Costumo olhar fotos antigas.
Antes do surgimento das fotos digitais e, ainda mais, dos telefones com grande capacidade de armazenamento que tiram fotos cada vez melhores, no tempo das fotos que eram reveladas em laboratórios a partir de filmes de 12, 24 ou 36 poses e de negativos, o volume de fotos tiradas evidentemente era muito menor do que atualmente, em que usamos fotos até para dar uma verificada em nosso visual do dia a dia. Revelar os filmes era caro, então registar algo em foto era algo criterioso. Não era qualquer fato ou situação que justificava um registro fotográfico.
Claro que hoje mudou tudo. Perdemos, inclusive, o hábito de ter as fotos fisicamente, montar álbuns de viagens, por exemplo. Imprimimos em casa aquelas muito especiais, que justificam ter sua versão impressa.
Para mim, tudo mudou em 2002, quando comprei minha primeira câmera digital, uma Nikon E995, que comprei online diretamente da loja em Nova York, a B&H, e que foi entregue pelo correio em casa, com impostos pagos em um tempo em que o dólar era MUITO menos que hoje. Chegou próximo ao meu aniversário de trinta anos. Tinha cartões de memória de capacidade pequena, e as fotos, apesar de boas, ainda eram de resolução muito menor do que hoje.
Quando viajamos, a Jacque e eu, para a Europa em outubro de 2003, ainda levamos junto a máquina analógica (é assim que chama?). Em Paris, comprei um cartão de memória para a minha Nikon que, um pouco depois, quando estávamos em Heidelberg, Alemanha, estragou. Foi um estresse até conseguir recuperar as fotos e baixar as do outro cartão para liberar espaço. Outros tempos, outra vida.
Quando morava no Canadá, e aí já estamos em 2006, alguns meses antes de voltar ao Brasil, e após a minha querida Nikon E995 ter sofrido um pequeno acidente e ter sido danificada irremediavelmente, realizei um desejo antigo e comprei um Nikon D50, uma DSLR com uma lente 18-55 mm (depois comprei também uma lente 55-200 mm). Foi (mais) uma mudança de vida. O nível das fotos mudou muito para melhor. Uns anos depois fiz um upgrade para uma D7000, que tenho até hoje.
A evolução (para mim, para mim) seguinte foi o telefone celular, o iPhone e suas fotos de cada vez melhor resolução, e a praticidade de andar com ele no bolso, estar sempre pronto para uma fotografia, sem falar na capacidade de armazenamento. O ano de 2023 foi minha primeira viagem registrada exclusivamente pelo iPhone.
Mas eu dizia que gosto de olhar fotos antigas. É verdade. Além dos álbuns de viagem, dos livros de fotos (dos quais nem falei) das fotos que escaneei para ter salvas digitalmente, até os últimos anos, em que o volume de fotos cresceu muito pelas razões que falei. Sempre que posso, e ainda mais agora em que estou publicando uma foto ao dia em meu Instagram, revejo essas fotos.
Lembro de momentos passados, de quem e como eu era e de que quem e como sou hoje em dia. É quase uma auditoria diária de quem tenho sido a partir de quem fui. E quem fez e faz parte dessa trajetória.
Tenho gostado do que vejo, devo confessar.
Até.