segunda-feira, julho 14, 2025

O que preciso para viver?

Tenho pensado em como avalio a (minha) vida.

 

Quais são os critérios que uso para entender como as coisas estão, além da sensação subjetiva de se estar bem ou não? Como devo julgar se tenho tido sucesso em meus empreendimentos pessoais, em termos de relacionamentos, de ser parte de uma comunidade, de me sentir parte de algo maior, significativo? Bens materiais têm importância nesse tipo de avaliação?

 

O primeiro ponto que mostra que as coisas estão indo bem é que tenho tempo para me preocupar com isso, porque as condições mínimas de sobrevivência foram alcançadas e não são motivos de ansiedade. Um teto sobre o qual vivo, comida na mesa, família e amigos próximos, churrascos, um trabalho com significado. Check, check, check, check e check. Fazer diferença na vida de alguém? Check.

 

O que mais é preciso?

 

Música?

 

Temos.

 

Tudo está bem, então.


Até. 

domingo, julho 13, 2025

A Sopa

De tempos em tempos, o algoritmo da vida faz com que eu veja ou leia o (ao menos para mim) famoso Harvard Study of Adult Development, um chamado estudo de coorte que vem acompanhando, há mais de 80 anos, a vida de um grupo inicial de mais de setecentas pessoas de diferentes origens e extratos sociais e seus descendentes, em busca de responder, entre outras coisas, à pergunta: o que faz a vida satisfatória? Confesso que sou fascinado pelo estudo (tem até uma apresentação do TED sobre ele) e pelo tema. 

 

Inicialmente, eram dois grupos separados estudados, um de alunos do segundo ano de Harvard, e outro grupo de pessoas de áreas de baixa renda de Boston, de maior vulnerabilidade. A pesquisa tem acompanhado esse grupo, e seus descendentes, desde então, em busca de identificar os determinantes de uma boa vida. E um dos resultados encontrados, que é muito interessante, não é uma novidade para mim, alguém que sempre foi (é) um ‘botador de pilhas’. O importante, o que determina uma vida satisfatória e boa, não são as condições socioeconômicas, não é o emprego ou os bens adquiridos, não é a fama.

 

São os relacionamentos.

 

Relacionamentos fortes e de apoio foram identificados como preditores muito melhores de uma vida longa e feliz do que fatores como status social, QI ou até mesmo genética. Isso significa que a presença de conexões significativas e de confiança com outras pessoas é fundamental para o bem-estar geral.

 

Em outras palavras, ter alguém com quem contar durante os altos e baixos da vida é crucial para o bem-estar geral. Os participantes que relataram ter relacionamentos de qualidade, como amizades próximas, laços familiares fortes ou um parceiro amoroso confiável, tendiam a ser mais felizes e saudáveis ao longo do tempo. É como sempre pensei: a importância dos relacionamentos não pode ser subestimada quando se trata de promover uma vida longa e satisfatória.

 

Por esse conhecimento, inicialmente empírico, mas agora baseado em dados científicos, que procuro manter as amizades, as parcerias, as confrarias, os grupos de convívio próximos. Por isso a importância dos churrascos, aos quais nunca digo não a um convite. Por isso fazer parte de grupos sempre foi fundamental para mim, e a sensação de (possível ou real) exclusão é bem ruim.

 

De tempos em tempos, deveríamos pensar em quem chamaríamos se tivéssemos um problema no meio da noite e precisássemos de ajuda. Quem não hesitaria em nos ajudar.

 

Esses são os de fé.


Até. 

sábado, julho 12, 2025

Sábado (que vem, na verdade)


O lançamento do meu novo livro será no próximo sábado, 19/07.
Editora Bestiário.

Na rua mais bonita do mundo, segundo os porto-alegrenses...

Nina Café de Casa. Rua Gonçalo de Carvalho, 129. 

Vai ser bem legal.

Até.


sexta-feira, julho 11, 2025

Sexta-feira

Ainda sobre as comparações.

 

Não interessa se a grama do vizinho parece mais verde que a nossa. Aliás, nem devemos olhar para a grama do vizinho. Estava lendo esses dias alguém que escreveu algo como ‘não devemos olhar para o caminho que não percorremos”. Esse deve ser o princípio.

