sexta-feira, dezembro 26, 2008

A Sopa 08/22

Ainda o ano que passou.

O ano começou com a notícia da gravidez da Jacque. Foi logo no dia três, após voltarmos do réveillon passado em São Lourenço do Sul. Foram duas noites em que ela teve fortes dores abdominais que, somadas ao atraso menstrual, nos fez pensar que ela poderia estar grávida, mas que poderia ser ectópica (fora do útero) e que essa era a causa da dor.

Mesmo que racionalmente soubéssemos que era uma hipótese improvável, porque se houvesse gestação, e essa fosse ectópica, não seria avançada a ponto de romper a causar dor e um quadro de abdome agudo, marquei uma ecografia de urgência para o dia três pela manhã, e fomos nós. Lá, explicamos tudo para a médica, que confirmou a improbabilidade da dor ter a ver com isso e disse, assim, sem maiores solenidades: “é gestação, é tópica, está ali o embrião e olhem aqui, esse é o coraçãozinho batendo”. Isso queria dizer que eram seis semanas de gestação. Atônitos e radiantes, assim que recebemos a notícia que mudaria o nosso ano e nossa vida, indelevelmente.

Tudo o que veio depois é conseqüência desse dia, dessa notícia.

A minha antiga teoria de que são as pequenas coisas que mudam a vida, não os ditos momentos apoteóticos, grandiosos, que nada mais são que conseqüências dos primeiros, foi desmentida em agosto de 2008. O nascimento de um filho é – sem qualquer sombra de dúvida – um momento gigantesco que instantaneamente muda a vida da gente.

De repente, tudo parece fazer sentido, da mesma forma que coloca as coisas numa perspectiva diferente: quando comparado com a indescritível felicidade que um filho te traz, nada parece tão importante quanto antes. Relativiza tudo. Ou põe as coisas nos seus devidos lugares.

A partir do nascimento de um filho, começa-se a questionar se vale à pena perder tempo com preocupações menores, mesquinhas, mesmo sabendo desde antes, ou desde sempre, que não, não vale. Um filho pode te dar o impulso que faltava para varrer da vida tudo o que não vale manter próximo. Pergunto-me se todo pai sente o mesmo?

Acho que sim.

A paternidade, que pautou o meu ano, primeira na espera (“a vida é um eterno esperar”) e depois com os fascinantes e belos primeiros meses de vida da Marina, acabou pautando quase tudo do pouco que escrevi esse ano, o que deve mudar para o próximo ano, quando A Sopa e o blog completam oito e cinco anos, respectivamente. Mas não posso responsabilizar apenas a paternidade pelo pouco tempo (e inspiração) que tive em 2008: profissionalmente, o ano foi profícuo, e o próximo promete ser melhor ainda, o que quer dizer ter que fazer mais força para dividir meu tempo entre tudo o que faço (e que nunca fiz com tamanha satisfação quanto agora).

Como essa é a última Sopa desse ano, desejo a todos um maravilhoso 2009, com a realização de todos os desejos possíveis e até alguns impossíveis. Que a vida seja doce com todos nós, e que possamos, aqui e ali, nos reunir para celebrá-la e comemorar tudo de bom que ela nos traz.

E quem sabe em 2009 não volte a ter A Sopa de Ervilhas Anual do Marcelo, cuja última edição foi no já longínquo ano 2005, em Toronto?

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Como falei acima, 2008 foi um ano intenso. Maravilhoso, mas intenso, cansativo até; e o próximo promete ser ainda mais. Por isso, essa Sopa vai ficar offline por alguns dias. Estaremos de férias, a Jacque, a Marina e eu, e iremos para o litoral gaúcho, onde pretendo descansar, ler um pouco – terminar o ótimo Satolep do Vitor Ramil, que está na cabeceira e que compromissos outros não tem permitido – e, claro, curtir muito a minha filhinha. Voltamos no começo do ano novo, na próxima sopa.

Até.

segunda-feira, dezembro 22, 2008

Túnel do Tempo

Em 22 de dezembro de 1988, há exatos vinte anos, Chico Mendes era assassinado.

Sem nenhuma relação com isso, no mesmo dia, em Porto Alegre, sul do hemisfério sul, ocorreu, no Salão de Atos da UFRGS, a minha formatura em Técnico Operador de Computador pela Escola Técnica de Comércio. Éramos jovens, e eu tinha apenas dezesseis anos.

Lembro daquela noite em detalhes, que terminou por volta das seis da manhã na piscina lá em casa, horas antes de eu ir dormir numa aula de cursinho. De todos, os que sobraram foram o Márcio, o Radica e eu.

Ficar velho é ter lembranças vívidas de fatos passados hpa vinte anos...

Até.

domingo, dezembro 21, 2008

A Sopa 08/21

Domingo de manhã.

Enquanto a tevê mostra a final do campeonato mundial no Japão, paro em frente ao computador pensando no que vou escrever nessa penúltima sopa do ano. É momento da retrospectiva do ano que termina, ao menos sua primeira parte.

Foi um bom ano, sem dúvida.

Mas não é disso que vou falar.

Uma palavra, já citada alguma outra vez aqui nessa sopa dominical ou no blog, define o que representou o ano em geral, para o bem e para o mal. E essa palavra é epiphany (em português epifania, a súbita sensação de realização ou compreensão da essência ou do significado de algo). Foi, então, um ano em que tive revelações, percebi e entendi coisas que até então não tinha entendido ou não queria entender. De novo, para o bem e para o mal.

Não vou falar hoje da incrível experiência que foi a gestação, o nascimento e os primeiros quatro meses de vida da Marina, o que – certamente foi o principal acontecimento no meu (e da Jacque e da nossa família em geral) ano. E, em sendo o momento mais luminoso, mais incrível de todos, foi um dos desencadeadores das epifanias a que me referi anteriormente.

Em 2008, eu esperei demais de algumas pessoas que não conseguiram corresponder a essas expectativas, mesmo que o “demais” fosse um mínimo, uma palavra, um gesto. Não deveria surpreender, dirão alguns, as pessoas normalmente são assim. Pois é, talvez até tenham razão, e talvez esse seja uma lição que devo tirar de dois mil e oito: será que eu esperei (esperava, espero) demais das pessoas? Ainda acho que não, mas admito rever meus conceitos...

Percebi que ainda tenho dificuldades em lidar com a idéia budista da impermanência. Resisto muito à idéia de que pessoas que quero bem nem sempre vão estar próximas, que elas podem mudar e posso passar a não fazer parte de suas vidas. Gosto de estar perto de quem eu gosto, mas – como diz a moral de uma história que escrevemos, Igor (exemplo já distante no tempo disso) e eu, há mais de vinte anos, “não adianta gostar de quem não gosta da gente”.

No ano que passou, devo dizer, aprendi que não sou importante – conceito abstrato e de difícil quantificação - na vida de muitas pessoas na mesma proporção que elas o são para mim.

Ao mesmo tempo, vivi alguns do momentos mais felizes da minha vida, de tamanha felicidade e paz de espírito que tudo o mais se tornou pequeno e insignificante.

Dois mil e oito não poderia ter sido melhor.

Mas disso eu falo semana que vem.

E ganhou o Manchester United.

Até.

sexta-feira, dezembro 19, 2008

Song Around the World "Stand By Me"

Renowned musicians all over the world combined their talents to create this song. From the award-winning documentary, "Playing For Change: Peace Through Music", a cover of the Ben E. King classic by musicians around the world.

quarta-feira, dezembro 17, 2008

A Inevitável Passagem do Tempo

Entrei no consultório no final da tarde e a Luciana - colega de consultório que foi colega de faculdade - lembrou que estamos completando hoje 14 anos (!) de formados.

Foi uma noite ventosa de dezembro de 1994, poucos dias depois da morte do Tom Jobim.

Parece que foi ontem.

Assim como parece que foi ontem que nos formamos, Márcio, Radi e eu, técnicos operadores de computador, na longínqua noite de 22 de dezembro de 1988, há vinte anos.

O tempo passa, o tempo passa.

E fico cada vez gordo e careca...

Até.

segunda-feira, dezembro 15, 2008

Manutençao

Precisooquantoantescomprarumtecladonovoporque
odessecomputadornaoestáfuncionandodireito.

Atecladeespaçonaofunciona,assimcomo
aletraquevemdepoisdoefe,
aquevemdepoisdessa,otil,
ateclaparacima.

Umsaco.

Compronodiadepoisdessedia...

Até.

domingo, dezembro 14, 2008

A Sopa 08/20

Aproxima-se o final do ano.

Como sempre, a tentação de fazer retrospectivas do que passou pipoca por todos os lugares, por todas as gentes. Listas dos melhores e dos piores do ano surgem em revistas, jornais, sites da internet. Estamos quase fechando para balanço, nos preparando para começar do zero no próximo dia primeiro. Antes de iniciarem-se os feriados, contudo, a vida segue, mesmo que queiramos apenas pesar os prós e contras de 2008.

Aqui na província de São Pedro, no sul do mundo, um dos assuntos que tem tomado espaço nas notícias é sobre a morte do vice-presidente do conselho de medicina do Rio Grande do Sul assassinado por uma dupla que estava numa moto, com cinco tiros, quando saia de um restaurante aqui perto de casa. Vice-Presidente que havia sido presidente por muito tempo e que foi um dos pivôs de acaloradas discussões eleitorais no último ano. Como presidente, comprou brigas com outros médicos, governos municipais, estaduais e até nacionais por conta da defesa dos médicos.

Após o ocorrido, iniciou-se a investigação através da devassa de sua vida pública e privada, e sua reputação parece ir-se água abaixo à medida que vasculham sua intimidade. Fala-se muita coisa à boca pequena, descobrem-se vícios e desvios de conduta em sua vida pessoal, e isso se torna público (afinal, os jornais necessitam de manchetes). Uma das linhas de investigação leva ao fato de ser um jogador compulsivo, com grandes dívidas de jogo. Testemunhas relataram que a vítima “se transformava” quando jogava. Isso entre outros “vícios”.

Não sei se ele era ou não viciado em jogos, ou que fazia na sua vida intima, mas sei que ninguém tem nada com isso. A informação se ele era isso ou aquilo, ou não, só diz respeito à sua família. O que ele faz(ia) em sua vida privada não diz respeito a ninguém mais além dele.

Porém...

À mulher de César não basta ser honesta, tem que parecer honesta, diz o ditado popular. O que me assusta nesse caso é ver trazidos à tona fatos que podem manchar a reputação de quem foi – durante muito tempo – a maior autoridade médica do estado. Casos de violações do código de ética médica, infrações profissionais, tudo é julgado pelo órgão de que foi corregedor e presidente. Sem julgamentos de valor, até porque não tenho (acho que ninguém tem) informações para tal, certamente é muito complicada a possibilidade de que quem era o responsável por zelar pelas condutas ético-profissionais dos médicos ter sido um jogador compulsivo e pode ter sido morto por causa de dívidas de jogo (uma das linhas de investigação).

