sábado, dezembro 31, 2022

A Sopa (a Retrospectiva 4)

 Está terminando mais um ano.

Algo que vem me chamando a atenção nos últimos anos é a tendência de muitos a considerar que o ano que estamos vivendo é pior que os anteriores. Como se na virada do ano tudo o que passou fosse esquecido, fosse zerado, e – no decorrer do período seguinte – as inevitabilidades da vida o tornassem, o caracterizassem, como – digamos – mas pesado, mais difícil. “Esse ano está difícil”, dizem.

 

O que é e não é verdade.

 

O ponto aqui é a necessidade de se olhar em perspectiva, olhar o todo, e não apenas um ou outro fato isolado. Todos os anos tem coisa boas, outras ruins, algumas ótimas e outras péssima. É assim. Sempre foi e sempre será. O importante é colocar em contexto, olhar o todo.

 

Dois mil  e vinte e dois foi um bom ano.

 

Há algum tempo, desenvolvi a crença de que os “anos pares” eram melhores que os anos ímpares. Acreditei nisso e – convenientemente – fui reunindo evidências que confirmassem minha teoria e, mesmo que de maneira inconsciente, desconsiderando qualquer fato que pudesse desmentir isso. Tinha como verdade inquestionável.

 

Não era verdade.

 

Assim como a crença de que agosto é um mês que dá azar, ou que ser familiar de médico é algum tipo de fator de risco para complicações médicas, ou se usar sempre a mesma cueca ao assistir futebol fará meu time ganhar. Pensamento mágico. 

 

Então eu dizia que 2022 foi um bom ano, mesmo com as coisas ruins que aconteceram. No final das contas, o balanço é positivo. Como sempre, algumas metas não foram alcançadas, por diferentes razões, mas estou tranquilo quanto a isso. Faltaram alguns churrascos, alguns encontros com amigos, algumas leituras a mais que gostaria de ter feito. Por outro lado, e como sempre, algumas portas se abriram e entrei, meio tímido ainda, mas avançando.

Fiz o melhor que podia devido às circunstâncias que se apresentaram. Melhorei em alguns aspectos, em outros posso melhorar ainda. A ideia é a evolução constante. Novas ideias, projetos.

 

Seguir andando. Sempre.

 

Até. 

quinta-feira, dezembro 29, 2022

A Sopa (a Retrospectiva 3)

Em 2022 eu fiz uma tatuagem. 

Sempre havia a vontade, já por muitos anos, mas nunca houvera a motivação, a razão para fazer. Não que haja a necessidade de haver uma razão outra que não a vontade, mas pessoalmente eu sabia que precisava de uma.

 

Quando, em setembro de 2021, meu pai internou no hospital pela primeira vez, ficando por quatro dias internado na emergência mesmo, um local sem janelas, com uma luz fluorescente acesa o tempo todo, e, em frente a ele, no seu campo de visão, um relógio de parede que não funcionava, o que o desorientou como desorientaria qualquer um, foi ali que decidi que – no dia em que ele não estivesse mais entre nós, e que eu esperava que ainda levasse muito tempo -  eu faria uma tatuagem em sua homenagem. E sabia o que tatuaria em meu antebraço direito.

 

O símbolo do Superman.

 

A partir daí, não precisaria explicar mais nada, e mesmo assim ele já sabia que era isso o que ele representava para mim, afinal há alguns anos eu o havia presenteado com um boneco do Super-Homem, e havia ressaltado a simbologia do presente, o seu significado. Porque eu aprendi em algum momento que as pessoas precisam saber (ou eu preciso dizer a elas) o quanto são importantes para mim e o quão grato eu sou por tê-las em minha vida.

 

Desde o momento em que decidi que um dia eu faria até realmente fazê-la, passou menos de um ano, infelizmente. Em 27 de agosto passado, exatamente um mês após a despedida dele, eu fiz a tatuagem, cumpri minha promessa, mantive minha palavra. Foi uma forma de homenagear um homem que – sim – tinha seus defeitos (como todos nós, aliás) mas que foi, sem dúvidas, um grande cara, um baita contador de histórias e que me ensinou muito. Minhas referências, ele junto com minha mãe.

 

Morreu dia 26 de julho à tarde.

 

Na manhã deste dia, já sabendo que era uma questão de algumas poucas horas, ainda pude passar um tempo junto a ele me despedindo, algo que já vinha fazendo nos últimos dias da internação. Pude encostar minha cabeça em seu peito, sentir seu coração ainda batendo rápido, mas já com a respiração fraca. Ali, agradeci por tudo, e prometi honrar a memória dele. Suas últimas palavras, em um dos seus últimos momento de lucidez, haviam sido ainda na UTI, quando falei que havia melhorado e que iria para o quarto: “É hora de levantar acampamento”.

 

E assim foi. Poucos dias mais tarde, com uma febre persistente e já sedado para não sentir nenhum tipo de desconforto, foi apagando, o final de um processo que lentamente se desenrolava por ao menos dois anos. Levantou acampamento definitivamente.

