quinta-feira, outubro 17, 2024

Verão, horário

 Merda.

 

Houve uma entrevista coletiva de um ministro de estado brasileiro no dia de ontem para anunciar que NÃO teremos horário de verão esse ano. Como eu disse, que bosta.

 

Sou – evidentemente – um entusiasta do horário de verão, e o final desse, em 2019, pelo governo anterior, foi um erro monumental. Um dos argumentos é que a economia é pequena. Com tantos gastos, e déficit em contas, sempre imaginei que qualquer economia valesse à pena. Nos países do norte, não se discute esse assunto. Seis meses de horário de verão. Ponto. Final de outubro e final de março, se não me engano, é quando ocorre a mudança.

 

Paciência, ainda não será esse ano.

 

Olho para fora e vejo o céu azul sem nuvens, manhã de primavera.

 

Sábado não tem mais previsão de chuva em Florianópolis.

 

E tem Paul McCartney...  

 

Até.

quarta-feira, outubro 16, 2024

Aula de Como Viver

Sempre aprendendo.

 

Um dos meus objetivos de vida é esse, aprender constantemente. Procuro ser, ou, melhor, sou humilde o suficiente para saber que todos sempre tem algo a me ensinar em virtualmente todas as situações. Algumas vezes mais, outras menos, evidentemente. 


(E isso não tem nada a ver com o fato de as pessoas poderem ter sua opinião, mas eu não, eu tenho um compromisso com a verdade...)

 

A vantagem de conviver com pessoas (algumas muito) mais experientes do que eu, é a oportunidade que tenho de conversar, ouvir suas histórias e ensinamentos. Trocar ideias, ser orientado mesmo que o interlocutor não tenha a exata noção disso. E, além disso, circulo atualmente por ambientes bem diversos, e posso conhecer pessoas com vivências bem diferentes das minhas.

 

Tenho saído da minha bolha.

 

Ou, talvez, a minha bolha esteja se tornando cada vez maior (o que facilita – veja só – que ela seja rompida).

 

Não era da minha bolha que queria falar, contudo.

 

Ontem, como de rotina, parei para um café da Associação dos Médicos do Hospital São Lucas, ambiente de convivência entre colegas (como já falei inúmeras vezes) que foram meus professores e agora são amigos, e uma conversa acontecia. Parei para ouvir, evidentemente.

 

Dizia esse colega que foi meu professor, psiquiatra, que – do alto dos seus setenta e dois anos – continuava trabalhando e, de segunda a sexta-feira tinha essa idade, setenta e dois, mas nos finais de semana tinha muito menos, às vezes quinze, outras, vinte anos. Fisicamente, não negava sua idade e aparência, mas sentia-se e de certa forma agia como se tivesse muito menos quando não era “obrigado” a se portar como um médico de respeito de setenta e dois anos. E que era ele em todos esses momentos.

 

Que já não iria escalar uma montanha ou saltar de paraquedas, mas ainda se divertia muito, aproveitava muito. 

 

Perfeito.

 

Que aula, que aula.

 

(ah, ele foi um dos homenageados da minha turma de medicina há 30 anos).


Até. 

terça-feira, outubro 15, 2024

Rádio e memória

Sobre música e memória.

 

A minha formação musical, como com a maioria das pessoas, começou em casa, com meus pais. Nenhum dos dois tocava algum instrumento, mas tenho fortes lembranças de domingos em que ligavam o som e ouvíamos os discos do Chico Buarque e Paulinho da Viola. Roda Viva, a Banda, e outras eram a trilha sonora, e foram a base.

 

Depois, o primeiro disco de vinil que comprei, quando ganhei meu primeiro aparelho de som (na época, o que se chamava de vitrola) foi do Queen, ‘The Game’, porque havia ouvido na escola sobre a banda. E também um compacto da Blitz que no lado A tinha “Você Não Soube Me Amar” e no lado B uma faixa que dizia “nada, nada, nada” ...

