segunda-feira, fevereiro 28, 2022

Perdiditos en Uruguay (13)

 A Viagem, primeiro dia.

 

A distância entre Porto Alegre e São Lourenço do Sul é de cerca de 200km, um trajeto que usualmente percorremos em aproximadas 2h30 via BR-116 em direção sul. Antigamente complicada (principalmente devido ao trânsito de caminhões), hoje a viagem é bem mais tranquila devido à duplicação, cuja obra se estende há vários anos, mas que tem boa parte de sua extensão já duplicada.

 

Empolgados com o começo da viagem, quase todos falando ao mesmo tempo, música relativamente alta, felizes, mas ainda com a sombra da situação da Marina não resolvida (conseguiríamos ou não entrar no dia 31?). As duas horas e meia de viagem passaram rápido, como – aliás – foi com todos os trajetos, independente da distância a ser percorrida. Confesso que foi uma de minhas preocupações prévias à viagem: como seria a viagem de carro com um grupo que fala muito e fala alto? 

 

Foi muito legal, já adianto a você, estimado leitor.

 

Ainda com a configuração original de lugares dentro do carro, passamos sem parar pelo tradicional Restaurante das Cucas, em Barra do Ribeiro, quase paramos na Tenda do Gordo, mais adiante, que anunciava a barbada de três (!) salames por dez reais, uma pechincha, e ainda poderíamos, por vinte reais, comprar seis salames, um para cada viajante. Por que razão faríamos isso, não tenho a menor ideia...

 

Paramos, isso sim, em Camaquã, num posto de gasolina com restaurante para todos poderem ir ao banheiro e, como havíamos esquecido de levar conosco nosso kit de chimarrão, talvez comprar um para nós. Não o fizemos, não valia a pena. Seguimos adiante.

 

Chegamos em São Lourenço do Sul um pouco antes das 13h, parando primeiro no Hotel Plaza Center para largamos nossas coisas e depois indo até a casa do Tio Beto e Tia Édila, onde nos esperavam com uma moqueca de peixe maravilhosa. Após dois anos de pandemia, nos reencontrávamos, e foi muito legal como sempre.


Plaza Center Hotel, São Lourenço do Sul 


A primeira etapa havia corrido bem.

 

Almoçamos, conversamos muito, contamos e relembramos histórias de família. Ao final da tarde, caminhada pela praia, na beira da Lagoa dos Patos (com o Augusto, primo) fotografando o grupo à distância. Temperatura agradável, um vento soprando contínuo vindo da lagoa.

 


À noite, como ansiosamente esperado, houve fogo na churrasqueira e fizemos um salsichão com pão, vinagrete, entre algumas cervejas, mais histórias e cantorias (o tradicional ‘Ein Prosit’, mas também o Gabriel tocando violão e a Marina cantando). Muito bom, muito bom.



Voltamos ao hotel, banho e, antes de dormir, nova verificada no site do governo uruguaio: continuava não sendo possível incluir a Marina.

 

Ficaria tudo para o dia seguinte.

 

Até.

domingo, fevereiro 27, 2022

A Sopa (Los Perdiditos 12)

A Viagem.

 

Meu carro, minhas regras.

 

A música é fundamental na vida das pessoas, quer elas saibam ou não. Não vivemos sem música. É ela que nas variadas situações dá cor e textura ao que vivemos.

 

Como viajar é estar vivo de maneira completa, porque quando viajamos podermos ser quem somos, sem as ‘amarras’ dos papéis sociais que nos tolhem (e, é claro, que mantém a civilização, mas isso é outra conversa) e podemos dar vazão a quem realmente somos. Por isso viajar é potencialmente perigoso, pois podemos descobrir características nossas que não conhecíamos e até que talvez não gostemos. Nunca se volta de uma viagem igual a o quê éramos antes. E, em viagens, a música toma uma dimensão / importância ainda maior. Evidentemente que falo agora de viagens em grupo e de carro.

 

A escolha do repertório musical pode acabar com a harmonia do grupo. Ou não.

 

Lembro que, em 1999, na véspera da viagem, ao nos dar conta que as informações do carro diziam que a Espace teria um toca-fitas, e passei umas boas horas gravando fitas para levar, para - na chegada – descobrir que na verdade o carro tinha um CD-player...

 

Sempre a escolha da trilha sonora da viagem teve importância, e existem músicas que sempre me fazem lembrar de determinadas viagens e lugares. Nei Lisboa, e o ‘Cena Beatnik’ sempre me lembram da A3, uma das rodovias que ligam Paris ao aeroporto Charles de Gaulle (CDG), por termos a ouvido justamente neste trecho em uma de nossas viagens para a França. Na verdade, lembro de uma viagem em especial quando penso em música e viagens.

 

Essa a que me refiro, que intitulamos ‘Alpes e Lagos’, ocorreu em 2002, num tempo anterior às máquinas fotográficas digitais e muito anterior aos celulares com boas máquinas fotográficas, entre janeiro e fevereiro, uma viagem longa, de vinte e quatro dias, e que fizemos – em sua maior parte – a Jacque e eu. Digo em sua maior parte porque o início dela, em Paris, foi na companhia do meu irmão, que àquela época estava morando nos Estados Unidos (ainda não definitivamente) e, antes de voltar ao Brasil, foi passar uns dias na Europa.


