segunda-feira, junho 30, 2025

Inadequado

Esses dias, assisti, por curiosidade, a um vídeo sobre ‘O Que um Homem de Mais de 50 anos Não Deve Vestir’. Talvez não fosse esse o título, mas a ideia era exatamente essa. O que era adequado ou não para compor o visual de um homem de mais de cinquenta anos de idade, categoria a qual me encaixo atualmente.

 

Gabaritei o vídeo.

 

Nada, ou quase nada, do meu guarda-roupa é adequado, ou compatível, com o que deveria ser – segundo esse vídeo – aquilo que um homem de mais de cinquenta anos deveria usar. Estou fora de moda. Mais uma vez.

 

O que mostra coerência de minha parte.

 

Nunca, em toda minha vida, até onde lembro, estive “na moda”. Desde me vestir como um ‘sem-terra’, brincadeira (ou não) feita pela querida Maria Helena Andrade, eleita Rainha do Rádio em 1957 aos 15 anos, e que trabalhava no hospital quando eu era médico residente, até ser ‘chamado à atenção’ por usar calças jeans quando trabalhava no mundo corporativo, nunca me importei muito com essas convenções. Sempre me vesti como me sentia confortável para o momento.

 

Continuo inadequado até hoje, segundo padrões estabelecidos seja lá por quem for.

 

E não estou nem aí...


Até. 

domingo, junho 29, 2025

A Sopa

Parece que quando eu acordo pouco inspirado, eu acabo escrevendo sobre o tempo. O Tempo, você sabe, aquele que passa inexoravelmente, que sinaliza nossa caminhada pela vida. Ou esse tema é tipo uma obsessão minha, pouco importa.

 

Talvez um pouco dos dois, admito. Ou não.

 

De qualquer forma, por esses dias – confesso que não lembro onde – vi, li ou ouvi algo associado a pessoas que não valorizam, não respeitam ou mesmo desprezam o seu passado, e falo em termos de fatos, lugares e/ou pessoas. O sentimento que essa constatação, e não sei se esse é o melhor termo, me causou foi de estranheza. Porque é muito diferente de mim.

 

Pensei em quem, por circunstâncias quaisquer da vida, por caminhos diferentes seguidos, acabou se afastando de alguém ou algum grupo, fato corriqueiro, habitual. Pessoas mudam, lugares mudam, tudo muda o tempo todo no mundo, é o curso natural da vida, é como as coisas são, e está tudo bem.  O que me causa estranheza é quem, por essas mudanças naturais, “renega” (renegar, negar novamente, duplamente) o passado: quem foi, o que fez, e quem esteve junto nesses momentos.

 

Eu não sou assim.

 

Sim, eu mudei e continuo mudando. Não, não fazem mais sentido determinadas relações que antes faziam, assim como lugares não tem mais razão de serem frequentados. Nada mais natural. Mesmo assim, apesar disso, eu tenho profundo respeito e consideração por quem compartilhou comigo esse período ou trecho da caminhada. Quem teve uma conexão e agora não tem mais, por uma razão ou outra. Já superei a fase de querer retomar determinadas conexões que não fazem mais sentido para nenhum dos envolvidos. 

 

Tirando um deslize aqui e outro ali, a que todos estamos sujeitos ao longo da vida, não rejeito quem fui porque quem fui foi a preparação para quem sou hoje. 

 

Até.

sábado, junho 28, 2025

Sábado (e a primeira vez na Europa)

Bruges (em foto escaneada)


Perdidos na Espace.
Maio de 1999.
Bélgica, o começo da viagem.

Bom sábado a todos.

Até.

 

sexta-feira, junho 27, 2025

Chinelos e Meias

Esses dias, enquanto atendia um paciente no consultório, ao me preparar para examiná-lo, não pude deixar de notar que ele estava usando uma calça de abrigo, meias brancas e chinelos de dedo. Qualquer fiscal de estilo alheio teria ficado horrorizado, certamente.

 

Eu achei o máximo.

 

E lembrei dos adolescentes nas escolas hoje em dia, pelo menos a pequena amostra que tenho próximo a mim. Eles também costumam ir para suas aulas com roupas confortáveis, muitas vezes com esses chinelos tipo Rider e meias, como se não precisassem provar nada para ninguém, como se estivesse totalmente em paz com seu jeito próprio, com o ser e não com o parecer, o que é sensacional. 


Diferente da lembrança que tenho de quando eu era adolescente, e que sentia (sentíamos?) que precisava provar algo, mostrar ao mundo quem eu era e o modo que me vestia deveria refletir isso. E daí nos vestíamos parecidos, e já falei do All Star preto que nos identificava como grupo.

 

Depois, com o passar do tempo, surgiram outras formas de identificação com outros grupos, também para aceitação, ou ao menos se pensava isso. O tipo de roupa, a marca aquela famosa, entre outras características. Com o tempo, e a maturidade, vamos sendo cada vez mais quem somos, e nos diferenciando, mostrando o que nos é único. É parte do processo.

 

Por isso achei o máximo o paciente com meias brancas e chinelos de dedo em uma manhã fria no consultório. Parecia uma declaração de princípios. 


Ou não, poderia ser falta de estilo mesmo.

 

Não importa.

 

Até.

quinta-feira, junho 26, 2025

Escadas e Outros Perigos

Descer escadas com as mãos no bolso.

