sexta-feira, janeiro 31, 2025

A Realidade e um Sorriso

Matrix.

 

A realidade não é realidade. Ela é como a interpretamos, como a vemos. A realidade está em nós e é diferente para cada ser humano. Nunca perco de vista essa verdade, mas lembro dela especialmente quando penso no meu carro.

 

Quando comprei o meu atual carro, escolhi um modelo que fosse família, ou seja, tivesse capacidade de transportar pessoas – familiares, amigos da Marina, entre outros – também carga, ainda antes de saber que transportaria equipamentos musicais de lá para cá para shows que fazemos da School of Rock Benjamin. Mais, escolhi um carro para que eu não precisasse pensar em trocá-lo por ao menos cinco anos.

 

Vai completar seis desde que comprei.

 

E está muito bem.

 

Confesso, contudo, que de tempos em tempos eu penso que está na hora de trocar por um mais novo, mas que tenha os mesmos pré-requisitos do atual, como falado antes. Atualizar o modelo é uma opção. 

 

Quando aumenta muito essa sensação de necessidade, eu me utilizo do estratagema de mudar a realidade. Levo o carro para ser lavado. Pronto. Simples assim. Saio com um carro novo, e a percepção da necessidade de troca se esvai como em um passe de mágica. Prático e BEM mais barato...

 

A realidade, então, é como a fazemos. 

 

Vinha pensando nisso ao chegar para trabalhar esses dias, em um dos hospitais em que trabalho. O dia se torna melhor, por exemplo, quando chegamos nos locais de trabalho ou estudo, logo pela manhã, e damos ‘bom dia’ para as pessoas - mesmo que não as conheçamos - com um sorriso. Isso molda a percepção de todos, torna as coisas mais leves.

 

Procuro – nem sempre consigo – não esquecer que tornar a vida leve na maior parte das vezes é bem simples.

 

Vale tentar.


Até. 

quinta-feira, janeiro 30, 2025

De um outro tempo

Eu cresci em um mundo analógico.

 

Os meus primeiros escritos, em uma tentativa de fazer literatura, e que não eram trabalhos de escola, foi utilizando uma máquina de escrever, que é – para quem não conhece – um aparelho que, à medida de digitas ele ‘imprime’ ao mesmo tempo... Muito utilizei a máquina Olivetti que tinha em casa e que hoje está guardada como uma relíquia pelo meu irmão em sua casa nos Estados Unidos, junto com alguns dos MEUS discos de vinil, mas essa é uma discussão que terei que ter com ele...

 

Muito ouvi, aliás, discos de vinil, que depois foram substituídos pelos CDs, que prometiam, entre outras vantagens, um som mais límpido e puro, sem ruídos e chiados que eventualmente os de vinil possuíam. Que foram substituídos pelos Mp3, que baixávamos da internet – piratas ou não – e, finalmente, pelo streaming, que oferecia um mundo de músicas em um toque, mesmo aprendendo depois que a qualidade do som era bem inferior às mídias anteriores. Com o tempo, completando o círculo, os vinis estão retornando, sob o argumento de que o som, com os ruídos e chiados é mais puro.

 

Falava eu, então, que cresci em um mundo analógico, no tempo em que o Eskibon era de caixinha, e as pessoas utilizavam dinheiro em espécie. Há uns poucos anos, ao pagar um cachorro-quente em uma madrugada antes de voltar para casa em uns dias em que estava ‘soltinho’ pela cidade, ao usar dinheiro vivo, ouvi a expressão que aquilo era do tempo ‘dos Maias e dos Astecas’. Faz parte, sou antigo, mas não parado no tempo.

 

Evoluo.

 

Ontem, por exemplo, saí de casa em cima da hora para uma reunião de trabalho. Ao chegar no carro para sair, percebi que havia deixado minha carteira, com dinheiro, cartões e documentos em casa. Por um segundo, pensei em voltar para buscar, mas decidi passar um dia sem a carteira, novidade para mim. Quase um experimento.

 

Documento de identificação, documento do carro, cartão de crédito e aplicativos para fazer pix, tudo obviamente no celular. Se eu fosse parado no trânsito, ou precisasse me identificar, tudo certo. Qualquer compra, pix ou cartão de crédito. Muito simples e prático, mas sair sem a carteira, sem o peso no bolso de trás da calça, isso foi novo para mim.

 

Correu tudo bem, obviamente, mesmo que – ao longo do dia – estranhasse o bolso da calça sem o peso dela. Ao final de dia, em casa, me senti orgulhoso de mim mesmo.

 

Sou assim, pequenas coisas da vida me deixam feliz...


Até. 

quarta-feira, janeiro 29, 2025

Espelho

Volto ao tema da percepção que as pessoas têm de mim.

 

Apesar de ser um tema recorrente meu, não o é a ponto de ser uma preocupação constante, evidentemente, porque isso – se fosse real – me faria ‘travar’ nas relações cotidianas. Mas, sim, é algo em que volta e meia eu penso e paro para refletir.

 

Mesmo procurando ser e sendo ‘eu mesmo’ em todos os ambientes por onde circulo, é óbvio que as relações são diferentes e pessoas em diferentes ambientes de convívio me veem de maneiras diferentes. E certamente é por isso que a maioria parte das pessoas têm um instantâneo nosso, um recorte de quem somos que é adequado para a situação e lugar quando e onde convivem conosco.