Paris

  

Nos reencontramos em Paris após cerca de um ano distantes, ele em NY e eu Porto Alegre. Ele ia ficar em um albergue, mas acabou ficando conosco no bom e velho Hotel Minerve, na Rue des Ecoles, no Quartier Latin. Ficamos alguns dias em Paris, nós três, e quando a Jacque e eu íamos seguir em direção ao sul da França, ele iria para Londres ou Bruxelas, não lembro. Só que o convidamos para mudar os planos e fazer um trecho com a gente.

 

Ele balançou, ficou em dúvida.

 

Muita dúvida.

 

Tanta dúvida que, no dia de ir embora, fizemos o check out no hotel, e ele sem saber o que fazer, sem decidir. Para dar tempo a ele de pensar, de ir uma agência de viagens para reorganizar o roteiro, deixamos as malas no hotel e a Jacque e eu fomos buscar o carro. Àquela época, a melhor opção para circular de carro pela Europa era com a Renault. Fazíamos um leasing de 20 dias (mais ou menos) e no final devolvíamos o carro. Só que a retirada do carro era o aeroporto CDG. De RER, o trem, fomos do centro de Paris até o aeroporto (Terminal 2, se não me engano), pegamos o carro e voltamos para encontrá-lo – com o Nei Lisboa de trilha sonora - pegar nossas malas e descobrir a decisão dele.

 

Sem GPS ou Waze, apenas com o mapa da Europa da Michelin, uma tradição da época pré-internet móvel... Era sempre um desafio dirigir lá, mas muito divertido porque a parceria era boa...

 

Chegamos de volta, e ele ainda não havia decidido.

 

Após mais um pouco, acabou optando por seguir seu plano original. Nos despedimos, e só fomos nos ver novamente dois meses depois quando ele voltou ao Brasil e apareceu de surpresa no meu aniversário, o que foi bem legal.

 

Saímos de Paris ouvindo Zeca Baleiro, ‘Líricas’, que ouvimos muitas vezes durante a viagem. Na saída, erramos uma entrada e acabamos mudando o roteiro, visitando Provins, Sens, e terminando o dia em Bourg-em-Bresse. No outro dia, fomos à Lyon e terminamos o dia começando a subir os Alpes, em Aix-les-Bains. 


Alpes e Lagos


Neve na Áustria



Nós e o Renault Laguna, antes de devolvê-lo


A viagem seguiu para a Itália, aonde chegamos após atravessar o Túnel de Frèjus, e fomos recebidos pelo espetáculo da neve caindo. Fizemos um passeio rápido pelo Piemonte e Val D’Aosta (ficando em Torino e Aosta) e depois voltamos à França pelo Passo de Gran San Bernardo. Ali perto, em solo francês, Chamonix e Annecy. E seguimos subindo e descendo os Alpes e costeando lagos, passando pela Suiça (indo até Zurique), Alemanha (o Bodensee e Lindau), Áustria (carnaval em Innsbruck, e visitando Salzburg, Hallstat e indo até Viena) e retornando para Itália (Cortina d’Ampezzo, Madonna di Campiglio, Riva del Garda, Sirmione, Lecco, nas margens do Lago di Como, e terminando a viagem em Milão). 

 

Foram vários dias de viagem, longos quilômetros rodados e tudo sempre com trilha sonora que, como eu disse, até hoje associo determinadas canções com determinados lugares. Por isso a importância da boa escolha do que se vai ouvir na viagem.

 

Voltando à 2022.

 

Antes de viajarmos, a Marina e eu selecionamos algumas músicas e preparamos uma playlist no Spotify específica para a nossa viagem. Além disso, como era o meu celular que ficaria conectado central de mídia do carro (por causa do Waze), eu tinha TODAS as minhas playlists à disposição, inclusive uma chamada ‘Apatifação’, de onde saiu a música que virou quase o hino da viagem, que conto e breve. 

 


Como eu disse no início, meu carro, minhas regras. Então eu determinaria quais músicas ouviríamos durante a viagem. Autoritário? Certamente, mas a vida não é justa. Confesso que eles foram tolerantes comigo, e que até houve um ou outro raro momento de tensão na hora de definir a música, mas minha intransigência foi diminuindo à medida que a viagem foi acontecendo, da mesma forma que fui ficando – como posso dizer? -  mais em paz com a vida.

 

Saímos de Porto Alegre rumo à São Lourenço ouvindo Ultraje a Rigor, ‘Nós Vamos Invadir sua Praia’, porque era isso que pretendíamos fazer no dia seguinte, se tudo corresse bem.

 

Até. 

 

sábado, fevereiro 26, 2022

Sábado (Por aí, Costa Doce)

       Praia, final de tarde, São Lourenço do Sul / RS

     A primeira parada da viagem.

     Bom sábado a todos.

     

     Até. 

           

sexta-feira, fevereiro 25, 2022

Perididitos en Uruguay (11)

Quase lá (3).

 

Sábado, vinte e três horas.

 

Estamos há mais de duas horas tentando cadastrar a Marina no site do governo uruguaio e não conseguindo. Quando vamos inserir a data do teste positivo (22/01), ele não permite anexar o documento. Primeiro dizia que o teste positivo tinha que ser do dia 20/01, mas depois das 22h passou a aceitar um teste o dia 21...

 

Concluímos, então, que 22h era o horário da mudança e, pelos nossos cálculos, se mantivesse essa tendência, só poderíamos entrar no país depois das 22h do dia 31/01, segunda-feira, ou apenas na terça-feira 1º de fevereiro. Perderíamos a primeira noite em Punta del Diablo, nosso primeiro destino uruguaio. O que fazer, nos perguntamos.

