Ah, a vida...
Tem sido - como sempre, queixa frequente - corrida, com as tarefas, prazos e obrigações se avolumando de forma que sempre há a sensação de que falta algo a ser feito ou de que não há tempo suficiente para tudo, trabalho, família, vida pessoal. Não é verdade, claro, as coisas se ajeitam sempre, tudo vai sendo realizado na medida exata de sua necessidade, e seguimos.
Passei por uns dias complicados, muito mais por ansiedade - de novo no corner me esquivando de um inimigo imaginário, na já conhecida metáfora da vida como uma luta de boxe - do que por qualquer outra coisa, mas que dessa vez atrapalhou o meu sono. Nunca havia acontecido antes, me orgulhava de que, seja qual fosse a situação e o lugar, eu dormia muito bem. Passei a dormir tarde e acordar muito mais cedo do que seria necessário, e a sentir os efeitos das poucas horas de sono no resto do meu dia.
Revisei minha rotina, pensei no que poderia atrapalhar meu sono, e decidi tirar o tablet do quarto. Havia pego o (péssimo) hábito de ficar lendo no iPad, na cama, antes de dormir.
Faz uma semana hoje. Voltei a dormir melhor.
O iPad ainda passa um pouco pelo quarto, à noite: é quando a Marina e eu ouvimos música na hora dela dormir. É o nosso ritual quase que diário. Leio um pouco para ela, estamos lendo por esses dias as "Reinações de Narizinho", do Monteiro Lobato. Após a leitura, hora da música.
Começou com a Jacque, há alguns meses, que apresentou para a Marina algumas músicas dos Beatles em ritmo de lullaby. Logo depois, já comigo, instituímos a "Hora Beatle", em que eu apresentava a ela alguns vídeos com as versões originais. Rapidamente, ela pedia as músicas do que queria ouvir. Strawberry Fields Forever, uma das preferidas, entre outras. Até aprendeu a cantar...
Depois, apresentei as músicas do Vitor Ramil para ela, que tem em 'Estrela, Estrela' uma de suas preferidas para a hora de dormir.
É o momento em que - alheio ao mundo lá fora - exercito o meu mais importante papel: o de pai.
Não há nada melhor que isso.
Até.