 

Não se faz, evidentemente. É perigoso, corre-se o risco de, em uma queda, não conseguir proteger o rosto, por exemplo. Uma medida simples, e óbvia, assim como não estar ao celular quando em escadas. Todos deveriam ter esses cuidados. Eu tenho esses cuidados.

 

E, mais, com o tempo e a experiência, progressivamente novos cuidados são acrescentados aos já habituais. Como o fato do uso corrimão para aumentar a segurança de uma descida ou subida de escada. Ou colocar ou retirar as meias sentado. E o uso de óculos para leitura, do qual não (tenho como) abro mão. Pequenos ajustes à rotina que melhoram a vida. 

 

O que significa aceitar e se adaptar às progressivas mudanças que ocorrem na vida. Nem sempre fácil, mas sábia atitude. Quando não somos mais tão jovens, devemos ‘dançar conforme a música’. É o jeito.

 

Da mesma forma que temos que nos adaptar às mudanças e limitações que ocorrem com aqueles que nos são próximos e queridos. Uma vez mais, nem sempre é fácil, mas não temos opção melhor.

 

A grande dica vem de velejar: ajustar as velas conforme o vento, para uma navegação mais suave.


Até. 

quarta-feira, junho 25, 2025

As Fotos e Eu

Costumo olhar fotos antigas.

 

Antes do surgimento das fotos digitais e, ainda mais, dos telefones com grande capacidade de armazenamento que tiram fotos cada vez melhores, no tempo das fotos que eram reveladas em laboratórios a partir de filmes de 12, 24 ou 36 poses e de negativos, o volume de fotos tiradas evidentemente era muito menor do que atualmente, em que usamos fotos até para dar uma verificada em nosso visual do dia a dia. Revelar os filmes era caro, então registar algo em foto era algo criterioso. Não era qualquer fato ou situação que justificava um registro fotográfico.

 

Claro que hoje mudou tudo. Perdemos, inclusive, o hábito de ter as fotos fisicamente, montar álbuns de viagens, por exemplo. Imprimimos em casa aquelas muito especiais, que justificam ter sua versão impressa.

 

Para mim, tudo mudou em 2002, quando comprei minha primeira câmera digital, uma Nikon E995, que comprei online diretamente da loja em Nova York, a B&H, e que foi entregue pelo correio em casa, com impostos pagos em um tempo em que o dólar era MUITO menos que hoje. Chegou próximo ao meu aniversário de trinta anos. Tinha cartões de memória de capacidade pequena, e as fotos, apesar de boas, ainda eram de resolução muito menor do que hoje. 

 

Quando viajamos, a Jacque e eu, para a Europa em outubro de 2003, ainda levamos junto a máquina analógica (é assim que chama?). Em Paris, comprei um cartão de memória para a minha Nikon que, um pouco depois, quando estávamos em Heidelberg, Alemanha, estragou. Foi um estresse até conseguir recuperar as fotos e baixar as do outro cartão para liberar espaço. Outros tempos, outra vida.

 

Quando morava no Canadá, e aí já estamos em 2006, alguns meses antes de voltar ao Brasil, e após a minha querida Nikon E995 ter sofrido um pequeno acidente e ter sido danificada irremediavelmente, realizei um desejo antigo e comprei um Nikon D50, uma DSLR com uma lente 18-55 mm (depois comprei também uma lente 55-200 mm). Foi (mais) uma mudança de vida. O nível das fotos mudou muito para melhor. Uns anos depois fiz um upgrade para uma D7000, que tenho até hoje.

 

A evolução (para mim, para mim) seguinte foi o telefone celular, o iPhone e suas fotos de cada vez melhor resolução, e a praticidade de andar com ele no bolso, estar sempre pronto para uma fotografia, sem falar na capacidade de armazenamento. O ano de 2023 foi minha primeira viagem registrada exclusivamente pelo iPhone.

 

Mas eu dizia que gosto de olhar fotos antigas. É verdade. Além dos álbuns de viagem, dos livros de fotos (dos quais nem falei) das fotos que escaneei para ter salvas digitalmente, até os últimos anos, em que o volume de fotos cresceu muito pelas razões que falei. Sempre que posso, e ainda mais agora em que estou publicando uma foto ao dia em meu Instagram, revejo essas fotos. 

 

Lembro de momentos passados, de quem e como eu era e de que quem e como sou hoje em dia. É quase uma auditoria diária de quem tenho sido a partir de quem fui. E quem fez e faz parte dessa trajetória.

 

Tenho gostado do que vejo, devo confessar.


Até. 

terça-feira, junho 24, 2025

Manhã de Inverno

Sensação térmica de -6ºC ao acordar.

 

Definitivamente, eu prefiro o verão. E sei que boa parte das pessoas que moram no Rio Grande do Sul, ou pelo menos uma parcela daquelas que convivem comigo, vai dizer – com argumentos razoáveis – que preferem o inverno. Tradicionalmente eu diria que vocês têm direito a ter uma opinião, mas que eu teria compromisso com a verdade, mas não vou dizer.

 

Não dessa vez, não hoje.

 

Não me importa o que vocês pensam. De verdade, na boa. Cada um com suas preferências. Vocês se consideram certos, eu também, mesmo que tenhamos visões opostas, e está tudo bem, tudo certo. Sejam felizes.

 

Um dos problemas dos dias de hoje, entre muitos, é que não se tolera mais opiniões divergentes, não há debate. Seja qual for o tema em questão, todos pretendem impor sua verdade como a única, como a definitiva. 

 

Eu não, não mais. 

