Depois daquele jogo de tres semanas atras, comentei que a Argentina tinha dado um banho de bola no Brasil, este sendo “o Paraguai” da Argentina, em referencia `a vitoria brasileira obtida no jogo de Porto Alegre, dias antes do confronto de Buenos Aires.
Pois bem, ontem, na final da Copa das Confederacoes, isso se inverteu: a selecao que havia apanhado feio em Buenos Aires deu show em Frankfurt. Isso que so vi o segundo tempo, num cafe de nome Brasiliano, nome aparentemente italiano num bairro portugues. Sentado tomando um cafe, vi o quarto gol brasileiro antologico, numa jogada tipica de um ole que estava sendo aplicado na selecao argentina.
Foi bom. Mas nao sei ainda o que penso sobre a utilizacao do “quarteto magico” em todas as partidas. E isso que o Ronaldo nem jogou!
Abaixo, o que a imprensa argentina publicou sobre o jogo.
Pablo Aimar se tomó la camiseta con algo de rabia y la estrujó como diciendo “aquí está todavía”. Acababa de maquillar con un gol pleno de rabia el baño de fútbol que Brasil le estaba dando a Argentina en Francfort. Pero poco más que eso.
Sin gol y sin argumentos, la Selección Argentina fue arrasada como pocas veces en la historia del superclásico sudamericano. La final de la Copa Confederaciones, a un año del Mundial de Alemania 2006, no fue la mejor ocasión para mostrarse tan débil. El 1-4 fue un resultado muy doloroso para una Selección que llegaba con el aura de “la mejor del mundo” tras el 3-1 sobre Brasil tres semanas atrás en Buenos Aires. Pero Brasil marcó que su potencial ofensivo –al fin y al cabo lo decisivo en el fútbol– es muy superior al argentino. El “cuarteto mágico” de Kaká, Robinho, Ronaldinho y Adriano fue de otra galaxia en comparación con la anemia ofensiva de Delgado y Figueroa.
Delgado llegaba con un fuerte dolor de garganta y todo el equipo arrastraba el cansancio de un maratón de partidos en las últimas semanas. Figueroa fue clave con tres goles ante Australia y providencial con su empate ante México, pero ayer no convirtió, ni siquiera inquietó.
El duelo de las dos “R” entre Riquelme y Ronaldinho se fue claramente del lado del brasileño y así la Argentina se quedó vacía de fútbol. Riquelme intentó, se movió y creó peligro en la primera media hora, pero le faltó un compañero para poder armar algo. Pekerman se lo dio en el segundo tiempo, cuando puso a Aimar en vez de Cambiasso. Para ese entonces, el partido ya estaba 3-0, y Riquelme desapareció.
La defensa argentina tampoco estuvo en el nivel esperable. Cada vez que Cicinho habilitaba a un compañero desde la derecha, la línea de cuatro era perforada. Heinze se rearmó con cierto orgullo tras haber sido pasado por encima en el minuto 11 por un Adriano rumbo al gol, pero estuvo lejos de poder evitar el desastre. Al igual que Placente o Coloccini, que luchó y pegó sin poder evitar que la ofensiva verdeamarilla se le colara por los costados. Tanto, que Zanetti debió abandonar pronto sus ambiciones ofensivas para intentar contener lo incontenible. Desde fuera del área, tras recibir de Robinho, Kaká la colocó muy lejos de las manos de Lux, en el ángulo izquierdo. Era el 2-0, a los 16 minutos, a Argentina se le oscurecía la noche.
Cambiasso, parado delante de la defensa, tampoco pudo frenar a Ronaldinho, que se paseó con peligro cuantas veces quiso, Cicinho fue un estilete sin tregua y Adriano volvió a amargar el partido a Argentina, tal como lo hizo en la final de la Copa América.
El lateral hizo apenas empezado el segundo tiempo una jugada de pizarrón. Desborde, centro al área buscándolo a Ronaldinho, que estuvo donde tenía que estar y con un toque de derecha se adelantó a Coloccini. Otro centro de Cicinho terminó en la cabeza de Adriano y luego en la red, un 0-4 insoportable que apenas mitigó el descuento de Aimar. No sirvió para opacar el brillo brasileño en el triunfo más holgado en 37 años.
Crônicas e depoimentos sobre a vida em geral. Antes o exílio; depois, a espera. Agora, o encantamento. A vida, afinal de contas, não é muito mais do que estórias para contar.
quinta-feira, junho 30, 2005
quarta-feira, junho 29, 2005
Visite o sítio
Diz a sabedoria popular (?) que ir à Roma e não ver o Papa não é ir à Roma, assim como ir à Paris e não subir na Torre Eiffel é não ter visitado Paris. OK, confesso, então, eu nunca fui nem à Roma nem à Paris, se esses critérios forem os determinantes, os definitivos. Quanto tempo e dinheiro desperdiçado visitando isso que podemos chamar, então, de espectros, simulacros talvez, das duas cidades!
De qualquer forma, seja lá que nome dêem a esta cidade que não é Roma, que por não ver o Papa visitei pensando ser a capital da Itália (se bem que o Papa não mora na Itália e, por extensão, não pode morar em Roma já que a última é parte da primeira, e o Papa vive no Vaticano, estado independente, bom… deixa prá lá…) e – por segurança e tradição joguei uma moedinha sobre o meu ombro (esquerdo? direito? já não lembro) na Fontana de Trevi para poder voltar a esta cidade que – já disse – eu pensava ser Roma. Assim como, ao percorrer caminhando o trecho entre os jardins do Trocadero até o Arc du Triumph e daí pela Champs Elysees até a Place de la Concorde e desta até o nosso hotel perto da Sorbonne, na madrugada de primeiro de janeiro de 2001, a primeira madrugada do milênio, sob uma chuva fria e constante, nós (a Jacque, o Caio, a Aline, o Magno e eu) não estávamos em Paris, mas em algum outro lugar ou dimensão, tudo por culpa minha, que não subi para apreciar a vista do alto da torre.
Ficou claro que não simpatizo com essas “obrigações turísticas”. O mais legal de uma viagem é simplesmente andar, descobrir a cidade – seja ela qual for – por conta (claro que seguimos orientações de um guia – o meu preferido é o Fodor’s), mas sempre temos a possibilidade e a liberdade de visitarmos alguns lugares fora do roteiro mais tradicional. Talvez por isso nunca tenha viajado de excursão.
Nada contra quem viaja desta forma, absolutamente. Só que não é pra mim. Talvez um dia seja, mas não por enquanto.
Porém, contudo, entretanto, fugi do que queria falar.
Quando em Paris (onde está agora o meu amigo que escreve neste blog com o pseudônimo de Ombro Amigo), não dá para não ir ao Louvre… Brincadeira, claro que dá. Mas eu fiz questão de ir, porque – ao contrário de subir na Torre Eiffel – me senti compelido a ir. Um imperativo moral, expressão que gosto muito mas devo evitar usar com freqüência para não banalizá-la. Museus são locais que eu sinto dever de visitar (tá, Jácque, eu sei que eu ainda não fui no ROM!).
Mas o Louvre não é um museu fácil. É muito grande, é um mar de coisas a serem vistas. Claro, não dá para ver tudo numa visita, é extremamente cansativo, fisica e mentalmente falando. Existem outros museus que se pode fazer isso, comprar o guia explicativo das obras do museu e visitá-lo olhando obra por obra, cada escultura e cada pintura, mas o Louvre não. Pelo menos não em uma única visita. O ideal é fazer várias visitas. Se não é possível, dá para estudar um roteiro das principais (“mais famosas”) obras, só ir vê-las e sair.
Agora – e finalmente chego ao que eu queria dizer desde o início – dá para se ter uma idéia boa do museu, de suas obras, fotos do exterior do museu, da pirâmide e dos Jardins da Tulleries. É só visitar o site do museu aqui.
Vale à pena, se não para planejar uma visita, ao menos para sonhar com uma.
Até.
PS – Neste momento exato, por coincidência (?), ouço Ed Motta cantando “Há algum para ser feliz, além de abril em Paris…”.
Fui.
De qualquer forma, seja lá que nome dêem a esta cidade que não é Roma, que por não ver o Papa visitei pensando ser a capital da Itália (se bem que o Papa não mora na Itália e, por extensão, não pode morar em Roma já que a última é parte da primeira, e o Papa vive no Vaticano, estado independente, bom… deixa prá lá…) e – por segurança e tradição joguei uma moedinha sobre o meu ombro (esquerdo? direito? já não lembro) na Fontana de Trevi para poder voltar a esta cidade que – já disse – eu pensava ser Roma. Assim como, ao percorrer caminhando o trecho entre os jardins do Trocadero até o Arc du Triumph e daí pela Champs Elysees até a Place de la Concorde e desta até o nosso hotel perto da Sorbonne, na madrugada de primeiro de janeiro de 2001, a primeira madrugada do milênio, sob uma chuva fria e constante, nós (a Jacque, o Caio, a Aline, o Magno e eu) não estávamos em Paris, mas em algum outro lugar ou dimensão, tudo por culpa minha, que não subi para apreciar a vista do alto da torre.
Ficou claro que não simpatizo com essas “obrigações turísticas”. O mais legal de uma viagem é simplesmente andar, descobrir a cidade – seja ela qual for – por conta (claro que seguimos orientações de um guia – o meu preferido é o Fodor’s), mas sempre temos a possibilidade e a liberdade de visitarmos alguns lugares fora do roteiro mais tradicional. Talvez por isso nunca tenha viajado de excursão.