 

Lembrei disso após o almoço de ontem em nossa tradicional ‘mesa reservada’ no restaurante Vila Olímpica, junto ao Centro Esportivo da PUCRS e ao lado do Centro Clínico da PUCRS. Já falei dela, de que temos um grupo mais ou menos fixo, de colegas médicos, alguns que já foram meus professores, de idades variadas em que boa parte das vezes sou o mais novo, e almoçamos juntos ao menos duas vezes por semana. 

 

Almoçávamos, então, e conversávamos assuntos diversos, normalmente amenidades e bobagens, o que torna o clima sempre leve e divertido. Em meio à conversa, fiz um ou dois comentários em tom sério, grave, mas de absolutas inverdades. Rimos todos, e alguém falou que “quem lê o que ele escreve pensa que é alguém tímido, circunspecto, mas não é nada disso...’

 

Olha só, eu sou tímido, mas também não sou.

 

E extrovertido.


E mal-humorado e resmungão.

 

E simpático, querido e prestativo.


Chato, muitas vezes.

 

Sou legião. Muitos.


Até.   

terça-feira, janeiro 28, 2025

Gordo e estressado

Já fui.


Estou acima do peso que eu gostaria de estar? Meu abdome está, digamos, mais proeminente do que eu gostaria? Estou frustrado por isso?

 

Sim, estou. Sim, está. Não. De verdade.

 

Esses dias, ao cometer o erro de me pesar logo ao acordar, percebi que eu quase tinha atingido o peso que eu estava há cerca de seis anos, quando estive no Rio de Janeiro para um checkup requisitado pela multinacional da indústria farmacêutica em que trabalhava à época. Naquele checkup, feito em um período em que era sedentário, estava me sentindo gordo e estressado, e careca. Ou seja, com a autoestima bem em baixa. Apesar de bem remunerado, estava profissionalmente infeliz.

 

Isso foi logo antes de uma famosa fotografia minha tirada no final daquele ano de 2018, no recesso entre o Natal e o Ano Novo, em que estou sem camisa, sentado em um banco, e pareço MUITO mais pesado do que eu realmente estava. Foto essa que serviu de motivação para que eu decidisse que precisava dar um jeito na minha vida. De certa maneira, aquela foto foi o que impulsionou uma série de mudanças que decidi fazer na vida. 

 

Serviu como momento catalisador da minha decisão de que não terminaria o ano de 2019 trabalhando na empresa, e que deveria me preparar para o passo seguinte. Mudanças corporativas anteciparam minha saída da multinacional da indústria farmacêutica em que trabalhava para o início daquele mesmo ano, na metade de fevereiro, logo eu após voltar de férias.

 

O momento – mesmo sendo bem antes do que eu planejava – foi perfeito para que eu iniciasse a prática de atividade física regular, que segue até hoje, mesmo com as pausas para as cirurgias na coluna e no braço quebrado, junto com o ‘ano sabático’ que decidi fazer naquele 2019, focando apenas no consultório, sem atividades paralelas, como docência, por exemplo. O final do ano sabático coincidiu, em março de 2020, com o início da pandemia, e o resto é história.

 

Voltando ao meu peso atual, que só interessa a mim.

 

Desde o dia em que me pesei, com um pequeno controle, já baixei daquele patamar não desejado. A diferença, porém, é que parte desse excesso peso é de massa muscular, e – ao contrário da outra vez – não estou estressado, raspo o meu cabelo, e estou bem satisfeito com relação à minha vida profissional, e suas perspectivas.


Até. 

segunda-feira, janeiro 27, 2025

Quase Lá

Estou só pela sexta-feira.

 

Últimos dias de trabalho antes do período de duas semanas de férias, que passaremos no litoral norte do Rio Grande do Sul. Descanso, alguns churrascos, uma vinda à Porto Alegre para ensaio e um show na praia (dia 08/02 no Ramblas, em Atlântida, anote na agenda).

 

Desde a venda da casa da praia, em Imbé/RS, há mais de dez anos, o litoral do Rio Grande do Sul deixou de ser um destino certo dos nossos verões. Costumávamos buscar outros lugares para passar esse período do começo de fevereiro até logo antes de reiniciarem as aulas da Marina. Isso até o ano passado, quando decidimos ficar alguns dias por perto, e aluguei uma casa em um condomínio em Capão da Canoa.

 

Bem longe da praia, tanto é que fomos apenas uma vez até o mar, em um domingo de sol forte e dificuldade gigantesca para estacionar. Apesar disso, foi bem legal, com alguns churrascos com amigos, um show da School no Ramblas, e muita leitura para mim. Descanso mesmo.

 

Por isso a decisão de repetir o esquema esse ano.

 

Aluguei uma casa em condomínio mais uma vez, e vamos no próximo sábado pela manhã. Dessa vez bem mais próximo do mar (para poder ir caminhando). Planos de encontrar amigos, como já disse. Seguir minha rotina de leituras e escrita. Tocar e ouvir música.  Reenergizar, pois 2025 promete ser intenso, repleto de atividades muito legais.

 

Antes, contudo, devo remar por essa semana, até ‘sextar’ e entrarmos de férias.


Até. 

domingo, janeiro 26, 2025

A Sopa

Música.


Enquanto voltávamos à Porto Alegre, após a meia-noite, o final do longo dia no litoral, que começara pela manhã fazendo a mesma estrada em sentido contrário, para participar do Paleta Atlântida com a Confraria da AMHSL (dos médicos do Hospital da PUCRS) e depois para a jam session da School of Rock no Ramblas, em Atlântida, à noite, ouvíamos - a Marina, a Jacque e eu - música no carro. Tudo para que eu não ficasse com sono.