 

Minha abordagem com relação a isso é a mesma que tenho com o glúten e com a lactose: sou tolerante. Enquanto as pessoas discutem política, guerras, conflitos religiosos e tudo o mais, eu só quero ficar na minha, no meu canto, em silêncio, com uma boa música ao fundo, na paz de uma tarde de férias no verão.


Que espero com ansiedade.


Até. 

segunda-feira, junho 23, 2025

Caindo na Real

Hoje cedo, ainda antes de despertar o relógio, acordei e planejei utilizar as primeiras horas do dia para tocar, após o café da manhã e a leitura das notícias. Aproveitar bem a manhã, quem sabe escrever um pouco.

 

Foi quando me dei conta que hoje era segunda-feira.

 

Que essa semana não tem feriado.

 

E que não tem mais nenhum feriado até dezembro.

 

É isso. Vamos à semana de inverno, que inicia sem chuva e com frio, que vai intensificar nos próximos dias.

 

Seguimos.


Até 

domingo, junho 22, 2025

A Sopa

‘A vida não examinada não vale ser vivida’.

 

A afirmação, atribuída a Sócrates no julgamento em que seria condenado à morte, tem sido – mesmo antes de eu saber dela, a frase – um tipo de norte para mim. Tenho, e não escondo de ninguém, o hábito, costume ou obsessão por pensar a vida, refletir sobre o que se passa comigo e com o mundo ao meu redor.

 

Os caminhos escolhidos e as decisões tomadas em minha vida sempre são alvo de análise, que é feita idealmente (mas nem sempre) antes ou – talvez mais frequentemente – depois do acontecido. Penso muito, logo muitas vezes sou ansioso, algo com que aprendi a conviver, mas nunca paralisado por dúvidas ou temores.

 

Penso, então, em viagens e seu processo.

 

Uma viagem, aprendi cedo, é composta de três partes igualmente importantes. Existe a preparação, etapa de tempo variável, com detalhamento também variável, que consiste em desde a escolha do destino, em termos gerais, orçamento geral, meio de transporte até e no destino, hospedagem, até itens específicos como passeios no local e ingressos de atrações, por exemplo.  Esse período de preparação, seja em uma viagem individual, em família ou em grupo, é – mais uma vez – variável, e esse tempo já é parte da viagem.

 

Temos a viagem em si, da qual não é preciso falar muito. Como chegamos no destino, onde ficaremos, como nos hospedaremos, o que visitaremos, e por aí vai. De destino único ou múltiplos destinos, essa é a parte que todos consideram a mais importante, e de certa forma é, porque é nela em que vivemos as experiências que vamos guardar conosco, as histórias que vamos contar.

 

A terceira parte de uma viagem é a volta, e que – ao contrário do que muitos pensam – não é o final. É apenas o início da importante e mais longa parte: o depois. Justamente as lembranças que teremos para sempre, as histórias que contaremos, as fotos que veremos de tempos em tempos, e mesmo as situações inusitadas e talvez tensas virarão as melhores histórias das viagens.

 

Como a vida.

 

Tudo o que vivemos tem um antes (as circunstâncias que levaram a ele), um durante (o evento em si) e um longo depois, em que refletiremos e contaremos para nós mesmos ou para outros o que aconteceu e como vimos o que aconteceu, o que aprendemos, quem esteve conosco e que continua conosco.

 

Por isso conto e reflito as (minhas) estórias. 

 

Porque é o que nos faz vivos de verdade, o que faz valer à pena estar vivo.


Até. 

sábado, junho 21, 2025

Sábado (e começou o inverno)

Toronto, inverno de 2005


Não é a (minha) melhor época do ano.
Mas também é bem boa.

Bom final de semana a todos.

Até.

 

sexta-feira, junho 20, 2025

Ritual

“Pra que sonhar

 A vida é tão desconhecida e mágica

Que dorme às vezes do teu lado

CaladaCalada

 

Tenho trabalhado por esses dias em um projeto – literário – pessoal que talvez avance ou não, não importa. Junto a isso, como forma talvez de inspiração, tenho mergulhado novamente na música do Cazuza, desde os tempos do Barão Vermelho até depois, em sua carreira solo.

 

É um tipo de viagem sentimental, posso dizer. Um resgate de um tempo passado. É, entre tantas outras, parte da trilha sonora da minha vida. E, vocês sabem, eu tenho um grande respeito pelo meu passado. Que já é passado, está lá atrás, não (mais) interfere no presente, fatos e pessoas.

 

Então, cada vez que começo a ouvir essas músicas, claramente volto ao passado, volto a me sentir exatamente como me sentia quando determinadas músicas estavam relevantes para fatos que aconteciam naquele momento. Volto mais de trinta anos no tempo assim, em um piscar de olhos. É muito louco.

 

Sempre preciso de alguns momentos para voltar ao presente e retomar o trabalho. Pode parecer que me atrapalha, mas não é verdade.

 

É reconfortante.

 

"Ah, pra que chorarA vida é bela e cruel, despidaTão desprevenida e exataQue um dia acaba".

 

Até.

 

quinta-feira, junho 19, 2025

Déficit de Atenção

Não é um diagnóstico que se aplica a mim.

 

Nunca foi um problema em minha vida, apesar de muitas vezes eu me ressentir pela eventual falta de foco e, mais, persistência e disciplina em diferentes atividades a que deveria ou gostaria de me dedicar mais. Ao longo do tempo fui aprendendo e conquistando, digamos assim, essa coisa de disciplina.