Nada contra quem viaja desta forma, absolutamente. Só que não é pra mim. Talvez um dia seja, mas não por enquanto.
Porém, contudo, entretanto, fugi do que queria falar.
Quando em Paris (onde está agora o meu amigo que escreve neste blog com o pseudônimo de Ombro Amigo), não dá para não ir ao Louvre… Brincadeira, claro que dá. Mas eu fiz questão de ir, porque – ao contrário de subir na Torre Eiffel – me senti compelido a ir. Um imperativo moral, expressão que gosto muito mas devo evitar usar com freqüência para não banalizá-la. Museus são locais que eu sinto dever de visitar (tá, Jácque, eu sei que eu ainda não fui no ROM!).
Mas o Louvre não é um museu fácil. É muito grande, é um mar de coisas a serem vistas. Claro, não dá para ver tudo numa visita, é extremamente cansativo, fisica e mentalmente falando. Existem outros museus que se pode fazer isso, comprar o guia explicativo das obras do museu e visitá-lo olhando obra por obra, cada escultura e cada pintura, mas o Louvre não. Pelo menos não em uma única visita. O ideal é fazer várias visitas. Se não é possível, dá para estudar um roteiro das principais (“mais famosas”) obras, só ir vê-las e sair.
Agora – e finalmente chego ao que eu queria dizer desde o início – dá para se ter uma idéia boa do museu, de suas obras, fotos do exterior do museu, da pirâmide e dos Jardins da Tulleries. É só visitar o site do museu aqui.
Vale à pena, se não para planejar uma visita, ao menos para sonhar com uma.
Até.
PS – Neste momento exato, por coincidência (?), ouço Ed Motta cantando “Há algum para ser feliz, além de abril em Paris…”.
Fui.
terça-feira, junho 28, 2005
Top 10 List – Decisions
The Top 10 ethical dilemmas facing patients today, determined by medical ethicists:
1. Conflicts pitting doctors against patients/families over treatment decisions.
2. Setting priorities related to medical waiting lists.
3. Access to needed health-care resources for the growing numbers of aged, chronically ill or mentally ill.
4. Shortage of family phycisians/primary-care teams.
5. Medical error.
6. Palliative treatment for the terminally ill.
7. Achieving informed consent.
8. Issues relating to research.
9. Substitute decision-making (i.e. families making decisions for incapacitated patients).
10. Surgical innovations and new technologies.
Fonte: University of Toronto Joint Centre for Bioethics, Clinical Ethics Group
segunda-feira, junho 27, 2005
Por quê?
Muitos não entendem por que eu prefiro os computadores da Apple (Macintosh) em relação aos que usam o sistema operacional do seu Bill Gates.
Com a palavra, o dicionário...
1. mac
A very easy to use computer. It doesn't crash all the fucking time like P.C.'s do. It is alot easier to work with and gets better results and is MUCH faster than a pc. You can't play many games on it, but its best for its internet capabilities.
"I'm a retard. I use a P.C. It crashes all the time and I think I'll have to buy a new computer because this one sucks so much. Maybe this time I'll be smart and take a mac."
2. Mac user
a) Person who uses an Apple Macintosh computer (called macs for short). Typically characterized as being significantly far less suicidal / homicidal and in a significantly more pleasant and satisfied state of mind than a windoze user because his box doesn't crash every four minutes and because macs happen to be immune to virsuses and actually, you know, work.
mac user: “my mac rocks.”
windows user: “goodbye cruel world” (*inserts shotgun into mouth while still double-clicking into another bluescreen of death.*)
b) someone who can't be normal and use PCs like the rest of us.
"Stupid Mac User, their computer crashed again!"
c) Someone who is not compatible with the rest of society or other computers.
d) Mac users are the people in the office who dont are always ringing up tech support on connectivity
3. Mac OS X
The greatest operating system out there, but only for cool people with Apple's computers like the very cool new iMac or the powerbook G4.Some people think that Macs can't do anything crappy peecees can do, but the truth is that it can do things peecees can do 100% better, plus more. Those people are total dickwads.
4. Macintosh
a) The computer you purchase when you are serious about your work.
“My Windows computer wouldn't crash so much if it was a Macintosh!”
b) 1. The hottest computer system in the world.
2. A type of apple.
“Macs are too cool for examples.”
Fonte: http://www.urbandictionary.com/
Com a palavra, o dicionário...
1. mac
A very easy to use computer. It doesn't crash all the fucking time like P.C.'s do. It is alot easier to work with and gets better results and is MUCH faster than a pc. You can't play many games on it, but its best for its internet capabilities.
"I'm a retard. I use a P.C. It crashes all the time and I think I'll have to buy a new computer because this one sucks so much. Maybe this time I'll be smart and take a mac."
2. Mac user
a) Person who uses an Apple Macintosh computer (called macs for short). Typically characterized as being significantly far less suicidal / homicidal and in a significantly more pleasant and satisfied state of mind than a windoze user because his box doesn't crash every four minutes and because macs happen to be immune to virsuses and actually, you know, work.
mac user: “my mac rocks.”
windows user: “goodbye cruel world” (*inserts shotgun into mouth while still double-clicking into another bluescreen of death.*)
b) someone who can't be normal and use PCs like the rest of us.
"Stupid Mac User, their computer crashed again!"
c) Someone who is not compatible with the rest of society or other computers.
d) Mac users are the people in the office who dont are always ringing up tech support on connectivity
3. Mac OS X
The greatest operating system out there, but only for cool people with Apple's computers like the very cool new iMac or the powerbook G4.Some people think that Macs can't do anything crappy peecees can do, but the truth is that it can do things peecees can do 100% better, plus more. Those people are total dickwads.
4. Macintosh
a) The computer you purchase when you are serious about your work.
“My Windows computer wouldn't crash so much if it was a Macintosh!”
b) 1. The hottest computer system in the world.
2. A type of apple.
“Macs are too cool for examples.”
Fonte: http://www.urbandictionary.com/
domingo, junho 26, 2005
A Sopa 04/49
Ainda o exílio.
Após a sua primeira fase, que é a chegada, o ser “arrancado” do mundo anterior e deixado num mundo novo, desconhecido, onde não existem referências maiores, passamos para a segunda fase, ou etapa. É a primeira fase da adaptação.
De novo, e insisto nisso, tudo o que relato sobre o exílio está relacionado única e provavelmente exclusivamente ao meu exílio pessoal, que não é realmente um exílio, mas funciona como, em termos de distância e tempo de reflexão. Aqueles que imigram para cá não têm uma experiência semelhante, porque sua vinda é para começar uma nova vida aqui – pelas mais diferentes razões – e normalmente não vêm sozinhos. Ou vem com a família ou formaram uma nova família aqui, e por isso, vêm. Estão se estabalecendo e – de certa forma – largaram tudo o que tinham no Brasil para fazer a nova vida dar certo.
Imagino que sentem-se “obrigados” a gostar do Canadá (o que não é nada difícil), já que a vinda foi uma decisão pensada, o processo de imigração é longo, tiveram tempo de estudar e ponderar bem sobre a decisão. Em boa parte, já sabem o que os espera na chegada, e o que vão enfrentar nos primeiros tempos, mas - mesmo assim - os primeiros seis meses, algumas vezes até mais, são difíceis: procura de emprego, ausência de experiência canadense (que conta muito na hora de conseguir o trabalho).
A minha situação foi (é) diferente. Eu não imigrei, não vim pensando em ficar aqui, vim por tempo limitado (incerto quando cheguei, mas definitivamente limitado), só, mas com “emprego” garantido. Por isso, sob certo prisma, não tinha obrigação de gostar daqui, já que não ia ficar o resto da minha vida morando no Canadá. Acho que tinha duas vantangens com relação a quem imigra: tinha o meu emprego garantido desde a chegada e não precisava gostar da cidade ou do país, afinal se eu achasse “muito ruim”, eu podia voltar para casa, que é em Porto Alegre.
Claro que essa hipótese – desistir, voltar para casa – jamais entrou em discussão. Em algumas ocasiões especiais, quis com maior insistência viajar à Porto Alegre para ficar junto da família, como quando da cirurgia da Kaká ou no aniversário da Jacque. Desistir nunca, retroceder jamais, esse sempre foi o lema, desde os Perdidos…
A segunda fase, então.
A segunda fase foi o início do trabalho no hospital, já acampado no apartamento onde moro até hoje, criar uma rotina de trabalho, de estudo. Atender pacientes em outra língua que não o português e – mais – discutir os casos com o meu supervisor. Eram vários testes simultâneos: estavam sendo testados o meu conhecimento e postura como médico, minha capacidade de comunicação, minha flexibilidade (para me adaptar ao ambiente de trabalho). Tudo ao mesmo tempo, óbvio, e o período de avaliação era de no máximo doze semanas. Eu tinha três meses para mostrar que eu era capaz de ser fellow aqui.
Não que eu estivesse preocupado. Não estava. Mesmo. Desde que a possibilidade da minha vinda tornou-se concreta, a minha grande preocupação sempre foi com o lugar em que eu iria morar, nunca se eu iria me adaptar ou não ao trabalho. As pessoas perguntavam o que eu iria fazer aqui e eu respondia que não sabia exatamente. “Como não sabe?”, era a reação mais comum. Não sabia, tinha uma idéia vaga, mas não me preocupava muito, não. Um pouco de inconsequência? Talvez.