 

O telefone celular que estava conectado recarregando a bateria, e de cujo Spotify ouvíamos as músicas, era o da Marina, que estava ao meu lado, porque o plano dela era cantar o tempo todo para que eu não dormisse. Mesmo que eu tivesse dito que estava bem, sem sono, acabamos fazendo do jeito que ela(s) resolveu(eram). Após uma parada em um posto de gasolina na BR101 onde eu comprara um café, ela assumiu o controle da música, e disse que nos faria ouvir uma playlist especial que ela montara com músicas nacionais, e que gostaríamos.

 

Fiquei tranquilo porque já conheço o gosto musical dela, moldado por anos de exposição ao que eu (e a Jacque) considero boa música, formação essa completada pelo período em que é aluna da School of Rock. Então, não tinha como ser ruim a escolha de músicas dela.

 

Estávamos, como eu disse, retornando de um longo dia na praia, uma semana antes de voltarmos lá para um curto período de férias a partir do dia primeiro de fevereiro. Além do churrasco na beira da praia (Paleta Atlântida), seria o segundo final de semana de uma série de cinco com shows da School no Ramblas, e essa semana estava programada um jam session, palco aberto a quem quisesse participar na hora, e as pessoas seriam estimuladas a participares.

 

Haveria uma banda base, com o Maurício, professor da escola, multi-instrumentista e aniversariante do dia, mais o Thiago, baixista e sócio junto comigo, o Felipe, aluno de baixo, baterista e parceiro de todas as horas na escola, e eu, como guitarrista, e quem quisesse subir no palco e tocar algum instrumento ou cantar, era bem-vindo. O Thiago estimulava e chamava as pessoas a cantar. Eu, por exemplo, toquei músicas que eu nunca havia tocado sob a orientação em tempo real – em plena execução da música– do Maurício.

 

Foi muito legal. Mesmo.

 

Me lembrou três anos atrás, nesse mesmo Ramblas, que na época era by Roubadinhas, quando houve o show de verão da escola, em plena época do COVID, em que a Marina cantou e que – em meio ao show – tive uma epifania: era aquilo que eu queria para mim. Tanto é que no final do show fui perguntar ao Thiago, na época único dono, se a escola tinha programa para adultos. Respondeu que sim, e que - se eu iniciasse naqueles próximos dias – eu poderia participar da primeira temporada de Beatles e tocar no Sgt. Peppers Pub, em Porto Alegre.

 

Muito aconteceu desde então.

 

Não só toquei Beatles no Sgt. Peppers, toquei também Rolling Stones no Bar Opinião, e outros shows muitos legais nesse período, como também se criou um ambiente de comunidade, de pertencimento na escola. Vários shows depois, tanto no palco como na plateia, acabei me tornando sócio. Tudo começou, no final das contas, em um verão com música na praia.

 

E a playlist da Marina?

 

Ótima, o que reforçou minha convicção de estar fazendo um bom trabalho como pai...


Até. 

sábado, janeiro 25, 2025

sexta-feira, janeiro 24, 2025

Velho

Caminhava ao ar livre, fazendo o trajeto entre o restaurante e o Centro Clínico da PUCRS, onde tenho consultório, junto com um dos membros da nossa mesa reservada, a mesa redonda nesse restaurante em que nosso grupo de médicos, dos quais geralmente sou o mais novo, almoça quase diariamente, e conversávamos.

 

O assunto começara ainda durante o almoço, quando ele, do alto dos seus oitenta e cinco anos, em meio à conversa, nos disse com toda a autoridade que sua idade e notório saber permitem, que chegara um momento da vida em que era (éramos) comandados sem piedade por ela. Ela e seus caprichos.

 

A próstata.

 

Levantara e fora ao banheiro.

 

Seguimos o almoço e, na saída, fomos ele e eu conversando em direção ao hospital, e o assunto retornou. Dizia ele que envelhecer era complicado, mesmo que concordássemos que até hoje ninguém voltara para nos mostrar que a outra opção (não envelhecer) era melhor. Queixou-se de que sempre havia algum tipo de dor (no que me identifiquei) a incomodar, e que as limitações surgiam.

 

É claro que limitações, principalmente físicas, surgem à medida que o tempo passa, e somos obrigados (não temos outra opção) a aceitá-las. E não é fácil se adaptar às mudanças, à nova condição. Mas, de novo, não temos outra opção. Quanto mais rápido as aceitarmos melhor. Também é perfeitamente compreensível que – por nossa mente ainda estar ativa – tenhamos algum grau de frustração pelo corpo não mais acompanhar a mente.

 

Podemos até nos identificar como jovens, e eu – mesmo tendo como objetivo ser um ‘velho ranzinza’ – ainda me sinto assim, quase um guri, como quando me chamavam de Marcelinho. O problema é que os joelhos, a coluna e até o ombro estão ali para me (nos) lembrar de que não é bem assim... 

 

Um dia depois do outro, uma dor após a outra.

 

Tentando manter o bom humor.


Até. 

quinta-feira, janeiro 23, 2025

Sobre a Tolerância e Adultos Mimados

Tolerância.

 

Ao contrário daqueles que tem problemas com coisas como lactose e glúten, eu sempre fui a favor da tolerância. O mundo está cheio de intolerantes, acho que é hora de sermos mais da paz e aceitarmos os outros como são.