Prato cheio para os advogados.

Até.

sábado, dezembro 13, 2008

Sábado (e o Dia do Marinheiro)

marinheiro2

E também aniversário do Veleiros do Sul,

veleirossul8dhLogoVeleiros_

que eu freqüento e sou sócio desde o tempo em que ficava na ponta dos pés para mijar em penico...

Marcelo2a1

Até.

terça-feira, dezembro 09, 2008

Uma terça-feira normal

Saída de casa: 8h
Retorno: 21h

Casa - Consultório = 9,2km
Consultório – Casa = 5,2km

Casa - Restaurante = 0,3km
Restaurante – Casa = 1,6km

Casa – Escola Marina = 8,7km
Escola Marina – PUC = 10km

PUC – Santa Casa = 6,6km
Santa Casa – PUC = 8,6km

PUC – Escola Marina = 12,9km
Escola Marina – PUC = 10km
PUC – Casa = 5,7km

Casa – AMRIGS = 6,1km
AMRIGS – casa = 6,8km

Total do Dia = 91,7km


(e a vida não podia ser melhor...)

Até.

segunda-feira, dezembro 08, 2008

Vinte e oito anos

Em Nova York, em frente ao Dakota.

Impossível passar por lá e não pensar na estupidez humana.

LENNON

Aliás, é impossível abrir o jornal sem pensar na estupidez humana...

Até.

domingo, dezembro 07, 2008

A Sopa 08/19

Somos dois irmãos.

Eu nasci três anos antes, mas de uns anos para cá, o Neni é o meu irmão mais velho. Excluindo-se esse fato, posso dizer que sempre tive a ‘Síndrome do Irmão mais Velho’. E não só com ele.

Uma história.

Lembro de uma vez, muitos anos atrás, em que uma série de mal-entendidos, desencadeados por uma muito querida amiga, levou uma turma a querer “acertar contas conosco”. Aconteceu, claro, num verão na praia.

As noites de verão, principalmente de final de semana, eram passadas em torno do clube local, a associação de amigos da praia, Imbé/RS, especificamente, a SAPI. Quando não entrávamos, ficávamos pela frente. No dia em questão, estávamos como sempre em frente à SAPI quando notamos um movimento diferente. Algo estava para acontecer, e em tese não era bom para nós, até porque estávamos em desvantagem numérica. Estrategicamente, resolvemos recuar. Em outras palavras, voltar para casa.

Detalhe: éramos todos guris, ambas as turmas, e provavelmente eu era o mais velho. Naquele tempo, ainda era seguro andar à noite pelas ruas, e não havia a menor possibilidade de alguém possuir algum tipo de arma. Era coisa de guri, simplesmente.

De qualquer forma, quando perceberam a nossa retirada, decidiram ir atrás de nós. Enquanto todos correram em direção à casa do que morava mais próximo de onde estávamos, eu simplesmente saí do caminho e vi todos passarem correndo. Quando todos já estavam longe, chegou outro dos nossos e disse: “Teu irmão está lá no meio”. Minha reação foi instantânea.

“Com o meu irmão ninguém mexe”, disse e corri na direção em que todos tinham ido. Quando me aproximava da casa “segura” onde os nossos tinham buscado refúgio, a outra turma vinha voltando e me encontraram sozinho.

Fui cercado.

O “líder” deles e eu ficamos frente a frente, naquele ‘o que está acontecendo?’, ‘qual é o problema?’. Todos ao meu redor, me encarando, apesar de nada indicar que fosse muito além de uma conversa de frases sem sujeito… Nisso, chegou reforço. O dono da casa onde os guris tinham buscado refúgio, pai de um de nós, encostou o carro e desceu já perguntando o que estava havendo. Nada estava acontecendo, todos disseram, e foram dispersando. Voltamos para casa. Acabáramos de viver um episódio que viraria lenda na nossa turma, e sabíamos disso.

Essa foi uma das muitas histórias que temos daquele tempo. Outra, em que cavamos uma cova e enterramos o Vítor para que ele levantasse, como na ‘Volta dos Mortos Vivos’ e assustasse alguns dos guris, eu conto outro dia.

Pois é, acabei nem falando sobre a ‘Síndrome do Irmão Mais Velho’, que nada tem a ver com ser o irmão de mais idade e nem com ser irmão de sangue.

Vai ser outra sopa, em outro domingo.

(Texto publicado originalmente em dezembro de 2005)

Até.

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Brinquedo

Pode ser uma coisa antiga, mas devo dizer que não consigo parar de brincar no Google Maps com a opção de visitar as cidades como se estivesse andando na rua (acho que essa característica se chamava, ou chama, Google Street).

É fascinante.

Paris, e uma parte da França, incluindo Nice e Marseille, está quase toda mapeada dessa forma, e os Estados Unidos também. O Brasil, ainda não.

É uma brincadeira que te toma horas, se não prestares bem atenção no tempo.

Aqui o link.

Até mais, que agora vou ver o Inter jogar a final da Copa Sulamericana.

Tomara que ganhe.

Até.

terça-feira, dezembro 02, 2008

Esperando a quarta-feira

Este miércoles se disputará la finalísima de la 7ma Copa Nissan Sudamericana, por primera vez en suelo brasileño, en Porto Alegre, para ser más preciso. Internacional, que será el anfitrión, buscará materializar la gran campaña que ha logrado a lo largo del torneo. En frente estará Estudiantes de La Plata, otrora tricampeón de América que quiere volver al plano internacional tras mucho tiempo ausente. La última palabra la escribirán en la cancha.

Internacional quiere confirmar su gran momento

Con su victoria por 1-0 en el partido de ida contra Estudiantes, Inter quedó muy cerca de ser el primer brasileño que levanta la Sudamericana y convertirse en el segundo de la región que suma a sus vitrinas los títulos de la Copa Libertadores y del Mundial de Clubes.

Con un penal cobrado por el goleador solitario del torneo, el centrocampista Alex, el equipo 'colorado' se impuso en su vista a La Plata y se llevó un preciado botín que lo tiene al borde de un nuevo título internacional. Esto dejaría al conjunto de Porto Alegre como el campeón más 'internacional' de Brasil, pues sólo el Boca Juniors argentino tiene en su historial el título de la Libertadores, del Mundial de Clubes y Copa la Sudamericana, que ganó en 2004 y 2005 tras vencer a Bolívar y a Pumas de la UNAM, respectivamente.


Fonte: Conmebol

Ansioso.

Até.

domingo, novembro 30, 2008

A Sopa 08/18

Semana passada, eu não estive em Brasília.

Eu estive em um congresso em Brasília, o que é bem diferente, principalmente quando o tempo está nublado e chuvoso todo o tempo. Todos os dias acordando às seis e meia da manhã para estar as oito no centro de convenções e ficando todo o dia lá, assistindo conferências, encontro colegas, fazendo contatos. Congressos são também para isso, reforçar e ampliar nossa rede de contatos.

Então a Brasília que em que estive no final de semana passado não foi a mesma que encontramos, meu irmão e eu, em maio de 2002, quando chegamos na capital federal num final de tarde de céu azul, vindos de Porto Alegre, cerca de dois mil quilômetros percorridos num Corsa 1.0 carregado com as coisas dele, que se mudava para lá, onde ficou um alguns meses antes da mudança definitiva para o norte do mundo, da América. Não era a mesma Brasília, certamente.

A Brasília que vem da janela do ônibus e dos táxis que me levaram do hotel para o centro de convenções e de volta ao hotel, estava cinza e chuvosa – como já falei – e compunha-se do eixo monumental, que pegávamos saindo do centro de convenções e seguia passando pela Catedral de Brasília, Esplanada dos Ministérios, passando ao lado do congresso nacional e chegando à praça dos três poderes, onde o ônibus entrava primeiro à esquerda, para contornar a praça e depois à direita para passar exatamente em frente ao palácio do planalto, com sua rampa sempre guardada por um oficial, e íamos em direção ao outro palácio presidencial, o alvorada, próximo ao lago, onde ficava o hotel, vizinho ao palácio.

Vi pouco de Brasília, dessa vez, mas estava a trabalho. Houve ainda a oportunidade de encontrar a família que mora lá, e comer numa galeteria gaúcho, o galeto temperado com uma receita exportada diretamente de Santa Maria, região central do rio grande. O que mais valeu, além do galeto gaúcho, foram os contatos e os projetos, assunto para outras instâncias, em outras estâncias.

A volta foi antecipada em vinte e quatro horas pela mesma razão pela qual quase desisti de viajar: a pequena Marina.

E é também por causa dela que me sinto obrigado a começar a rever algumas das minhas teorias sobre o mundo. Ou, de outra forma, posso ter encontrado a exceção que confirma a regra de uma das minhas teorias, a de que o que muda a vida são os pequenos, aparentemente insignificantes, eventos.

O nascimento de um filho é o grande evento que muda a vida de uma maneira que jamais imaginei. E para melhor, claro.

Até.

quinta-feira, novembro 27, 2008

Vinte e seis de novembro

Um pensamento.

Para alguns, o vinte e seis de novembro é marcado por algo que chamam de façanha, mas que na verdade foi um vexame, uma baixaria que acabou dando certo e com isso um certo time não permaneceu na segunda divisão.

Eu, por outro lado, acho que façanha, evento épico, é ganhar em La Plata com um jogador a menos desde os vinte minutos do primeiro tempo.

Claro, cada um pensa o que quiser...'

Porém, nada está ganho.

Semana que vem tem o segundo jogo. Mas foi bom, MUITO bom...

Até.


Guerreiro, Inter vence na Argentina e encaminha título da Sul-Americana

Colorado supera expulsão de Guiñazu ainda no primeiro tempo e faz 1 a 0 no Estudiantes, com gol de Alex, de pênalti.

O Inter pegou a mania de se alimentar de títulos continentais e agora tem a faca e o queijo nas mãos para engordar sua coleção de canecos gringos. Guerreiro, o time colorado superou a expulsão precoce de Guiñazu e bateu o Estudiantes por 1 a 0 no estádio Ciudad de La Plata na noite desta quarta-feira. O triunfo no primeiro jogo da decisão deixa a equipe gaúcha em vias de ganhar a Copa Sul-Americana. Se for confirmado, será sua quinta taça estrangeira em três anos.

Alex, ainda no primeiro tempo, marcou de pênalti o gol vermelho. O resultado quebrou uma invencibilidade de 43 partidas do Estudiantes em casa. É a quinta vitória consecutiva do Inter na Sul-Americana, competição que ainda não foi conquistada por brasileiros.

Com o resultado, a equipe de Tite joga até por empate no jogo da volta, na quarta da semana que vem, em um Beira-Rio entupido por 50 mil torcedores.