 

A despedida foi emocionante no sentido em que pude ver como ele era querido por muitos, que estiveram lá, mas não só isso: pude ver como a minha mãe, meu irmão e eu também somos, pelas pessoas que estiveram lá por nossa causa, para estarem lá conosco naquele momento difícil, o mais difícil até aquele momento em minha vida. Foi uma cerimônia simples, e bonita.

 

Eu estava sentindo um misto de emoções, naturalmente. A tristeza por perder meu pai, e a sensação reconfortante de me sentir abraçado por todos. No final, abracei meu irmão e minha mãe e disse que a melhor forma de homenagear meu pai era seguirmos juntos e vivermos nossa vida da melhor forma possível.

 

É o que venho tentando fazer.

 

Até. 

terça-feira, dezembro 27, 2022

A Sopa (a Retrospectiva 2)

A vida é a arte do encontro. 

Vinícius de Moraes declarou isso em seu magistral ‘Samba da Benção’, que compôs em 1967 junto com Baden Powel, letra citada até pelo Papa Francisco em uma de suas encíclicas, de nome Fratelli Tutti.  Além disso, Vinícius acrescentou que, apesar de ser a arte do encontro, há muito desencontro pela vida. Acredito nisso, de verdade. Acho que a vida que vale a pena ser vivida é a que é compartilhada, vivida em grupo. Sou, definitivamente um ser social. 

 

Uma das ideias que não se realizou em 2022 foi a de um podcast que eu faria e que tinha relação com isso, com pessoas e suas histórias de vida. Quem sabe no próximo ano? Quem sabe...

 

Ao longo da vida, o acaso nos proporciona encontros com pessoas das mais diversas origens, com histórias únicas, que em grande parte das vezes acabamos não conhecendo, e circunstâncias na maior parte dos casos alheias à nossa vontade é que vão determinar se esses encontros ao acaso resultarão em algum tipo de relação além desse ponto.  

 

Sim, continuo falando de música, do meu ano musical e do que a volta (emocional) a esse ambiente me proporcionou. Conhecer novas pessoas, criar relações a partir da afinidade comum, viver a música. Tudo foi ganho, tudo tornou meu ano melhor.

 

Se tivesse que personificar, dar um nome que representasse tudo isso, essa nova perspectiva, esse novo mundo que se abriu diante dos meus olhos quando passei a frequentar o ambiente de uma escola de música cujo foco principal é o rock, se tivesse que homenagear uma pessoa (vou falar de duas, na verdade) seria, sem discussões, o de Luís Henrique Tchê Gomes.

 

Tchê Gomes.

 

Guitarrista e cantor, foi integrante do TNT, banda fundamental do rock gaúcho.  Atualmente, é parte da Gaby Ferreira e Banda Polainas, em que toca junto com sua esposa, a Gaby. O Tchê é o diretor musical da School of Rock Benjamin POA, local onde Marina e eu somos alunos. Além das aulas individuais de guitarra que tenho com ele, ele também é o responsável pelos ensaios das bandas. 

 

Além de um talento e uma dedicação gigantescos, é um cara de uma generosidade maior ainda. Um cara espetacular. Nossas aulas, além da parte técnica, dos aprendizados referentes à guitarra, ainda são terapêuticos, no sentido em que conversamos sobre a vida, contamos histórias, compartilhamos experiências.

 

Se tornou um amigo a quem quero muito bem.

 

Mas homenagear uma só pessoa seria de uma injustiça imensa, e eu disse que não iria fazer.

 

Tenho que falar da School of Rock Benjamin POA, e de seu mentor, o diretor, o empreendedor que trouxe a franquia ao Rio Grande do Sul, o agora também amigo Thiago Vitola. Ele é, junto com o Tchê, a alma da escola: é por ele, também que passa o ambiente familiar, onde quase todos se sentem em casa, se conhecem e convivem, também um local seguro, onde a Marina e os outros da idade dela até mais novos circulam como se realmente estivessem em casa. A parceria tem sido muito boa, e em crescimento. Nosso último churrasco, no dia do último ensaio do ano, terminou perto das duas da manhã. 

 

Comentei com o Thiago mais de uma vez, agradeci acima de tudo, do quão importante foi a School of Rock (as pessoas, evidentemente) em 2022. Eles estiveram junto ao longo do ano, inclusive no pior momento de todos.

 

A morte do meu pai.

 

Continua.

Até.   

domingo, dezembro 25, 2022

A Sopa (a Retrospectiva)

O Ano dos Extremos.

 

Em 1991 foi publicada a primeira edição de “Era dos Extremos”, do historiador Eric Hobsbawm, livro que analisa o século XX, em suas relações sociais, políticas, econômicas e culturais. Sabemos que foi um século marcado por uma série de conflitos, mudanças e transformações que impactaram a sociedade global. Se o século XX foi de extremos, o que dizer do século XXI e suas bolhas, seus conflitos políticos e de visões de mundo, virtuais e reais? Certamente a era dos extremos se estendeu e se intensificou, podemos dizer.