Não à intolerância!

 

Estou brincando, claro.

 

Mas tenho pensado, sim, em tolerância, em até que ponto devemos ser tolerantes com o comportamento dos outros perante nós. O quanto devemos aceitar determinadas atitudes e – como já dito – comportamentos.

 

Quando lidamos com crianças, tenho por princípio que a função delas é “esticar a corda”, em busca da segurança do limite. Elas precisam do ‘não’, de que estabeleçamos limites a elas, para saberem até onde podem ir, que tipo de atitude é permitida. Devem descobrir, na base da tentativa e do não recebido. Uma de nossas funções como pais, então, é orientar, ensinar e dar limites. 

 

E na medida certa.

 

Sem limitar demais a ponto de comprometer a autonomia e a confiança, mas sem liberar excessivamente que gere uma paradoxal sensação de insegurança nos filhos. Dosar entre esses extremos é a receita da criação de pessoas independentes e – na minha visão – com potencial de seres boas pessoas. É o que tento fazer diariamente na minha vida.

 

Por outro lado, adultos se portando como crianças mimadas não tem a minha menor simpatia ou tolerância. Zero. Não tenho mais paciência de lidar com pessoas assim.  Acho que já tive minha cota da vida de pessoas difíceis e intransigentes. Não preciso mais me submeter ao convívio com esse tipo de pessoa, que pensa que o mundo gira em torno de si e que todos temos que fazer tudo para satisfazer suas vontades e caprichos. 

 

Fico em silêncio perante essas pessoas.

 

Por enquanto.

 

Porque estão esticando a corda.

 

Não vão querer estar perto quando ela arrebentar...


Até. 

quarta-feira, janeiro 22, 2025

Sobre o Real e o Possível

Dimensões.

 

Trabalhamos normalmente em duas grandes dimensões da existência, e elas se interconectam. Em primeiro lugar, vivemos no plano do real, do dia a dia, onde pagamos contas e somos remunerados pelo nosso trabalho. Mas vivemos também no plano do possível, das possibilidades da vida, do que poderia, ou poderá, ser.

 

Com os pés no chão, caminhamos por entre compromissos e reuniões e burocracias às quais somos obrigados lidar cotidianamente, enquanto – ao menos para mim – o mundo das possiblidades permanece sempre presente, ao redor, ocupando cada espaço ou intervalo que surge. É nesse balanço, entre o real e o possível, que os dias passam.

 

Às vezes, a dimensão das possibilidades pode servir como uma fuga do real, o que pode ser bom por curtos períodos de tempo, algo como uma folga, mas viver “no mundo da lua” (um outro jeito que as pessoas se referem a isso) por muito tempo não é bom, atrasa a vida.

 

O melhor, sempre, é procurar fazer a transição entre o pensado, o possível, e o mundo real, o da realidade dos dias. Tornar aquelas possibilidades, realidades.

 

Eu tenho tentado fazer isso.

 

Um dia de cada vez.


Até. 

terça-feira, janeiro 21, 2025

Da Utilidade das Coisas

Modernidades.

 

Conversávamos esses dias, enquanto fazíamos um lanche a caminho do litoral norte do Rio Grande do Sul, sobre uma situação de uma pessoa conhecida e envolvendo a perda de, e a compra de um celular novo. Falávamos especialmente de como esse aparelho se tornou o centro de entretenimento de uma casa, além da importância que ele tem na vida diária das pessoas.

 

Também de como as coisas mudaram rapidamente nos últimos anos, de como os algoritmos estão influenciando as vidas de todos nós, e da preocupação – além das facilidades trazidas – com relação ao lado obscuro disso. Apesar do assunto pesado, o clima era leve, afinal estávamos no verão e rumo à praia. Até que eu disse que eu tinha uma verdade a dizer a eles, e que eles provavelmente não estavam prontos para aquela discussão, mas que eu precisava revelar a maior invenção do século.

 

air fryer.

 

O silêncio do descrédito pairou sobre a mesa, até que um dos integrantes disse que, sim, ele concordava comigo, e que a air fryer servia até para secar roupas no inverno.

 

Silêncio, novamente.

 

Não havia mais nada a ser dito.

 

Até.

segunda-feira, janeiro 20, 2025

Cinza

É a cor desta manhã de segunda-feira de janeiro.

 

O final de semana foi de bate e volta até o litoral para acompanhar o primeiro de cinco shows de final de semana da School of Rock Benjamin POA no Ramblas, em Atlântida. Saímos ao meio-dia de Porto Alegre, e retornamos após o show. O domingo foi de recuperação de sono.

 

O verão será assim, de finais de semana de shows na praia, mesmo em meio aos dias de férias que serão passados, convenientemente, na mesma praia dos shows. Bem no meio desse período, dia 08/02, anotem na agenda, será a minha vez de estar no palco.

 

Vai ser divertido.

 

Férias e música.

 

Tem coisa melhor?


Até. 

domingo, janeiro 19, 2025

A Sopa

Voltar no tempo.

 

Não falo aqui de olhar para o céu noturno e ver estrelas que estão tão distantes de nós que o que enxergamos agora é a luz que elas produziram há milhares (milhões) de anos e que levou todo esse tempo para chegar até aqui. Esse outro tema que me fascina: olhar o céu noturno é olhar o passado.