 

Várias possibilidades, surgiram, até de manipular digitalmente o exame escaneado, alterando a data do teste, por exemplo, o que foi prontamente rejeitado por ser fraude, falsidade ideológica, com pena prevista de até 24 meses em prisão uruguaia. Discutimos nossas alternativas e decidimos prosseguir com a viagem e (1) esperar para até 22h do dia seguinte, domingo, para ver se conseguiríamos fazer a declaração online, e/ou (2) tentar conversar com alguém da imigração e – quem sabe – explicar a situação. 

 

Na pior das hipóteses, perderíamos nossa primeira noite no Uruguai...

 

Fomos (fui) dormir com um sentimento estranho, de que algo não estava bem, confesso que angustiado com a situação. Não me sentia ainda em férias. Mesmo assim, mesmo que tenso pela situação não (ainda) resolvida, mesmo não conseguindo relaxar e abstrair, foi uma noite boa de dormir.

 

Acordei domingo cedo, mais ou menos no horário habitual, e fui pedalar, segundo minha rotina de exercícios. Foi, claro, um exercício mais curto porque sairíamos ainda de manhã, para chegar em São Lourenço do Sul para o almoço, que estaria nos esperando.

 

A Karina, o Gabriel e a Roberta viriam com o carro deles até nossa casa, de onde sairíamos todos no meu carro.

 

Às 10h da manhã de 30 de janeiro, após ajustarmos milimetricamente nossas bolsas e mochilas no porta-malas, saímos de casa. A formação inicial dentro do carro foi, na frente, eu dirigindo e a Jacque de copiloto, no banco de trás a Karina atrás de mim, a Marina no meio e o Gabriel atrás da Jacque, e, por fim, a Roberta sozinha (com as bagagens) na terceira fileira. Ainda sem sabermos quando ou como entraríamos no Uruguai, estávamos a caminho.


 

Começava a viagem. 

Até.

quinta-feira, fevereiro 24, 2022

Perdiditos en Uruguay (10)

Quase lá (2).

Marina com COVID dez dias antes de viajar. 

Chegamos na quarta-feira anterior ao dia da viagem, e ela estava desde o início virtualmente sem sintomas. Fomos, ela e eu, a uma farmácia para um novo teste de antígeno.

 

Conforme as novas orientações para a COVID-19, se no 5º dia de evolução o (a) paciente estiver bem, há mais de 24h sem febre, pode-se repetir o teste de antígeno e – se negativo – o paciente pode sair do isolamento, mantendo os cuidados, como uso de máscara sempre que estiver com outras pessoas. Também, se estiver bem no 7º dia de evolução poderá sair do isolamento, mantendo os cuidados extras. Ou após os dez dias, claro.

 

Fomos, então, fazer o teste.

 

Positivo para nós, ou seja, negativo.

 

Estava liberada do isolamento.

 

O que não mudou nada para ela, que – de férias – não precisava sair de casa e, segundo ela, para não correr nenhum risco de nos transmitir COVID e não viajarmos, manteve-se voluntariamente isolada até o sábado à noite, doze horas antes da viagem. Mesmo que insistíssemos com ela que poderia sair do isolamento, apenas com mais cuidados, optou por não fazê-lo.

 

Chegamos, então ao sábado.

 

Como de rotina, acordei cedo e fui pedalar, seguindo minha rotina semanal de atividade física. Assim que voltei, fomos – a Jacque e eu – ao laboratório para coletar o PCR necessário para entrar no Uruguai (deve ser de até 72 horas antes da entrada). A Marina, que tinha o antígeno positivo do sábado anterior, e entraria no país no 10º dia após o resultado positivo, como requeria o governo uruguaio, não fez o teste. O Gabriel, por ter tido COVID em no começo de janeiro, logo após o réveillon, também não precisou fazer. A Roberta e a Karina, fizeram no mesmo laboratório.

 

O exame ficaria pronto no mesmo dia, à tarde, e à noite preencheríamos a Declaración Jurada para imigração uruguaia. Almoçamos com os meus sogros e à tarde fomos nos despedir dos meus pais. Tudo corria bem.

 

Os resultados de nossos PCRs foram, como esperado, negativos.

 

À noite, foi hora de preencher os formulários online. Dados pessoais, data de entrada no Uruguai (31/01/2022), meio de transporte (carro), destino no país (Punta del Diablo, departamento de Rocha), endereço no local, dados de saúde (anexando o laudo do PCR negativo ou o antígeno positivo entre 10 e 90 dias), e informações de seguro-saúde. Após o preenchimento, confirmava-se as informações e logo após receberíamos o e-mail confirmando os dados. Por segurança, iríamos levar tudo impresso também.

 

Preenchi a minha declaração e preenchi a da Jacque, tudo certo.  

 

O problema começou na hora de preencher a declaração da Marina.

 

Amanhã, amanhã...  

 

Até.

quarta-feira, fevereiro 23, 2022

Perdiditos en Uruguay (9)

Quase lá.

 

Os últimos dias de trabalho antes das férias sempre parecem se arrastar e o todos os problemas do mundo parecem precisar ser resolvidos justamente nos momentos que antecedem a saída. Sempre foi assim, e sempre será.