 

Mas, evidentemente, não quero falar do mundo, ou de política, ou de internet, muito menos de redes sociais, vocês já devem imaginar. Porque aqui eu falo de mim, meus pensamentos, minhas reflexões, da minha vida, afinal de contas. E sigo.

 

Dois mil e vinte e dois, definitivamente o Ano dos Extremos.

 

Dizendo de outra maneira, o ano como uma montanha-russa, daquelas radicais, com grandes subidas, descidas abruptas seguidas de novas ascensões rumo ao que parece ser o espaço, para então descer de novo, nos deixando a sensação de que o coração sairá pela boca. Uma loucura como, na verdade, são todos os anos, como é a vida.

 

O ano em que fiz cinquenta anos. Em que perdi meu pai. Em que fiz uma tatuagem. Em que a música voltou a fazer parte da minha vida de maneira intensa. Em que larguei um emprego de professor universitário para voltar a ser profissional liberal e começar um novo projeto em um novo/antigo hospital. Em que vi a Marina crescer muito como vocalista. Em que ela participou de um musical. Em que tocamos no Sgt. Peppers e no Opinião. Em que tornamos a School of Rock parte de nossas vidas quase diárias e – por que não? – da nossa família.

 

Muita coisa aconteceu, num ritmo intenso.

 

Fevereiro, mês de férias, fizemos – depois de um hiato – uma viagem em família, de carro, como fazemos há muito tempo, tipo Perdidos na Espace, na verdade ‘Los Perdiditos’, como nomeamos a viagem. Foi um momento de desacelerar, e foi quando me dei conta de como a pandemia havia afetado meu estado de espírito, de quanto havia me cansado.

 

A viagem começou comigo ainda de certa forma tenso, sisudo, circunspecto, mas – conforme avançávamos geograficamente para longe de Porto Alegre e da vida diária – fui relaxando, me conectando com quem eu era (ou achava que era), e realmente aproveitando as férias e as pessoas que estavam comigo. Foi tão bom que virou um longo relato de viagem publicado nesse blog. Voltei das férias descansado como há muito não acontecia, mesmo que tenho passado boa a maior parte da viagem com dores devido a uma hérnia de disco cervical, que seria descoberta apenas depois de ter voltado.

 

A volta das férias coincidiu com o show de temporada da School of Rock na praia, e foi outro momento de felicidade plena participar do processo, chegando cedo, vendo a montagem do equipamento, a passagem de som, a convivência com o pessoal e, claro, o show em si. No meio do show, vendo a Marina, tive a epifania: era aquilo que eu queria para mim também. Queria fazer parte daquilo, precisava retomar a música. Era o sinal de que havia passado muito tempo longe da música e era hora de voltar.

 

Ato contínuo, me matriculei em aulas de guitarra e comecei em março na School of Rock (tudo por influência da Marina, a quem pedi autorização para entrar no que era o mundo dela). Foi como entrar em um novo mundo: conhecer novas pessoas, conviver intensamente com elas. A cada semana, uma hora de aula individual e mais de duas horas de ensaio com banda, sem falar nas vezes que ia lá por causa da Marina.

 

Música passou a ser estudo também. Passei a ouvir com mais atenção, mais cuidado. A criar novas referências, ao seguir orientações e dicas dadas por quem conhece. O mundo se ampliou, como já havia acontecido com a Marina. Méritos para os responsáveis. 

 

O ano foi, então, marcado pela música? 

 

Sim, também.

 

Subimos no palco algumas vezes para mostrar o resultado de nosso trabalho. Tocamos na rua, numa noite fria de maio, dez dias antes do show da temporada Beatles no Sgt Peppers, lendário pub com temática Beatles de Porto Alegre, lugar aonde a Jacque e eu fomos na primeira vez que saímos juntos. Assistimos nossa filha cantar nesse lugar vinte e sete anos depois dessa primeira vez. Mágico.

 

Depois, em julho, no Dia do Rock, tocamos numa loja de instrumentos musicais num shopping de Porto Alegre, outra experiência muito legal, mas que ocorreu no mesmo dia em que havíamos internado de urgência meu pai no hospital, de onde não sairia, no que certamente foi o episódio mais triste da minha vida até aqui. Falo disso mais adiante, contudo. O foco ainda é o que a música me (nos) proporcionou em 2022.

 

Agosto, o mês de aniversário da Marina, foi um mês em que estivemos envolvidos com a música quase todo final de semana, entre aulas, ensaios, apresentações na própria escola, incluindo o aniversário de quatorze anos dela. Foi memorável. Nos divertimos, tocamos e cantamos juntos, amigos estiveram reunidos. Mais uma vez, mágico. O mês ainda terminou com um show na Expointer, tocando o repertório que trabalhávamos na época, Rolling Stones.

 

Que foi o nosso show de temporada do final de outubro, no Bar Opinião, outro momento daqueles para não esquecer nunca. Estrutura profissional, grande plateia, som e luzes. Sensacional.

 

Poderia (e talvez devesse) falar mais de música.

 

Mais adiante, mais adiante.

 

Continua.