 

Ficar preso no ‘E se...’, nas possibilidades de desfechos diferentes em caso de escolhas que não as que fizemos é – além de um exercício estéril – injusto para conosco. Quase sempre o que não vivemos parecerá melhor do que vivemos agora, porque está no campo das possibilidades, das probabilidades. O mundo ideal seria aquele que não escolhemos, e não o que estamos agora, fruto de todas as nossas decisões prévias.

 

Não é verdade.

 

Prefiro acreditar que onde estamos hoje, agora, e que é resultado de tudo o que fomos e vivemos até hoje, é o melhor, levando em conta que estamos fazendo o melhor possível a cada o momento, a cada escolha. Claro que o resultado nem sempre (ou quase nunca) depende exclusivamente de nós, mas – se estamos fazendo nossa parte – prefiro acreditar no melhor desfecho possível.

 

É certo, também, que erramos de tempos em tempos. 

 

Quando isso acontece, o melhor é fazer como quando se pega um trem errado: o melhor é descer na primeira estação (oportunidade), porque quanto mais longe formos no caminho errado, maior o custo de retomar o caminho correto.


Até. 

quinta-feira, julho 10, 2025

Apenas

Que triste isso.

 

Estava conversando com um professor de música por esses dias e ele me contou que dava aulas para um médico há algum tempo, e esse aluno médico, que fazia aulas de canto, disse que não poderia se apresentar em público porque era médico e, afinal, “vidas estavam em suas mãos diariamente”.

 

Teria uma imagem a preservar, não queria ser mal interpretado, provavelmente parecer menos “sério” do que realmente era, ou algo assim. Que sua atividade era muito importante, que ele era muito importante, imagino, para que tivesse sua imagem associada à outra atividade que não fosse o ‘sacerdócio médico’.

 

Fiquei pensativo, logo após lamentar por ele. 

 

Sim, lamento profundamente essa visão – em minha opinião, claro – estreita da vida e do mundo, associada a um grau elevado de arrogância. A atividade médica é importante, claro, como são importantes quase todas as atividades humanas, em maior ou menos grau, e não compete a mim e nem a ninguém julgar a sua atividade ou a dos outros dessa forma. Ele é médico. Bom para ele, parabéns. 

 

E daí?

 

Esse fato específico, ser médico, o torna melhor ou pior do que alguém? Evidentemente que não. Todos os anos de formação e treinamento, toda dedicação, finais de semana perdidos em estudo e trabalho apenas o tornam melhor que sua versão anterior, que vai ser inferior – se tudo correr bem – à sua própria versão do futuro, digamos assim.

 

Além disso, não acredito que devemos ser definidos apenas pela nossa ocupação. Que triste isso, de alguém se considerar ou definir por sua profissão. Somos muito mais que ‘apenas’ médicos, advogados, engenheiros ou artistas. Sempre acreditei que podemos ser (e somos) muitos. E lembro Raul Seixas que, além de Metamorfose Ambulante, escreveu:

 

Ah!
Eu é que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarada
Cheia de dentes
Esperando a morte chegar

Porque longe das cercas
Embandeiradas
Que separam quintais
No cume calmo
Do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora
De um disco voador


Vamos viver tudo que há para viver.

 

Até.

quarta-feira, julho 09, 2025

Sobre ser coadjuvante da própria vida

Disciplina.

 

Entre todas as valências humanas, talvez uma das mais subestimadas seja a disciplina. Mesmo já tendo sido cantada em prosa e verso ('Disciplina é liberdade', cantou a Legião Urbana) tenho a sensação, e é sensação, impressão mesmo, de que normalmente não é valorizada como deveria.

 

Valoriza-se muito mais o improviso, a rebeldia, a falta de método. O “gênio” seria alguém que, em arroubos ou espasmos de criatividade ou engenhosidade, criaria algo fora de série. Até acontece aqui e ali, mas são casos anedóticos, como se diz. O progresso humano é baseado em disciplina e constância, conceitos um pouco diferentes, mas relacionados.

