Existe um ponto na vida em que a inexistência de tensão, estresse e preocupações em geral, torna-se uma impossibilidade. Em outras palavras, a partir de determinado dia ou mês ou mesmo ano, a vida se torna uma sucessão de tensões. Até o seu final.
Não sei bem qual é esse momento, confesso. Quando tento encontrar a partir de que ponto isso aconteceu comigo, o máximo que consigo é retroceder no tempo e lembrar um dia de sol intenso, após o almoço, um tempo em que não se costumava usar protetor solar, e que corríamos e jogávamos e brincávamos na rua até bem tarde da noite, e o assobio do meu pai, com sua melodia característica chamava meu irmão e eu para voltarmos para casa. É impossível precisar quando isso ocorreu, porque foi um período longo de tempo, e anos mais tarde sentávamos no muro do Adriano para pensar o que seria a vida.
Em algum momento entre esses dias de verão e hoje, quando escrevo essa Sopa com a Marina brincando aqui ao lado de onde estou sentado, tornou-se impossível não preocupar-se com algo, mesmo em férias.
Não importa qual o tipo de preocupação, devo dizer. Pessoal (“será que é apenas uma virose?”), financeira (“contas e contas a pagar”), ou mesmo profissional (“devo ou não fazer a prova?”, “quando me chamarão no concurso que passei?”, “a pesquisa vai sair?”), sempre tem algo que está martelando, muitas vezes estragando o final de semana.
E o pior nem é isso, afinal todos passamos por isso. O pior é que quando se pensa que haverá uma folga, um período sem inquietações, justamente é aí em que surgem as grandes questões, aquelas que realmente tiram o sono. Os grande desafios.
Aqueles para os quais não podemos dizer não.
Até.
Um comentário:
Fiquei curiosa.
Zeca
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