 

Desde que iniciou a pandemia, a possibilidade de viagens ao exterior para férias desapareceu em meio ao medo do vírus de comportamento desconhecido, lockdowns e restrições de fronteiras. Tudo certo, afinal a última coisa em que eu pensava em meio aos acontecimentos era a possibilidade de tirar férias muito longe de casa.  

 

Como o ano de 2021 iniciou com um verão relativamente tranquilo (mal sabíamos o que viria em março daquele ano, tiramos, a Jacque, a Marina e eu, alguns dias de folga no início de fevereiro, como anualmente fazíamos, e fomos passar uns poucos dias na Praia do Rosa que, confesso, não conhecia. Foi bem bom. Além disso, ficamos mais uns dias em Canela, na companhia de amigos queridos.

 

Férias de verdade, assim de desligar completamente do trabalho e das preocupações, fazia muitos anos que não conseguia tirar, por diferentes razões. Preocupações do mundo corporativo, participar de uma reunião de trabalho em plenas férias enquanto almoçava em um lindo restaurante em Azenhas-do-Mar, em Portugal, dão uma ideia de como era – de certa forma – difícil desligar completamente durante as férias. É claro que tem um componente de ansiedade aí, nessa impossibilidade de abstrair do mundo do trabalho quando de folga.

 

Com o coronavírus isso piorou, porque eram pacientes que ligavam a qualquer momento, mesmo em finais de semana e de madrugada porque estavam doentes ou com medo da doença. Nunca me importei com isso, mas dois anos de pandemia foram uma carga pesada para suportar. Não que eu isso fosse muito evidente, porque - usando um paralelo do ciclismo – enquanto seguíamos pedalando não percebia o quanto cansado eu estava.

 

Com o objetivo de que fossem férias realmente férias, achei que seria melhor não estar com o WhatsApp disponível o tempo todos para quem quisesse e contatar. Sem isso, não seria possível desligar completamente. Mas também não podia ficar totalmente off-line porque precisava de um canal aberto para contato de familiares. A medida mais simples foi, seguindo um dica da Bete, minha secretária, de fazer o download e passa a utilizar o WhatsApp Business, que permite respostas automáticas. Assim o fiz, e deixei salva como mensagem de resposta instantânea, a seguinte mensagem, que acabou virando algo de deboche e se tornando um “meme” entre o grupo de viajantes, comentário que surgia nas mais variadas situações entre nós:

 


 

Quem tentasse fazer contato comigo durante o período de férias, receberia essa mensagem automática. Um comentário que não era formal, e que tentava avisar que eu precisava realmente desligar.

 

Consegui, afinal de contas.

 

Mas, antes, tínhamos que sair de Porto Alegre e entrar no Uruguai.

 

Parecia que seria simples, mas não foi exatamente como esperávamos, e certamente não foi sem umas pitadas de tensão, ansiedade e, claro, diversão. 

 

Até.



 

terça-feira, fevereiro 22, 2022

Perdiditos en Uruguay (8)

Estamos chegando perto da viagem.

 

A data de nossa saída estava estabelecida para o domingo, dia 30 de janeiro, quando sairíamos de Porto Alegre e iríamos até São Lourenço do Sul para uma primeira parada, de reencontro familiar e na esperança de botar fogo na churrasqueira, contar histórias, canta e rir muito. A última semana de trabalho seria de cuidados ainda maiores (se é que era possível) para tentar evitar a contaminação pelo COVID que inviabilizasse a viagem.

 

Entraríamos de férias na sexta-feira, e viajaríamos no domingo.

 

Tudo porque no sábado, véspera da viagem, iríamos (a Marina, a Jacque e eu) para o litoral norte gaúcho, Atlântida, porque a Marina participaria do show da School of Rock, onde ela estuda (faz canto) e faz parte da banda. Seria o segundo show deles, sábado à noite, e planejáramos voltar na madrugada para casa para, no dia seguinte, final da manhã, sairmos. Seria em tese cansativo esse início de viagem, mas sem dúvida valeria o esforço”.

 

Uma semana antes de entrarmos de férias, sexta-feira dia vinte e um de janeiro, à tarde, a Marina referiu um “desconforto na garganta”, leve. Sem nenhum outro sintoma. Não deveria ser nada demais, pensamos. Porém, como faríamos um almoço de domingo em casa e os meus sogros viriam, decidimos, no sábado de manhã, testar a Marina. Fez um teste de farmácia, antígeno, e o resultado foi negativo para nós... ou seja, positivo.

 


Marina estava com COVID dez dias antes de viajarmos!

 

E agora? Cancelar a viagem? Adiá-la? A Jacque e eu nos testáramos e estávamos negativos e assintomáticos (e vacinados com 3 doses).

 

Hora de cálculos, na verdade.

 

Os sintomas (leves, quase inexistentes) haviam começado no dia vinte um e entraríamos no Uruguai dia trinta e um, não haveria problema, teriam passados os dez dias regulamentares. Ele começou com sintomas no último momento possível para manter a viagem conforme planejado. E, mais ainda, ela não teria necessidade de fazer um novo PCR, pois o antígeno positivo entre dez e noventa dias da entrada no Uruguai isentava a necessidade de PCR negativo 72 horas antes.

 

Estávamos tranquilos.

 

Ela ficou assintomática no terceiro dia de evolução. No quinto dia, conforme diretrizes do CDC americano, repetimos o teste de antígeno (estava assintomática) e este foi negativo. Foi liberada do isolamento, mas manteve o uso de máscara quando em ambientes com outras pessoas...