Até.  

sábado, dezembro 24, 2022

segunda-feira, dezembro 19, 2022

A Sopa

Avalanche.

 

Sem desculpas, apenas tenho estado ausente por esses dias porque a vida tem acontecido como sempre aconteceu, com situações e eventos que assoberbam, em ondas, como um tsunami de emoções e eventos que mal dão tempo para respirarmos, quanto mais pensarmos.

 

Vou voltar com calma, como tenho voltado há mais de dez anos.

 

Por enquanto, começo a preparar a minha retrospectiva pessoal de 2022, um ano inesquecível em todos os aspectos. Vai levar um tempo, ainda, para entender tudo o que foi esse ano.

 

Chego lá.


Até. 

sábado, dezembro 03, 2022

Sábado (e uma foto antiga de viagem 14)

 

Outubro/2009

              Dieppe, Normandia.
              Perdidos na Espace.

             Bom sábado a todos.

              Até.

terça-feira, novembro 29, 2022

A Sopa

Histórias de Aeroporto, o Retorno. 

Como já contado aqui anteriormente, ainda antes da pandemia eu havia deixado o mundo corporativo e, com isso, as viagens aéreas frequentes. E, um ano depois, veio a pandemia e as viagens aéreas saíram da perspectiva. Foi quando deixei de ser um Viajante Frequente.

 

Após o início da pandemia, em março/2020, só fui entrar em um avião no final de setembro passado, há dois meses. E não foi antes apenas por circunstâncias, de não surgir uma oportunidade. Simples assim.

 

Até que chegamos ao final de semana que passou, o último desse mês de novembro que testemunha um novo aumento dos casos de COVID aqui no Sul no mundo, tanto é que motivou uma nova determinação das autoridades sanitárias com relação ao uso de máscaras em aeroportos e voos, que começou justamente na sexta-feira passada, dia em que novamente eu iria viajar. Era para participar de um evento médico, patrocinado pela indústria farmacêutica, mas de grande interesse meu.

 

O problema inicial era justamente a época do ano em que ocorreu, nesse momento em que estamos em final de ano (que em 2022 se mistura com a Copa do Mundo), e já cansados de eventos e atividades extras. Quase todo o dia há algo a fazer, assistir, visitar. Quando aceitei participar, não me dei conta disso, e quanto mais se aproximava a data do evento mais arrependido eu ficava de ter aceitado. Como a passagem não chegava, nutri por uns dias a esperança de que houvessem “me esquecido”, e não precisasse viajar.

 

Em vão.

 

Faltando três dias para o evento, recebi as confirmações, passagens e orientações: não tinha como recuar... Tudo certo. Iria para São Paulo, em viagem jogo rápido: ida na sexta-feira à tarde para voltar no sábado começo da tarde.

 

Até porque no sábado à noite tinha que estar em Porto Alegre para assistir à apresentação de balé da Marina e da Jacque, e não iria perder por nada. Ou assim eu pensava...

Voo de ida tranquilo, pessoal esperando no aeroporto, transfer para o hotel, hotel de ótima qualidade. Recepção aos convidados, aulas à noite, jantar após. Noite de sono agradável. Café da manhã exagerado (minha culpa, minha culpa). Evento científico de ótima qualidade até o meio-dia. Almoço. 

 

Como não poderia ficar para as atividades da tarde, pois tinha de estar de volta à Porto Alegre por volta das 17h, logo após o almoço havia o transfer de volta ao aeroporto. Saiu no horário e rapidamente cheguei no aeroporto de Congonhas, para o voo GOL com destino à Porto Alegre das 15h15. Tudo certo.

 

Não exatamente.

 

Após passar pela segurança, já na área de embarque, mais ou menos um milhão de pessoas circulando por ali. “Movimento de sábado”, pensei eu, em um momento de ingenuidade. Vários voos atrasados, mas o meu indicava estar no horário. Parei em pé em frente a uma televisão que mostrava um jogo da copa do mundo, e esperei.

 

Na hora do embarque, desci para o andar inferior – onde seria feito o embarque nos ônibus para embarque remoto – e a cena foi de guerra. Uma multidão aguardava para embarcar em diferentes voos, todos atrasados. Inclusive voos para Porto Alegre que deveriam ter saído pela manhã. Reinava grande confusão. Ninguém sabia informar nada.

 

Descobrimos que havia ocorrido um incidente no aeroporto pela manhã e que a (única) pista de Congonhas havia ficado fechada por duas horas, o que gerara um efeito dominó de atrasos e cancelamentos. Pessoas que haviam chegado às 7h no aeroporto para um voo de conexão ainda aguardavam seus voos. Tudo leva a crer que a situação não iria melhorar tão cedo.

 

Otimista, calculava o tempo de atraso tolerável para não perder a apresentação das meninas. E o tempo passava. Nesse meio tempo, atualizava Porto Alegre sobre o voo. Houve um momento em que avisaram que os passageiros do meu voo deveriam procurar o balcão da companhia aérea, sinal de que haviam cancelado o voo. Seguimos eu e meus colgas de infortúnio para uma fila quilométrica que levaria horas para sermos atendidos, até que descobrimos que não precisávamos estar ali pois nosso voo estava previsto para sair.