Um Guiñazu substituído por dez

Aos 24 minutos do primeiro, a esperança colorada de vitória em La Plata recebeu uma punhalada. Pareceu uma tragédia quando o árbitro Carlos Amarilla levantou o cartão amarelo, puxou o vermelho e o apresentou a Guiñazu, que fizera falta em Verón. Justamente a Guiñazu...

Com um quarto de jogo, o Inter perdia sua referência, seu símbolo de raça. Mas aí aconteceu um fenômeno estranho. Quando Guiñazu saiu de campo, Alex virou Guiñazu, Magrão virou Guiñazu, Nilmar virou Guiñazu, Álvaro virou Guiñazu. Em vez de um “loco”, o time colorado passou a ter dez. Só faltou um corte moicano coletivo. Na base da raça, da superação, da entrega por cada bola, os gaúchos anularam a inferioridade numérica.

Alex, nenhuma novidade, jogou uma enormidade. Quando o Inter ficou com dez jogadores, ele teve que recuar para fechar o meio. Mesmo assim, acertou tudo que tentou. Inclusive o pênalti. E duas vezes.


FONTE: Globo.com

quarta-feira, novembro 26, 2008

Para Pais de Meninas

O Henrique, meu irmão em Mississauga, também recentemente pai de uma menina, como esse que vos escreve, me enviou esse serviço de utilidade pública:

Formulário de requisição de namoro

3 de novembro de 2008

Autorização de Namoro - Formulário.

Com o recente surgimento de um pequeno LOUCO querendo namorar a sua filha, tire da gaveta o seguinte formulário que agora disponibilizo para todos que tenham ou possam vir a ter uma filha. Já se passaram dois meses e o pretendente ainda não voltou para me entregar o formulário preenchido.

FORMULÁRIO PARA AUTORIZAÇÃO DE NAMORO COM MINHA FILHA

Nota Importante: Este formulário deverá vir devidamente acompanhado de:

* Declaração completa de bens

* Histórico Escolar

* Histórico Profissional

* Árvore Genealógica completa

* Ficha Criminal

* Exame de Saúde completo e atualizado.

DADOS PESSOAIS
Nome__________________________________________

Data de Nascimento __/__/____

Altura_____

Peso_____

Q.I.____

Média Escolar____

Prontuário:

RG____________________
CPF____________________

Escoteiro? Medalhas? Atividades Esportivas? ( ) Sim ( )Não
Quais_____________________________________________

Endereço Residencial (Completo)
__________________________________________________

Você tem 1 (UM) Pai e 1 (UMA) Mãe?___________________

Se Não, Explique:_______________________________

Há quantos anos seus pais são casados?________________

Se menos que sua idade, explique:_______________________

ACESSÓRIOS ESQUISITOS

Usa piercings na orelha, nariz ou boca?..( )sim ( )não

No umbigo e/ou em outras partes do corpo?…( )sim ( )não

Tem tatuagem?………………………………….. ( )sim ( )não

Onde?___________________

(SE VOCÊ RESPONDEU POSITIVAMENTE A QUALQUER ITEM ACIMA, PODE PARAR DE PREENCHER ESTE FORMULÁRIO)

Interpretação de texto
Usando 50 palavras ou menos, descreva o que significa chegar TARDE para
você:__________________________________________________
_______________________________________________________

Usando 50 palavras ou menos, descreva o que significa NÃO BULINAR MINHA
FILHA:__________________________________________________
________________________________________________________

Usando 50 palavras ou menos, descreva o que significa ABSTINÊNCIA, na sua
opinião:__________________________________________________
__________________________________________________________

OUTROS

Igreja que você freqüenta:__________________________

Com que freqüência?_____________________________

Preencha os espaços abaixo. Todas as respostas serão confidenciais:

Se eu for atingido por uma bala, eu detestaria ser atingido no:
_____________________________

Se eu levar uma surra, não quero que me quebrem o seguinte osso:
____________________________

Lugar de mulher é:______________________________

Escreva algo que você não espera ter que responder neste formulário:
__________________________________________________ _

Qual a primeira coisa que você nota em uma mulher?
_________________________________________
(Nota: Se a resposta começar pelas letras P, B ou C, favor abandonar imediatamente este formulário e sair correndo, de cabeça baixa)

O que você quer ser ‘SE’ crescer?
_____________________________

EU, ABAIXO ASSINADO,

Assinatura________________________________________ ____ (o estúpido)

As letras pequenas abaixo são mera formalidade, nem precisa ler!!!
(já de acordo com a legislação em vigor, corpo 12)

A) Eu, o namorado, doravante denominado ‘estúpido ‘
B) Declaro ainda que este documento tem poder de ‘procuração’ seja para
que assunto for.
C) Desisto de qualquer direito, mesmo sobre minha integridade física, ossos, órgãos, dentes, durante todo o tempo de vigência do namoro ‘mais nove meses’ pertencendo ao Pai da Namorada os poderes de decisão, inclusive de vida ou de morte.
D) Ao pai da namorada não questionarei a autoridade ou ordens, deverei agir com obediência cega a toda e qualquer ordem ou vontade que me for imposta, a mínima que seja.
E) Admito toda e qualquer culpa que me for imputada sem questionar. Sem direito a teste de DNA.
F) Reconheço a legitimidade de ‘Pagamento de pensão’ durante o período que a ‘namorada’ se mantiver solteira a titulo de indenização moral caso este não resulte em um honroso matrimônio .

Obrigado por seu interesse.

Favor aguardar de 2 a 3 meses para seleção.
Se aprovado, você receberá uma notificação por escrito. Não chame, ligue ou escreva. Aguarde minha chamada.

Se você não for aprovado e dependendo das circunstâncias, você será notificado, pessoalmente, pela Polícia Militar!
Atenciosamente,

O Pai .
‘Curriculum Vitae’ deste Pai:
- 2 vezes campeão estadual de tiro - modalidade saque-rápido
- Campeão brasileiro de tiro ao alvo - modalidade Moore System
- 3 vezes campeão brasileiro de judô
- Campeão estadual de vale-tudo 2000
- Campeão brasileiro de vale-tudo 2001
- Combate com facas.
- Adestrador de Cães de ataque.
- Livros Publicados: ‘Táticas de Combate - Silenciamento de Sentinelas’ e ‘Matando com as mãos’

Até.

segunda-feira, novembro 24, 2008

Ainda em Brasília

Mas contando a horas para voltar para casa, para reecontrar a Jacque e minha filhinha.

É dura essa vida de pai em viagem...

Ah, e eu sabia que o São Paulo não ia me decepcionar... e nem o Vitória...

:-)

Amanhã, escrevo de casa.

Até.

domingo, novembro 23, 2008

A Sopa 08/17

Esse semana, A Sopa virá fria, durante a semana.

Isso porque o final de semana é de trabalho, longe de casa.

Até.

sábado, novembro 22, 2008

Em Brasília

Chove.

Estar em Brasília é, de certa forma,como voltar ao anos 80.

Explico logo que der.

Até.

quinta-feira, novembro 20, 2008

Três meses

Três meses

E a vida não podia ser melhor...

Até.

UPDATE - Vou dar um pulo em Brasília e volto logo.

Até.

terça-feira, novembro 18, 2008

Virei taxista

Na nova rotina de vida, com a Marina já indo para a escolinha e essa sendo MUITO longe aqui de casa (mas cuja dona é a Dinda dela, tranquilidade que faz com que a distância seja muito menor), percorro muitos quilômetros diários de um lado a outro da cidade.

Nos últimos dois dias, foram cento e dez quilômetros.

Parece muito, mas houve época em que eu anda quinhentos quilômetros por semana.

E agora é por uma boa causa, sem dúvida...

:-)

Até.

domingo, novembro 16, 2008

A Sopa 08/16

Tenho pensado na verdade.

Você sabe, estimado leitor. Falo daquela Verdade escrita assim, em maiúsculas, única, inquestionável. A Verdade, aquela por detrás e acima de todas as versões. Essa mesma.

Ela não existe.

Eu entendo que isso possa não surpreender vocês, mas houve um momento que surpreendeu a mim, que imaginava ser meu dever ir atrás dela e então fazer meu norte. Descobri que ela é uma ficção, uma quimera. Só que até isso acontecer, tive alguns problemas. Chato, isso, mas não vem ao caso. Falava eu da verdade, e já não a escrevo com maiúsculas, e queria dizer que ela é alguma coisa que está entre as versões, essas sim reais e quase palpáveis.

Nenhum fato é um fato em si, único. Todo fato é algo que ocorre e a forma como as pessoas o vêem e interpretam. O mesmo evento pode ter significações diferentes para duas pessoas que o vivenciaram ao mesmo tempo, e ter interpretações diferentes para a mesma pessoa em momentos diferentes. Por isso, pelo caráter fluido disso que chamamos verdade, pelos eventos e suas interpretações, é que não deveríamos dar palpites ou conselhos para pessoas a respeito de suas vidas pessoais.

Porque só pode dar confusão.

Por outro lado, em um imbróglio de casal, é sempre aconselhado ouvir os dois lados da história, as duas versões, antes de emitir um juízo, qualquer que seja. E mesmo conhecendo muito bem um dos envolvidos, sendo muito próximo, tendo todas as informações possíveis para se emitir um parecer, ainda assim o risco de erro é grande, o que me lembra um fato do verão de 1995, quase quatorze anos atrás.

Verão de 1995, então.

Recém formado em medicina, iniciando a residência médica, havia terminado no final do ano anterior um namoro de oito meses com uma menina que conhecera numa festa no ano anterior. Éramos muito diferentes e, sob certo prisma, vivíamos em mundos diferentes. Nossos círculos de amizades não tinham sequer um ponto de contato, nenhuma afinidade.

Uma noite de fevereiro daquele ano, um grande amigo meu foi me visitar em casa para batermos as conversas em dia e, em mais uma daquelas longas conversas que começam num ponto e terminam onde menos se espera, chegamos à conclusão de que eu ainda gostava daquela menina. Ele é quem deu o toque, que eu deveria ir atrás dela. Fui, e no final de semana seguinte – carnaval – fomos, eu e ela, para a praia.

E foi uma merda.

Nada deu certo, não acabamos juntos e perdi um carnaval na praia. O amigo que deu a dica de ir atrás da menina até hoje se ressente do conselho dado (mas ele sabe que ficou tudo bem, que não era para ser, não tinha nada a ver). Evidentemente continuamos amigos na boa, há mais de vinte anos. Outras vezes a confusão foi porque eu inventei de dar palpite, mesmo quando foi solicitado que eu o fizesse. Por uma palavra dita ou (pior) escrita fora de lugar, já quebrei a cara, me tornei o cara mau. Nada que algumas explicações e as devidas desculpas não tenham resolvido.

Mas foram boas lições.