 

Resolvido, faríamos o PCR no sábado de manhã e viajaríamos no domingo.

 

Devido ao COVID (e ela não foi a única a ter), o show da banda foi cancelado/transferido para um mês depois. Começaríamos a viagem descansados.

 

Contudo, eu não estava totalmente tranquilo.

 

A contagem de tempo dava margem a uma dúvida com relação à entrada no país. A norma técnica dia que era possível com um antígeno positivo entre 10 e 90 dias. O teste positivo da Marina era do dia 22, e o dia de entrada o dia 31/01. Contando o dia 22 com dia 1, o dia 31 seria o dia 10. Poderíamos entrar, então.

 

Desde que a interpretação fosse essa mesma que eu havia feito.

 

O que só descobriríamos na véspera da viagem... 

 

Até. 

segunda-feira, fevereiro 21, 2022

Perdiditos en Uruguay (7)

E as burocracias?

 

Viajar para o Uruguai sempre foi muito simples, para quem mora aqui no Sul do Mundo. Saindo de Porto Alegre, no nosso caso, para chegar no país vizinho, de carro, devemos dirigir ao para o sul, em viagem bem tranquila, sem correr demais, de seis horas (mais ou menos) até o Chuí, uma das fronteiras. Existem outras formas, outras localidades por onde entrar, claro, mas essa é a que mais utilizamos, no nosso caso.

 

Antes da pandemia, era apenas chegar com a carteira de identidade, a carta-verde (seguro do carro para o Uruguai) e estava resolvido. Como identidade, não valia carteira de motorista e nem carteira de órgão de classe, como identidade médica. Se a identidade estivesse muito ruim, usava o passaporte. Bem de boas, como dizem.

 

Com o coronavírus, tudo mudou, como no mundo todo.

 

Para entrar no Uruguai, atualmente, são necessários, além do que anteriormente era preciso, ou seja, documento de identificação válido e a carta-verde, também a contratação de seguro saúde com cobertura para COVID, um PCR para COVID negativo de até 72 horas antes da entrada no país ou um PCR ou teste de antígeno positivo entre 10 e 90 dias antes da entrada. Eram 20 dias, mas no começo deste ano mudou.

 

Com posse destes documentos/resultados de exame, previamente à entrada no país, deve-se acessar um site do governo uruguaio e preencher uma declaração juramentada, com dados de identificação, dados da viagem e dados de saúde, onde deve ser anexado o resultado do PCR ou do antígeno nas situações anteriormente descritas. Após preenchimento dos formulários, recebe-se a confirmação da aplicação, que será conferida quando da passagem pela imigração do Uruguai. E até pouco tempo atrás, além disso tudo, deveria se feito novo PCR após sete dias de estada no país, exigência essa que caiu no início do ano.

 


Então, viajantes definidos, carro com documentação em ordem, carta-verde e seguro saúde contratados, orçamento mais ou menos estabelecido, reservas com possibilidade de cancelamento gratuito nos hotéis e roteiro definido, laboratório em que faríamos o teste logo antes de viajar definido também, tudo era questão de tempo até a viagem. A grande torcida era que nenhum de nós adoecesse muito perto da saída, o que inviabilizaria a viagem.

 

Até que na sexta-feira da semana anterior à viagem, a Marina começou com uma irritação na garganta...

 

O que estaria acontecendo? 

 

Amanhã, amanhã... 

Até. 

domingo, fevereiro 20, 2022

A Sopa (Los Perdiditos 6)

 O Guia

A primeira vez que andei de avião foi aos 22 anos.

 

Minhas primeiras férias como médico recém-formado, residente de primeiro ano de clínica médica como pré-requisito para a residência de pneumologia, namorando a Jacque há três meses. Fomos para os Estados Unidos, Miami e Orlando com Disney na primeira semana e depois Nova York, Filadélfia, Atlantic City, Washington e de volta à NY e ao Brasil, porque acabavam minhas férias, e eles (a Jacque, a Karina e o Paulo, ex-marido da Karina e pai da Roberta e do Gabriel) seguiram mais uns dias indo até o Canadá e voltando à Chicago, antes de retornarem ao Brasil.

 


Foi minha primeira viagem de avião, e primeira viagem internacional ao mesmo tempo. Lembro até hoje da sensação de irrealidade de estar voando, como se num sonho, e da escala no Rio de Janeiro (provavelmente conexão, mas não lembro) e de ver a cidade iluminada e o Cristo, e cantar baixinho o Samba do Avião, do Tom Jobim, ritual que nunca perdi, assim como ter certeza de que o avião não cairá se tiver alguém conhecido no voo, mas isso não importa agora. Apesar de ser minha primeira viagem internacional, já naquela época era eu quem falava melhor o inglês e, associado – podemos dizer – a algum traço de personalidade meu, sempre fui eu quem tomou a frente em termos de comunicação quando estávamos em viagem no exterior.

 

Desde as situações mais corriqueiras, como entrar em hotéis para descobrir disponibilidade, valores de diárias e conferir como eram os quartos (na era anterior à internet móvel, principalmente no interior da Europa), até conversar e conhecer um pouco dos locais, sempre tomei a dianteira. Mesmo quando não dominava completamente o idioma, como quando – no interior da Alemanha – eu sabia perguntar se havia quartos livres, mas não tinha a menor ideia do que a pessoa me perguntou em seguida (quartos simples ou duplos?), eu sempre estive protagonizando, digamos assim, esses momentos.