Não sabia o que me esperava, mas confiava na minha capacidade de adaptação. O que mais me preocupava era realmente o inglês, a comunicação. Nos primeiros dias, foi combinado que eu ficaria acompanhando as consultas para depois, aos poucos, começar a atender os pacientes sozinho. Foi mais ou menos assim: no primeiro dia, realmente acompanhei, mas no segundo dia faltou um dos residentes e fui para a luta… O primeiro paciente que atendi foi como se eu nunca tivesse atendido um paciente antes. Toda a técnica de entrevista com o paciente que eu havia aprendido anos antes foi esquecida porque eu estava mais preocupado em entender o que o paciente dizia.
Mas foi só o primeiro. Depois, tudo ficou tranquilo. E veio a parte boa, que era atender o paciente, discutir o caso com o meu supervisor (que perguntava, “O que tu acha? O que fazemos? Por quê?”) e quando voltávamos para falar com o paciente de novo (pois eram pacientes dele) ver que ele lidava com eles e explicava as coisas quase que exatamente da mesma forma que eu fazia com os meus pacientes no Brasil. Foi como uma validação externa das minhas condutas e posturas, e isso foi bem legal.
Paralelamente a isso, eu terminava de escrever a minha tese de doutorado, e aí já é a terceira fase, que se mistura com a segunda, mas da qual vou falar no próximo domingo.
============================================================
Ciência e Religião
by Nelson Lehmann
E o eterno debate entre crentes e ateus sempre retorna.
A ciência desbanca a fé na medida em que evolui, segundo a tese comtiana. A fé confirma a ciência, de acordo com conservadores. Ora, seriam antes distintas esferas, que não deveriam interferir uma na outra. A ciência se propõe a responder à pergunta COMO? A religião quer responder ao POR QUÊ?
Perquirir como se originou o universo, como se processou a evolução, como se alcança a Cidade Perfeita, é função da ciência. Mas o Por Quê existe o universo e nossa consciência dele, não é pergunta que se ponha a um cientista. Estamos na esfera do religioso. O agnóstico apenas pode exigir que nos abstenhamos de perguntar o POR QUÊ.
Já a Filosofia nos ensina a fazer perguntas. A formular com maior exatidão as questões, o que já sugere implicitamente uma vontade de saber.
Após a sua primeira fase, que é a chegada, o ser “arrancado” do mundo anterior e deixado num mundo novo, desconhecido, onde não existem referências maiores, passamos para a segunda fase, ou etapa. É a primeira fase da adaptação.
De novo, e insisto nisso, tudo o que relato sobre o exílio está relacionado única e provavelmente exclusivamente ao meu exílio pessoal, que não é realmente um exílio, mas funciona como, em termos de distância e tempo de reflexão. Aqueles que imigram para cá não têm uma experiência semelhante, porque sua vinda é para começar uma nova vida aqui – pelas mais diferentes razões – e normalmente não vêm sozinhos. Ou vem com a família ou formaram uma nova família aqui, e por isso, vêm. Estão se estabalecendo e – de certa forma – largaram tudo o que tinham no Brasil para fazer a nova vida dar certo.
Imagino que sentem-se “obrigados” a gostar do Canadá (o que não é nada difícil), já que a vinda foi uma decisão pensada, o processo de imigração é longo, tiveram tempo de estudar e ponderar bem sobre a decisão. Em boa parte, já sabem o que os espera na chegada, e o que vão enfrentar nos primeiros tempos, mas - mesmo assim - os primeiros seis meses, algumas vezes até mais, são difíceis: procura de emprego, ausência de experiência canadense (que conta muito na hora de conseguir o trabalho).
A minha situação foi (é) diferente. Eu não imigrei, não vim pensando em ficar aqui, vim por tempo limitado (incerto quando cheguei, mas definitivamente limitado), só, mas com “emprego” garantido. Por isso, sob certo prisma, não tinha obrigação de gostar daqui, já que não ia ficar o resto da minha vida morando no Canadá. Acho que tinha duas vantangens com relação a quem imigra: tinha o meu emprego garantido desde a chegada e não precisava gostar da cidade ou do país, afinal se eu achasse “muito ruim”, eu podia voltar para casa, que é em Porto Alegre.
Claro que essa hipótese – desistir, voltar para casa – jamais entrou em discussão. Em algumas ocasiões especiais, quis com maior insistência viajar à Porto Alegre para ficar junto da família, como quando da cirurgia da Kaká ou no aniversário da Jacque. Desistir nunca, retroceder jamais, esse sempre foi o lema, desde os Perdidos…
A segunda fase, então.
A segunda fase foi o início do trabalho no hospital, já acampado no apartamento onde moro até hoje, criar uma rotina de trabalho, de estudo. Atender pacientes em outra língua que não o português e – mais – discutir os casos com o meu supervisor. Eram vários testes simultâneos: estavam sendo testados o meu conhecimento e postura como médico, minha capacidade de comunicação, minha flexibilidade (para me adaptar ao ambiente de trabalho). Tudo ao mesmo tempo, óbvio, e o período de avaliação era de no máximo doze semanas. Eu tinha três meses para mostrar que eu era capaz de ser fellow aqui.
Não que eu estivesse preocupado. Não estava. Mesmo. Desde que a possibilidade da minha vinda tornou-se concreta, a minha grande preocupação sempre foi com o lugar em que eu iria morar, nunca se eu iria me adaptar ou não ao trabalho. As pessoas perguntavam o que eu iria fazer aqui e eu respondia que não sabia exatamente. “Como não sabe?”, era a reação mais comum. Não sabia, tinha uma idéia vaga, mas não me preocupava muito, não. Um pouco de inconsequência? Talvez.
Não sabia o que me esperava, mas confiava na minha capacidade de adaptação. O que mais me preocupava era realmente o inglês, a comunicação. Nos primeiros dias, foi combinado que eu ficaria acompanhando as consultas para depois, aos poucos, começar a atender os pacientes sozinho. Foi mais ou menos assim: no primeiro dia, realmente acompanhei, mas no segundo dia faltou um dos residentes e fui para a luta… O primeiro paciente que atendi foi como se eu nunca tivesse atendido um paciente antes. Toda a técnica de entrevista com o paciente que eu havia aprendido anos antes foi esquecida porque eu estava mais preocupado em entender o que o paciente dizia.
Mas foi só o primeiro. Depois, tudo ficou tranquilo. E veio a parte boa, que era atender o paciente, discutir o caso com o meu supervisor (que perguntava, “O que tu acha? O que fazemos? Por quê?”) e quando voltávamos para falar com o paciente de novo (pois eram pacientes dele) ver que ele lidava com eles e explicava as coisas quase que exatamente da mesma forma que eu fazia com os meus pacientes no Brasil. Foi como uma validação externa das minhas condutas e posturas, e isso foi bem legal.
Paralelamente a isso, eu terminava de escrever a minha tese de doutorado, e aí já é a terceira fase, que se mistura com a segunda, mas da qual vou falar no próximo domingo.
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Ciência e Religião
by Nelson Lehmann
E o eterno debate entre crentes e ateus sempre retorna.
A ciência desbanca a fé na medida em que evolui, segundo a tese comtiana. A fé confirma a ciência, de acordo com conservadores. Ora, seriam antes distintas esferas, que não deveriam interferir uma na outra. A ciência se propõe a responder à pergunta COMO? A religião quer responder ao POR QUÊ?
Perquirir como se originou o universo, como se processou a evolução, como se alcança a Cidade Perfeita, é função da ciência. Mas o Por Quê existe o universo e nossa consciência dele, não é pergunta que se ponha a um cientista. Estamos na esfera do religioso. O agnóstico apenas pode exigir que nos abstenhamos de perguntar o POR QUÊ.
Já a Filosofia nos ensina a fazer perguntas. A formular com maior exatidão as questões, o que já sugere implicitamente uma vontade de saber.
sábado, junho 25, 2005
Sábado e o Céu
A distância de casa às vezes nos prega umas peças, como quando sentimos saudades de coisas que nunca pensamos que iríamos sentir.
Na última quinta-feira, no happy hour do pessoal do Respiratory Research Lab, onde trabalho, enquanto tomávamos cerveja, conversávamos despreocupadamente. Assuntos variados, como num happy hour que se preze, aniversários passados longe de casa, um especial em Firenze quem sabe num futuro não muito distante, e chegamos na nossa colega que está indo segunda-feira com o marido e os filhos passar um mês na Austrália, para onde vai para um casamento na família e para fazer turismo.
Falávamos das diferenças de fuso horário, do tempo de viagem, e a coordenadora do laboratório disse que – há alguns, quando estava na ilha de Tristão da Cunha (o ponto mais isolado do mundo, no Atlântico Sul a meio caminho entre a África e a América do Sul) – só se deu conta que estava realmente longe de casa quando olhou o céu à noite e não encontrou a Polaris.
A Estrela do Norte, ou Estrela Polar, é a mais brilhante estrela da constelação de Ursa Menor. Ela é quem indicava para os navegadores o norte verdadeiro. Foi quando perguntaram se na Austrália dava para vê-la.
Não, todos imaginamos, afinal a Austrália fica no hemisfério sul. E qual é o equivalente do sul, perguntaram. O Cruzeiro do Sul (The Southern Cross, ou Crux) disse eu sem vacilar. É por ela que os exploradores se orientavam quando singravam os mares abaixo do equador. No céu, indica a localização do sul e está próxima à constelação de Centauro. Sua estrela mais brilhante é Acrux.
Acrux, o nome, é a combinação da letra grega (Alpha) com o nome da constelação, representa o pé da cruz, e é um sistema de duas estrelas distantes 200 anos-luz uma da outra.