Hoje, tento ao máximo não me meter nesse tipo de confusão. Porque nem sempre o que é certo para mim o é para outro; e porque não devo (ninguém deveria) tentar impor minhas (suas) verdades para os outros. Porque a verdade quase sempre está no meio das diversas versões e opiniões que aparecem, e não ainda gritar mais alto porque aí sim é que ela se esconde ainda mais.

Até.

sábado, novembro 15, 2008

Sábado (sem fotografia)

Pequeno caso nada incomum em medicina.

Com uma certa freqüência, que chama a atenção porém não chega a irritar, durante uma consulta médica, no momento em que explicas ao paciente o que é que ele tem e qual o tratamento adequado, indicando uma medicação, ele te pergunta:

- Doutor, isso não vai me fazer mal?

Depois de um tempo ouvindo a mesma pergunta repetidas vezes, é quase impossível resistir à tentação e dizer, sei lá:

- Vai fazer mal, sim. Vocês me descobriram, eu sou um assassino, fujam porque eu tenho uma arma na minha pasta, para o caso de o senhor não tomar o remédio por bem...

Isso é, muito provavelmente, reflexo desses tempos de relações médico-paciente não muito sólidas, de pacientes que não procuram o médico em especial, mas sim o do convênio, muitas vezes saindo da consulta sem lembrar do teu nome. Eu, por exemplo, numa clínica que atendo (não o meu consultório), faço questão de me apresentar, reforçando o meu nome para que saibam quem os está tratando. Sabendo com quem estão lidando ("meu médico é o Dr Marcelo") sendo atendidos com atenção, fica menos provável que deixem de fazer algo que se recomenda ou receita por desconfiança.

E mesmo com tudo isso, estabelecendo uma boa relação de confiança com o paciente, sendo atencioso, sabendo ouvir e esclarecendo suas dúvidas, orientando, apesar de todo esse cuidado, sempre tem uma vizinha que chega e diz que "a bombinha vicia" ou "ataca o coração" ou mesmo "a bombinha mata", recomenda um tratamento alternativo com alguma planta ("se é natural não pode fazer mal") ou simpatia, e todo o teu trabalho deve ser recomeçado na consulta seguinte...

As vizinhas são o inimigo da boa saúde.

Até.

domingo, novembro 09, 2008

A Sopa 08/15

Uma discussão existencial.

Um velho dilema existencial, que há muito não me preocupava, voltou às minhas reflexões nos últimos dias: crescer, amadurecer, significando restringir, limitar.

Certo, não é mais um dilema. Foi por muito tempo, contudo, e ainda penso nele, como um velho amigo que viajou para muito longe e do qual perdemos o contato. Não é motivo de angústia, mas hoje tenho a certeza de que ele deve permanecer sempre por ali, ao alcance da vista, para não perdemos a perspectiva das coisas.

Do que estou falando, afinal de contas?

Explico, explico.

Até um determinado momento, temos a possibilidade de ser qualquer coisa na vida. Fazer o que quisermos, exercer qualquer profissão. Isso acaba quando “o mundo” nos obriga a escolher o que queremos ser (o que determina o que vamos fazer, ou vice-versa, tanto faz). A partir daí, a maioria de nós se “fecha” para outras possibilidades. Considera-se incapaz para atividades (intelectuais ou não) diferentes daquela em que se especializou.

É o que chamo de ‘Teoria das Células Pluripotenciais’. Todos nós temos no organismo – em determinado momento – células precursoras que podem se tornar qualquer tipo de célula específica, sei lá, por exemplo, músculo cardíaco ou neurônio. Essas células pluripotenciais, como o nome mesmo já diz, tem o potencial de se especializarem em qualquer outro tipo. Mas, depois de especializadas, não podem mudar. Grosseiramente falando, claro, afinal aqui não é aula de biologia. Mas a idéia é essa. E num plano macro, somos assim também.

Quando nascemos, temos o potencial de nos diferenciar para desempenhar qualquer função. À medida que o tempo passa, porém, vamos nos dedicando a poucas coisas, e nosso conhecimento vai ficando cada vez mais específico até que terminamos desempenhando uma única função social, e mais nada. Restringimos-nos a esse papel.

Por isso o crescer significando restringir, limitar.

Levei anos me questionando porque eu, que estava cursando medicina, não podia, sei lá, fazer cinema ao mesmo tempo? Ou ser chef de cuisine? Ou estudar os clássicos, ler filosofia, estudar física, em especial cosmologia?

Aí uma vez, numa Feira do Livro de Porto Alegre – que aliás, é o maior evento do gênero realizado ao ar livre no continente americano, e a mais antiga feira do livro do Brasil realizada de modo contínuo, e que está ocorrendo uma vez mais sob a sombra dos jacarandás da Praça da Alfândega, no centro de Porto Alegre - assisti a um depoimento do Nelson Motta e, em determinado momento, ele disse que ele não queria ser especialista em nada, queria saber de tudo um pouco. Gostei da idéia, e por algum tempo levei comigo esse objetivo.

Só que não era suficiente, afinal eu já era médico e especialista, e tinha que me especializar cada vez mais no que eu fazia. O que fazer, então? Havia sido vencido pelo “sistema”?

Por um tempo, até achei que sim.

Até o dia em que percebi que eu podia, sim, ser especialista na minha profissão e, além disso, aprender tudo o mais que eu conseguisse, sobre os mais variados assuntos. Podia manter meus horizontes amplos, e com um mundo de possibilidades bem ali, ao alcance da minha mão.

Voltei a dormir em paz, finalmente.

Até.

(versão de texto publicado em agosto de 2005)

quinta-feira, novembro 06, 2008

Sobre a Bombonera...

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(Boca 1 x 2 Inter)

Tudo está bem.

Vingamos os outros brasileiros, que apanharam dos argentinos.

Até.

quarta-feira, novembro 05, 2008

Sobre as eleições americanas

Ganhou Barack Obama, como era esperado e desejado por boa parte do mundo.

Contudo, uma verdade precisa ser dita: foi uma luta de dois grandes homens, e o discurso do John McCain reconhecendo a vitória do Senador Obama é um exemplo que deveria ser seguido por políticos de todos os matizes.

Até.

terça-feira, novembro 04, 2008

Pensando bem

Eu sou a favor de animais em circos.

Certamente contra os maus-tratos, mas a favor da presença deles nesses espetáculos.

Até.

segunda-feira, novembro 03, 2008

Os Dias

Como todos sabem, a impressão de que o tempo está passando mais rápido é apenas isso, uma impressão, mas que está fortemente ligada na intensidade das atividades cotidianas e na quantidade de, sempre ele, tempo, que temos para pensar. Quanto mais tempo tenho para pensar em quanto tempo tenho, mais tempo tenho para pensar em quanto tempo tenho. E mais tempo tenho, óbvio.

Confuso?

Não importa, na verdade.

Tergiverso antes de entrar no assunto que realmente interessa, no motivador desse escrito, na razão pela qual não tenho tido o tempo aquele que falo no parágrafo inicial: os dias que passam desde o nascimento da Marina, o tempo em que sou pai.

Para falar a verdade, ainda não me acostumei com a idéia de ser pai. Explico: ainda soa estranho quando eu digo – ao pegar a Marina, por exemplo – “vem com o pai”. Não parece que falo de mim. É pouco tempo, eu sei, e logo me acostumo a ouvir “pai” e ser relativo a mim, ainda mais quando for ela a me chamar. Uma questão de tempo, como quase tudo.

Não que eu esteja estranhando a função de pai. Ao contrário, sinto como se já fosse um veterano no assunto. E daqueles que participa: dou banho, troco fraldas e, na medida do possível, procuro dividir as tarefas com a Jacque. É um prazer inenarrável acompanhar o desenvolvimento da nossa nenê. Desde o tempo em que ela era praticamente um peixe, pela ausência de interação até a fase atual, em que sorri muito, e parece tentar conversar, com “aaaahs” e “eeeehs”, tudo é novidade e alegria para nós.

Então os dias têm sido assim, de trabalho (como comentei anteriormente, foi a Marina nascer e o consultório e minhas outras atividades profissionais aumentaram muito) e momentos de encantamento com esse pequeno (por enquanto) milagre que é a nossa (da Jacque e minha) filhinha.

Até.

domingo, novembro 02, 2008

A Sopa 08/14

Sou um egocêntrico, narcisista e megalomaníaco.

Acima disso, contudo, simpático.

Conhecedores dessas minhas características, vocês podem imaginar que eu gosto MUITO de falar de mim. Bom, eu tenho um blog só para isso, então nem precisava dizer o que estou dizendo. Mas a verdade é que eu gosto de contar histórias.

Talvez seja esta a razão fundamental de eu gostar de escrever: eu sou um contador de histórias. Até a minha definição de vida está relacionada a esse fato. Para mim, a vida não passa de histórias para contar. O que faço é estar sempre as procurando, indo atrás delas.

Talvez eu tenha ido para o Canadá por causa disso, eu estava pensando por esses dias. Tudo o que me aconteceu nos dois anos da minha estada em Toronto, são histórias que vou contar depois. Em conversas ou através de textos, não importa. E sempre vou ter essa carta na manga: “Quando morei no Canadá...” e se quiser posso até inventar, apesar de não ser esse o meu estilo, o meu jeito de fazer.

Até porque tenho histórias boas para contar.

Então, quando vou contar histórias que vivi, nunca invento. Pode ser um viés de quando planejava ser jornalista, mas sempre procuro me restringir aos fatos e interpretações dos mesmos. O mais comum é eu me prender a alguns detalhes, para criar um certo drama. Mentir, jamais. A vida de verdade já tem acontecimentos absurdos o bastante, por que eu iria inventar?

Quando escrevo ficção, por outro lado, é evidente que vou inventar, até porque isso é pré-requisito para que possamos chamá-la assim. Confesso que tenho escrito pouca ficção nos últimos tempos, e que os temas dos meus escritos têm girado em torno do meu umbigo.

Mas o que esperar de um simpático egocêntrico, narcisista e megalomaníaco?

Até.

(versão de texto publicado em novembro de 2005)

segunda-feira, outubro 27, 2008

O que dizer numa hora dessas?

Pimenta nos olhos dos outros é colírio.

Ou:

Faça o que eu digo, não faça o que eu faço.

Que vistam os respectivos chapéus.

Até.

domingo, outubro 26, 2008

A Sopa 08/13

Tenho pouco cabelo.

Isso é uma verdade inquestionável. Não nego o fato, aliás, estou bem tranqüilo com a situação. É da vida, para que lutar contra algo que não depende de mim, que é determinado geneticamente?

Se estou bem comigo mesmo, se não importo em ter os cabelos escassos, o mesmo não acontece com o mundo. As pessoas se preocupam com o fato de eu ter perdido cabelo (mesmo que não todo), e acham que eu não percebi o acontecido. O que me faz lembrar de uma máxima da vida em sociedade: existem comentários que não se deve fazer, por óbvios demais.