 

Talvez eu esteja falando do que algumas músicas nos causam ao ouvi-las, que é justamente nos sentirmos como se o tempo não tivesse passado ou estivéssemos de volta ao local e ao momento em que a ouvimos de maneira significativa. Como se entrássemos em algum tipo de transe, ou em uma fenda na barreira espaço/tempo, em um portal, ou nos teletransportássemos para o passado, e me vejo em determinados locais e épocas e com as sensações originais de então. 

 

E pode acontecer mesmo sem o gatilho da música.

 

Como sonhar acordado, mas nesse caso revendo/revivendo episódios que de alguma maneira foram marcantes no passado. E o interessante nisso é que pode ser quase qualquer acontecimento, e muitas vezes não sabemos a razão pela qual esse episódio ficou marcado ou porque ele retorna e se torna uma lembrança vívida, como se estivéssemos a vivendo novamente.

 

Existem aquelas memórias de bons momentos, claro, de episódios em que fomos muito felizes, ou que levaram a momentos felizes, ou ainda que foram determinantes para eventos seminais da vida. Por outro lado, existem aquelas que aparentemente não foram importantes e nem levaram a esses momentos grandiosos, mas que, por razões inescrutáveis para nós, ficaram marcadas em nossa memória.


A maior parte delas certamente tem sua importância exclusivamente para nós, e as pessoas que viveram conosco esses momentos não necessariamente tem a mesma memória deles que nós. Uma palavra dita, um gesto, que para nós foi significativo – para o bem ou para mal, no sentido de ser constrangedor, por exemplo – raramente o é para quem estava junto a nós. 

 

Voltar ao passado, então, funcionaria como (seria) uma forma de terapia. Registrar, contar, escrever sobre os diferentes episódios que insistem em retornar à consciência, pode valer como um meio de exorcizar algum potencial fantasma ou fazer um fechamento em situações que deveriam estar há muito no passado.

 

Ou é apenas uma desculpa para escrever minha autobiografia.

 

Sei lá.


Até. 

sábado, janeiro 18, 2025

Sábado (e uma foto de férias)

Campo dei Miracoli, Pisa
 

Férias de 2023.
Itália. Perdidos Mães e Filhos.

Bom sábado a todos.

Até.

sexta-feira, janeiro 17, 2025

Os Outros

Sou um cara humilde.

 

Quero dizer que estou sempre pronto para aprender, acho fundamental estar perto de pessoas que podem acrescentar algo em minha vida, em um sentido geral. Me sinto um eterno aprendiz.

 

Neste sentido, sou totalmente favorável a ouvir comentários (ia escrever feedbacks) a respeito do que estou fazendo, ou aprendendo, ou desempenhando. Essa troca de informações é importante. Como disse, sou humilde o suficiente para aceitar bem ensinamentos, dicas e orientações. Ajuda a mim, e a todos, a crescer.

 

Diferente de lugar em que já trabalhei em que feedbacks importantes eram feitos de maneira atabalhoada, desleixada, de forma que se tornavam quase pessoais, e perdiam seu objetivo, seu sentido. Como não fazer, foi o que aprendi, mas não vem ao caso. 

 

Além de estar sempre pronto, ansioso por aprender, ao mesmo tempo cada vez menos dou importância ao que os outros pensam de mim, assim como procuro não julgar os outros. Porque não sabem, e não sei, as circunstâncias da vida que levaram e levam às decisões que tomo e que tomam. Cada um tem seu caminho individual, sua própria estrada. E ninguém tem nada a ver com isso.

 

Por outro lado, mesmo cada vez menos levando em conta, ou não moldando minhas atitudes e escolhas por aquilo que os outros podem estar ou vão pensar de mim, confesso uma enorme curiosidade com relação a isso, ao que as pessoas pensam de mim, de quem sou e do que faço atualmente. E isso me fez pensar. Será que sou tão inseguro que preciso saber o que os outros pensam de mim? Ou sou tão confiante que tenho certeza de que vou gostar daquilo que elas pensam?

 

Não sei.

 

Provavelmente nem um e nem outro.

 

Ou um pouco dos dois.

 

Vai saber.

 

Até.

quinta-feira, janeiro 16, 2025

Ainda o Zen

Vez que outra, penso em como as pessoas lidam com a raiva.

 

Existem diferentes formas de lidar com frustrações, incompreensões, más vontades, pessoas inconvenientes, de caráter duvidoso, que atrapalham ou atrasam a vida, que fazem de tudo para perturbar, incomodar. Porque são assim ou porque querem encher mesmo o saco.

 

A violência física não é uma opção.

 

Talvez devesse ser, não sei, mas não importa.

 

Ignorar, fazer de conta que não é conosco, algumas vezes é bem difícil, mas não impossível. E pode ser que seja a melhor opção, essa de não permitir que os outros afetem teu humor, o que nem todos conseguem (eu não consigo) o tempo todo. Como lidar com isso, então, essa a questão.

 

Descarregar a raiva em uma atividade física, como correr, treinar, socar um saco de areia, por exemplo, é um bom uso, uma boa forma de descarregar a tensão. Xingamentos também. Nada melhor do que um “vai para a puta que te pariu” bem-posto, falado como todas as sílabas pronunciadas clara e pausadamente, para reduzir os níveis de estresse. É quase libertador.

 

Como disse, eu não sou budista e muito menos zen.

 

Mas entendo e aceito que não devemos ser (tão) suscetíveis a fatores externos a nós na determinação de nosso humor. Não vale à pena deixar-se ser perturbado por outros. A forma como reagimos ao mundo depende exclusivamente de cada um de nós.