 

Terminamos nossos projetos, alcançamos nossos objetivos, chegamos ao fim de caminhadas apenas com disciplina. Da mesma forma, nos tornamos excelentes no que fazemos apenas com dedicação e constância, com a disciplina que não nos deixa abandonar o que não está pronto.

 

Esse sempre foi um dos meus medos no passado.

 

Temia que eu fosse alguém que não terminasse o que havia começado, ou que nem começasse para não ter que ir até o final. Que fosse alguém que ficasse apenas no plano das ideias, vivendo em um mundo de sonho, ou fantasia, onde as coisas dariam certo até de manhã, quando eu acordasse para uma possível vida medíocre, onde vivesse uma vida que não era que eu havia imaginado, e que eu não houvesse feito nada para que fosse diferente. Que eu fosse um personagem coadjuvante em minha própria história.

 

Procuro diariamente evitar isso.


Até. 

terça-feira, julho 08, 2025

Educação Musical

Há muito passou o tempo em que, enquanto levava a Marina de um lugar a outro, inventávamos jogos para passar o tempo. Nada mais natural, afinal ela está prestes a completar dezessete anos. Houve a fase em que conversávamos e ouvíamos música, as que eu escolhia, afinal meu carro, minhas regras. E era também educativo, pois eu seguia apresentando a ela sons que eu achava que ela deveria conhecer e ouvir.

 

Depois, passamos a ouvir também músicas que ela sugeria, pois também passou a ter sons que queria me apresentar, nada mais natural. Em outros momentos, com fones de ouvido, ela ouvia / ouve o que está com vontade naquele momento. De umas semanas para cá, acabamos voltando a jogar, em mais uma forma de nos conectar através da música.

 

É um jogo de conhecimento musical.

 

Funciona assim: seleciono uma playlist no Spotify, ela fecha os olhos, e deve reconhecer a música que começa a tocar, por nome e de quem é. 

 

Tem sido muito legal.

 

Ontem, para orgulho do pai, a sequência de músicas que ela reconheceu foi de Another Brick in the Wall (Pink Floyd), além de Immigrant Song (Led Zeppelin),Back in Black (AC/DC), Three Little Birds (Bob Marley), Song 2 (Blur), entre outras do Nirvana, Rolling Stones, Fleewood Mac e Animals, entre outras. Sem falar que está atualmente cantando The Weight (The Band), uma das músicas da minha vida.

 

Que orgulho.

 

A Jacque, a School of Rock e eu temos feito um grande trabalho em termos de educação musical.

 

Até.

segunda-feira, julho 07, 2025

Amanheceu, e tem neblina

Começo a semana assim, pouco inspirado.

 

Poderia chamar de preguiça mental, ou é efeito da neblina, que esconde parte da cidade ao clarear o dia? Não sei, mas vejo a semana pela frente e reafirmo a preguiça, agora também física, e sinto o ombro direito, que desde a madrugada de sábado para domingo dói como se tivesse feito um esforço que não fiz, porque no sábado fiquei mais tempo na cama ao invés de ir até a academia antes da quermesse da escola da Marina, que vamos não por causa dela, mas porque gostamos da festa, e além de tudo tinha show do Elton Saldanha, que lembra que somos do Sul, a nossa terra tem o céu azul, é só olhar e ver....

 

Passamos da metade do ano, e seguimos.

 

Nem tudo planejado aconteceu, como sempre, afinal a vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos, e está tudo certo, está tudo bem. Vamos nos adaptando, vamos ajustando.

 

Boa semana para nós.


Até. 

domingo, julho 06, 2025

A Sopa

Escolhas e renúncias.

 

Ao longo do tempo, venho definindo, descobrindo, aprendendo, quais são minhas prioridades, aquilo que é importante para minha vida, e quais caminhos são os que considero mais certos que eu percorra. A partir dessas definições, da definição do que quero, tenho procurado ajustar a vida, através também de mudanças da rotina, de alguns hábitos e renunciando a outros, a esses objetivos os quais defini e sigo definindo. É um trabalho diário, esse da disciplina da mudança de hábitos.

 

De tempos em tempos, por razões diversas, podem ocorrer deslizes – digamos assim – e recaímos por um tempo a hábitos que não nos servem mais. O importante é reconhecer esses desvios do caminho e voltar à rota original. 