Nunca deves dizer para uma mulher que ela está gorda. Nunca, jamais. Ela sabe que está, e o comentário só resultará em mais ansiedade e mágoa dela com ela mesma e com quem foi indelicado a ponto de fazer esse tipo de comentário. A outra situação em que qualquer palavra é desnecessária (no sentido de fazer um alerta, ou algo semelhante) é dizer a alguém que “estás ficando careca”. Se está ficando, já sabe que se tornará. Quem é que – em sã consciência – passas anos sem se olhar no espelho até o dia em que um amigo prestativo comenta sobre sua calvície, olham-se no espelho e – chocado – percebe que cabelos longos já não existem (nem curtos). De novo, o óbvio: se alguém parece estar ficando careca, não há necessidade de se apontar esse fato porque a “vítima” JÁ SABE QUE ESTÁ PERDENDO CABELO!

É sério, você – prestativo leitor – que acha importante alertar seus pares de que estão sofrendo da perda progressiva e inexorável de seus cabelos, saiba que não há esta necessidade: ele já sabe disso. Mais, ele não precisa de conselhos de tratamentos com medicamento ou até mesmo implantes: se ele quisesse, já os teria procurado.

O pior, contudo, não é isso.

O pior são os “ex-carecas”, aqueles que fizeram algum tipo de tratamento que “melhorou” a situação e agora querem que faças o mesmo, querem dividir o sucesso que alcançaram. Mesmo que nunca tenha te visto antes, sejam totais estranhos, ou até mesmo pacientes.

Aconteceu comigo. Estava, esses tempos, com um paciente e, durante a entrevista médica, perguntei sobre história de problemas de pele e queda de cabelo. Respondeu que não, que havia feito implante de cabelo e que teria ficado perfeito. Nem havia reparado nesse detalhe, quando comentou, no espírito do paciente que quer que seu tratamento resolva o dos outros: “Bem que poderias fazer um...”

Olhei para ele em silêncio (palhaço!, imbecil!, filhadaputa!, vai tomar no teu cu!) e disse que ia pensar...

Tem gente que não tem noção.

Até.

sexta-feira, outubro 24, 2008

Tudo muda

Nos dias de hoje, sexta-feira final do dia significa ir para casa.

Antes, eram as festas.

Hoje, as minhas mulheres.

Ô, vidão!

Até.

terça-feira, outubro 21, 2008

Manual de Explicação do Porto-Alegrense

por Fabrício Carpinejar*

O porto-alegrense não se aproxima com calma. Cumprimenta alto, gritado, estapafúrdio. Não confunda com assalto: é seu jeito mesmo. Tenta assustar tudo o que pode na primeira vez, para a amizade soar mais tranqüila dali por diante. É o inverso do baiano, a voz não é mansa para se erguer naturalmente com o avanço da conversa. É tudo ou nada, é agora ou nunca. Um atropelo de vogais. Um "eiiii", um "oiiiiii", um "bah". Sem chance. Sem recuperação. Um abuso para os mais travados.

A varanda já é sala de estar no rosto do gaúcho. Não há tempo para recuar. O abraço gira em si, como um nó de marinheiro. A Revolução Farroupilha o perturbou. Está sempre desejando o que ainda nem foi apresentado.

Conjuga o tu como se fosse você, para não engolir vento.

Canta o hino rio-grandense de cor e salteado. Canta o hino de seu clube de cor e salteado. Não abandona um argumento mesmo quando percebe que está enganado. É fiel ao erro.

Sabe ser profundo quando distraído. É de uma profundidade inesgotável. Sabe ser solitário quando atento. É de uma solidão ultrajante.

Aceita ser vítima de piada de um familiar. A mesma piada na boca de um estranho é preconceito. Recebe qualquer um de braços abertos para depois investigar. Paranóico, pulou do ventre para não ser chamado de 'filho da mãe'. Não admite neutralidade e empate, muito menos voto de Minerva. Minerva é somente o nome de um sabão em pó. É preciso escolher, está do lado dele ou contra ele. Cuidado, o silêncio é compreendido como oposição.

Basta elogiar algo de sua cidade que ele vira turista. Repete os programas para ser encontrado. Comparece quatro vezes no mesmo lugar até ser reparado. Continua aparecendo até ser esquecido.

Há poucas bancas nas ruas se comparado a Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Recebe jornal em casa, debaixo da porta como um tapete. Adepto da locução escrita, ler para conversar. Morre bem informado.

Trata os escritores como se fossem músicos. Conversa sobre suas obras no ônibus, na lanchonete, no meio da rua. Seu suspiro é um autógrafo.

Bebe para discutir, não discute para beber. A bebida é anzol do chiste. Abole a frase inicial para ficar com a última. O que valoriza é a reputação. Faz as pazes no dia seguinte quando ama. Quando odeia, bem, dirá que nunca o conheceu.

Seu time é o melhor do mundo, sua cidade é a melhor do mundo, sua carne é a melhor do mundo. Às vezes é. Tão gaúcho que conta que é gaúcho para os próprios gaúchos. Ele se elogia com receio de não ser lembrado.

Porto Alegre é uma cidade para atravessar a pé. Com o último botão da camisa aberto. Quem toma chimarrão, ronca acordado. É engraçado passear pela Usina do Gasômetro ou Brique da Redenção no domingo. A térmica é um filho aprendendo a caminhar. Balançando de mãos dadas com seus pais. O crepúsculo do Guaíba transforma a orla no teto de uma igreja. Dá vontade de amar alguma santa e pecar bem mais do que se viveu.

* Fabrício Carpinejar é jornalista, cronista, poeta e professor. O texto foi transcrito do seu blog, 'Fim da Linha'

segunda-feira, outubro 20, 2008

domingo, outubro 19, 2008

A Sopa 08/12

Sempre acreditei que são as pequenas decisões que mudam a vida.

Uma teoria, claro, mas é de teorias que é feito o mundo. E é a partir das tentativas de provar nossas teorias, nossas idéias, é que construímos o conhecimento. Uma teoria é verdadeira até que provamos o contrário.

A teoria das pequenas decisões que mudam o mundo é de mais difícil comprovação, afinal como provar que foi por ler um jornal numa terça-feira de manhã que descobri – vinte e um anos atrás - que havia uma escola técnica que tinha um segundo grau técnico em operador de computador e que tinha prorrogado as inscrições para a prova de admissão por mais uma semana, e que era necessária a carteira de identidade para a inscrição, ou pelo menos o protocolo com número da mesma, e eu não tinha a carteira e consegui ir fazer no último dia e tirei uma foto de péssima qualidade que escureceu e por isso tive uma identidade com uma foto minha borrada e escura até me formar em medicina, quase dez anos depois, mas me adianto, dizia que me inscrevi no último dia para a prova de admissão da escola técnica de comércio e fiz a prova e entrei na escola para um curso técnico em computação, o que significava uma base fraca nas disciplinas de segundo grau, mais especificamente química, física e biologia, mas no fundo não era importante porque eu ia cursar jornalismo, porque escrevo desde sempre, só que quando fui me inscrever resolvi que queria fazer medicina, uma influência distante do meu avô médico, que havia morrido quando eu tinha sete anos de idade, e acabei passando o terceiro ano do segundo grau em dúvida entre medicina e jornalismo, um dia até resolvi definitivamente por jornalismo, mas decisões definitivas aos dezesseis anos nunca são tão definitivas, e não fui aprovado no vestibular da universidade federal mas passei na puc, em primeira chamada, um dos mais novos da turma que foi até o fim, e não perdi o semestre mesmo tendo passado duas semanas em coma numa UTI e mais duas internado com infecção porque a universidade entrou em greve no dia do acidente, e me formei em mil novecentos em noventa e quatro, iniciando a residência em clínica médica e pneumologia em dois janeiro de janeiro de mil novecentos e noventa e cinco, que foi o dia que conheci a Jacque, e casamos um ano e meio depois, e lá se vão doze anos, sendo que vivemos por dois anos em dois hemisférios, com encontros virtuais diários e reais de tempos em tempos, porque estive no norte do mundo fazendo pós-doutorado, mas voltei para casa e para o pampa, e para um futuro que ainda reservava e reserva muitas surpresas, estou certo.

Tudo isso porque eu li uma nota no jornal naquele dia de novembro de mil novecentos e oitenta e cinco.

Mas eu falava de decisões, e não existem apenas as pequenas decisões. Existem também as grandes decisões, as grandes encruzilhadas, os momentos-chave. Penso, contudo, que frente aos grandes dilemas da vida, apenas temos a ilusão de que podemos decidir: nestes casos, a decisão já está tomada. O fluxo, a onda, nos leva. Se estivermos atentos às pequenas decisões, as grandes cuidarão de si mesmas.

Até.

(publicado em 02/05/2006)

quinta-feira, outubro 16, 2008

Pérolas da Sabedoria Popular

Cena ocorrida na última quarta-feira:

Entro na sala do café dos funcionários numa clínica em que atendo no centro de Porto Alegre, e duas secretárias conversam. Uma termina de contar uma história e a outra sentencia, definitiva:

"Se cunhado fosse bom, não começava com cu..."

Até.

quarta-feira, outubro 15, 2008

Futebol

Não tenho por hábito tratar de futebol neste espaço (principalmente nos dias atuais, em que o glorioso Sport Club Internacional não anda bem como deveria andar levando-se em conta o seu elenco, mas deixa para lá...), mas vou abrir uma exceção.

E falar do co-irmão azul.

Como todos sabem, e por incrível que possa parecer, o Grêmio caminhava a passos firmes para ser campeão brasileiro de 2008, desagradando a maioria do Rio Grande, mas isso também não vem ao caso. Todos sabiam que, pelo andar das coisas, o Grêmio só perderia o título brasileiro se acontecesse uma tragédia ou se fosse ROUBADO. Pois é, está acontecendo.

Assim como em 2005 o STJD ROUBOU o título do Inter para dar ao Corinthians, anulando partidas e talicoisa, esse ano o mesmo covil de ladrões que, se denomina superior tribunal de justiça desportiva, está aplicando no grêmio o mesmo que fez com o Inter, mas dessa vez de uma maneira um pouco menos escandalosa: faltando nove rodadas para o final do campeonato, puniu três titulares do Grêmio com pesadas penas por incidentes no jogo com o Botafogo. O centroavante Morales, que nem expulso foi, foi punido com oito jogos!

É uma vergonha.

Quase torço para o Grêmio superar as adversidades.

Quase.

Não, na verdade não torço.

Fico revoltado com o fato, mas torcer para o Grêmio não dá.

Até.

domingo, outubro 12, 2008

A Sopa 08/11

Doze de outubro, dia da criança.

Já faz um bom tempo que não ganho mais presentes, mas – muito mais importante – faz muito tempo que não os espero... Começo a falar sobre o tempo, sua passagem e seus efeitos, assunto que sempre me fascinou, desde o tempo em que era um guri, até os dias de hoje, médico e pai de família, ainda que há bem pouco tempo.