 

Tenho trabalhado nisso, em ser menos vulnerável a fatores exteriores que potencialmente afetam meu humor e disposição. É o papo de se preocupar menos com o que os outros pensam de ti. Tenho tentado ser mais estoico em minha visão e jeito de lidar com o mundo.

 

Não temos tempo a perder com as mesquinharias da vida.


Até. 

quarta-feira, janeiro 15, 2025

Zen

Não sou budista.

 

Respeito quem é, claro, assim como respeito os devotos de todas as religiões e também quem não tem religião ou mesmo não acredita em Deus, Deuses, ou seja lá o quê for. Por mim, está tudo certo, cada um na sua, cada um no seu quadrado. É por isso, por acreditar que todas as crenças ou não crenças devam ser respeitadas, é que acho que um dos maiores problemas das religiões é querer ativamente se espalhar, converter os outros. 

 

Talvez se cada um ficasse na sua, vivesse a sua vida da forma que bem entendesse, que considerasse a melhor, e não incomodasse os outros, o mundo seria melhor, bem mais tranquilo. E falo de religião, sexualidade, futebol e política, entre outros temas. Uma forma de viver de forma mais equilibrada é apenas deixar que os outros vivam suas vidas do seu próprio jeito. Não tentar impor tua visão de mundo ao outros. 

 

Mas eu falava que não sou budista. Pois é, não sou.

 

Aquele papo de que a vida é sofrimento, de que o sofrimento vem do desejo e que a única forma de nos libertarmos do sofrimento é com a ausência de desejo não é para mim, infelizmente. Eu tenho desejos. Diversos. E talvez realmente não tenha alcançado a iluminação da ausência dos mesmos, mas nem sei se quero, para ser sincero. Além do mais, eu acho que o sofrimento vem da comparação.

 

Isso, sim, é o que venho tentando fazer: não me comparar com os outros. Porque cada um tem sua própria caminhada, suas próprias situações de vida que, se eventualmente podem parecer com as que vivemos, nunca serão as mesmas. A única comparação válida é quem éramos antes perante quem somos agora. O ‘Marcelo de hoje’ tem que ser melhor que o ‘Marcelo de ontem’. E os critérios que vou usar para essa avaliação são meus, e não importam a ninguém mais. Não posso me julgar baseado nos critérios dos outros. Até porque as pessoas estão preocupadas realmente é com suas próprias vidas, e estão certas.

 

Que cuidemos cada vez mais de nossas vidas e deixemos os outros viverem como bem entenderem.


Até.    

terça-feira, janeiro 14, 2025

Régua

Somos o que fazemos consistentemente.

 

Não é incomum por aí conhecermos pessoas que tomam para si o papel de juízes da virtude e de bastiões da moral serem flagrados fazendo em segredo aquilo que diziam ser errado, imoral. É a velha hipocrisia.

 

Em frente ao público, quando sob os holofotes, a pessoa mais doce e altruísta do mundo, enquanto na intimidade alguém difícil de conviver. Como eu disse, não é raro convivermos com pessoas assim. Antes de revoltante, esse tipo de comportamento é triste. São pessoas infelizes.

 

Por outro lado, ser alguém de fácil convívio, alguém disponível, pronto para ajudar quem precisa quando preciso, é uma qualidade a ser (muito) valorizada.  Tenho a sorte de ter alguns amigos assim. Sei que posso contar com eles assim como sabem que podem contar comigo. 

 

Essa é uma das réguas pelas quais avalio se tenho andado no caminho certo e com as pessoas certas pela vida. Estar próximo a pessoas confiáveis, e ser alguém confiável. Todos os dias, todos os dias. Sempre que chamado. Além disso, tem de ser algo que seja ou se torne natural, não forçado.

 

E churrascos. Sempre churrascos.


Até. 

segunda-feira, janeiro 13, 2025

Treze de Janeiro

Não.

 

O tempo não está passando mais rápido, como é comum termos a impressão. Veja só, entramos em dois mil e vinte e cinco e depois de amanhã já estamos na metade de janeiro. Loucura, não?

 

Não, uma vez mais.

 

Mas, sim, a impressão do passar acelerado do tempo é real para cada um de nós, e isso ocorre provavelmente pela quantidade de tarefas e atividades e distrações – redes sociais entras as principais – que nos fazem pouco parar para respirar, para olhar o mundo que nos cerca com mais calma. Estamos sempre correndo para fazer a roda girar.

 

O tempo passa, então, e corremos o risco de perdermos a perspectiva do que realmente importa, de quais são nossas reais necessidades como seres humanos, absortos que estamos em busca daquilo que os outros nos fazem crer que precisamos, sejam bens materiais, status social, aparências, coisas as quais – ao obtermos – se mostram vazias e sem sentido.  O que realmente precisamos não pode ser comprado, sempre digo.

 

As conexões, as pessoas, as relações, as – repito – histórias para contar. Isso é o que importa, isso é o que vamos valorizar quando o que é perecível e transitório ficar obsoleto, perder sentido.

 

Dois mil e vinte e cinco é, para mim, também um ano de reforçar as relações, viver mais histórias, estar mais próximo das pessoas que são importantes de alguma forma para mim.


Até. 

domingo, janeiro 12, 2025

A Sopa

Sinais.