Por não ser visível da maioria das latitudes no hemisfério norte, o Cruzeiro do Sul é uma constelação moderna, e não tem nenhum mito grego ou romano associado ao seu nome. Ele foi utilizado pelos navegadores para apontar o sul porque, ao contrário do polo norte celestial, o polo sul celestial não é marcado por nenhuma estrela brilhante.
Ao comentar sobre o Cruzeiro do Sul, vejam só, senti saudades do céu do Rio Grande, do Brasil. Lembrei de incontáveis noites de minha infância e adolescência que passamos sentados olhando as estrelas, nos verões do litoral norte gaúcho. Por ser afastado de grandes conglomerados urbanos – com toda sua iluminação – o céu da praia era quase claro de tanta estrela. O Cruzeiro do Sul, as Três Marias, Alfa-centauro, as poucas que reconhecia e, claro, ao amanhecer, a Estrela D’Alva (Vênus?), aquela da marchinha de carnaval.
E partir daí uma série de associações e lembranças tomou conta de mim, evento não infrequente, e fiquei – mais uma vez – feliz. Por ter vivido muitas coisas boas e, mais, pela perspectiva de muitas histórias pela frente.
Bom sábado a todos.
Na última quinta-feira, no happy hour do pessoal do Respiratory Research Lab, onde trabalho, enquanto tomávamos cerveja, conversávamos despreocupadamente. Assuntos variados, como num happy hour que se preze, aniversários passados longe de casa, um especial em Firenze quem sabe num futuro não muito distante, e chegamos na nossa colega que está indo segunda-feira com o marido e os filhos passar um mês na Austrália, para onde vai para um casamento na família e para fazer turismo.
Falávamos das diferenças de fuso horário, do tempo de viagem, e a coordenadora do laboratório disse que – há alguns, quando estava na ilha de Tristão da Cunha (o ponto mais isolado do mundo, no Atlântico Sul a meio caminho entre a África e a América do Sul) – só se deu conta que estava realmente longe de casa quando olhou o céu à noite e não encontrou a Polaris.
A Estrela do Norte, ou Estrela Polar, é a mais brilhante estrela da constelação de Ursa Menor. Ela é quem indicava para os navegadores o norte verdadeiro. Foi quando perguntaram se na Austrália dava para vê-la.
Não, todos imaginamos, afinal a Austrália fica no hemisfério sul. E qual é o equivalente do sul, perguntaram. O Cruzeiro do Sul (The Southern Cross, ou Crux) disse eu sem vacilar. É por ela que os exploradores se orientavam quando singravam os mares abaixo do equador. No céu, indica a localização do sul e está próxima à constelação de Centauro. Sua estrela mais brilhante é Acrux.
Acrux, o nome, é a combinação da letra grega (Alpha) com o nome da constelação, representa o pé da cruz, e é um sistema de duas estrelas distantes 200 anos-luz uma da outra.
Por não ser visível da maioria das latitudes no hemisfério norte, o Cruzeiro do Sul é uma constelação moderna, e não tem nenhum mito grego ou romano associado ao seu nome. Ele foi utilizado pelos navegadores para apontar o sul porque, ao contrário do polo norte celestial, o polo sul celestial não é marcado por nenhuma estrela brilhante.
Ao comentar sobre o Cruzeiro do Sul, vejam só, senti saudades do céu do Rio Grande, do Brasil. Lembrei de incontáveis noites de minha infância e adolescência que passamos sentados olhando as estrelas, nos verões do litoral norte gaúcho. Por ser afastado de grandes conglomerados urbanos – com toda sua iluminação – o céu da praia era quase claro de tanta estrela. O Cruzeiro do Sul, as Três Marias, Alfa-centauro, as poucas que reconhecia e, claro, ao amanhecer, a Estrela D’Alva (Vênus?), aquela da marchinha de carnaval.
E partir daí uma série de associações e lembranças tomou conta de mim, evento não infrequente, e fiquei – mais uma vez – feliz. Por ter vivido muitas coisas boas e, mais, pela perspectiva de muitas histórias pela frente.
Bom sábado a todos.
sexta-feira, junho 24, 2005
Consultório Sentimental do Seu Sopa (4)
by Ombro Amigo
Meus queridos e alflitos leitores,
Não se desperem, não abandonei vocês, apesar das evidências em contrário e das mensagens alarmistas do meu amigo e editor deste blog, o Marcelo. Tenho pensado nas questões que os afligem com particular interesse.
Principalmente nas manhãs em que dou longas caminhadas pelo Boulevard St. Germain, desde a esquina com o Boulevard St. Michel, do Brioche Dorée que sei que gostas muito, Marcelo, junto da Pizzaria Cluny, até onde ela se encontra com a Quai D’Orsay, já na beira do Sena, não muito longe da Pont Alexandre III. Tenho que sair logo cedo para aproveitar o ar fresco de manhã porque depois a temperatura tem ido aos 30ºC, tornando qualquer pensamento mais lento, todo movimento mais prudente.
Mas temos sido premiados com finais de dia belíssimos, independente de onde são observados. Uns dias subo até a Sacre Coeur e fico lá, sentado, em silêncio, até o sol sumir quase atrás da torre, quase às 10 da noite. Em outros, fico numa das pontes sobre o Sena, principalmente a Pont des Artistes. Os dias longos de Paris, ah, o dias longos de Paris… Será possível que exista um lugar mais belo? Mais mágico?
Querem saber da Isabella? Às vezes me acompanha, noutras não. Apesar de juntos sermos quase perfeitos, e felizes, nos respeitamos e respeitamos nossas individualidades. Ou seja, juntos somos um, mas separados não somos duas metades.
Esses são dois erros freqüentes dos casais: primeiro, um não respeita a individualidade do outro. Querem estar sempre juntos e acabam por se afastar de todo o resto do mundo, e – segundo - acabam se anulando enquanto seres independentes que se encontraram. E acabam perdendo no caminho aquilo que os uniu. Um casal nunca pode ser duas metades que se encontraram, ou juntaram. Metade da laranja é coisa para pra fazer suco. Duas pessoas que se juntam são duas histórias que se unem para formar uma única, que vai ser a soma de dois inteiros.
E é justamente o início da história que é a fase de estabelecer as condições, as fronteiras e os limites de cada um. Se um dos dois se anula para a relação funcionar, esta já nasceu morta, sem futuro.
O que não quer dizer que não é necessária flexibilidade, bom senso e uma certa dedicação para construir uma relação.
Agora vou pedir a sua licença, atento leitor, que ouvi barulho de chaves e o aroma de pão quentinho, e devo ir me dedicar à minha relação.
Semana que vem, se possível, volto.
Au Revoir!
Meus queridos e alflitos leitores,
Não se desperem, não abandonei vocês, apesar das evidências em contrário e das mensagens alarmistas do meu amigo e editor deste blog, o Marcelo. Tenho pensado nas questões que os afligem com particular interesse.
Principalmente nas manhãs em que dou longas caminhadas pelo Boulevard St. Germain, desde a esquina com o Boulevard St. Michel, do Brioche Dorée que sei que gostas muito, Marcelo, junto da Pizzaria Cluny, até onde ela se encontra com a Quai D’Orsay, já na beira do Sena, não muito longe da Pont Alexandre III. Tenho que sair logo cedo para aproveitar o ar fresco de manhã porque depois a temperatura tem ido aos 30ºC, tornando qualquer pensamento mais lento, todo movimento mais prudente.
Mas temos sido premiados com finais de dia belíssimos, independente de onde são observados. Uns dias subo até a Sacre Coeur e fico lá, sentado, em silêncio, até o sol sumir quase atrás da torre, quase às 10 da noite. Em outros, fico numa das pontes sobre o Sena, principalmente a Pont des Artistes. Os dias longos de Paris, ah, o dias longos de Paris… Será possível que exista um lugar mais belo? Mais mágico?
Querem saber da Isabella? Às vezes me acompanha, noutras não. Apesar de juntos sermos quase perfeitos, e felizes, nos respeitamos e respeitamos nossas individualidades. Ou seja, juntos somos um, mas separados não somos duas metades.
Esses são dois erros freqüentes dos casais: primeiro, um não respeita a individualidade do outro. Querem estar sempre juntos e acabam por se afastar de todo o resto do mundo, e – segundo - acabam se anulando enquanto seres independentes que se encontraram. E acabam perdendo no caminho aquilo que os uniu. Um casal nunca pode ser duas metades que se encontraram, ou juntaram. Metade da laranja é coisa para pra fazer suco. Duas pessoas que se juntam são duas histórias que se unem para formar uma única, que vai ser a soma de dois inteiros.
E é justamente o início da história que é a fase de estabelecer as condições, as fronteiras e os limites de cada um. Se um dos dois se anula para a relação funcionar, esta já nasceu morta, sem futuro.
O que não quer dizer que não é necessária flexibilidade, bom senso e uma certa dedicação para construir uma relação.
Agora vou pedir a sua licença, atento leitor, que ouvi barulho de chaves e o aroma de pão quentinho, e devo ir me dedicar à minha relação.
Semana que vem, se possível, volto.
Au Revoir!
quinta-feira, junho 23, 2005
Data
É o 190º dia do ano no calendário gregoriano (191º em anos bissextos). Faltam 175 para acabar o ano.
Mais:
* 1540 - Dissolução do casamento de Henrique VIII de Inglaterra com Ana de Cleves (celebrado a 6 de Janeiro)
* 1816 - A Argentina proclama sua independência da Espanha.