 

Alívio.

 

Mais espera. Novo aviso da companhia para buscarmos o balcão, que ignoramos e ficamos no mesmo lugar aguardando para logo depois termos nosso voo confirmado para 17h50. Se saísse nesse horário, chegaria cerca de 19h20 em Porto Alegre, haveria tempo.

 

Embarcamos.

 

Decolou às 18h.

 

Pousou às 19h30, meia hora para o show começar.

 

Sentado na segunda fileira, corredor (memórias de Viajante Frequente), fui o terceiro passageiro a desembarcar. Ainda no finger ultrapassei caminhando com passos largos os dois primeiros. Andava tão rápido que parei para ir ao banheiro e, ao sair, os primeiros passageiros ainda chegavam para buscar suas bagagens...

 

Carro estacionado no aeroporto mesmo, ainda enfrentei dificuldade em sair do estacionamento porque a máquina não lia minha placa, já que havia pago antecipado. Em desabalada carreira, segui para o teatro, onde cheguei exatamente às 20h01, a tempo de receber o ingresso das mãos da Jacque, entrar, sentar ao lado da minha mãe e começar o espetáculo.

 

Foi uma correria maluca.

 

Situação muito parecida de quando fui do aeroporto para a apresentação de patinação da Marina num meio de dezembro de mais de 38ºC, mas não podia faltar, pois não basta ser pai (e marido):

 

Tem que participar.

 

Até. 

terça-feira, novembro 22, 2022

A Sopa (Uma História com Moral)

(As Ruínas de Gênova uma vez Delimitados os Mais Altos Valores da Bolsa em Conseqüência do Aumento do Consumo de Drogas em Nova Iorque)


Florípede era uma mulher tímida. Seus pais haviam escolhido este nome porque rimava com velocípede. Apesar de tímida era linda. Seus dotes eram magníficos. Poderia ter todos os homens que quisesse, mas era solitária, tinha solitária. Era rica e poderosa. 

Marcelo Igor, irmão de Igor Marcelo, era completamente diferente de Florípede. Era exaltado. Seus pais havia escolhido este nome porque era bastante parecido com o do seu irmão, ao contrário. Era exaltado e feio. Dotes (dotes?) grotescos. Poderia querer todas as mulheres do mundo, mas elas o ignoravam. 

Um dia, se encontraram quase sem querer. Não foi por obra do acaso, tinha mesmo que acontecer. Conversaram muito mesmo para tentar se conhecer. Marcelo Igor achou que ela era a mulher de sua vida. Ela achou o contrário. Se despediram e nunca mais se viram. 

Moral: Não adianta gostar de quem não gosta da gente.
(um texto de mais de 30 anos, feito em parceria com um amigo da época)

sábado, novembro 12, 2022

Sábado (e um final de dia)

Porto Alegre em chamas...
 

                    Bom sábado para nós.

                   Até.

segunda-feira, novembro 07, 2022

Sobre o final de semana

Diretoria da SPTRS Gestão 2022-2023
 

            O final de semana que passou foi de reEncontro.

            Depois de mais de dois anos de pandemia, foi o primeiro evento presencial da Sociedade de Pneumologia do Rio Grande do Sul (SPTRS), da qual fui Presidente por duas gestões anteriormente e que atualmente cumpro função como Diretor Financeiro.

            Foi o momento de reencontrar colegas, trocar ideias, de atualização científica e - como costumo falar - celebrar a vida depois de um "longo inverno", sem nunca esquecer e homenagear aqueles que não chegaram até aqui.

            Ainda fisicamente cansado, mas feliz.

domingo, outubro 30, 2022

A Sopa

Domingo de eleições no Brasil. 

Não, não vou falar de política por aqui. Não agora, o que não quer dizer que eu não possa voltar a fazer em um futuro, distante ou não. Eu ia comparar com o comportamento que tenho procurado ter em redes sociais, sabedor de que as pessoas NÃO querem saber a minha opinião política, assim como não querem saber a os outros.

 

Para ficar claro: publicações em redes sociais não mudam voto de ninguém. Podem, isso sim, angariar antipatia e resistência por aqueles que pensam diferente. Publicações inflamadas e definitivas sobre política apenas tornam o autor e/ou disseminador um chato. Até porque na maioria das situações estão pregando para convertidos, integrantes da sua própria bolha, o que os torna mais chatos ainda.

 

Há dois dias, cometi um deslize.

 

Compartilhei em um stories do Instagram m texto que achei bem interessante, que fechava com o que penso, não sendo agressivo e nem ofensivo. Evidentemente, mostrava de que lado estou. Após poucos minutos, apaguei. Como eu disse, as pessoas não querem saber o que penso, e não vou fazê-las mudar de opinião (seria muita pretensão minha querer isso).

 

As pessoas têm o direito de votar em quem quiserem, óbvio.