 

O que poderia talvez parecer para alguém uma dificuldade em focar em um único tema, ou a ausência de concentração, não é isso realmente. Tenho, sim, múltiplos interesses que ocupam meu tempo, digamos assim, e que requerem minha (rá!) atenção, muitas vezes simultaneamente. Mas realmente nada a ver com déficit de atenção.

 

Quanto aos meus múltiplos interesses, bom, esses só aumentam e podem dar a impressão ou a sensação de que não me dedico a nada, o que não é verdade. E tenho pensado nisso principalmente com relação ao meu ofício de médico. Recorrentemente me preocupa que os colegas me vejam como alguém menos dedicado ao trabalho médico do que deveria porque tenho outros interesses e/ou atividades, o que - mais uma vez - não é verdade.

 

Mas é o preço que (acho) tenho que “pagar” por minhas escolhas. Ou não. Sei lá.

 

Até.

quarta-feira, junho 18, 2025

O Ex

Não sou velho.

 

Partindo do conceito – acho que quem escreveu isso ou, ao menos, eu li escrito por ele, foi o Domenico de Masi, sociólogo italiano criador do conceito do 'ócio criativo' - de que ficamos velhos dois anos antes de morrer, definitivamente não sou velho. Mas progressivamente me torno um 'Ex'. Voluntariamente, devo dizer.

 

Já fui professor de cursos de medicina, não sou mais. Virei ex-professor (existe isso?). Sou ex-presidente da Sociedade de Pneumologia e Tisiologia do Rio Grande do Sul. Sou ex-coordenador do Ambulatório de Fibrose Cística de Adultos do Hospital da PUCRS, do qual optei por deixar de ser recentemente. Assim como fui Coordenador de um Serviço de Pneumologia de um grande hospital de Porto Alegre do qual também optei por me desvincular. Fui especialista médico de uma empresa do setor farmacêutico e deixei de ser antes da pandemia. Já fui funcionário de carteira assinada de hospitais, o que já não sou.

 

Não falo isso de modo melancólico.

 

Quase todos esses movimentos foram voluntários e pensados, foram opções, ou decisões, que tomei conscientemente, conhecedor de suas (potenciais) consequências. Movimentos pensados, baseados em uma ideia de vida que, como tudo, tem seus prós e contras. Algumas vezes, contudo, por mais que tenham sido planejadas e antecipadas as mudanças de rota, demoro (demoramos) a me (nos) acostumar com ela. Sei também que faz parte, é um processo.

 

Quanto mais o tempo passa, menos bagagem tento carregar, mais leve procuro andar. Por isso o deixar pelo caminho o que não está bem alinhado com aquilo que quero para mim. Procuro a serenidade de saber aquilo que preciso e o que não preciso – e isso vale para atividades e pessoas – em minha vida.

 

E assim seguimos, aprendendo a cada dia.


Até. 

terça-feira, junho 17, 2025

O Que Ela Vai Fazer da Vida?

A Marina está no segundo ano do ensino médio.

 

Já há algum tempo, as pessoas perguntam e assumem como verdade que ela provavelmente cursaria Medicina, afinal tem mãe e pai médicos. Tem uma certa lógica, concordo. E mais, as pessoas imaginam, ou imaginavam, que é o que gostaríamos que ela fosse. Que a medicina seria um caminho natural a ela. E que tentaríamos influenciá-la para tornar-se médica.

 

Nada mais longe da verdade.


Nunca, de forma alguma, pensei em influenciar a escolha da profissão da minha filha. Nunca dei nenhum palpite, e menos ainda com relação à medicina. Sempre pensei, e ainda penso, que a escolha deve ser totalmente dela, sem nenhum tipo de pressão minha ou de quem quer que seja. Esse é um “problema” dela.

 

Mais importante ainda, é que ela tenha a noção de que a decisão que tomar na hora em que for necessária essa decisão não é necessariamente definitiva, sem volta. Até pode ser, se ela gostar e quiser seguir pelo caminho de sua primeira escolha, mas sempre é possível revisar rumos e rotas.

 

Entendo que, em geral, a escolha de um caminho profissional tem um peso importante entre nossas escolhas de vida, mas – reforço – procuro criar um ambiente doméstico em que todos, a Marina, saibam que têm a liberdade e autonomia para escolher sem nenhum tipo de pressão de minha parte. 

 

Que saiba que vou apoiá-la em sua decisão, seja ela qual for.

 

Até.

segunda-feira, junho 16, 2025

Sobre o Caminho

Abdicar.

 

Toda decisão tem suas consequências. Todo caminho que tomamos, todo rumo que seguimos, toda opção que fazemos, sempre implica em abrir mão de possibilidades. Toda decisão é, também, uma renúncia. Temos que ter a sabedoria de saber lidar com esse fato.

 

Independente do quão certa uma decisão é para nós, sempre que decidimos algo, seguimos por um caminho, estamos renunciando às outras opções possíveis, fechamos uma porta a tudo que aquela rota não tomada potencialmente nos proporcionaria. Mesmo que tranquilos e certos do nosso caminho, ainda assim estamos “perdendo” algo.

 

Por isso é que nem sempre, ou quase nunca, é fácil se decidir. Temos que escolher uma rota e abrir mão de todas as outras possíveis. Esperar que o caminho que tomamos tenha menos obstáculos que aquele que não escolhemos, ou que seja aquele que nos leva aonde realmente queremos chegar.