 

Importante, também, é a noção de que as pessoas não precisam entender o caminho que escolhes, porque quase nunca elas terão como saber de forma completa as razões de nossas escolhas. Porque o que elas conhecem de nós sempre é uma parte do todo, um frame, uma ‘captura de tela’ de quem somos. E esperam que vivamos de acordo com sua expectativa baseada nessa parte do todo. Nem sempre será assim, nem sempre seremos o que esperam de nós porque somos muito mais que isso, muito mais que a superfície que elas veem.

 

Parte do crescimento – e entendo a ironia de alguém com mais de cinquenta anos falando em crescimento e amadurecimento quando eu imaginava já ter todas as respostas com essa idade – significa reconhecer e mostrar aos outros (ao mundo) que somos mais do que aquilo que todos veem na vitrine de nossas vidas, ou na vitrine da rede social, por exemplo. 

 

Eu, como disse, tenho procurado fazer isso.

 

Reconheço, também, que cada escolha implica em renúncias, em abandonar, sendo extremo, uma vida que não faz mais sentido a quem somos hoje, renunciando também a potenciais benefícios envolvidos com o caminho do qual abrimos mão. É outro aprendizado. Mesmo que estejamos convictos de para onde estamos indo, às vezes olhar para aquilo de que abrimos mão pode nos fazer pensativos. É temporária, essa sensação de exclusão (e a sensação de ser excluído é das piores para mim), mas é preciso estar certo e tranquilo com o caminho e seguir.

 

Eu estou.


Até. 

sábado, julho 05, 2025

sexta-feira, julho 04, 2025

A Casa da Praia

Tenho alguns sonhos recorrentes.

 

Essa noite, depois de um certo tempo, sonhei com a casa da praia, a do Imbé, onde passei os verões de minha infância e adolescência. Fazia tempo que não sonhava com a casa.

 

Era para ser um feriado, e a casa ao lado, à esquerda de quem olha de frente, tinha muitos carros em frente e estava sendo limpa para receber pessoas. Estávamos na casa dos fundos, meio improvisados, e a casa da frente estava fechada. 

 

Em algum momento do sonho decidi abri-la, pois estava fechada provavelmente desde o verão, e teríamos que abrir janelas e limpá-la para ficarmos lá. Só que as luzes não acendiam, e fui ao quadro de disjuntores para verificar. Liguei e desliguei alguns deles até que percebi que o quadro estava em lugar que não era o habitual. Foi quando me dei conta, lembrei.

 

A casa não era mais nossa.

 

Estava (de novo) na nossa casa da praia que já não era nossa, e não deveria estar ali. Lembrei que havíamos vendido a casa em dois mil e quatorze (!). E que sigo sonhando de tempos em tempos com a casa, e sempre tenho percebido durante o sonho que não deveria estar mais ali, pois já não é o nosso lugar.

 

Não têm mais os verões e sábados de manhã de sol em que a música que toca é (de um vinil) ‘Cúmplice’, do Cazuza, que diz:

 

‘Hoje eu acordei querendo encrenca
escrevi teu nome no ar
bati três vezes na madeira
senti você me chamar

 

Na verdade uma carta em braile
me deu uma certeza cega
Você estava de volta ao bairro
em alguma esquina á minha espera’...

 

 

Em alguns dos sonhos, meu pai também aparece, e sei que ele não está mais lá. As pessoas que eram importantes para a casa da praia não estão lá.

 

A casa da praia continua em mim, e sigo, mesmo que não mais frequente a praia de outros tempos. Existem outras praias e outras casas, mas nenhuma como a (minha) casa da praia.

 

É vida.

 

Até.

quinta-feira, julho 03, 2025

Está Saindo

Livros.

 

Quando decidi – há cerca de um ano e meio – que era hora de começar a publicar minhas crônicas, hora de transformar em livro o trabalho de mais de uma década de escritos meus, estabeleci uma ideia inicial de três livros, a serem publicados em anos consecutivos, a partir do ano passado. Tudo correu bem, e mais rápido que imaginava. Em 2024, publiquei, pela Editora Bestiário, o ‘A Sopa no Exílio’. Fiz três lançamentos, e autografei ele na Feira do Livro de Porto Alegre, o que era um desejo/sonho meu de muitos anos.