 

A partir daí, a minha formação passou muito pelo rádio, desde – lá nos anos 80 – quando comecei ouvindo ao dormir a rádio Cidade (“Love Songs”) e a rádio Universal, com Clóvis Dias Costa e o ‘Ritmo 20’ e o ‘Ritmo 20 in Love’. Um repertório bem pop.

 

Até que conheci a rádio Ipanema.

 

E mudou tudo. Aí sim o meu gosto musical foi moldado definitivamente, e tenho lembranças boas do tempo em que ouvia direto, com a familiaridade com os apresentadores, desde a Kátia Suman, da noite, até o Alemão Vitor Hugo, das manhãs, passando pela Mary Mezzari, o Eduardo Santos e o grande Mauro Borba, entre outros. Foi – como os porto-alegrenses sabem – uma rádio lendária. 

 

O tempo, como em tudo, foi implacável, e a rádio Ipanema terminou, com seus personagens se espalhando por outras rádios e projetos. Antes ainda, o Mauro Borba havia saído da Ipanema e ido para a Felusp que virou 107,1, Pop Rock e por último Mix FM, esta última um perfil de rádio que não faz o meu gosto pessoal. Na passagem de Pop Rock para Mix, acabaram dois programas que o Mauro Borba apresentava, ‘A Hora do Rush’ e ‘Boys Don’t Cry’.

 

Bom, há alguns dias foi anunciado e ontem ele voltou ao rádio (ou ao meu horizonte musical, digamos assim). Ele saiu da Mix e foi para a 102.3 FM, rádio “adulta” de música do Grupo RBS. ‘A Hora do Rush’ de novo no rádio. Eu ouvi, e foi como se estivesse voltando no tempo, a trilha (“a cortina”) do programa, as músicas tocadas. Senti como se o rádio ganhasse novamente uma dimensão maior e merecida depois de muito tempo. Me senti representado.

 

Foi legal.

Até. 

segunda-feira, outubro 14, 2024

Era Sábado

Foi quando aconteceu.

 

Sempre disse, e continuo afirmando, que o sábado de manhã é o melhor momento da semana (o melhor dia, por outro lado, é a quarta-feira, o que requer uma explicação que não vou dar agora). Tudo pode acontecer em um sábado (e, diz a música, todo mundo espera alguma coisa se um sábado à noite). Até acidentes, evidentemente.

 

Como há um ano, exatamente dia quatorze de outubro.

 

Era uma manhã de sábado como outra qualquer, e as nuvens cobriam todo o céu naquele início de dia. Acordei cedo como de hábito, tomei café e me preparei para sair de bicicleta (bike, se preferirem), hábito ou rotina de finais de semana e feriados dos quatro anos anteriores, de mais de nove mil quilômetros pedalados. Bicicleta revisada há pouco tempo, equipamento de segurança – capacete, luvas, óculos – em dia, saí de casa normalmente.

 

Fui por uma quadra da Ramiro Barcelos pela calçada até entrar na Av. Independência, onde segui em direção ao Centro de Porto Alegre pelo corredor de ônibus. Após cerca de cem metros, no momento em que começa uma leve descida que vai até a esquina da Rua Santo Antônio, troquei de marcha e acelerei.

 

A partir daí as coisas ficam confusas, e não lembro exatamente o que acontreceu, apenas de deixar a bicicleta no lugar em que sempre a deixo na garagem e de imagens, flashes, no elevador. Entrei em casa e a Jacque, recém acordando, me pergunta o que aconteceu. Digo que caí de bicicleta e que estava tudo bem. Perguntou como foi, quem tinha me ajudado e como estava a bicicleta, perguntas para as quais eu não tinha resposta.

 

Não lembrava...