 

Mas também devemos saber, e entender, que quase nada na vida é definitivo. Que sempre podemos repensar e reajustar o rumo, refazer caminhos, rever pessoas, corrigir. Virtualmente nenhuma opção que fazemos não pode ser alterada ou modificada.  

 

Levei tempo para aprender/entender isso.

 

E hoje em dia tento ensinar isso para os que estão à minha volta.


Até. 

domingo, junho 15, 2025

A Sopa

Faz todo o sentido.

 

Sem precisar pensar muito, é óbvio que um congresso médico é como um show de temporada. É fonte (para mim, ao menos) de uma energia fantástica. É o momento maior, resultado de meses de preparação, de reuniões, debates, de tomadas de decisão, tudo para entregar um produto/evento que seja o melhor possível. E que seja cada melhor.

 

Foi assim mais uma vez nesses últimos dias.

 

O XII Congresso Gaúcho de Pneumologia, evento capitaneado pelas Presidentes da SPTRS e da SOCITORS, as queridas Manuela Cavalcanti – a Manu – e Fabíola Perin, e também pela Diretora Científica da SPTRS, a tão querida quanto Fernanda Spilimbergo, foi, em termos de organização, grade científica e qualidade dos convidados, muito bom mesmo. Assisti a praticamente todas as apresentações e revisei e aprendi com elas.

 

Além dos encontros com colegas e amigos, parte tão ou mais importante do que a ciência. Congressos médicos servem também para reencontrar aqueles com quem não temos a oportunidade de conversar no dia a dia, reforçar laços, e até aquilo que chamam de networking...

 

E eu com isso?

 

Como se fosse um presidente de federação de futebol no Brasil, analogia que me ocorreu apenas ontem, eu faço parte da Diretoria da Sociedade de Pneumologia do Rio Grande do Sul desde 2008, já tendo passado por praticamente todos os cargos possíveis. Fiz parte da Comissão Organizadora desse ano, mas bem mais na retaguarda, dando um palpite aqui e outro ali, a ponto de não ser justo me darem qualquer tipo de crédito pelo sucesso do evento: é todo de quem esteve na linha de frente, e sei (lembro) que nunca é fácil.

 

Como dizia, pareço um presidente de federação de futebol do Brasil, entocado em diretorias consecutivas da SPTRS desde 2008. Sou o mais antigo das últimas diretorias, talvez o mais longevo continuamente. Veterano, posso dizer, e está findando meu tempo, a tarde encerra mais cedo, meu mundo ficou pequeno e sou menor do que penso...

 

Quando a nova diretoria for eleita, não devo estar nela, dando lugar para os mais novos, movimento que tentei fazer na última eleição, mas fui convencido a ficar por mais uma gestão. Ao sair, tenho sentimentos algo conflitantes quanto a isso: a certeza de que é a hora certa, a tranquilidade de ter feito minha parte, de ter contribuído da melhor forma que pude dentro do espírito associativo, a serenidade de saber que tem gente muito boa por lá, e a certeza de que vou sentir saudades de fazer parte. Porque em essência sou alguém que gosta/precisa se sentir parte de algo maior.

 

Até.

sábado, junho 14, 2025

Sábado (e nos palcos da vida)

 

Photo by Zé Carlos de Andrade


Sábado passado, no Grezz.
Grande momento, grande momento.

Bom sábado a todos.

Até.

sexta-feira, junho 13, 2025

Paris

Descia eu a Boulevard Saint-Michel em direção ao Sena, após passar pelo Jardin du Luxembourg, em um entardecer com chuva de outono, as folhas de cores que iam do amarelo ao vermelho eram pisadas pelos passantes que ia ou voltavam de seu trabalho diário, até a esquina com a Boulevard Saint-Saint Germain. Onde antes eu estaria procurando um café com internet, se ainda estivesse no início dos anos 2000, agora voltava para reencontrar uma parte de minhas memórias.

 

Algumas vezes caminhara por aquelas ruas, seguira até às margens do rio, de onde veria a Notre Dame agora terminada a restauração após o incêndio, parando bem na esquina com a Quai des Grands Augustins de onde – nos últimos momentos do século vinte ligáramos para o Brasil para desejar felicidades às nossas famílias antes de jantarmos e nos juntarmos a uma multidão para entrar no século vinte e um aos pés da torre sob chuva e depois voltar caminhando madrugada adentro, frio e chuva, até o Quartier Latin, onde ficava nosso hotel, passando por pessoas e nos saudando mutuamente com Bon Anné...

 

Lembrei também de quando, anos depois, percorri a Champs Elysées iluminada à noite apenas olhando as luzes pela janela do carro, sentado só, no banco de trás, desde a Place de la Concorde até próximo ao Arc de Triomphe, onde ficava o hotel em que estava a trabalho, e pensava no quão legal era estar ali, naquele momento, mas que Paris era bem mais legal quando junto das pessoas certas. 

 

Ou então de quando ficamos uma manhã inteira esperando para ver se meu irmão ia seguir viagem comigo e com a Jacque, de carro em direção aos Alpes, ou se iria seguir a viagem dele conforme planejada antes de nos encontrarmos ali mesmo, em Paris, após um ano em que ele morara nos Estados Unidos, ainda antes de sua mudança definitiva para lá. Aquela época, ainda ficávamos na Rive Gauche, Rue des Écoles. Foi bem depois que “nos mudamos” para o Marais e para os apartamentos alugados...

 

Foi nesse momento, em que passava pelo Centre Pompidou, que fechei o Google Maps, decidi voltar a 2025 e deixar as lembranças para outra hora.