* 1932 - Tem inicío a chamada Revolução Constitucionalista, no estado de São Paulo, que apoiado pelo Mato Grosso ergue-se contra o governo central de Getúlio Vargas.
Também:
* 1856 – Morre Nikola Tesla, físico croata.
* Feriado estadual em São Paulo - Revolução Constitucionalista de 1932.
É o nome da rua considerada a mais larga do mundo, em Buenos Aires, e nome de importante avenida na cidade de São Paulo. O que? Quando? Como?
É 9 de julho.
Agora nove de julho vai ser lembrado como a data do IV EBS (Encontro dos Blogueiros e Simpatizantes de Toronto). O último foi em maio, e foi A Sopa de Ervilhas Anual do Marcelo no Canadá, lembram? Um sucesso esmagador de público e renda, Toronto parou para assistir o nosso encontro (sem exagerar…). Pois é, agora vai se repetir. No mesmo local.
Só que, em virtude da época do ano, será uma espécie de Festa Junina (ou Julina, se preferirem). Eu por exemplo, vou levar aquele prato super-típico de destas comemorações juninas que é o refrigerante…
Estão todos convidados, desde já.
Até.
Mais:
* 1540 - Dissolução do casamento de Henrique VIII de Inglaterra com Ana de Cleves (celebrado a 6 de Janeiro)
* 1816 - A Argentina proclama sua independência da Espanha.
* 1932 - Tem inicío a chamada Revolução Constitucionalista, no estado de São Paulo, que apoiado pelo Mato Grosso ergue-se contra o governo central de Getúlio Vargas.
Também:
* 1856 – Morre Nikola Tesla, físico croata.
* Feriado estadual em São Paulo - Revolução Constitucionalista de 1932.
É o nome da rua considerada a mais larga do mundo, em Buenos Aires, e nome de importante avenida na cidade de São Paulo. O que? Quando? Como?
É 9 de julho.
Agora nove de julho vai ser lembrado como a data do IV EBS (Encontro dos Blogueiros e Simpatizantes de Toronto). O último foi em maio, e foi A Sopa de Ervilhas Anual do Marcelo no Canadá, lembram? Um sucesso esmagador de público e renda, Toronto parou para assistir o nosso encontro (sem exagerar…). Pois é, agora vai se repetir. No mesmo local.
Só que, em virtude da época do ano, será uma espécie de Festa Junina (ou Julina, se preferirem). Eu por exemplo, vou levar aquele prato super-típico de destas comemorações juninas que é o refrigerante…
Estão todos convidados, desde já.
Até.
quarta-feira, junho 22, 2005
Prestação de contas
Duas semanas como ex-sedentário.
Atividade física + controle da alimentação.
Dias desde o início: 14
Frequência: 4x/semana
Peso perdido: 2kg
Condionamento aeróbico: melhor
Auto-estima: bem melhor
Dores musculares: finalmente se foram
Estado mental: culpa se não vou à academia
Hoje: não vou por ter acordado com contratura muscular cervical.
Aproveito para pensar em algumas idéias e escrever um pouco sobre elas.
Até.
Atividade física + controle da alimentação.
Dias desde o início: 14
Frequência: 4x/semana
Peso perdido: 2kg
Condionamento aeróbico: melhor
Auto-estima: bem melhor
Dores musculares: finalmente se foram
Estado mental: culpa se não vou à academia
Hoje: não vou por ter acordado com contratura muscular cervical.
Aproveito para pensar em algumas idéias e escrever um pouco sobre elas.
Até.
terça-feira, junho 21, 2005
Pirâmides, Correntes e Jogos
Quando eu tinha três anos de idade, decidi que nunca participaria de pirâmides*, correntes ou jogos na internet. O espantoso é que isso foi vinte anos antes da internet surgir no Brasil… bom, deixa para lá, o importante é que não sou fã desses joguinhos e testes que circulam pelo internet. Mas…
Já que foi a Aninha que passou a bola, não vou me abster de participar de uma dessas brincadeiras. Até porque já vinha pensando em escrever um pequeno texto que se encaixa exatamente na brincadeira, que é sobre música.
Vanlá, então.
Gigabytes usados com música: 3.93
Último CD comprado: Na verdade, foram três. Eu sou dos que compram Cds originais, porque por menos que seja, o autor recebe direitos autorais, e como eu cobro pelo meu trabalho, eles também têm direito de ver seu trabalho remunerado adequadamente. Os três são:
1. Tangos e Tragédias
2. Cidadão Quem no Theatro São Pedro
3. Thedy Corrêa – Loopcínio
Música tocando no momento: Vitor Ramil – Ramilonga
Cinco músicas que tenho escutado recentemente: Era sobre isso o que eu ia escrever, antes de receber o estímulo da brincadeira. Assim, ó: o meu aparelho de som é o meu iBook. Comprei umas caixinhas de som, e escuto através do iTunes, programa de música dos Macs. Uma das opções dele é o “Party Shuffle”, em que ele toca aleatoriamente músicas da minha coleção. Complementarmente a essa – perfeita para esse caso específico – é a opção “Top 25 Most Played”. Eu sempre ouço música na opção Party Shuffle, logo as 25 mais tocadas são escolha do acaso. A teoria do caos. Quais são as cinco?
Vou fazer melhor. Como não vou passar adiante o jogo (já respondendo à última pergunta (“Cinco pessoas para passar”), decidi revelar as 10 músicas mais tocadas aqui em casa desde setembro de 2004, quando o computador veio morar comigo. Em ordem crescente, da décima mais tocada até a mais tocada:
10. Meu Erro – Paralamas do Sucesso
09. Me Comparando ao Rio Grande – Os Farrapos
08. Tempo Perdido – Legião urbana
07. Teatro dos Vampiros – Legião Urbana
06. Motivos – Adriana Calcanhoto
05. Texarkana – REM
04. Guri – Cesar Passarinho
03. Tertúlia – Alex
02. Causo Farrapo – Vítor Ramil
01. Milonga de Sete Cidades (A Estética do Frio) – Vítor Ramil
Só pra ficar bem claro: a execução das músicas é definida aleatoriamente pelo iTunes. Como explicar que 90% das 10 músicas mais tocadas sejam brasileiras e que 50% tenha a temática gaúcha?
Acho que tenho um computador gaudério…
Até.
* até aqui a frase original é de autoria do Petterson, em 1993 ou 1994, não lembro bem
Já que foi a Aninha que passou a bola, não vou me abster de participar de uma dessas brincadeiras. Até porque já vinha pensando em escrever um pequeno texto que se encaixa exatamente na brincadeira, que é sobre música.
Vanlá, então.
Gigabytes usados com música: 3.93
Último CD comprado: Na verdade, foram três. Eu sou dos que compram Cds originais, porque por menos que seja, o autor recebe direitos autorais, e como eu cobro pelo meu trabalho, eles também têm direito de ver seu trabalho remunerado adequadamente. Os três são:
1. Tangos e Tragédias
2. Cidadão Quem no Theatro São Pedro
3. Thedy Corrêa – Loopcínio
Música tocando no momento: Vitor Ramil – Ramilonga
Cinco músicas que tenho escutado recentemente: Era sobre isso o que eu ia escrever, antes de receber o estímulo da brincadeira. Assim, ó: o meu aparelho de som é o meu iBook. Comprei umas caixinhas de som, e escuto através do iTunes, programa de música dos Macs. Uma das opções dele é o “Party Shuffle”, em que ele toca aleatoriamente músicas da minha coleção. Complementarmente a essa – perfeita para esse caso específico – é a opção “Top 25 Most Played”. Eu sempre ouço música na opção Party Shuffle, logo as 25 mais tocadas são escolha do acaso. A teoria do caos. Quais são as cinco?
Vou fazer melhor. Como não vou passar adiante o jogo (já respondendo à última pergunta (“Cinco pessoas para passar”), decidi revelar as 10 músicas mais tocadas aqui em casa desde setembro de 2004, quando o computador veio morar comigo. Em ordem crescente, da décima mais tocada até a mais tocada:
10. Meu Erro – Paralamas do Sucesso
09. Me Comparando ao Rio Grande – Os Farrapos
08. Tempo Perdido – Legião urbana
07. Teatro dos Vampiros – Legião Urbana
06. Motivos – Adriana Calcanhoto
05. Texarkana – REM
04. Guri – Cesar Passarinho
03. Tertúlia – Alex
02. Causo Farrapo – Vítor Ramil
01. Milonga de Sete Cidades (A Estética do Frio) – Vítor Ramil
Só pra ficar bem claro: a execução das músicas é definida aleatoriamente pelo iTunes. Como explicar que 90% das 10 músicas mais tocadas sejam brasileiras e que 50% tenha a temática gaúcha?
Acho que tenho um computador gaudério…
Até.
* até aqui a frase original é de autoria do Petterson, em 1993 ou 1994, não lembro bem
segunda-feira, junho 20, 2005
Livros
Ia confessar aos leitores deste blog que a freqüência dos meus escritos ia diminuir a partir de hoje porque as minhas energias estariam voltadas ao meu novo projeto.
Um livro de auto-ajuda.
“Como Atingir o Sucesso”, seria o título.
Mas aí comecei a escrever, e o capítulo um, página doze (porque haveria um prefácio do Lair Ribeiro exaltando o meu conhecimento neurolinguístico e o livro começaria de verdade na página doze) primeiro parágrafo, nova linha, travessão.
“Regra número um: VAI TRABALHAR, VAGABUNDO!