 

Por mais que eu ache a escolha das pessoas que votam diferente de mim está absolutamente errada, é a opção delas, e devo respeitar, apesar de não entender como podem votar na opção diferente da minha. Isso é democracia: se a maioria estiver errada e ganhar, todos vamos arcar com as consequências. Paciência.

 

O que não dá para aguentar mais são as pessoas rotulando de maneira simplista umas às outras a partir de sua escolha política. Além de ridículo, é de uma soberba e arrogância extremas. 

 

Fazer o quê?

 

Até.

sábado, outubro 29, 2022

Sábado (ainda sobre domingo passado)

 

Bar Opinião, Porto Alegre


                  Show de Temporada School of Rock Benjamin POA

                  Tocando Rolling Stones.

                  Sem palavras.

                 Até.

domingo, outubro 23, 2022

A Sopa

 

C’era um ragazzo

Che come me

Amava i Beatles e i Rolling Stones…

 

Foi Gianni Morandi quem gravou em 1966 essa música, cuja versão brasileira foi por sua vez gravada em 1967 pela banda Os Incríveis e depois em 1990 pelos Engenheiros do Hawaii, que conta a história de um jovem guitarrista americano que foi convocado para a Guerra do Vietnã, e que perdeu sua juventude, seu futuro como músico e, no final, sua própria vida na guerra. É um protesto contra a guerra. Uma outra versão dessa música foi gravada ao vivo pelo Jerry Adriani, que a cantou no italiano original. Todas as versões me agradam.

 

Eu também fui um garoto que amava os Beatles (mais) e os Rolling Stones e que em algum momento quis ser músico. Não fui para a guerra no sentido literal, mas da guitarra me separei porque contingências da vida me obrigaram, ou mais provavelmente porque eu tenha permitido, tanto faz. Não morri na guerra (quase, no trânsito, uma vez, mas não conta) mas estive separado da música por um tempo que – percebo agora – foi longo demais. 

 

Não que eu fosse ou me considerasse músico, que fique bem claro.

 

Sempre fui um entusiasta e, mesmo quando fiz parte de uma banda, eu tinha muito mais atitude do que talento ou mesmo dedicação ao ofício de tocar um instrumento e cantar, como diria o Milton Nascimento. Era – confesso – uma diversão que não me exigia muito esforço e dedicação (o resultado evidentemente sendo proporcional ao esforço e à dedicação). E estava tudo bem.

 

A mudança desse cenário, como já contei por aqui, se deu por causa, por inspiração da Marina, que descobriu que aqui perto de casa havia uma escola de música cujo foco era o rock, e quis embarcar nessa jornada de conhecimento musical. Se integrou perfeitamente na School of Rock Benjanmin POA desde o início, a ponto de passar a considerá-la sua “segunda casa”, conhecendo novas pessoas, fazendo amigos, e expandindo seu mundo mais ainda. Além de, como falei em entrevista que demos na rádio semana passada (!), sendo exposta, estudando, conhecendo e (sim!) gostando de bandas as quais não conheceria tão bem caso não estivesse na escola. Mas não só isso, pois acabou me afetando também.

 

Involuntariamente, me arrastou para o “furacão”.

 

Inspirado por ela, voltei a tocar, pela primeira vez na vida com disciplina e por um tempo mais continuamente. Voltei aos “bancos escolares” como aluno, a música como diversão, prazer, mas também como estudo, e está sendo muito legal como parte de um processo maior de vida, que os meus cinquenta anos completados em abril são o símbolo maior.

 

Como disse no início, eu era um garoto que amava mais os Beatles que os Rolling Stones, até por conhecer menos os últimos, o que tem mudado nos últimos meses, porque temos os estudado nos últimos meses, rigorosa e metodicamente, e tocado, evidentemente, e tem sido um grande prazer. O resultado desse “estudo” será apresentado hoje no Bar Opinião, templo da música no Rio Grande do Sul, em um “festival” dedicado aos Rolling Stones.

 

Vai ser muito legal!

 

Até.

sábado, outubro 22, 2022

Sábado (e uma foto antiga de viagem 13)

Outubro/2007


          Saint-Paul-de-Vence, Côte D'Azur

           Perdidos na Espace 'Se Achando'...

           Bom sábado a todos.

        

domingo, outubro 16, 2022

A Sopa

 Metrossexual.

 

Fazia anos que eu não ouvia essa palavra, pensei comigo enquanto processava a informação: haviam acabado de me dizer que eu era um metrossexual seja lá o que isso quer dizer ou, ainda, o que a pessoa que me chamou considerar ser um. Respondi que tomava isso como um elogio.

 

Não que eu me considere um. Aliás, nunca haviam me chamado de.

 

Mas quem recém me chamara de metrossexual esclareceu o porquê de me considerar dessa forma: me vestia bem, havia perdido peso e me preocupava em mantê-lo, fazia atividade física regular (pedalava). Tirando o ‘vestir bem’, que é um conceito abstrato, um julgamento pessoal, as outras afirmações são verdadeiras. Mas isso me torna um metrossexual?

 

O que é ser metrossexual, afinal de contas?