Até. 

quinta-feira, junho 12, 2025

Serenidade

Confesso que, volta e meia, penso na fragilidade da vida, na impermanência. A única constante que existe é que tudo muda o tempo todo no mundo, nada é para sempre. Muitas vezes vivemos a dificuldade em aceitar que nem sempre teremos controle sobre o que nos acontece.

 

Vale para a passagem do tempo.

 

Eu parei de jogar futebol, por exemplo. Não interessa que insinuem que foi um bem para o futebol eu não jogar mais... Fisicamente, não consigo. Minhas últimas tentativas foram frustrantes: de cinco jogos que participei, em quadro saí machucado de alguma maneira, lesões musculares, contusões e, na última, provavelmente foi quando fiz a hérnia de disco que me levou à cirurgia meses depois. Aprendi, nesse momento, que não era mais para mim.

 

O que não quer dizer que não fiz mais atividade física, evidentemente. Sigo fisicamente ativo, mas, futebol, não. 

 

Com esse mesmo sentido, é comum no consultório a queixa de que “envelhecer é ruim, doutor”, no que prontamente respondo que a opção que existe a envelhecer até hoje ninguém voltou para dizer que era melhor, então eu pretendo envelhecer. E sei que vou enfrentar limitações e dores (algumas até já existem) que virão com o tempo, e entendo também que quanto mais tempo levar para aceitá-las, as limitações, mais vou sofrer.

 

Pretendo – trabalho - para ficar velho. 

 

Busco a serenidade e a força para aceitar as consequências das minhas decisões, permanecer em pé em meio às intempéries do caminho, e estar presente para os meus nos momentos e que eu for necessário. 

 

E talvez até bater uma bolinha vez que outra.


Amém.


Até. 

quarta-feira, junho 11, 2025

Tolerância

O mundo é muito grande, e povoado por muitas pessoas diferentes. Que são, pensam e vivem de jeitos diferentes dos nossos, e está tudo bem. O fato de alguém pensar ou viver diferente de ti não torna esse alguém melhor ou pior do que ninguém, especialmente do que de ti.

 

Por isso sair de nossa bolha de tempos em tempos é saudável. Colocar a cabeça para fora de nossa toca, ver ou viver outras realidades é importante. Saber que há muito mais por aí, além do alcance de nossa vista. Temos que ser humildes nesse sentido.

 

Viajar é uma forma de sair da bolha.

 

Visitar lugares diferentes, novos para nós, conviver com pessoas em e com realidades diferentes das nossas apenas enriquece nossa experiência. Fortalece a empatia, fortalece nossa humanidade. Não só quando viajamos, claro.

 

Estarmos dispostos a conversar, no sentido do ouvir atento e da reflexão com relação ao que foi dito e ouvido, só traz benefícios. Não tentar impor aos outros nossas crenças e pensamentos, nossa forma de viver que, se é a “certa” para nós, não é necessariamente para os outros. Isso se chama tolerância.

 

A vida, e o mundo, seriam bem mais simples se que cada um vivesse sua vida e respeitasse as decisões e a forma de viver dos outros. Lembro sempre da música do Lulu Santos, que diz:

 

Consideramos justa toda forma de amor.

 

Até.  

terça-feira, junho 10, 2025

Meu Compromisso com a Verdade

Trago aqui uma verdade inconveniente.

 

Sei que acabarei com ilusões, desagradarei muitos, motivarei expressões de contrariedade e protestos acalorados. Paciência. Chegou a hora de expor a verdade, de caírem as máscaras. Se sou eu quem tem que ir para o sacrifício por isso, que seja. Me imolarei em praça pública, porque as pessoas podem ter opiniões, mas eu tenho compromisso com a verdade.

 

Preciso dizer que existem apenas dois tipos de pessoas no mundo, a saber: as que não gostam de inverno e as que precisam acreditar que gostam do inverno quando na verdade, no fundo, não gostam. Ou não gostam e não sabem que não gostam, ainda não se deram conta de que não gostam.

 

Eu, por exemplo, muito afirmei em meu passado que preferia o inverno, era fã dos dias frios, achava a neve linda (lembro aqui do conto do argentino de Santa Fé em Toronto...) até que tive a revelação, como uma epifania, mas com os dedos da mão dentro da luva quase congelando. O inverno de verdade não é bom.

 

Argumentos contra a verdade virão, eu sei, dizendo que é legal ver a neve, estar em volta da lareira, vinho e tal. Tudo certo, tudo bem. Mas aí não é gostar de inverno, é gostar de férias, o que é diferente de viver o dia a dia do inverno, com ou sem neve. Gostar de estar em uma cabana nos Alpes, na época do Natal, olhando a neve cair enquanto estamos protegidos e aquecidos não é gostar de inverno, como eu disse.

 

Inverno é um saco, o frio é ruim, os dias mais curtos e as noites mais longas só são boas para dormir, admito. De resto, é muito melhor viver com os dias mais longos, temperatura amena, encontros com os amigos e churrascos.

 

Chega dessa lenda de que o inverno é melhor.

 

Pelo fim da hipocrisia.

 

(Contém ironia. Ou não...)


Até.

segunda-feira, junho 09, 2025

Sobre Sábado e a School of Rock

Quando, em fevereiro de 2022, eu assisti ao show de verão da School of Rock Benjamin POA, com a participação da Marina, fiquei tão emocionado que acabei me matriculando como aluno, e o resto é história, já cantada em prosa e verso por aqui. Hoje, por ser também sócio, tenho – como costumo dizer – dupla militância: em parte pessoa física (aluno) e parte pessoa jurídica (sócio). 