 

Tinha à época, um segundo livro praticamente pronto, que prudentemente deixei para o ano seguinte, para – com tempo – revisar as crônicas e ainda acrescentar novas. Foi o que fiz, a partir de abril desse ano, e o resultado será lançado no próximo dia 19 de julho, um sábado à tarde (o local divulgo em breve).

 

‘Eu Pai, Eu Filho’.

 

Crônicas pessoais a respeito do tema paternidade. Como o título diz, escrevo como pai e como filho. Crônicas que vão desde antes de ser pai, o esperar, as expectativas com relação à paternidade, e depois a paternidade em si, crônicas de um pai encantado com o ser pai. Também falo de ser filho, e estão ali algumas crônicas em que falo do meu pai, e de como senti sua perda e como vejo a vida desde que ele se foi.

 

Gostei do resultado, mas sou suspeito.

 

Espero que vocês gostem.

 

Até.

quarta-feira, julho 02, 2025

Seicentos

Logo após o número quinhentos e noventa e nove, o número seiscentos talvez não tenha significados ocultos da mesma forma que tem o famoso seiscentos e sessenta e seis, o ‘número da besta’, que vem da Bíblia, do livro do Apocalipse e que diz: ‘Quem tiver discernimento, calcule o número da besta, pois é número de homem, e seu número é 666’. Estaria, então, esse número, o seiscentos e sessenta e seis associado ao mal, ao demônio.  

 

É uma teoria.

 

Acredita-se, contudo, que esse número seja um código, em que cada letra da palavra teria um número e a soma desses números correspondesse ao resultado, e 666 seria a soma resultante, no alfabeto hebraico, do nome do imperador Nero Cesar, conhecido por perseguir cristãos e, portanto, não ser muito ‘admirado’ por eles. Daí a citação do número no texto bíblico.

 

Seiscentos, e não seiscentos e sessenta e seis, também foi o nome de um bar em Porto Alegre, entre os anos 80 e 90, na Av. Goethe, que frequentei algumas vezes. Também pode ser um código, ou um bordão, não sei.

 

Seiscentos. Mil.

 

Acordei com esse número da cabeça, e não sei o porquê.

 

Vou pensar.


Até. 

terça-feira, julho 01, 2025

Palavras ao Vento

Saudades sem ação são como palavras ao vento.

 

Quando morei no Canadá, há vinte anos, de tempos em tempos acontecia de sentir saudades de alguém em especial, familiar ou amigo. De pronto, eu ligava para essa pessoa, ou enviava uma mensagem, um e-mail. Não havia como estar presente fisicamente, então arranjava um jeito de estar virtualmente, ao menos.

 

Existem situações em que as saudades vão bater e não teremos como resolver de maneira definitiva, pois a morte, angústia de quem vive, como disse Vinícius de Moraes, estará entre nós e de quem sentimos falta. Essa talvez seja a única situação em que não temos como fazer nada, e a forma de suprir essa ausência é com as memórias, as lembranças dos momentos que vivemos.

 

Para todas as outras situações, há o que fazer, existem soluções. Ligação de áudio, de vídeo, mensagem, cafés, encontros, churrascos. Não há por que sentir falta de alguém e não fazer nada.

 

Assim como em outras situações da vida, não devemos complicar o que é simples. Se realmente quisermos, na maior parte das vezes há o que fazer, há como ligar, como encontrar. Se parece difícil demais, se parece impossível até, talvez sejamos nós que não estamos sentindo tanta falta assim. Talvez nosso interesse não seja tão grande assim.

 

Quando sinto saudades, e é alguém que está mais ou menos próximo, a um telefonema ou uma mensagem de distância que seja, eu tomo uma atitude, procuro passar para a ação. Porque se for “deixando para quando der”, pode ser que chegue um momento em que não será mais possível, não haverá mais como. Como eu disse, saudades sem ação são como palavras ao vento.

 

E não há nada pior do que o arrependimento de não ter falado, de não ter feito.


Até.