 

Fui estudar, para saber o que significa. Parece que metrossexual (e estar falando disso) é um assunto que nos remete ao início dos anos 2000, mas posso estar errado. De qualquer forma, li que metrossexual vem da junção das palavras “metropolitano” (cidade, metrópole) e “sexual”, cujo significado se refere a um homem urbano que se preocupa em cuidar da aparência. O metrossexual gostaria de se vestir bem e de estar na moda. Investe em vestuário e acessórios sofisticados, frequenta cabeleireiros e institutos de beleza, cuida da pele, usa cosméticos, bons perfumes, faz manicure, pedicure, depilação etc. O comportamento metrossexual teria, então, a ver com vaidade e preocupação excessiva com a aparência.

 

Honestamente falando, não me enquadro nessa definição. Se fosse o caso, por outro lado, não teria nenhum problema.

 

Isso me fez pensar – uma vez mais – em como as pessoas com quem convivemos nos veem. Qual a imagem que os outros tem de nós? Nunca temos como saber. E é importante saber o que os outros pensam de nós?

 

Perguntas, perguntas.

 

Até.

sábado, outubro 15, 2022

Sábado (e uma foto antiga de viagem 12)

 

2007

          Menton, Perle de la France, Côte d'Azur.
            Perdidos 'Se Achando'.

            Bom sábado a todos.

             

domingo, outubro 09, 2022

A Sopa

 Há 10 anos, chegávamos à Liverpool, vindos de Oxford, e antes e seguir para o País de Gales. Eram curtas férias em pleno outubro de 2012 que havia acontecido porque seis meses antes, durante uma promoção de voos da LATAM, havíamos comprado as passagens para Londres.

 

Só que era uma promoção de voos nacionais...

 

Pois é.

 

Tempos mais simples aqueles, em que comprávamos as passagens e organizávamos as férias a partir delas. Certo, confesso que foi a única vez que fizemos isso, porque sempre definimos antes de tudo o destino e só depois íamos atrás de passagens, hotéis, etc. Essa vez, talvez a única, fizemos o inverso: a partir da passagem definimos o roteiro.

 

O que só ocorreu cerca de quarenta dias antes de viajar. Como eu disse, havíamos comprado as passagens seis meses antes, e praticamente esquecemos delas. Quando estava mais ou menos perto é que fomos pensar em roteiro, hotéis e carro. Sim, circulamos pela Inglaterra e País de Gales de carro, comigo – como sempre – dirigindo. Foi tenso no início (mão inglesa), mas logo nos acostumamos.

 

Decidimos visitar Londres, ponto de chegada e partida, e depois visitar Oxford, Stratford-upon-Avon e Liverpool, antes de seguir para o Pais de Gales, onde visitaríamos Conwy, Betws-y-Coed, Llandrindod Wells, Swansea e uma rápida passada por Cardiff, que certamente merece mais tempo, antes de retornarmos à Inglaterra e ficarmos em Windsor, para visitar a Legoland.

 

Foi uma viagem muito legal, com paisagens bucólicas, longos trechos de estrada por campos com ovelhas. Difícil dizer qual foi o ponto alto, afinal Londres é uma cidade maravilhosa, e todos os lugares têm seu encanto, mas Liverpool tem um significado gigante para alguém que tem a música como parte importante da vida. 

 

Existem cidades (para mim, para mim) que são essencialmente musicais, por todas as referências a elas em muitas canções. Como o Rio de Janeiro, cantado por incontáveis compositores e cantores, e que foi a primeira cidade que visitei em que as referências “saltavam” em minha frente. Paris, Nova Iorque, e muitas outras são assim também: não tem como não passar o tempo todo cantando odes a elas.

 

Liverpool, obviamente por causa dos Beatles, é uma delas, e assim foi quando a visitamos em 2012. Além de tudo, ficamos no Hard Day’s Night Hotel, que fica atrás do Cavern Club, e é temático – como o nome diz – dos Beatles. Mais significativo ainda foi que chegamos lá em um nove de outubro, dia em o nasceu John Lennon. Que momento...

 

E isso não tem preço.

 

Até.

sábado, outubro 08, 2022

Sábado (e uma foto antiga de viagem 11)

Maio/2006


       Fronteira terrestre Canadá / USA.

       Maine ("The way life should be")


       Bom sábado a todos.
 


domingo, outubro 02, 2022

A Sopa

 Estive ausente por uns dias desse espaço que me é caro. As razões não importam, nem vou inventar desculpas. Ao menos dessa vez, não.

 

Tenho vivido.

 

Corrido sempre vai ser, como tem sido, a vida como uma sucessão de acontecimentos que vão ocorrendo de maneira frenética enquanto – algumas vezes atônitos – observamos o fluxo da vida passar por nós e nos levar. Somos, sim, muitas vezes arrastados pela onda quando deveríamos na verdade estar surfando.

 

Há muito tempo, num passado realmente já distante, senti-me em um momento de quase lucidez absoluta, em um momento “matrix”, de conseguir enxergar a realidade por trás das aparências, de entender o mundo. Passou, como tudo passa, ou não me preocupei em tentar entender o mundo, e decidido apenas a viver. 