Em uma passagem de uma dessas sitcoms americanas das quais sou grande fã, um dos personagens diz que ele vai deixar que o seu “futuro eu” resolva uma determinada situação. Deixa tudo como está no momento para que ele mesmo, mas em sua versão do futuro, resolva. Gostei do conceito, que tem uma certa relação com o conceito do avestruz para a resolução de problemas da vida.

 

Esse conceito diz que, em determinadas situações da vida, a melhor atitude a ser tomada é a de não fazer nada, “enfiar a cabeça na terra” como um avestruz, e esperar que as coisas se resolvam por si só. Mesmo sabendo que isso é uma lenda, que avestruzes não fazem isso de enterrar a cabeça na terra, eles apenas encostam a cabeça e o pescoço no chão para ouvir se há algum predador se aproximando ou para se camuflar, isso existe mesmo apenas como ditado popular, ainda assim a estratégia (procrastinadora?) em determinadas situações funciona.

 

Assim como os sinais.

 

Os sinais existem, sim, basta saber reconhecê-los. Eu, por exemplo, sou uma testemunha desse fato. Há quase dez anos, haveria o show do David Gilmour, lendário guitarrista do Pink Floyd, em Porto Alegre. Eu queira ir. Muito. Por alguma razão, contudo, não comprei ingresso e o tempo foi passando. Próximo ao show, sem ingresso comprado, tinha dúvidas sobre ir ou não. Decidi deixar ao acaso, ou o universo, se preferirem, decidir. Se fosse para eu ir, haveria um sinal. 

 

Poucos dias antes do show, estava deitado lendo, pouco antes de dormir, quando tocou o telefone. Atendi e era um amigo oferecendo um ingresso para o show, com carona para ir e voltar, e de camarote! Não podia dizer não, claro. Era o universo ou o acaso dizendo que eu deveria ir.

 

Passa o tempo e neste final de semana haveria o show do Humberto Gessinger celebrando os Acústicos do Engenheiros do Hawaii no Araújo Vianna, aqui perto de casa. Quando os ingressos foram postos à venda, eu ainda não sabia se estaria nesse final de semana em Porto Alegre, e eles esgotaram rapidamente, tanto que foi aberta uma data a mais, domingo, para um segundo show.

 

Ao longo dos anos, não tenho conseguido ir a shows dele. O último, ainda quando era Engenheiros, Gigantinho, há mais de trinta anos. Nunca conseguia conciliar, ou me organizar para ir aos seus shows, infelizmente. Até porque o Humberto Gessinger (e os Engenheiros do Hawaii) foi um dos que escreveu a trilha sonora de muitos momentos do meu passado. Não iria a mais um show dele.

 

Ainda tentei ver ingressos para esse domingo, sem sucesso.

 

Ontem acordei cheio de energia, por voltas das 7h. Fui na Feira Ecológica do Bom Fim, à academia e ao supermercado tudo ainda pela manhã. Após o almoço, após deixar a Marina na casa de uma amiga, aproveitei para o tradicional e revigorante sono do meio da tarde de sábado.

 

Ao acordar, uma mensagem no grupo de WhatsApp da minha turma de faculdade. Um amigo tinha um ingresso disponível para o show de ontem. 

 

Era o sinal! 

 

A mensagem havia sido enviada uma hora antes de eu vê-la, e não tinha certeza se ainda haveria a disponibilidade. Enviei mensagem ao grupo e a ele em privado. Não, não havia passado adiante o ingresso ainda. Era o ingresso era meu. Marcamos de nos encontrar para ir juntos.

 

O ponto de encontro foi a Lancheria do Parque. Atravessamos a Osvaldo Aranha, entramos no Parque Farroupilha e fomos ao Araujo.

 

Foi um baita show.


Até. 

sexta-feira, janeiro 10, 2025

Terapia

Eu não faço terapia.

 

Já fiz, contudo, há muito tempo, mais de trinta anos atrás, ainda no início dos anos noventa do século passado, ainda no segundo milênio da Era Cristã. E foi muito bom à época.

 

Foi mais ou menos um ano depois do acidente de carro do qual fui vítima e quando fiquei treze dias em coma internado em uma UTI, aos dezoito anos de idade, em uma história já contada algumas vezes e que está no meu livro ‘A Sopa no Exílio’, publicado pela Editora Bestiário. Fiz terapia porque aquele período após os acontecimentos, passado o período em que fui o centro das atenções de todos à minha volta, quando me dei conta definitivamente do que havia acontecido e, mais, do que poderia ter acontecido, realmente me perturbou. Foi bom para entender algumas coisas e, mais, me entender à época.

 

Após, nunca mais houve o timing – digamos assim – para que eu fizesse novamente, e acabei ao longo do tempo aprendendo algumas estratégias para lidar com as situações da vida que seriam talvez melhor levadas com o auxílio, com o trabalho de uma terapia. Isso não me torna melhor e nem pior do que ninguém, óbvio, e continuo certo de que terapia é algo extremamente útil. E não sou capaz de dizer que o período que fiz foi suficiente ou não, e nem isso importa, afinal a vida seguiu e estamos aqui, ainda na luta.

 

Sigo, por outro lado, constantemente refletindo e analisando a vida, tentando olhar com uma visão crítica e aprendendo com essas observações. É o meu jeito atual de lidar com as coisas, e – de novo – não quero dizer que isso é certo ou errado. É o meu jeito atual, é a forma que lido com as coisas.

 

Entre os temas atuais de meus pensamentos mais ou menos recorrentes está a finitude da vida e o viver o dia de hoje, viver o presente, que é tudo o que temos. O passado já foi, não existe mais, não pode ser alterado (apenas a forma como o interpretamos) e o futuro é uma possibilidade. Que será criado a partir do que fazemos agora.