Tenho pensado muito na meia idade.

Não sei – honestamente – se já cheguei lá. Caso não tenha chegado, me aproximo a passos largos. Sem dramas, mas começo a pensar em que ponto da vida me encontro, o que fiz e o que tenho ainda a fazer. Já plantei uma árvore, já escrevi um livro, já fiz um filho. O que me resta, antes da morte?

Lembro de uma noite de julho, há vinte anos, em que sentado num balanço (já era bem crescido para andar de balanço), conversando com uma amiga (que se perdeu no meio do caminho), antecipei essa pergunta sob forma de angústia com relação ao meu futuro profissional. Argumentava eu, naquele momento, que se fizesse medicina já sabia qual seria o meu futuro: trabalhar, casar, ter filho(s), envelhecer e morrer. Usando um termo ultrapassado já naquela época, morreria burguês (e como todos sabem, e Cazuza cantou, a burguesia fede...) e não teria grandes feitos a serem lembrados.

Quanta bobagem.

Aos dezesseis anos, ainda via o mundo em preto e branco, de maneira simplista e ainda não enxergando muitas coisas que só vemos com o tempo. São precisos muitos anos para tornarmos realmente jovens.

Bom, decidi tomar o caminho que eu temia por imaginar previsível. Previsível? Não poderia estar mais enganado! De previsíveis esses últimos vinte anos não tiveram nada, assim como não seria previsível qualquer caminho que eu viesse a tomar, qualquer rumo que eu tivesse escolhido.

Por que a vida não é previsível.

E não é uma linha reta que percorremos desde o momento que nascemos até o inexorável fim, a morte: a vida é muito mais que isso. A vida é o caminho, a estrada, e que é cheia de curvas e desníveis e desvios. O que fazemos durante o percurso é o que faz valer à pena percorrê-la. Tão ou mais importante que o destino numa viagem é o trajeto até lá; assim como a volta é parte fundamental da viagem, mas não devo entrar na metafísica...

Onde me encontro hoje?

Caminhando para os quarenta anos (em três anos e meio), ainda jovem, muito jovem, com muitos projetos de curto, médio e longo prazos, alguns talvez irrealizáveis, mas quem se importa? Trabalhar o suficiente para viver bem e poder realizar alguns desses planos, e me divertir com os amigos enquanto andamos juntos por essa estrada.

Até.

sábado, outubro 11, 2008

Sábado (e Cartola)

cartola

Ainda é cedo amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar

Preste atenção querida
Embora eu saiba que estás resolvida
em cada esquina cai um pouco tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és

Ouça-me bem amor
Preste atenção o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões a pó

Preste atenção querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com os teus pés


(pequena homenagem ao centenário do nascimento do gênio)

quinta-feira, outubro 09, 2008

Há um ano (2)

Nice
Nice, Côte D'Azur, France

Promenade des Anglais, final de tarde.

À noite, jantamos na Vieux Nice.

No outro dia, iríamos em direção à Aix-en-Provence.

Até.

quarta-feira, outubro 08, 2008

Há um ano

Lago Blu
Lago Blu, Italia

Amanhecemos em Aosta, visitamos o Monte Cervino, passamos pelo Lago Blu e acabamos o dia em Sanremo. Era mais um dia de viagem dos Perdidos, e iríamos em direção à Côte D'Azur e Provence.

Até.

segunda-feira, outubro 06, 2008

domingo, outubro 05, 2008

A Sopa 08/10

Dia de eleições no Brasil.

Estamos elegendo prefeitos e vereadores. Durante a campanha, ao ouvir e ver o horário eleitoral gratuito e os debates (sim, eu assisto, mesmo que eventualmente), percebi – uma vez mais – que realmente estou ficando velho.

Já não tenho paciência para algumas coisas.

Ao assistir/ouvir os programas eleitorais, percebi que o fazia muito mais por diversão do que para realmente tirar algum proveito, em termos de conhecer candidatos e propostas. Os discursos são sempre muito iguais, as propostas muito parecidas, todos muito retos e sabedores das soluções do mundo. Sem falar nas bizarrices dos candidatos a vereador que, aliás, prometem coisas que não podem prometer e têm como prioridades todos os aspectos da vida, anulando o sentido da palavra ‘prioridade’.

E aqueles que se dizem jovens e, por isso, por jovens, capazes de resolver todos os problemas. ‘A força do jovem’... Besteira. Ou aquele que disse que “democracia não é de tempos em tempos apertar botõezinhos, mas sim os trabalhadores unidos em comitês que vão tomar o poder e o povo então vai governar diretamente, e meu número é...”. E o DJ que é o candidato do hip hop, apoiado por outro DJ. Sem falar que todos prometem passagem de ônibus gratuita para estudantes e trabalhadores desempregados. Imagino quem pagará a conta, afinal nada é de graça na vida...

Pois é, mesmo assim, sem saco para ouvir certas bobagens, votei. Para quem, não interessa a ninguém, evidentemente. O que interessa é poder fazer parte do processo, escolher um candidato e cobrar dele depois. Trabalhar para melhorar as coisas.

É isso.

Até.

sábado, outubro 04, 2008

terça-feira, setembro 30, 2008

Esses dias

Por mais que a Marina seja tranqüila, e é, confesso que nesse começo de semana estou sendo vencido pelo sono. Ainda bem que amanhã é quarta, o melhor dia da semana.

Por quê?

Porque ontem era recém terça e amanhã já é quinta...

E, por Deus do céu, cada vez mais me convenço que finais de semana não foram feitos para se trabalhar (e tomara que eu consiga seguir me livrando disso).

Até.

domingo, setembro 28, 2008

A Sopa 08/09

Termina setembro.

É impressionante como, depois de agosto, o ano parece andar mais rápido até o seu final, e esse ano mais ainda. A Marina, minha filha, já tem mais de um mês de vida.

E foi justamente ao completar um mês, no sábado passado, que ela pegou sua primeira virose. De quem? Certamente do pai pneumologista dela, que tem estado com o consultório bem movimentado, o que significa uma miríade de vírus circulando ao redor das minhas vias aéreas. Na quarta-feira passada, senti os pródromos: um mal estar, algumas dores pelo corpo, o nariz estranho. Logo vi o que vinha, e – com medo de ser uma gripe, mais grave que um simples resfriado – comecei a tomar um antiviral, na esperança de abortar o processo.

Não foi gripe, o que representou duas coisas: o vírus não foi controlado pela medicação e – pior – a Marina acabou resfriada também. E o que é algo simples e banal para todos nós, crescidos e já acostumados com isso, é uma tragédia para alguém de um mês de vida, cujo única forma de reagir às coisas é chorar. É justamente nesse momentos em que valorizamos habilidades nossas que, de outra maneira, nunca daríamos o real valor, como, por exemplo, assoar o nariz.

Tivemos uma ou duas noites difíceis (que foram pioras para a Marina, eu sei) e depois – como todo bom vírus respiratório – ela começou a melhorar. Ainda não está 100%, mas quase.

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Falando em vírus...

Há mais ou menos duas semanas, resolvi fazer um novo backup dos dados do computador aqui de casa. Preparei tudo e, na hora de gravar o DVD de dados, deu erro, que se repetiu após inúmeras tentativas. Chamei, então, o técnico que arruma o meu computador já há uns dois anos. Por telefone, ao ouvir o meu relato, sentenciou: tens que trocar o gravador de DVD.

OK, respondi, e marcamos uma data para ele fazer o serviço aqui em casa. No dia, chegou atrasado e rapidamente fez a troca. Na hora de estar, não funcionou. Verificou o computador, disse estar cheio de vírus e sentenciou: tem formatar o HD. Novamente concordei. Como esse estava praticamente cheio, resolvi comprar um segundo HD, com maior capacidade de armazenamento. Levou com ele o equipamento e devolveu em 72 horas, como novo.

Na hora de testar, vi que não estava instalado o Firefox, browser que eu uso normalmente. Perguntei por que e ele respondeu que “não confiava no Firefox, por não ser da Microsoft”. Estranhei, mas deixei assim, e até tentei usar novamente o Internet Explorer, mas não deu. Fiz o download novamente (do site oficial) e instalei na máquina.

No dia seguinte, um dos softwares que ele havia instalado não funcionou. Liguei para ele, que me perguntou se eu havia feito algum download. Disse que sim, e ele disse que era por isso: eu estava novamente cheio de vírus.

Agradeci-lhe e disse que resolveria sozinho. Instalei um novo anti-vírus e realmente encontrei dois ou três Trojans, que pus em quarentena.

Agora já me sinto mais tranquilo: tanto a Marina quanto o computador estão melhores.

Até.

quarta-feira, setembro 24, 2008

Todo dia

Quando não é a Marina que precisa da atenção dos pais por estar gripada, é este computador (por que não são todos Macs??) que se infecta e fica cheio de vírus...

Ah, essas crianças...

Até

terça-feira, setembro 23, 2008

Está tudo bem

O Analista de Bagé, clássico personagem do grande Luís Fernando Veríssimo, recebia seus pacientes na porta do consultório com um joelhaço "nas partes". Depois, quando o vivente se queixava da esposa, da sogra, do trabalho, da vida em geral, e dizia sentir uma angústia muito forte, ele perguntava (numa versão livre):

- É "das brabas" mesmo?

- Horrível?

- Mesmo?

- É pior que tudo na vida.

- Pior que perder Grenal?

- Muito pior.

- Pior que unha encravada?

- Nem se compara.

- Pior que o joelhaço?

- Bom...

Tudo o que ele fazia era proporcionar ao paciente uma perspectiva diferente da situação, ver a vida sob outro prisma, mudar o foco das coisas.

É como quando o teu filho(a) de pouco mais de um mês de vida pega um resfriado.

O nariz entope, o corpo dói, tosse e tosse.

Ele(a) ainda não sabe assoar o nariz, aliás, mal sabe que tem nariz, então reage da única forma que sabe: chorando, às vezes de raiva, outras de dor. O que muda é a intensidade e a forma de chorar. O que se faz, então, é mudar a perspectiva das coisas.

Existe um dispositivo, de borracha e siicone, desenhado especificamente para auxiliar a retirada de secreção no nariz do bebê. É tipo uma pera que se usa para aspirar (outra opção é a mãe - sempre a mãe - colocar a boca no nariz do bebê e chupar secreção, limpando o nariz) as secreção nasais.

Pois bem, imagine você, estimado leitor, com o nariz cheio de secreção, mal conseguindo respirar através dele, quando chega um cidadão e tapa uma das narinas e "enfia" na outra algo que vai sugar o ranho de lá. Obviamente irás - leitor de menos de uma ano de idade, chorar MUITO, de raiva, principalmente...