 

Ato contínuo, virei e voltei à garagem para constatar que a bicicleta estava lá, intacta. Já o meu relógio, um Apple Watch, era perda total. Eu tinha o meu lado esquerdo, ombro, quadril e joelho com escoriações, e queimaduras do contato com o asfalto, meu rosto da mesma forma, e dor na região do punho direito. Pelo fato de não lembrar o que ocorrera, decidimos ir para o hospital para uma avaliação neurológica (era um traumatismo cranioencefálico).

 

 O banho foi muito dolorido, evidentemente.

 

Para ir ao hospital, pedi ajuda e um amigo me deu carona.

 

Lá, tudo bem com a parte neurológica, mas o braço quebrado. Isso faltando duas semanas para o show de temporada da School of Rock, do qual participei sem tocar, evidentemente.

 

No final de outubro, cirurgia e colocação de placa, com sucesso.

 

A partir de então, mudei o meu discurso. Sempre dizia que eu era um cara que caía. Como o discurso molda a realidade, parei com isso.

 

Não sou um cara que cai. 

Até. 

domingo, outubro 13, 2024

A Sopa

De volta.

 

A semana que passou foi de viagem e congresso médico. Foi interessante como algum tipo de reconexão íntima com a medicina, posso dizer. Fiz um intensivo de aulas em assuntos que me interessavam mais, nem tanto para atualização, mas mais como reafirmação de que sei o que estou fazendo, afinal me atualizo quase semanalmente com leituras e discussões. Claro que sempre tenho muito o que aprender, mas reafirmei para mim mesmo que continuo no caminho certo.

 

Congressos são também para encontrar e reencontrar pessoas, para conversas mais tranquilas, o que chamam de networking. E para conviver socialmente com colegas e amigos que nem sempre conseguimos. Rever antigos colegas é outro ponto bom nestes eventos.

 

Voltei na sexta-feira após o meio-dia, e o sábado foi de voltar a ver o sol e voltar também ao trabalho relacionado à música, que pode até cansar fisicamente, mas proporciona satisfação e felicidade (ontem foi dia de assistir mais uma vez a Marina no palco, e ela está cada vez melhor). À noite, Marina e eu fomos comer uma pizza com a Bárbara e o Felipe, queridos amigos que a música nos proporcionou. Estava bem legal. Enquanto isso, a Jacque está em Recife em um congresso onde vai dar aula, e volta na terça-feira. 

 

A semana intensa, com viagem, encontros, conversas, muita medicina, terminou com música. Apesar de ter passado pouco tempo com a Jacque e a Marina, ela foi bom resumo do que penso da vida e falo quase sempre por aqui, que o que conta são as conexões, as boas relações que criamos e que são a chave para uma boa vida.


Até. 

sábado, outubro 12, 2024

Sábado (e já voltei)

Ponte Hercílio Luz


De volta em casa após o Congresso Brasileiro de Pneumologia.

Bom sábado a todos.

Até.


sexta-feira, outubro 11, 2024

A Teoria da Ilha (3)

Ainda a ilha. 

 

Persiste a chuva, e por vezes me sinto na Porto Alegre de Ramilonga, ‘ares de milonga que vão e me carregam, por aí...’. Sem céu azul, sem o sol, nem mesmo aquele que ilumina, mas não aquece. Últimos momentos de congresso, vou assistir à manhã de atividades e – por volta do meio-dia começo o retorno para casa.

 

Como a Sbórnia do Nico e do Hique, ilha flutuante que se separou do continente, eu circulo enquanto ilha por entre as pessoas e os grupos no congresso, ora aqui, ora ali. Tenho o privilégio de fazer parte de grupos diferentes com os quais tenho boas conexões. São os momentos em que sou parte de um arquipélago (afinal, não somos todos ilhas?).

 

Hoje mais cedo tomava café da manhã com uma colega que é dez anos mais velha que eu, conversávamos sobre um amigo em comum, sobre nossas rotinas de vida e dizia ela que o tempo passava rápido (e eu não sei?)  e que eu deveria aproveitar esses dez anos que eu tinha a menos que ela. 

 

Está certa.

 

Até.