De tempos em tempos, o algoritmo da vida faz com que eu veja ou leia o (ao menos para mim) famoso Harvard Study of Adult Development, um chamado estudo de coorte que vem acompanhando, há mais de 80 anos, a vida de um grupo inicial de mais de setecentas pessoas de diferentes origens e extratos sociais e seus descendentes, em busca de responder, entre outras coisas, à pergunta: o que faz a vida satisfatória? Confesso que sou fascinado pelo estudo (tem até uma apresentação do TED sobre ele) e pelo tema.
Inicialmente, eram dois grupos separados estudados, um de alunos do segundo ano de Harvard, e outro grupo de pessoas de áreas de baixa renda de Boston, de maior vulnerabilidade. A pesquisa tem acompanhado esse grupo, e seus descendentes, desde então, em busca de identificar os determinantes de uma boa vida. E um dos resultados encontrados, que é muito interessante, não é uma novidade para mim, alguém que sempre foi (é) um ‘botador de pilhas’. O importante, o que determina uma vida satisfatória e boa, não são as condições socioeconômicas, não é o emprego ou os bens adquiridos, não é a fama.
São os relacionamentos.
Relacionamentos fortes e de apoio foram identificados como preditores muito melhores de uma vida longa e feliz do que fatores como status social, QI ou até mesmo genética. Isso significa que a presença de conexões significativas e de confiança com outras pessoas é fundamental para o bem-estar geral.
Em outras palavras, ter alguém com quem contar durante os altos e baixos da vida é crucial para o bem-estar geral. Os participantes que relataram ter relacionamentos de qualidade, como amizades próximas, laços familiares fortes ou um parceiro amoroso confiável, tendiam a ser mais felizes e saudáveis ao longo do tempo. É como sempre pensei: a importância dos relacionamentos não pode ser subestimada quando se trata de promover uma vida longa e satisfatória.
Por esse conhecimento, inicialmente empírico, mas agora baseado em dados científicos, que procuro manter as amizades, as parcerias, as confrarias, os grupos de convívio próximos. Por isso a importância dos churrascos, aos quais nunca digo não a um convite. Por isso fazer parte de grupos sempre foi fundamental para mim, e a sensação de (possível ou real) exclusão é bem ruim.
De tempos em tempos, deveríamos pensar em quem chamaríamos se tivéssemos um problema no meio da noite e precisássemos de ajuda. Quem não hesitaria em nos ajudar.
Esses são os de fé.
Até.