 

Sei lá.

 

À época, eu era alguém cheio de ideias/projetos que eram paralelos a ser médico, enquanto – confesso – minha “carreira” médica meio que “patinava” entre plantões e poucos pacientes no consultório. Quase como planos de fuga, esses projetos, essas ideias alternativas, serviam como válvula de escape para uma realidade que não era exatamente como eu queria, podemos dizer. Se, por um lado, tinha esse poder “terapêutico” de me alienar de uma realidade que era naquele momento, e por razões que não importam, não como eu gostaria, por outro acabavam me impedindo, em tese, de me dedicar, focar, inteiramente à carreira médica.

 

E então houve o momento da virada.

 

Isso aconteceu há mais de vinte anos, ainda antes de completar trinta anos de idade. Foi quando eu decidi que era hora de parar de “palhaçada” e realmente me dedicar ao meu trabalho, à profissão que eu havia escolhido. Por um tempo, eu deveria me “atirar de cabeça” na medicina, talvez como nunca antes, e esperar pelo resultado do esforço. Se não houvesse frutos, bom, partiria para os planos B, C ou qualquer outra letra que surgisse. 

 

E assim foi.   

 

E, no final das contas, deu certo.

 

Fiz o Doutorado, o Pós-doutorado no Canadá, retornei. Profissionalmente, as coisas andaram bem, procurando sempre progredir tentando me comparar apenas comigo, ser melhor do que eu era e não me comparar com ninguém mais, afinal cada um tem sua trajetória singular, única. O que – confesso – nem sempre é fácil.

 

Muitas voltas deu o mundo desde então, inúmeras mudanças ocorreram, pessoas chegaram e pessoas se foram, literal e figuradamente, mudamos, mudei. Cheguei aos cinquenta anos (assunto recorrente por aqui, pelo simbolismo da data e suas reflexões) e – realmente de repente – senti a necessidade / inspiração de repensar o mundo, e de desengavetar antigas ideias e projetos e revisitá-los, dessa vez não como forma de fuga da realidade, mas como complemento, ou adição ao que já faço.

 

O que está sendo muito legal.

 

Até.

sábado, outubro 01, 2022

sábado, setembro 24, 2022

Sábado (e uma foto antiga de viagem 9)

 

Outubro/2005

            Segesta, Sicília.

            Itália 2005: Milão - Sicília.

             Bom sábado a todos.

             Até.

sábado, setembro 17, 2022

Sábado (e uma foto antiga de viagem 8)

 

Outubro / 2005


                Conca dei Marini, Itália.

                Amanhecer na Costa Amalfi.

                Itália: Milão - Sicília.


                Bom sábado a todos.

                Até.


domingo, setembro 11, 2022

A Sopa

Paul Salopek é um jornalista e escritor americano, nascido na Califórnia, que completou 60 anos em 2022. É duas vezes vencedor do Prêmio Pulitzer. Já escreveu para o Chicago TribuneForeign PolicyThe AtlanticNational Geographic Magazine e muitas outras publicações. 

 

Sua carreira como jornalista começou em 1985 quando sua motocicleta estragou em Roswell, Novo México, e ele arranjou um emprego como repórter policial no jornal local para conseguir o dinheiro para consertar sua moto. A partir daí, tornou-se um jornalista respeitado (dois Pulitzers).

 

Nunca tinha ouvido falar nele até há poucos dias, quando por acaso fiquei sabendo do projeto “Out of Eden Walk”, que tem entre seus patrocinadores a National Geographic Magazine. É um projeto de certa forma maluco, mas – talvez também por isso – sensacional: ele está refazendo a rota a migração dos primeiros humanos, a partir da África, onde estão os mais antigos fósseis humanos, passando pelo Oriente Médio, em direção à Ásia e cruzando pelo Estreito de Bering até o Alasca e ao sul da América (indo até Terra do Fogo). Mais de 20.000 milhas, ou 32.000 quilômetros.

 

A pé.

 

Por sete anos.

 

Sete anos que já se transformaram em nove, porque a jornada segue. Durante a caminhada, visitando lugares, encontrando pessoas e contando histórias. Caminhar e contar histórias. Ver o mundo de uma forma diferente. Com tempo, calma. A vida em um ritmo diferente.

 

É um daqueles projetos, uma daquelas histórias que todos deveriam conhecer e acompanhar, por que é espetacular. Além de completamente maluca, o que a torna ainda mais legal. Caminhar da África (a jornada começa em um deserto) através da Ásia até cruzar da Rússia para o Alasca e seguir ao sul até a Terra do Fogo. Maluquice total e, por isso, fantástico. Já são nove anos.

 

Isso faz pensar que – mesmo ideias malucas que eventualmente temos – talvez não sejam tão fora de propósito assim. Muitas vezes são, mas em outras é apenas questão de planejar e colocar em execução.

 

Ah, aqui o link para a história.

 

https://www.nationalgeographic.org/projects/out-of-eden-walk/

 

Até.