 

Ou quando chegamos no aeroporto Charles De Gaulle, em 2007, para voltar ao Brasil, com muitas horas de antecedência como mandava o figurino, e a atendente da Air France nos disse que o voo estava com overbooking e teríamos que ficar mais doze horas em Paris para só embarcar no dia seguinte no final da manhã, e disse para ela que tudo bem, mas que teríamos que ser compensados por isso, hotel, refeição, uma quantia em dinheiro – ela concordando com tudo – até que eu disse que voltaríamos de executiva. Ela respondeu que não, afinal nossas passagens eram de econômica, no que respondi que sim, era verdade, mas que eram para aquele voo do qual ela estava nos retirando. Rápida e magicamente surgiram assentos disponíveis para nós no voo que havíamos comprado.

 

Quando fomos em família para a Itália, em 2014, além de ser o responsável por dirigir a van que alugamos, sempre me senti o responsável pelo grupo, apesar de que o italiano nato e quem falava o idioma era o meu sogro...

 

O tempo é inexorável, todos sabemos, e temos que saber o momento de nos afastar, mesmo que involuntariamente, e mesmo que ainda estejamos nos sentindo em forma. Ou ao menos aceitar que outros podem ser o que sempre fomos e fazer o que sempre fizemos. Foi o que aconteceu nessa viagem para o Uruguai.

 

Quem assumiu o papel de protagonismo em termos de se comunicar foi a Roberta, minha afilhada querida. Por ter um domínio invejável do espanhol (além do inglês), foi ela quem tomou à frente em virtualmente todas a situações em que foi preciso interagir com pessoas durante a viagem, pessoalmente e, mais impressionante para mim, por telefone. Chegamos a filmá-la discutindo por telefone com um burocrata do governo uruguaio antes de chegarmos no país, de tão impressionante e natural que foi.


                                               (Roberta e Marina, as primas)

 

Em determinado momento da viagem, numa noite enquanto jantávamos em Montevideo e conversávamos, simbolicamente admiti que o papel de “guia”, de porta-voz do grupo, já não era meu, era hora de passar o bastão para ela. 

 

Com ela à frente, estivemos muito bem representados.


Enquanto ela estiver morando em Barcelona, vai fazer muita falta por aqui...

       

Até.

sábado, fevereiro 19, 2022

Sábado (Por aí, Uruguay)

                          Sunset, Playa del Rivero
                       Punta Del Diablo, Uruguay
                       Janeiro/2022

sexta-feira, fevereiro 18, 2022

Perdiditos en Uruguay (5)

A Logística – Parte 3

  

Após decidirmos a nossa estadia em Punta del Diablo, partimos para definição de onde ficaríamos em Punta del Este, maior, mais badalada e - em virtude disso – mais cara. Outra preocupação nossa, aliás.

 

Digo que nos preocupávamos com o orçamento da viagem porque sinceramente não tínhamos ideia do custo de uma viagem para lá, e uma vaga ideia de como fazer com o cambio de real para pesos. Quanto levar em espécie, todo o dinheiro ou uma pequena parte, para pequenos e urgentes gastos no país, ou usar o cartão de crédito e pagar o IOF. Mas e o desconto do IVA em hotéis e restaurantes? Tudo para mim, ao menosio, era bem nebuloso.

 

Enquanto a Karina fez câmbio no Brasil, antes da viagem, optei por levar os poucos pesos uruguaios que tinham sobrado da última ida ao país, uns pouco dólares que ainda tinha em casa, e o restante em reais. Além de planejar fazer uso do cartão de crédito. Apesar de não conseguir ter uma estimativa geral, havia uma certeza, o combustível era bem mais caro lá do que no Brasil, lamentavelmente.

 

E o câmbio, variável. R$ 1,00 era em torno de 7,50 pesos, mais ou menos, dependendo do local em que se estivesse. Esse tipo de conversão torna impossível seguir a máxima de que “quem converte não se diverte” para câmbio em viagens. Se não fizesse a conversão ali, na hora, calculadora do celular, era impossível de saber se o que se estava pagando era pouco ou muito quando comparado com preços no Brasil.

 

Mas voltando à Punta del Este, na duas vezes anteriores em que estivéramos lá havíamos ficado no antigo e simpático Bonne Etoile, que se não era um cinco estrelas, e nem um três estrelas, ao menos tinha uma ‘boa estrela’ (piada fraca), o que já era alguma coisa, e tinha uma localização boa, próximo a restaurantes, cafés etc. Chegamos a olhar as tarifas, mas achamos que poderíamos encontrar outro diferente.


 

Acabamos optando pelo Hotel San Diego, também muito bem localizado, próximo à praia mansa, também antigo. A única desatenção minha foi não ter conferido se possuía estacionamento, mas isso fica para depois.

 

Punta del Este, check.

 

Próxima escolha, Montevideo. 

 

Capital do país, cidade grande, impossível de fazer todos os passeios a pé devido às maiores distâncias, nenhum de nós havia estado na cidade nos últimos dez anos ao menos. Difícil escolha.

 

Chegaríamos numa sexta-feira e ficaríamos o final de semana na cidade. Pensamos em um hotel perto da cidade antiga, perto do porto, ou em algum ponto da Rambla. Eu lembrava de Punta Carreta, um bairro interessante.