Depois de passada essa experiência, aquela dor pelo corpo, o mal estar, serão nada.

Estarás pronto para outra...

Até.

domingo, setembro 21, 2008

A Sopa 08/08

O Bonde (um texto de quando morei em Toronto)

Gosto de andar de bonde.

Aqui eles chamam de ‘street car’, para diferenciar dos ônibus. Quando vou para um dos hospitais, tenho a opção de pegar o metrô, descer duas estações depois e pegar o bonde que vai me largar na frente do Toronto Western. Quando os dias estão bonitos – e tivemos vários assim na semana que passou – gosto de ir olhando a paisagem. As lojas, as casas estreitas de dois andares, passando pelo bairro português, o café Bota Fogo, a casa de carnes Nosso Talho, e por aí vai.

Vinha eu, absorto em pensamentos paralelos e ouvindo música gauchesca no meu discman, olhando para fora, quando presenciei uma cena diferente.

Pela calçada, ia um daquelas máquinas de limpar a rua, que é um misto de aspirador de pó gigante com um carrinho de golfe, com o funcionário dirigindo-a e dando direção à grande “tromba” que sai do alto do carrinho e que aspira as folhas. Ao olhar, notei que a calçada estava vazia, sem pessoas, exceto por uma transeunte de traços orientais que corria à frente da máquina, atrasada por certo. Mas parecia que ela estava fugindo da máquina, que agora me parecia um monstro perseguindo-a.

“Enquanto isso, em Tóquio…” foi a primeira coisa que me veio à cabeça. De repente eu estava em um filme japonês e um monstro perseguia uma indefesa vítima. Olho para os outros passageiros: impassíveis, como se nada estivesse acontecendo. Viro e miro o céu, aguardando o surgimento do, sei lá, Ultraman. Nada. Já imagino o seguimento do drama: a menina correndo, cai no chão, o monstro chega e com sua grande tromba a pega pelo pé, ela grita de horror e dor, alguém tenta ajudá-la, mas é em vão. Só resta, na calçada, sangue e o iPod que ela vinha escutando.

Nisso, chega o ponto em que devo descer. Por um instante, esqueço da tragédia que se desenrolava na rua. Desço e me dirijo até a esquina, onde vou atravessar a rua para chegar ao hospital. Aguardando abrir o sinal para os pedestres, de repente viro para o lado, e a máquina, o monstro, está chegando em mim. Por um instante, cogito levantar os braços e sair correndo e gritando por socorro.

O sinal abre. Atravesso a rua.

Começa mais um dia de trabalho.

Até.

(publicado em 18/11/2004)

sábado, setembro 20, 2008

Sábado (o 20 de setembro e o primeiro mês)

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E para marcar a passagem do 20 de Setembro, data máximo do estado gaúcho, um trecho do hino rio-grandense que inspira a todos.

"... Mas não basta pra ser livre
Ser forte, aguerrido e bravo
Povo que não tem virtude
Acaba por ser escravo..."

E que sirvam nossas façanhas de modelo a toda Terra!

Até.

quarta-feira, setembro 17, 2008

Ainda não

Quatro semanas não são um mês.

Trinta ou trinta e um dias o são.

Sábado será.

Até.

terça-feira, setembro 16, 2008

Sobre o ano que encaminha-se para o fim

Gosto da palavra epifania (em inglês, epiphany).

Originalmente, a palavra 'epifania' vem do grego e quer dizer 'manifestação". Para os cristãos, seria uma manifestação da presença de Deus no mundo real. Comemora-se o seu dia em 6 de janeiro, o Dia de Reis, no décimo-segundo dia após o Natal.

Eu prefiro a definição como "uma súbita sensação de realização ou compreensão da essência ou do significado de algo. O termo é usado nos sentidos filosófico e literal para indicar que alguém 'encontrou a última peça do quebra-cabeças e agora consegue ver a imagem completa do problema'". Ou a sudden, powerful, and often spiritual or life-changing realization that a character experiences in an otherwise ordinary moment.

Esse tem sido um ano particularmente profícuo em epifanias, o que nem sempre é bom, devo dizer. Às vezes percebemos coisas que não gostaríamos de ter percebido.

No cômputo geral, contudo, o saldo é muito positivo.

Até,

segunda-feira, setembro 15, 2008

Estranha essa vida

Justamente agora que a Marina nasceu - e deveria ter tempo livre para ficar em casa com ela - o trabalho parece que triplicou, o que - se por um lado parece não ser bom, afinal deveria poder ficar ollhando a minha menina crescer - por outro lado é bem legal, pois coisas boas podem vir por aí.

Estou duplamente satisfeito.

Corrijo-me: esses dias não poderiam ser mais felizes.

Até.

domingo, setembro 14, 2008

A Sopa 08/07

Vou parecer antipático hoje.

Há muito anos amigos, existe entre nós, Márcio, Radica e eu, assim como acontece com qualquer grupo de amigos de muito tempo, algumas expressões, piadas e brincadeiras que são características nossas. Não exclusivas nem únicas, apenas típicas do nosso convívio. Normalmente são bem infantis, pois é justamente com os amigos que podemos ser muito infantis.

Como lá se vão vinte anos que convivemos, é natural que tenhamos muitas dessas expressões e brincadeiras e piadas. Algumas se tornaram obsoletas e perderam a graça, outras continuam vivas e fortes. Uma delas tem relação com título deste texto, e é usada como forma de chantagem emocional ou apenas para incomodarmos um ao outro. Por exemplo, é esta pergunta, “Será que és amigo o suficiente?”, que usamos como forma de chantagem para convencer uns aos outros a entrar em teóricas “roubadas” que inventamos seja lá por que razão, como quando “chantageei" o Márcio para que a banda tocasse no mesmo dia que eu chegaria de Toronto direto para minha festa de aniversário em 2005, sem ensaios, apenas com a passagem de som. Foi essa mesma frase que o Márcio usou para referir-se ao Radica (que mora hoje em dia em São Paulo) e a mim (quando fui para Toronto), que não ficamos em Porto Alegre, onde mora. “Não fomos amigos o suficiente”.

Pois bem, de um forma geral, acho que não sou amigo o suficiente.

Por quê?

Porque eu não gosto e não respondo àqueles e-mails que mandam com um arquivo do PowerPoint com uma apresentação que pode ter música (e em geral tem) fotos de paisagens e uma mensagem que varia do ‘tenha um bom dia’ ao ‘já abraçou sua família hoje?’, passando por frases retiradas de livrinho de auto-ajuda atribuídas ao Dalai Lama. E que invariavelmente terminam com a mensagem “mande essa mensagem a todos os seus amigos, se você recebeu é porque alguém acha você especial”.

Pois bem, eu não me sinto especial por receber uma mensagem que alguém mandou para todo o seu catálogo de endereços, por melhor que tenha sido sua intenção. Nem o meu dia se ilumina quando recebo um e-mail com fotos de criança e flores.

Aliás, na maioria da vezes, eu nem abro os anexos, deleto-os direto. Se alguém espera alguma resposta minha, ou que reencaminhe esse tipo de e-mail, pode desistir, dificilmente vou fazer isso. Não digo que nunca vá fazer, até pode acontecer um dia, mas é muito difícil. Por quê?

Simplesmente porque sou extremamente pessoal. Ou seja, quando eu quero dizer o que sinto ou desejo ou penso de ou para alguém, eu faço isso ao vivo, cara a cara. Claro que às vezes, como agora, em que a geografia não favorece e, estando em hemisfério diferente, acabo utilizando o e-mail (pessoal, para quem recebe) ou até o telefone.

Se, ao contrário de uma mensagem impessoal que mais cem pessoas vão receber também, mandasse apenas um e-mail dizendo “Marcelo, tudo bem? Como estão as coisas? Por aqui…”, talvez aí realmente faria eu me sentir especial. E acho que não sou o único.

Até.

(Publicado originalmente em 29/03/2005)

sexta-feira, setembro 12, 2008

quinta-feira, setembro 11, 2008

Onde isso vai parar?

Hoje minha filha furou as orelhas e colocou brincos.

Com três semanas de vida!?

O que vem depois?

Tatuagem? Piercing?

Só depois dos dezoito anos, e se isso for permitido no Convento das Carmelitas...

:-)

Até.

terça-feira, setembro 09, 2008

O Mundo

Vai acabar amanhã, não sei se vocês sabem.

Talvez nem leiam esse blog por isso.

Se por ventura conseguirem ler antes do buraco negro, favor mandem doações em dinheiro para esse blog...

:-)

De qualquer maneira, esperemos que o LHC funcione.

Até.

segunda-feira, setembro 08, 2008

Segunda-feira

Primeira grande constatação da paternidade:

"Ser pai é ter que providenciar muitos sacos de lixo".

(pois a produção de lixo orgânico e não-orgânico é gigantesca)

Até.

domingo, setembro 07, 2008

A Sopa 08/06

Como todos pudemos ler durante a semana que passou, o Presidente Luis Inácio defendeu o consumo de tabaco em qualquer lugar, afinal “só fuma quem é viciado”. Um desserviço ao Brasil, sem dúvida. Quem responde é a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, através do Dr. Alberto José de Araújo, Diretor do Núcleo de Estudos e Tratamento do Tabagismo da UFRJ:

Lula marca um gol contra na luta contra o tabaco; a continuar assim, só terá estádios vazios, pois dois Maracanãs morrem a cada ano, no Brasil.

Lamentável sob todos os aspectos este posicionamento do Presidente. Nunca antes nesse país um Presidente perdeu tanto os sentidos essenciais a quem foi delegado pelo voto, o destino da administração da "coisa pública", das res-publica como diria Platão, mas que anda na contramão da história, na res-privada, como neste posicionamento eivado de retórica típica do autoritarismo latino ou do coronelismo ainda vigente oriundo dos antigos mandatários.

Esta fala se soma a outras colecionadas nestes seis anos de governo, carregadas de personalismo, egocentrismo, de prepotência, arrogância e despreparo para administrar o que é de "interesse público", portanto, de todos.

Ao governo que se caracteriza por não ver, não saber quem (ou quem mandou) escuta e, agora não "sentir" a fumaça do tabaco, certamente não irá considerar prejuízos para a saúde pública, pois, radicalizou em um projeto de defesa dos interesses econômicos das grandes corporações e, a indústria do tabaco não foge à regra.

Será preciso ressuscitar a famosa ópera-rock do "The Who" – Tommy – com o ouça-me, toque-me, sinta-me, para o presidente que se orgulha de suas origens, reconheça (ou seja, assessorado a tal) que o tabaco está matando exatamente aqueles mais desprovidos de recursos? Aqueles que ele imagina estar defendendo os direitos? São milhares deles, corintianos – como o presidente – flamenguistas, atleticanos, gremistas etc que fumam, e em fumando tornam vítimas seus filhos, seu cônjuge, seus colegas de trabalho.