Regra número dois: livros de auto-ajuda só enriquecem o seu autor.
Regra três: entendidas as regras um e dois, é hora de sair de casa e… IR TRABALHAR, VAGABUNDO.
Fim.”
Já estou pensando no meu segundo livro…
Até.
Um livro de auto-ajuda.
“Como Atingir o Sucesso”, seria o título.
Mas aí comecei a escrever, e o capítulo um, página doze (porque haveria um prefácio do Lair Ribeiro exaltando o meu conhecimento neurolinguístico e o livro começaria de verdade na página doze) primeiro parágrafo, nova linha, travessão.
“Regra número um: VAI TRABALHAR, VAGABUNDO!
Regra número dois: livros de auto-ajuda só enriquecem o seu autor.
Regra três: entendidas as regras um e dois, é hora de sair de casa e… IR TRABALHAR, VAGABUNDO.
Fim.”
Já estou pensando no meu segundo livro…
Até.
domingo, junho 19, 2005
A Sopa 04/48
Vocês não fazem idéia do que este tempo aqui no Canadá está representando e vai significar para a minha vida profissional e pessoal no futuro. Nem eu.
Melhor mudar de assunto, então.
O exílio (e falo do meu exílio canadense, que não o é no sentido mais comum da palavra) é composto ou formado por várias partes, ou etapas. Elas vêm em seqüência e se misturam, o início de uma não implicando necessariamente no final de outra. A melhor forma de ver – e a minha opinião é que conta, afinal é a minha vida e meu exílio – é como se fossem graus crescentes de complexidade.
A primeira fase, o início, foi a chegada aqui. O fato de ter vindo sozinho, deixando a vida que eu vivia para trás, fez com que fosse a fase mais difícil, ou mais sofrida. A culpa de ter vindo (não ter ficado ao lado daqueles que amava e amo) associada ao chegar a um lugar desconhecido, sem referências, sem contatos, foi como tirar o chão sob os meus pés. A sensação principal era a de ser um fantasma. As pessoas passavam por mim e não me viam, ninguém me reconhecia e eu não reconhecia ninguém. O momento desestabilizador. É como se te arrancassem do teu mundo e colocassem em outro, sem nada. Fica-se como um barco à deriva, perdido, flutuando no ar. É o momento de desistir: a tentação de fugir, voltar ao porto seguro é grande. É a primeira prova de resistência.
Respira fundo, uma, duas, três vezes. Para evitar o desespero, medidas práticas. Onde morar, burocracias mil, comprar coisas para o apartamento vazio. Isso enquanto não há uma rotina estabelecida, um roteiro a cumprir diariamente. Começar a criar as primeiras referências na cidade, no país.
A primeira fase é, em suma, “desintoxicação”. Aprender a viver sozinho, a conviver com e superar os fantasmas que todos temos. Viver sozinho (totalmente, sem conhecer ninguém, sem as referências locais próximas) não é simples, o início realmente é difícil. Mas é necessário, precisamos “ir ao fundo” para começar do zero. Temos que aprender por conta própria que somos capazes. Que somos fortes.
Continua no domingo que vem.
Até.
Melhor mudar de assunto, então.
O exílio (e falo do meu exílio canadense, que não o é no sentido mais comum da palavra) é composto ou formado por várias partes, ou etapas. Elas vêm em seqüência e se misturam, o início de uma não implicando necessariamente no final de outra. A melhor forma de ver – e a minha opinião é que conta, afinal é a minha vida e meu exílio – é como se fossem graus crescentes de complexidade.
A primeira fase, o início, foi a chegada aqui. O fato de ter vindo sozinho, deixando a vida que eu vivia para trás, fez com que fosse a fase mais difícil, ou mais sofrida. A culpa de ter vindo (não ter ficado ao lado daqueles que amava e amo) associada ao chegar a um lugar desconhecido, sem referências, sem contatos, foi como tirar o chão sob os meus pés. A sensação principal era a de ser um fantasma. As pessoas passavam por mim e não me viam, ninguém me reconhecia e eu não reconhecia ninguém. O momento desestabilizador. É como se te arrancassem do teu mundo e colocassem em outro, sem nada. Fica-se como um barco à deriva, perdido, flutuando no ar. É o momento de desistir: a tentação de fugir, voltar ao porto seguro é grande. É a primeira prova de resistência.
Respira fundo, uma, duas, três vezes. Para evitar o desespero, medidas práticas. Onde morar, burocracias mil, comprar coisas para o apartamento vazio. Isso enquanto não há uma rotina estabelecida, um roteiro a cumprir diariamente. Começar a criar as primeiras referências na cidade, no país.
A primeira fase é, em suma, “desintoxicação”. Aprender a viver sozinho, a conviver com e superar os fantasmas que todos temos. Viver sozinho (totalmente, sem conhecer ninguém, sem as referências locais próximas) não é simples, o início realmente é difícil. Mas é necessário, precisamos “ir ao fundo” para começar do zero. Temos que aprender por conta própria que somos capazes. Que somos fortes.
Continua no domingo que vem.
Até.
sábado, junho 18, 2005
Sábado
(Herbert Vianna)
Gotas de amor sobre as feridas como um bálsamo
Ondas de amor pelas cortinas, como um sábado de sol,
Eu só queria te dizer que aquela dor já passou
Ô, ô, ô
Fingir que não, passar por cima nunca me ajudou
Onda de amor me contamina como um sábado de sol
Eu só queria te dizer que aquela dor já passou
Ô, ô, ô
Fingir que não, passar por cima nunca me ajudou
Onda de amor me contamina como um sábado de sol
Eu só queria te dizer que aquela dor já passou
Ô, ô, ô
Gotas de amor sobre as feridas como um bálsamo
Ondas de amor pelas cortinas, como um sábado de sol,
Eu só queria te dizer que aquela dor já passou
Ô, ô, ô
Fingir que não, passar por cima nunca me ajudou
Onda de amor me contamina como um sábado de sol
Eu só queria te dizer que aquela dor já passou
Ô, ô, ô
Fingir que não, passar por cima nunca me ajudou
Onda de amor me contamina como um sábado de sol
Eu só queria te dizer que aquela dor já passou
Ô, ô, ô
sexta-feira, junho 17, 2005
Consultório Sentimental do Seu Sopa (3)
(Marcelo falando)
Pois é… manchete enganosa.
Fiquei até agora há pouco esperando o email do Ombro Amigo com o texto dele desta semana, mas nada. Como vocês sabem, ele largou o verão canadense (que começa em uma semana) para passar o final de primavera e a estação quente sob a sombra de uma árvore no Jardim de Luxemburgo, lendo sentado no túmulo do Oscar Wilde no Père – Lachaise.
A única notícia que recebi dele nestes últimos dias foi e-mail que transcrevo abaixo (pensem na Edith Piaf):
Des yeux qui font baiser les miens,
Un rire qui se perd sur sa bouche,
Voila le portrait sans retouche
De l'homme auquel j'appartiens
Quand il me prend dans ses bras
Il me parle tout bas,
Je vois la vie en rose.
Il me dit des mots d'amour,
Des mots de tous les jours,
Et ca me fait quelque chose.
Il est entre dans mon coeur
Une part de bonheur
Dont je connais la cause.
C'est lui pour moi. Moi pour lui
Dans la vie,
Il me l'a dit, l'a jure pour la vie.
Et des que je l'apercois
Alors je sens en moi
Mon coeur qui batA En Mourir
Até.
Pois é… manchete enganosa.
Fiquei até agora há pouco esperando o email do Ombro Amigo com o texto dele desta semana, mas nada. Como vocês sabem, ele largou o verão canadense (que começa em uma semana) para passar o final de primavera e a estação quente sob a sombra de uma árvore no Jardim de Luxemburgo, lendo sentado no túmulo do Oscar Wilde no Père – Lachaise.
A única notícia que recebi dele nestes últimos dias foi e-mail que transcrevo abaixo (pensem na Edith Piaf):
Des yeux qui font baiser les miens,
Un rire qui se perd sur sa bouche,
Voila le portrait sans retouche
De l'homme auquel j'appartiens
Quand il me prend dans ses bras
Il me parle tout bas,
Je vois la vie en rose.
Il me dit des mots d'amour,
Des mots de tous les jours,
Et ca me fait quelque chose.
Il est entre dans mon coeur
Une part de bonheur
Dont je connais la cause.
C'est lui pour moi. Moi pour lui
Dans la vie,
Il me l'a dit, l'a jure pour la vie.
Et des que je l'apercois
Alors je sens en moi
Mon coeur qui batA En Mourir
Até.
quinta-feira, junho 16, 2005
Autor e autor
Acho que já falei sobre isso.
Azar, falo de novo.
Assim como quando ficam doentes e preferem acreditar na simpatia que uma vizinha ensinou a ir conversar com um médico (cujo conhecimento está fundamentado em anos de estudo, pesquisas, etc), as pessoas geralmente acreditam em tudo o que lêem na internet. Um erro, claro.
Mas é involuntário, não fazem por mal. As pessoas realmente acreditam. Ou querem acreditar, aqui não faz muita diferença.
Falei, falei, e não disse nada.
Estou querendo falar sobre a autoria de textos na internet. Vocês sabem ao que estou me referindo. De tempos em tempos, inicia uma nova onda de emails com textos atribuídos, por exemplo, ao Luís Fernando Veríssimo. Ou ao Arnaldo Jabor. Até do Drummond já recebi.