 

Por localização e custo-benefício, optamos pelo Regency Way Montevideo, hotel de rede, próximo ao shopping Montevideo e não longe da praia de Pocitos e de Buceo. Como faríamos os deslocamentos pela cidade de carro, no final das contas foi uma boa opção. Com estacionamento (pago), bom café da manhã, quartos espaçosos e confortáveis e sala de ginástica, não tivemos queixas de nossa estada lá. Mas conto isso mais adiante.

 

Próximo destino, então, era Colônia del Sacramento.

 

E quem encontrou nossa acomodação, e fez a reserva, assim como faria como o destino seguinte – de que falarei bem mais tarde – foi a Roberta, que aliás, merecerá um capítulo à parte nessa história porque ela naturalmente assumiu o posto que era meu em viagens anteriores, de quem vai na frente, conversa com as pessoas, se comunica, e orienta. A porta-voz do grupo. Quase uma guia. 

 

Foi ela quem encontrou a Nova Posada, em Colônia, próximo à cidade antiga, extremamente acolhedora e confortável. Um achado.

 

Sem falar na nossa parada durante o trajeto de volta, que só fui ficar sabendo de verdade durante a viagem, assim como vocês também saberão...

 

Até. 

quinta-feira, fevereiro 17, 2022

Perdiditos en Uruguay (4)

A Logística – Parte 2

 

Já conhecidos os integrantes da viagem, a saber, Marina, Gabriel, Roberta, Jacque, Karina e eu, tivemos que decidir como faríamos a viagem. Que seria por terra, não havia dúvidas.

 

Mas seis adultos num carro não é uma coisa fácil, a não ser num que seja – evidentemente – bem grande, ou uma van. A possibilidade de dois carros foi descartada prontamente. Havia a opção de alugar uma van, também descartada. Restou, dessa forma, decidido que iríamos com o meu carro, uma VW Tiguan Allspace com 7 lugares.

 


Quando em 2019 me desliguei da indústria farmacêutica, por óbvio tive que devolver o carro funcional que tinha à minha disposição pela empresa, a época um Jeep Compass. Como fiquei sem carro naquele momento, exatos três anos atrás, na hora de comprar o carro da família (nosso único, afinal a Jacque nunca quis dirigir), e já pensando que nos anos seguintes eu seria necessariamente o transportador de pessoas diversas, desde pais, sogros, amigos e colegas da Marina, decidi, ao escolher qual compraria, um que fosse confiável, de uma marca tradicional, e que tivesse boa capacidade de transportar pessoas e bagagens. E que tivesse pronta-entrega, afinal eu estava sem carro.

 

Acabei optando, então, pela VW Tiguan Allspace com 7 lugares, que no dia a dia com 5 lugares fica com um porta-malas gigantesco, e com sete lugares (os últimos dois são para pessoas até 1,60 de altura) bem menos. Como seríamos seis, poderíamos ainda fazer uso do último lugar para colocar bagagem também.

 

Decidido o carro, imaginamos o tamanho das bolsas/malas individuais, mas deixamos para testar a composição praticamente na hora da saída. A formação seria com o motorista (eu), um copiloto, três integrantes no banco de trás e um último integrante no local mais distal, dividindo o espaço com parte das malas/mochilas. Se fôssemos levar em conta o critério (e não vejo por que usá-lo) de idade, seria a Marina. Por altura, a Roberta. Não usamos nem um e nem o outro. Como verão, utilizamos outro sistema, que acabou funcionando bem.

 

Decidido o meio de transporte e decidida a viatura que nos levaria ao Uruguai, decididas as datas de saída e retorno, avançamos para a escolha dos locais em que ficaríamos em solo uruguaio, já que a primeira e a última paradas, saindo e voltando de Porto Alegre, seriam em São Lourenço do Sul, o que desde o início foi inegociável (sempre contando, claro, com a esperança de que a churrasqueira de lá fosse ser incendiada durante nossa passada...).

 

Estabelecemos o seguinte cronograma/roteiro:

 

Dia 1 – Saída de Porto Alegre e viagem até São Lourenço do Sul

Dia 2 – São Lourenço do Sul – Punta del Diablo, com parada no Chuí para passar no free shop e trâmites legais de entrada no Uruguai

Dia 3 – Punta del Diablo

Dia 4 – Punta del Diablo – Punta del Este, com potenciais paradas em La Paloma e Jose Ignacio

Dia 5 – Punta del Este

Dia 6 – Punta del Este – Montevideo, com parada em Piriápolis no caminho

Dia 7 – Montevideo

Dia 8 – Montevideo

Dia 9 – Montevideo – Colônia del Sacramento

Dia 10 – Colônia del Sacramento

Dia 11 – Colônia del Sacramento – algum lugar

Dia 12 – Algum lugar – São Lourenço do Sul

Dia 13 – São Lourenço do Sul – Porto Alegre

 

Seguimos, então com a procura dos locais para ficar nos destinos planejados. Tivemos que renunciar a ótimas opções do airbnb porque tínhamos que ter a opção de cancelamento gratuito caso houvesse algum contratempo, e não queríamos fazer o pagamento antecipado. Utilizamos o Booking.com, como já fizéramos em outras oportunidades.

 

Começamos vendo em Punta del Diabo, onde encontramos uma pousada aparentemente ótima, mas que exigia um depósito antecipado em dinheiro de 50% do total por transferência internacional para garantir a reserva e não aceitava cartões de crédito. Foi vetada. Optamos por uma jogada de segurança, um local onde a Jacque e eu já ficáramos uma noite em 2015, quando paramos para dormir a caminho de um casamento em Punta del Este. O local, como muitos lá, tem seu nome associado ao nome da praia, e se chamava Les Diabletes , não preciso explicar mais. 