Se a lógica do presidente – na minha sala sou eu que mando – for assimilada pelos fumantes (felizmente uma grande parte hoje está mais consciente dos danos do tabaco), ele estará dando um cheque em branco para qualquer cidadão, independente do posto que ocupe, possa argumentar que afinal "se o próprio presidente se arroga o direito de fumar sua cigarrilha em seu local de trabalho", como serei impedido de fazê-lo?

Assim, uma vez mais, para manter o seu vício, um governante atropela a ciência, rasga a Convenção Quadro de Controle do Tabaco que o congresso a duras penas ratificou e ele próprio assinou; o desejo de ampla maioria (88% da população é a favor do banimento do tabaco nos ambientes fechados) dos eleitores; joga a culpa no indivíduo "só fuma quem é viciado", e defende "o fumo em qualquer lugar".

Além de suas próprias e malfadadas convicções, certamente interesses econômicos poderosos estarão por trás de sua postura – um retrocesso na história de lutas da sociedade e do estado brasileiro contra o tabaco, e uma nódoa em sua biografia tão enaltecida.

Cadê a defesa intransigente dos direitos dos trabalhadores, dos excluídos, dos oprimidos, dos doentes e incapacitados? Como pode um presidente com a assessoria de pessoas do quilate do Ministro da Saúde possa ainda ignorar (será que não está vendo de novo?) que morram 24 pessoas pelo tabagismo ativo no país a cada hora e que outras seis sucumbam pelo tabagismo passivo (seja na sala do presidente, na repartição pública ou privada, na casa do cidadão). A loquacidade das palavras e a retórica do discurso não escondem mais do que a opção pelo econômico em detrimento do social. Esta trágica mudança entre o que se prometia e o que se faz com a "coisa de interesse público".

O presidente – de todos os brasileiros, da minoria de fumantes ativos como ele e para a maioria de fumantes passivos – precisa de tratamento do tabagismo – fumar não combina com a postura de estadista que é modelo de comportamento – urge oferecer apoio para que possa sair deste estágio pré-contemplativo e motivar-se a dar, pelo menos, um exemplo, especialmente para as pessoas mais humildes que representam o grande universo de fumantes em países como o nosso, a partir de seu gabinete para que não se fume próximo a outras pessoas.

À postura de contramão do presidente, em sentido diametralmente oposto, vem um posicionamento firme e responsável do governador de SP, de proibir o fumo em qualquer ambiente fechado, público ou privado.

Em se tratando da analogia com o meio futebolístico, o presidente literalmente pisou na bola e fez um gol contra. Mas como o jogo está em andamento, ainda há tempo para recuperar e mudar de estratégia. Francamente, se continuar jogando assim, na retranca, irá levar outros gols, do infarto, do derrame, do câncer de pulmão, do enfisema, das aposentadorias e pensões precoces. Haja pré-sal para dar conta de tanto rombo na "defesa tão vulnerável do time da saúde", que de tanto ser vazado, acabará se transformando no "time da doença".

Talvez, em linguagem futebolística, alguém comprometido com o destino da saúde de milhões de brasileiros, possa ter uma conversa franca, amistosa, empática e acolhedora com o "paciente Presidente" para que ele faça um gesto nobre – ainda que siga fumando – e admita que fumar não é bom para ele, para sua esposa, sua secretária e assessores e que este gesto de humildade "nunca antes visto na história deste país" possa ser multiplicado em todos os gabinetes dos três poderes da república, em todos os restaurantes e hotéis, em todas as escolas e hospitais, em todas as empresas públicas e privadas, em todas as casas.

Os estádios que o presidente julga necessários para a grandeza do esporte brasileiro serão pequenos para caber tantos brasileiros que deixaram de ser fumantes passivos e outros tantos que procuraram ajuda para o tratamento. Ah, poderíamos ter uma partida beneficente para "enterrar" as cinzas dos últimos cigarros em um Memorial em Honra das Vítimas da Epidemia do Tabaco, que contabilizam 200 mil brasileiros por ano (somente dos ativos).

Se eu fosse presidente, não perderia um jogo destes e daria o pontapé inicial de uma partida que ficaria marcada para ser contada pelas gerações seguintes.

Está na hora da torcida cobrar deste time que foi reeleito para defender, de fato, a sua saúde. Fumantes ativos e passivos, uni-vos! É hora de começar a tirar as cinzas do carpete da república, de ver o Brasil no ataque contra as pragas que nos assolam – o tabaco é a maior delas – e basta de imobilismo, vamos enviar cartas, milhões delas que expressem a nossa indignação para a Casa Civil e que possam manifestar no campo prático que "todo poder emana do povo e em seu nome deve ser exercido" ou, vamos propor uma proposta de iniciativa popular de projeto de lei ao Congresso.

Quem sabe faz a hora, não espera acontecer (G. Vandré).

Contra o fumo em todos os gabinetes, fumar faz mal ao Presidente e a você que respira a fumaça em qualquer ambiente fechado.


Assino embaixo.

Até.

sexta-feira, setembro 05, 2008

quinta-feira, setembro 04, 2008

Por que no te calas?

Um princípio básico da civilização deveria ser o de "se não sabes do que estás falando, é melhor ficar quieto". Ainda mais quando muita gente está te ouvindo e tuas palavras têm grande repercussão, por mais estúpidas que possam ser. E muitas vezes são.

O nosso Presidente é o melhor exemplo disso.

Desinformação, para dizer o mínimo.

Como quando ele deu a entender - por analogia - que usuários de crack (ou maconha, ou heroína, ou cocaína) deveriam poder consumi-lo em qualquer lugar, afinal "são viciados".

Não acredita?

Leia aqui.

Até.

terça-feira, setembro 02, 2008

O mundo parou

O silêncio toma conta da casa, pois as meninas dormem.

Com as luzes apagadas, olho a rua, que daqui de cima parece silenciosa e calma.

Não tem música, televisão ou telefone que toque.

O mundo parou.

Tudo porque as minhas mulheres dormem.

Até.

segunda-feira, setembro 01, 2008

Esportes e a paternidade

Encontro um colega nos corredores do hospital.

Ele me olha, e vejo tristeza nos seus olhos.

Cabisbaixo, me pergunta sobre isso aqui.

Sem vacilar, respondo que tenho muito mais com o que me preocupar: uma filha para criar, por exemplo.

(a paternidade, além de alegrias, nos dá desculpas...)

domingo, agosto 31, 2008

A Sopa 08/05

Termina agosto.

Historicamente, o oitavo mês do ano tem sido associado a energias ruins, maus presságios. Eu, por muito tempo, acreditei nisso. E os fatos pareciam confirmar a sabedoria popular.

Sabemos, por outro lado, que a dita ‘sabedoria popular’ é um grande engodo, da mesma forma que o são outros ditos relacionados, como ‘a voz do povo é a voz de deus’ ou – com um viés esportivo – ‘o torcedor tem sempre razão’. Bobagem, crendice, mito. Não estou aqui, contudo, desprezando a sabedoria que vem com a experiência, e muito menos diminuindo a importância que têm os mais velhos como fonte justamente de experiência e sabedoria. Só que devemos separar o joio do trigo.

Nem sempre o que está na boca do povo é o mais sensato ou adequado. Exemplos disso não faltam, e estão presentes em nosso dia-a-dia. Desde as simpatias e os chás caseiros que não curam asma, até superstições as mais variadas que amedrontam aqueles que acreditam, como sextas-feiras treze e gatos pretos. Se enquadram nesse tipo de crendices os ditos relacionados a um possível mau agouro com eventos que ocorrem em agosto.

Essa crença vem de longe, desde há muito tempo.

À época das expedições marítimas portuguesas, as mulheres não casavam nunca no mês de agosto, época em que os navios das expedições zarpavam à procura de novas terras. Casar em agosto significava ficar só, sem lua-de-mel e, às vezes, até mesmo viúva. Os colonizadores portugueses trouxeram esta crença para o Brasil já transformada em ditado popular segundo o qual “Casar em agosto traz desgosto’”.

Como a superstição é a mãe do medo, muitos alimentam essa crença de que esse mês é um mês ‘maldito’. Se procurarmos, encontraremos fatos na história do Brasil e do mundo que podem tranqüilamente justificar a fama de agosto, desde guerras, assassinatos, suicídios até acidentes aéreos. Mas se olharmos com atenção, obviamente nada disso é exclusividade desse mês. Mas lenda é lenda… Sem falar que dia 24 de agosto é o dia das sogras, e é o dia em que o Diabo anda solto, fazendo as suas, além de ser o dia de todos os Exus nos candomblés brasileiros.

Não era por nenhuma dessas razões que eu não gostava de agosto. Basicamente, era o mês “sobrando” (inverno, junho e julho frios e chuvosos, ainda tinha todo o agosto até que chegasse setembro e a primavera, já falei disso). Sem falar no fato que foi num doze de agosto que sofri – aos dezoito anos – o acidente de carro que me deixou treze dias em coma numa UTI. Não gostava desse mês com razão, acho.

Até que resolvemos, a Jacque e eu, nos casar na primeira semana de setembro. Não havia como, por falta de datas. Escolhemos, então, o 31 de agosto, há exatos doze anos. O padre, quando fui marcar a igreja, disse que ninguém casava em agosto. Eu disse que dia trinta e um à noite era muito mais setembro que agosto. E marquei a data.

Casamos, em 1996. Tem sido bem legal desde então, e cada vez melhor. Superamos todos os possíveis obstáculos, até mesmo os dois anos morando em hemisférios diferentes, eu no norte e ela no sul (parti num agosto). Quase doze anos depois, num agosto, há onze dias atrás, nasceu a Marina, nossa filha. Em agosto. Linda e saudável.

Puxa vida, eu acho agosto um puta mês.

Até.

quinta-feira, agosto 28, 2008

Irmão Coruja

Vale a pena ler e ver a reportagem da Veja dessa semana a respeito da passagem dos três anos do Katrina, o furacão que devastou New Orleans. Está na revista impressa e na edição online.

O texto é do André Petry e as fotos são do meu irmão, o fotógrafo Gilberto Tadday, que mora em Nova York. Além da reportagem tem um slideshow no site da Veja, cujas fotos, produção e parte da narrativa são dele.

Aqui.

Até.

terça-feira, agosto 26, 2008

Quem diria...

Que um dia eu ia concordar com a Igreja Universal do Reino de Deus?

Como assim?

Leia aqui.

Até.

segunda-feira, agosto 25, 2008

Dúvida

Ficar com a filha ou escrever no blog?
Ficar com a filha ou escrever no blog?
Ficar com a filha ou escrever no blog?
Ficar com a filha ou escrever no blog?
Ficar com a filha ou escrever no blog?

Resposta:

Aproveitar que ela está dormindo e escrever rapidinho, mas bem rapidinho, no blog...

Até amanhã, quando devo escrever com mais calma.

Até.