar com vegetarianos e muito menos com veganos por isso) era uma maravilha que comíamos quando íamos em parrillas, sempre como entrada. Não era algo que fazíamos em casa, e confesso que nunca havia visto em supermercado (também é verdade que não procurara).

 

Até que em um churrasco de uma confraria que participo e que havia sido recém criada, um dos integrantes levou e preparou um matambrito, que – claro – ficou ótimo. E deu a dica.

 

A partir daí, fiz diversas vezes em casa, mesmo sem churrasqueira ou parrilla, na chapa mesmo. Fica pronto rapidamente e é uma delícia. Um achado.

 

Seria, sim, o que de melhor aconteceu no ano que acaba de terminar, se não fossem as vacinas, a família  e alguns reencontros que começaram a ocorrer. Vamos torcer que continue melhorando e que tenhamos infinitas possibilidades de encontros, churrascos e matambritos em 2022.

 

Até.

sábado, janeiro 01, 2022

New Year's Day

                  Um Ótimo 2022 para todos nós.

                   Que seja um grande ano, com muitos encontros e poucos vírus...

                    (ou que ao menos esteja controlado, e continuemos nos cuidando)

                    Até.