Uma lida sem muita atenção nestes textos basta para sabermos que os textos não são dos autores a que estão sendo atribuídos. Não dá para acreditar que um texto que fala que não devemos nos preocupar em ser “sarados” seja do Carlos Drummond de Andrade, talvez o maior poeta brasileiro. Nem que seja do Veríssimo um texto falando de amores passados e perdidos, da borboleta que voa numa tarde de primavera, etc. Podem até ser textos bonitos, mas não são o tipo de texto nem a temática dos autores. Muitas vezes, ao ler a primeira frase já vemos que o estilo não é do autor atribuído.
Por que alguém atribui um texto (1) que não sabe de quem é ou (2) que é de um autor de “menor expressão” (no sentido de menos conhecido)? Provavelmente para dar credibilidade ao texto. Se alguém recebe por email um texto que diz ser do Luís Fernando Veríssimo, é muito mais provável que queira ler do que se receber o texto de um tal de Marcelo Tadday Rodrigues, por exemplo (levando-se em conta que a pessoa não me conhece e/ou não é leitora desse blog). Só pode ser isso.
O interessante é que já se descobriu um caso específico. Circulava pela internet um texto atribuído ao LFV que era de uma estudante de Santa Catarina – não, não é a Elisa – e ele comentou isso numa coluna dele na Zero Hora (jornal de Porto Alegre em que é colunista) e – acho – que fizeram um encontro (ao menos virtual) entre os dois. Tudo tinha ocorrido após um final de relacionamento dela. Ela escreveu um texto falando sobre a dor da separação e enviou para amigos que enviaram para amigos que enviaram para amigos e – em determinado um momento – alguém recebeu decidiu passar adiante dizendo que era do Veríssimo.
Coisa louca.
Até.
Azar, falo de novo.
Assim como quando ficam doentes e preferem acreditar na simpatia que uma vizinha ensinou a ir conversar com um médico (cujo conhecimento está fundamentado em anos de estudo, pesquisas, etc), as pessoas geralmente acreditam em tudo o que lêem na internet. Um erro, claro.
Mas é involuntário, não fazem por mal. As pessoas realmente acreditam. Ou querem acreditar, aqui não faz muita diferença.
Falei, falei, e não disse nada.
Estou querendo falar sobre a autoria de textos na internet. Vocês sabem ao que estou me referindo. De tempos em tempos, inicia uma nova onda de emails com textos atribuídos, por exemplo, ao Luís Fernando Veríssimo. Ou ao Arnaldo Jabor. Até do Drummond já recebi.
Uma lida sem muita atenção nestes textos basta para sabermos que os textos não são dos autores a que estão sendo atribuídos. Não dá para acreditar que um texto que fala que não devemos nos preocupar em ser “sarados” seja do Carlos Drummond de Andrade, talvez o maior poeta brasileiro. Nem que seja do Veríssimo um texto falando de amores passados e perdidos, da borboleta que voa numa tarde de primavera, etc. Podem até ser textos bonitos, mas não são o tipo de texto nem a temática dos autores. Muitas vezes, ao ler a primeira frase já vemos que o estilo não é do autor atribuído.
Por que alguém atribui um texto (1) que não sabe de quem é ou (2) que é de um autor de “menor expressão” (no sentido de menos conhecido)? Provavelmente para dar credibilidade ao texto. Se alguém recebe por email um texto que diz ser do Luís Fernando Veríssimo, é muito mais provável que queira ler do que se receber o texto de um tal de Marcelo Tadday Rodrigues, por exemplo (levando-se em conta que a pessoa não me conhece e/ou não é leitora desse blog). Só pode ser isso.
O interessante é que já se descobriu um caso específico. Circulava pela internet um texto atribuído ao LFV que era de uma estudante de Santa Catarina – não, não é a Elisa – e ele comentou isso numa coluna dele na Zero Hora (jornal de Porto Alegre em que é colunista) e – acho – que fizeram um encontro (ao menos virtual) entre os dois. Tudo tinha ocorrido após um final de relacionamento dela. Ela escreveu um texto falando sobre a dor da separação e enviou para amigos que enviaram para amigos que enviaram para amigos e – em determinado um momento – alguém recebeu decidiu passar adiante dizendo que era do Veríssimo.
Coisa louca.
Até.
quarta-feira, junho 15, 2005
A Velocidade do Som
O título tem pouco a ver com o texto.
Os principais teatros do mundo – os mais importantes e significativos – têm todo um cuidado com relação ao tratamento dado a acústica do lugar. Imagine só a Sinfônica de Berlim tocando e o cara da sexta fila da platéia não conseguindo ouvir direito. Quem tá no mezanino, então, não vai ouvir nada… A acústica de um lugar é importante, concluímos. E isso está certo.
Num teatro, a acústica é desejada e necessária (estou insistindo nisso para marcar posição). Mas tem lugares em que ela não é assim, desejada. Lugares em que não queremos que o som se propague facilmente, nem que pessoas próximas ouçam o som de onde estás. Um bom exemplo disso são os estúdios de gravação ou casas noturnas, em que o isolamento acústico é fundamental para uma política de boa vizinhança. Literalmente. Salas de reunião, quando se quer que o assunto não transponha a sala. E banheiros, evidentemente.
Banheiros públicos não podem ter boa acústica. Em casa, tudo bem, cada um projeto o seu banheiro do jeito que quiser, com hidromassagens, efeitos de eco, o que quiser. Cantores de banheiro (ou mesmo profissionais) devem gostar de um banheiro com acústica. Mas em locais públicos, definitivamente, não.
Pois é.
Estava eu sozinho, tranquilo, pensando na crônica que eu ia escrever hoje, quando entrou no banheiro em que eu refletia sobre a vida, um cidadão, que – graças aos céus – não sei quem é nem nunca vou saber, e sentou no box (como chama? casinha?) ao lado da que eu me encontrava, como disse, pensando em qual seria o assunto da crônica de hoje. Foi quando descobri a acústica do local…
Nunca mais, nunca mais.
Até.
Os principais teatros do mundo – os mais importantes e significativos – têm todo um cuidado com relação ao tratamento dado a acústica do lugar. Imagine só a Sinfônica de Berlim tocando e o cara da sexta fila da platéia não conseguindo ouvir direito. Quem tá no mezanino, então, não vai ouvir nada… A acústica de um lugar é importante, concluímos. E isso está certo.
Num teatro, a acústica é desejada e necessária (estou insistindo nisso para marcar posição). Mas tem lugares em que ela não é assim, desejada. Lugares em que não queremos que o som se propague facilmente, nem que pessoas próximas ouçam o som de onde estás. Um bom exemplo disso são os estúdios de gravação ou casas noturnas, em que o isolamento acústico é fundamental para uma política de boa vizinhança. Literalmente. Salas de reunião, quando se quer que o assunto não transponha a sala. E banheiros, evidentemente.
Banheiros públicos não podem ter boa acústica. Em casa, tudo bem, cada um projeto o seu banheiro do jeito que quiser, com hidromassagens, efeitos de eco, o que quiser. Cantores de banheiro (ou mesmo profissionais) devem gostar de um banheiro com acústica. Mas em locais públicos, definitivamente, não.
Pois é.
Estava eu sozinho, tranquilo, pensando na crônica que eu ia escrever hoje, quando entrou no banheiro em que eu refletia sobre a vida, um cidadão, que – graças aos céus – não sei quem é nem nunca vou saber, e sentou no box (como chama? casinha?) ao lado da que eu me encontrava, como disse, pensando em qual seria o assunto da crônica de hoje. Foi quando descobri a acústica do local…
Nunca mais, nunca mais.
Até.
terça-feira, junho 14, 2005
Ainda sobre a reunião de ontem
Eu sou o diretor geral deste blog.
Não só isso, sou também o presidente da holding “Sopa de Ervilhas Anual do Marcelo”, que é composta por: (1) ‘Sopa de Ervilhas Anual do Marcelo’, o evento, com sede em Porto Alegre e, em sua expansão mundial, também em Toronto, no Canadá, além de já ter sido realizada em Nova York, EUA; (2) ‘A Sopa’, semanário virtual que ainda é enviado por e-mail aos assinantes, espalhados entre Brasil, EUA e Europa, prestes a completar quatro anos de existência; (3) ‘A Sopa no Exílio’, este blog, já no seu segundo ano, que nasceu como uma forma de comunicação minha com os meus amigos no Brasil mas que expandiu-se e me proporcionou conhecer – virtual e pessoalmente – muitas outras pessoas e, desde o ano passado, com atualizações diárias.
Além disso, a partir da “Sopa de Ervilhas Anual do Marcelo” surgiu a “Banda da Sopa de Ervilhas do Marcelo” reunida inicialmente para tocar nas sopas, mas que expandiu seus horizontes e apresentou-se em outros locais e eventos, hoje com seu nome reduzido à ‘Banda da Sopa’, tendo inclusive gravado um CD. Tudo isso sempre com o mesmo objetivo: reunir pessoas, congregar, festejar. “Botar pilha”, enfim.
Mas eu falava da reunião de ontem.
Como diretor do blog, eu estava presente, óbvio. Os outros presentes eram a equipe de criação, que apresento a vocês (imaginem um final de show, a cada nome apresentado segue-se um solo do seu respectivo instrumento, acompanhado por aplausos entusiasmados do público):
Marcelinho
Esta é a minha versão mais antiga, no que se refere ao que escrevo, a que guarda as memórias do final da minha infância e início de adolescência. A Turma do Muro, dos verões no litoral gaúcho, os carnavais da Perversa, o futebol no campo do Pimenta dos finais de tarde do verão, o muro e o mingau da SAPI, e tudo mais que lembra essa grande época.