 

Estou dos dois lados do balcão.

 

O que tem vantagens e desvantagens, como em tudo na vida. Enquanto aluno, não busco e não tenho nenhum tipo de privilégio por também ser sócio, exceto, talvez, por ter algumas informações antes do público em geral, digamos assim. De forma alguma eu tento interferir nas atribuições do Diretor Musical, ou influenciar em meu favor ou da Marina.

 

Poderia, por estar “do lado de cá do balcão”, perder o encanto que me fez querer fazer parte da escola. Seria como o fato de conhecer o por trás dos bastidores tirar o encanto da experiência. 

 

Nem perto disso.

 

A experiência de um show de temporada permanece, e se torna mais intensa justamente por fazer parte do todo, porque o senso de pertencimento que é característico da School of Rock só aumenta, junto com a habilidade e o grau de proficiência musical, que são resultados também do esforço pessoal de cada um. Esse senso de pertencimento, que senti desde o início, desde que era apenas pai de aluna, continua forte, e não só para mim.

 

A mãe de um dos novos alunos que estavam no ensaio geral que fizemos uma semana antes do show do último sábado veio comentar conosco que até aquele momento, o do ensaio geral, quando estávamos todos juntos, ela ainda não havia entendido o espírito da escola, mas que agora ela entendia, sentimento reforçado, como ela disse no sábado, com o show que fizeram/fizemos. Ou então de um amigo, que agora é também aluno e que fez seu primeiro show com a gente, que se emocionou vendo os grupos do Performance (dos adolescentes) com integrantes que conhecia (conhecemos) desde bem pequenos.

 

É muito bom ver que o sentimento, o encantamento, continuam o mesmo, e que estou (estamos) no caminho certo.


Até. 

domingo, junho 08, 2025

A Sopa

Sobre liberdade de expressão e piadas ruins.

 

Duas verdades (minhas, ao menos) que são como cláusulas pétreas na vida: primeiro, posso não concordar ou não gostar do que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-lo; e, segundo, o destino de uma piada ruim é o esquecimento, jamais a prisão. Quem esteve mais ou menos atento ao que se passou no Brasil na última semana certamente sabe que me refiro ao caso do humorista e artista de stand-up comedy, Léo Lins, condenado em primeira instância a oito anos de prisão e multa milionária por ter feito em seu show piadas vistas como misóginas e preconceituosas.

 

Eu acho uma condenação absurda.

 

Não sou fã, aliás, do pouco que vi/ouvi de seu trabalho não me interessou, como não me interessam muitas coisas em termos de humor, algumas de teatro e, principalmente, música. Logo, não dou audiência, e é isso. Se ele faz piadas misóginas ou homofóbicas, eu não vou ver porque eu não tenho interesse. E se aparecer em minhas redes sociais, eu vou ignorar. Assim como faço com piadas que tratam o gaúcho como gay. Não é para mim.

 

Sim, as pessoas têm direito a se sentirem ofendidas com piadas e/ou comentários. Porém, se esses comentários não estão fazendo apologia ao crime, incitando violência ou algo do gênero, sempre pensei que a melhor forma de lidar com isso, o melhor destino de uma piada ruim é o esquecimento. “Fazer onda” – processar alguém!? - por uma piada de mau gosto é amplificar sua audiência, é aumentar sua relevância, dar a ela uma importância que não tem.

 

Qual é o limite do humor e da liberdade de expressão?

 

Para mim, não fazer apologia ao crime, como eu disse, e não incitar a violência de nenhuma forma. Mesmo que eu não concorde ou goste do que o outro está dizendo, se o que ele diz não promove a violência de nenhuma forma, ele tem o direito de pensar e dizer o que quiser (até pensei em falar sobre músicas que fazem apologia ao crime e à violência sexual, mas resolvi deixar para lá, apenas não as ouço, apenas ignoro sua existência, apenas não entram em minha casa...).

 

Até. 

sábado, junho 07, 2025

Sábado (e uma foto antiga de viagem)

 

Final de tarde

Sob o céu da Toscana.
Cavalierino Organic Winery, Montepulciano.
Junho de 2014.

Bom final de semana a todos.

Até.

sexta-feira, junho 06, 2025

Felizes Estranhos

Felizes Estranhos é o título de um texto/crônica escrita há quase quarenta anos por um irmão meu da vida, Márcio Neves, que conta a história do nosso pequeno grupo do colégio, do Curso de Operador de Computador Manhã da Escola Técnica de Comércio da UFRGS, lá na segunda metade dos anos oitenta. De como nos conhecemos, nos reunimos e como – de certa forma – a proximidade nos afastou. É um texto que é importante para alguns de nós que vivemos aquele tempo e estivemos evolvidos na situação.

 

Vinha chegando no trabalho por esses dias e – do nada – o título me veio à lembrança, trazendo com ele memórias daquele tempo e uma reflexão sobre o título, que é brilhante, e que dá a entender que éramos uma turma boa, cuja convivência era agradável, leve e divertida apenas enquanto não nos conhecíamos bem, e que foi só realmente aprendermos que eram os nossos companheiros que descobrimos que não eram tudo aquilo que pensávamos ou imaginávamos. Teria sido necessário nos conhecer melhor para entender que não éramos quem gostaríamos de conviver com.