Até. 

quinta-feira, janeiro 09, 2025

Quem sou eu?

Diferente de metas ou objetivos, quando falamos em propósito de vida, estamos nos referindo aos porquês de nossa vida. Claro que é importante termos objetivos estabelecidos, planos de curto, médio e longo prazo, mas é ainda mais significativo termos uma razão por trás, como falei, um propósito que dê sentido ao que fazemos, e que define quem somos, no final das contas.

 

Sigo nesse tópico, na tentativa de compreensão de quem sou e qual meu papel no mundo. Antes, porém, duas dúvidas: aos cinquenta e dois, quase cinquenta e três anos de idade, pai de família, médico há mais de trinta anos, eu não deveria já saber quem sou e qual meu papel na vida? Não é meio infantil ficar me questionando tudo isso?

 

Sim e não.

 

Sim, eu seu quem sou, sei os papéis que represento para o mundo, e tenho surfado bem por entre as gentes ao longo do tempo. O maior desafio neste tempo todo, a meu ver, foi me entender, saber meu lugar, enquanto a vida seguia seu curso inexorável. Vim bem até aqui. E não, pois apesar de saber quem eu sou hoje, estou (estamos) constantemente mudando, pois ninguém é estanque, ninguém está terminado.

 

É o bonito da vida.

 

Fazemos o caminho enquanto andamos, e com quem caminhamos é importante também. O mais importante da vida, nunca esqueço, são as relações, são as pessoas.

 

Até.

quarta-feira, janeiro 08, 2025

Quem é você?

O que nos define, na vida?

 

Essa é uma questão mais ou menos antiga para mim. Olhando para trás, penso que começou ao observar o meu pai e sua relação com o trabalho. Meu pai era alguém que trabalhava. Tinha, ou tenho, a impressão de que – ao longo do tempo – foi trabalhar o que deu sentido à vida para ele. Durante a semana, era o trabalho regular, remunerado, tanto como funcionário assalariado como empreendedor, atividades que exerceu ao longo da vida. E, aos finais de semana, era o trabalho em casa, o cuidado com o jardim e outras atividades. Eu temia que quando parasse de trabalhar ou fisicamente não conseguisse mais, ele começaria a morrer.

 

O que – de certa forma – se confirmou. 

 

Quando não pôde mais trabalhar, passou a se sentir sem utilidade, e claramente se deprimiu. Já não tinha mais outros interesses, e foi se afastando das relações sociais (também pelas limitações físicas). A meu ver, como filho, o trabalho não o definia, mas fiquei com a sensação de que acabou se tornando o principal em sua vida, o sentido. E, quando perdeu a condição física de executá-lo, ficou sem chão. Então, essa sempre foi uma das minhas preocupações, um dos meus grandes questionamentos existenciais. 

 

Até que ponto somos definidos pelo que fazemos?

 

Acho que, sim, muito do que somos tem relação com o que fazemos, mas não pode ser o que unicamente nos define. É inevitável que algo que fazemos todos os dias por muitos anos não molde nossa personalidade, nosso modo de ver o mundo. Insisto, contudo, que não deveria ser apenas nossa atividade profissional aquilo que nos define. 

 

Pergunto, então, a você, caro leitor: se você parasse de trabalhar hoje, abstraindo as óbvias questões financeiras, quais dos relacionamentos, quais amizades se manteriam, quais os interesses, o que você faria com sua vida?

 

Sua vida gira em torno do seu trabalho? 

 

É isso o que dá sentido à sua vida? É o que te define?


Até.    

terça-feira, janeiro 07, 2025

Ainda sobre Churrasco

Dormir é algo que faço bem. 

Independente do que acontece no mundo à volta, a capacidade de dormir bem sempre foi uma característica minha. Mesmo que a idade fisiologicamente torne o sono diferente, ainda assim permaneço “bom de cama”.

 

Não que eu nunca tenha feito uso de artifícios medicamentosos para induzir sono, evidentemente. Pelas mais diferentes razões, vez que outra lancei (lanço) mão de remédios para auxiliar seu início. Algumas vezes por ansiedade, outras por animação, nem sempre é simples pegar no sono.

 

De uns anos para cá, descobri que o consumo de álcool à noite – mesmo a pouca quantidade que usualmente bebo – tornam o meu sono superficial, irregular, não restaurador, e o preço é pago no dia seguinte. Por um tempo, fiquei em dúvida se não eram as refeições noturnas, como churrascos, mais do que o álcool, que atrapalhavam o sono. Fiz testes comigo mesmo, em diversas situações, e por um período razoável, até chegar à conclusão de que o churrasco era inocente. Não era ele que me fazia dormir mal.

 

Foi um alívio.

 

Honestamente, não faço questão de consumir bebidas alcoólicas. É divertido e tal, mas não é nem de longe algo fundamental, imprescindível. Já contei por aqui, mas os melhores carnavais que passei foram quando eu não podia ingerir bebidas alcóolicas por causa de medicações. Foi quando mais me diverti.

 

Então posso abrir mão tranquilamente de ingerir álcool.

 

Churrasco, por outro lado, não.

 

Os vegetarianos que me perdoem, mas churrasco é de vital importância. Além de uma refeição, é um ritual, é vida em comunidade, é parceria.

 

Churrasco é vida.

 

Até.