 

É um chalé pequeno de dois andares, o superior com dois quartos, um de casal e um com dois beliches, e um banheiro. O andar inferior é composto de um ambiente único composto pela cozinha, mesa de jantar e uma sala de estar com sofá, lareira e televisão, e um minúsculo lavabo. Na rua, um deck de madeira com cadeiras e mesas, a qual tem-se acesso através de um janelão que se estende por toda parte de trás. Mais significativo ainda, tem, na rua, ao lado da cozinha, uma parrilla à disposição. Em 2015 não havia dado tempo, mas agora certamente criaríamos a oportunidade de fazer um assado em solo uruguaio. Reservamos.

 

Definida a estadia em Punta del Diablo, passamos para o próximo objetivo, Punta del Este.

 

Amanhã, na sequência musical... 

 

E o frühstück?

 

Parece que foi roubado...

 

Até.

  

quarta-feira, fevereiro 16, 2022

Perdiditos en Uruguay (3)

A Logística

 

A partir do momento em que decidimos que iríamos viajar juntos para o Uruguai, viagem de família, os seis já referidos anteriormente, começou a organização propriamente dita da viagem. Essa preparação pode ser divertida ou estressante, dependendo do perfil dos viajantes.

 

Lembrem-se que neste momento eu ainda estava reticente com relação às férias devido ao avanço da (à época) nova variante do coronavírus e à saúde do meu pai. De qualquer forma, foram alguns encontros para pesquisar e discutir os hotéis que reservaríamos previamente. Essa é uma primeira questão a ser conversada, aqui entre nós.

 

Qual a melhor alternativa, eu pergunto, pensando em logística de viagem. Sair com todo o roteiro pronto, hotéis reservados, passeios programados, jantares reservados, tardes livres para compras, ou chegar no país, no caso, e de certa maneira ir definindo o roteiro à medida que a viagem se desenvolve, com maior liberdade?  Não há uma resposta única e nem mais correta, todos sabemos. Depende de cada pessoa e do momento de vida vivido. Pode ser desde a excursão tipo ‘Ônibus Gaúcho na Europa’, com um país por dia e malas na porta do quarto das 8h para sair às 9h, como também pode ser ‘Mochilão na Europa’, transitando de trem e ficando em albergues.

 

Todo tipo de viagem tem seu valor e seu momento.

 

Nós, os Perdidos, sempre que viajamos, o fizemos de carro, até porque foi daí que surgiu o nome do grupo. Com relação ao roteiro, inicialmente tínhamos um plano, uma espinha dorsal de roteiro, e os hotéis do ponto de chegada e do último destino reservados. Entre um e outro, íamos de cidade em cidade do passeio escolhendo o hotel quando chegávamos no destino do dia. Era interessante, mas de certa forma arriscado, como quando – lá em 1999 – entramos em Munique às 21h e só conseguimos um hotel que tivesse quartos disponíveis por volta das 23h, em um hotel em que “fomos dormir logo, para acordar logo, para ir embora logo”. Mas fazia parte do risco e das histórias a serem contadas.

 

Depois disso, quando passamos o ‘Natal na Neve’, em 2000, no Alpes italianos, quando ainda essa coisa de internet era tudo meio mato, escolhemos – pelo Guia Visual da Folha de São Paulo da Itália - um hotel em Brunico, na região do Trentino-Alto Adige, norte da Itália, de nome Andreas Hoffer. Entramos em contato via e-mail, e fizemos a reserva para passar a noite de Natal lá. Depois, já na Itália, em Brunico mesmo, descobrimos que o hotel que havíamos reservado era em realidade em Rasun di Sopra, um pouco mais ao norte, pequeníssima cidade, paisagem mais natalina impossível. Um grande golpe de sorte nos primórdios – ao menos para nós – do turismo organizado online. Mas, fora isso, continuamos com o modelo inicial de organização.


                                            (Hotel Andreas Hoffer, Rasur di Sopra)

 

Isso só foi mudar em 2014, quando houve a grande viagem para Itália que o Alfredo Rizzolli, meu sogro, proporcionou para a família, esposa, filhas, netos e genro, este que vos escreve. Em nome da praticidade e organização, optamos por sair de Porto Alegre com todos os hotéis reservados, desde o apartamento no Trastevere em Roma, na chegada, até o último hotel na região do aeroporto de Malpensa, em Milão, de onde começamos o retorno ao Brasil. Indiscutivelmente, uma das grandes diversões da preparação da viagem foi a escolha e reserva dos hotéis que fizemos juntos, num feriado aqui em casa.

 


Desde então, passamos a optar por essa ideia de ter os locais reservados e o roteiro mais ou menos fechado desde a saída, sempre – claro – com a liberdade de pequenas mudanças. O advento do GPS, e depois do Waze, facilitou muito isso, afinal não precisamos mais adaptar o roteiro devido a desvios involuntários de rota.

 

Quando começamos a organizar a viagem ao Uruguai, assim fizemos, planejando os locais em que gostaríamos de ficar e quanto tempo, e procurando hotéis ou pousadas lá. A condição era que não precisasse pagar antecipadamente e que houvesse política de cancelamento gratuito em caso de algum contratempo.

 

Assim fizemos.

 

E a locomoção?

 

Adiante.

 

Até.