 

Pensando agora, olhando para trás com os olhos do tempo e da experiência, me parece que realmente o que aconteceu – diferente do que o título faz parecer, e que é como eu também pensava – foi que crescer nos afastou. As mudanças rápidas daquele período, normais, da vida, acabaram por selecionar aqueles que seguiriam junto conosco, manteriam a amizade ao longo dos anos vindouros.

 

Como acontece ao longo de toda a vida, aliás.

 

Estamos sempre mudando (evoluindo ou não, não importa) e as pessoas que fazem parte de nossa vida vão mudando junto porque nem sempre as “antigas” se encaixam em nossas novas versões. É normal, é da vida. Precisamos saber deixar para trás aquelas que não tocam no mesmo tom que nós, que não estão na mesma sintonia, que não fazem mais sentido.

 

Algumas ficam, contudo.

 

Essas são especiais.

 

Até.

quinta-feira, junho 05, 2025

A Semana

Há alguns anos, percebi que uma semana normal de trabalho – para mim – era como escalar uma montanha. Iniciava na segunda-feira subindo, a terça era de uma subida mais íngreme, e atingia o ponto máximo na quarta-feira, que era quando começava a descida que seria gradual até a sexta-feira, quando iniciava o final de semana em um tempo em que já não trabalhava aos sábados e domingos. Como disse, era um início de semana pesado, cansativo, e que ia diminuindo de intensidade ao longo dos dias.

 

Algum tempo depois, olhando retrospectivamente, até piorou, pois a escalada tornou-se mais longa, evoluindo para uma quinta-feira de viagem para algum lugar do Brasil, retornando no dia seguinte para ainda chegar em tempo de trabalhar. Pensando bem, era loucura, mas durante um tempo foi assim e foi bom.

 

Hoje em dia a semana é bem ocupada também, o consultório – ainda mais no outono e inverno – demandando bastante, mas, também, minhas outras atividades ligadas à música e à escrita (novidades em breve!). A quarta-feira – que eu sempre disse que era o melhor dia da semana, porque o dia anterior recém era terça-feira e o dia seguinte já será quinta-feira – é praticamente toda dedicada às minhas atividades não médicas. É como se eu fizesse uma pausa em ser médico no meio da semana.

 

A quinta-feira, então, é de retorno ao ofício de médico com consultório o dia todo, para chegarmos na sexta, que é de trabalho, mas já em um clima mais leve, de fechamento da semana. O final de semana, mesmo que tenha atividade de trabalho, é o final de semana... 


Falando nisso, sábado tem show no GREZZ, com ingressos esgotados. 


Vai ser bem legal.

 

Até.

quarta-feira, junho 04, 2025

Um Pouco Estoico

Um dito popular afirma, em outras palavras, que nenhum dos nossos problemas, nossas preocupações e angústias, é realmente importante, significativo, quando olhamos para a grandeza do Universo e para o “curto” período de vida que temos. Vai na mesma linha do dito estoico de que sofremos mais em nossa imaginação do que na realidade.

 

Também com esse sentido é saber que as pessoas estão usualmente preocupadas com suas próprias vidas, e o quê fazemos diz respeito apenas a nós mesmos e que ninguém está nem aí para isso. Ter conhecimento disso, aceitar e viver essa ideia, é - de certa forma - libertador. O que deve nos motivar a viver experiências diferentes, conhecer pessoas novas e visitar novos lugares.  

 

Ou não.

 

Cada um sabe de si, o que é melhor para sua vida, e ninguém ter nada a ver com isso (e, repito, ninguém está nem preocupado com isso). Julgamentos e críticas na maior parte das vezes dizem muito mais da pessoa julgando do que do “julgado”.

 

Penso, e tenho procurado viver cada vez mais dessa forma, que devemos seguir nosso caminho, aquele que nos é verdadeiro, e valorizar sempre aqueles que andam conosco, que fazem parte de nossa jornada.

 

E botar a cara na rua, viver.


Até. 

terça-feira, junho 03, 2025

Perdidos na Montanha (ou no Tempo)

Por esses dias, li um desses ‘memes’ na internet em que um senhor grisalho dizia que “envelhecer me faz pensar nas pessoas que perdi pelo caminho” e complementava com “talvez eu nunca devesse ter sido guia de montanha...”. Achei ótima piada, mas fez pensar.

 

Fico feliz – meio frustrado, também – por eu nunca ter sido guia de montanha, ou mesmo alpinista, ou ainda por não viver perto da montanha. Já falei sobre isso, meu fascínio pela montanha, que começou com a primeira vez que estive no Vale D’Aosta, saindo de Turim, norte da Itália, próximo à fronteira com a França. Hoje em dia, claro, os meus joelhos não permitiriam isso.

 

A brincadeira me fez pensar em todos que ficaram pelo caminho, e minha – provavelmente – estúpida (não sei se esse é o melhor termo) mania de tentar retomar contato com pessoas que saíram da vida, do convívio mais próximo. Sempre parece que vale à pena, pelo respeito que tenho por quem caminhou comigo em ao menos uma parte da minha jornada.

 

A pergunta é: estou certo em fazer isso, ou deveria deixar para trás, deixar no passado quem esteve no junto comigo no passado? Costumo pensar que devo – se há a oportunidade – ao menos tentar reencontrar, relembrar, não sei se retomar, mas celebrar quem foi importante em algum momento do passado e que – por diferentes razões – não está mais junto no dia a dia.

 

E você, o que pensa disso?


Até.