Marcelo T
Não, ninguém nunca me chamou assim, é apenas uma divisão com fins didáticos. Esta é a versão que estudou na Escola Técnica de Comércio da UFRGS, segundo grau Técnico Operador de Computador (atual Processamento de Dados). Parte da Turma do Fundinho, depois Marotaigomar (Márcio, Otávio [Radi], Igor e Marcelo) e finalmente Marotamar (Márcio, Otávio e Marcelo), que somos até hoje (apesar de nunca nos referirmos a nós dessa forma), mesmo hoje um estando em Porto Alegre (Márcio), outro em São Paulo (Radi) e eu em Toronto. Período fundamental no que me tornei depois, figuras fundamentais até hoje.
Tadday
Esse é o que cursou os dois primeiros anos de faculdade de medicina, até o acidente que me deixou em coma durante treze dias – há quase quinze anos - mas, apesar disso e graças a uma providencial greve de professores, não perdi o semestre nem a turma. Foi uma fase de deslumbramento com um mundo novo, de festas, álcool, pouco sono. Foi interessante, mas hoje penso que estava me desviando de quem realmente eu queria ser.
Marcelo
Depois do acidente, durante um bom tempo não sabia mais quem eu era e nem quem eu queria ser. Tempos confusos, complicados, mas necessários para poder passar de fase e seguir adiante. Desse fase conturbada surgiu o Marcelo, eu, uma fusão de todos os Marcelos que eu tinha sido antes. A partir do momento que passei a ser um, que resolvi o dilema de ser vários ao mesmo tempo e não ser nenhum completo, é que pude crescer e seguir em frente. Com altos e baixos, claro, até saber definitivamente quem eu era, onde estava, para onde queria ir, de que forma queria ir e – importante – com quem eu queria ir.
Essa é a equipe de criação desse blog, que está constantemente “puxando a sardinha para sua brasa” (“fala sobre mim”, “nao, sobre mim”, etc). Às vezes não chegam a um acordo, ficam travados em algum impasse, quase brigam, e ai eu tenho que interferir. Todos me respeitam.
No fim das contas, eles sabem que sou o que eles tem de melhor, e uno, sou maior do que todos, porque sou todos em um.
Até.
Não só isso, sou também o presidente da holding “Sopa de Ervilhas Anual do Marcelo”, que é composta por: (1) ‘Sopa de Ervilhas Anual do Marcelo’, o evento, com sede em Porto Alegre e, em sua expansão mundial, também em Toronto, no Canadá, além de já ter sido realizada em Nova York, EUA; (2) ‘A Sopa’, semanário virtual que ainda é enviado por e-mail aos assinantes, espalhados entre Brasil, EUA e Europa, prestes a completar quatro anos de existência; (3) ‘A Sopa no Exílio’, este blog, já no seu segundo ano, que nasceu como uma forma de comunicação minha com os meus amigos no Brasil mas que expandiu-se e me proporcionou conhecer – virtual e pessoalmente – muitas outras pessoas e, desde o ano passado, com atualizações diárias.
Além disso, a partir da “Sopa de Ervilhas Anual do Marcelo” surgiu a “Banda da Sopa de Ervilhas do Marcelo” reunida inicialmente para tocar nas sopas, mas que expandiu seus horizontes e apresentou-se em outros locais e eventos, hoje com seu nome reduzido à ‘Banda da Sopa’, tendo inclusive gravado um CD. Tudo isso sempre com o mesmo objetivo: reunir pessoas, congregar, festejar. “Botar pilha”, enfim.
Mas eu falava da reunião de ontem.
Como diretor do blog, eu estava presente, óbvio. Os outros presentes eram a equipe de criação, que apresento a vocês (imaginem um final de show, a cada nome apresentado segue-se um solo do seu respectivo instrumento, acompanhado por aplausos entusiasmados do público):
Marcelinho
Esta é a minha versão mais antiga, no que se refere ao que escrevo, a que guarda as memórias do final da minha infância e início de adolescência. A Turma do Muro, dos verões no litoral gaúcho, os carnavais da Perversa, o futebol no campo do Pimenta dos finais de tarde do verão, o muro e o mingau da SAPI, e tudo mais que lembra essa grande época.
Marcelo T
Não, ninguém nunca me chamou assim, é apenas uma divisão com fins didáticos. Esta é a versão que estudou na Escola Técnica de Comércio da UFRGS, segundo grau Técnico Operador de Computador (atual Processamento de Dados). Parte da Turma do Fundinho, depois Marotaigomar (Márcio, Otávio [Radi], Igor e Marcelo) e finalmente Marotamar (Márcio, Otávio e Marcelo), que somos até hoje (apesar de nunca nos referirmos a nós dessa forma), mesmo hoje um estando em Porto Alegre (Márcio), outro em São Paulo (Radi) e eu em Toronto. Período fundamental no que me tornei depois, figuras fundamentais até hoje.
Tadday
Esse é o que cursou os dois primeiros anos de faculdade de medicina, até o acidente que me deixou em coma durante treze dias – há quase quinze anos - mas, apesar disso e graças a uma providencial greve de professores, não perdi o semestre nem a turma. Foi uma fase de deslumbramento com um mundo novo, de festas, álcool, pouco sono. Foi interessante, mas hoje penso que estava me desviando de quem realmente eu queria ser.
Marcelo
Depois do acidente, durante um bom tempo não sabia mais quem eu era e nem quem eu queria ser. Tempos confusos, complicados, mas necessários para poder passar de fase e seguir adiante. Desse fase conturbada surgiu o Marcelo, eu, uma fusão de todos os Marcelos que eu tinha sido antes. A partir do momento que passei a ser um, que resolvi o dilema de ser vários ao mesmo tempo e não ser nenhum completo, é que pude crescer e seguir em frente. Com altos e baixos, claro, até saber definitivamente quem eu era, onde estava, para onde queria ir, de que forma queria ir e – importante – com quem eu queria ir.
Essa é a equipe de criação desse blog, que está constantemente “puxando a sardinha para sua brasa” (“fala sobre mim”, “nao, sobre mim”, etc). Às vezes não chegam a um acordo, ficam travados em algum impasse, quase brigam, e ai eu tenho que interferir. Todos me respeitam.
No fim das contas, eles sabem que sou o que eles tem de melhor, e uno, sou maior do que todos, porque sou todos em um.
Até.
segunda-feira, junho 13, 2005
Baixa Audiência
A audiência deste blog vem caindo assustadoramente.
Nos últimos dias, no final de semana em especial, o número de visitas foi muito baixo. Por isso, hoje pela manhã houve uma reunião de urgência entre a equipe responsável pelo mesmo. Estávamos todos lá: a direção geral e a equipe de criação.
Foi uma reunião tensa, admito. Perder audiência significa perder patrocinadores, o que significa prejuízo, etc. Então, tínhamos que tomar uma atitude para melhorar a audiência do blog. A equipe de criação se reuniu para tentar – através de um brainstorm – encontrar uma novidade de sucesso para A Sopa no Exílio.
Entre as sugestões, foi sugerido que eu colocasse mais fotos minhas no blog.
Nem, pensar, abortei a idéia de cara. Não quero ser mais um rostinho bonito na blogosfera. Quero ser reconhecido pelo meu talento, se é que tenho algum, foi minha palavra final.
Quem sabe, então, voltar a ser mais introspectivo, mais reflexivo? Vamos ver, vamos ver.
Segunda-feira.
Ia falar sobre a seleção brasileira, ainda o jogo com a Argentina, ou sobre o PT, a inebriante sensação que o poder proporciona e fato de agora possuir telhado de vidro, o que o torna não muito diferente dos outros, para desespero dos seus esperançosos eleitores. Mas não estou com vontade. Chove, tem uma brisa bem agradável.
Voltei da academia, vou jantar e ficar ouvindo o barulho da chuva. Tomara que continue assim a noite toda.
Poucas coisas são melhores que dormir ouvindo o barulho da chuva…
Até.
Nos últimos dias, no final de semana em especial, o número de visitas foi muito baixo. Por isso, hoje pela manhã houve uma reunião de urgência entre a equipe responsável pelo mesmo. Estávamos todos lá: a direção geral e a equipe de criação.
Foi uma reunião tensa, admito. Perder audiência significa perder patrocinadores, o que significa prejuízo, etc. Então, tínhamos que tomar uma atitude para melhorar a audiência do blog. A equipe de criação se reuniu para tentar – através de um brainstorm – encontrar uma novidade de sucesso para A Sopa no Exílio.
Entre as sugestões, foi sugerido que eu colocasse mais fotos minhas no blog.
Nem, pensar, abortei a idéia de cara. Não quero ser mais um rostinho bonito na blogosfera. Quero ser reconhecido pelo meu talento, se é que tenho algum, foi minha palavra final.
Quem sabe, então, voltar a ser mais introspectivo, mais reflexivo? Vamos ver, vamos ver.
Segunda-feira.
Ia falar sobre a seleção brasileira, ainda o jogo com a Argentina, ou sobre o PT, a inebriante sensação que o poder proporciona e fato de agora possuir telhado de vidro, o que o torna não muito diferente dos outros, para desespero dos seus esperançosos eleitores. Mas não estou com vontade. Chove, tem uma brisa bem agradável.
Voltei da academia, vou jantar e ficar ouvindo o barulho da chuva. Tomara que continue assim a noite toda.
Poucas coisas são melhores que dormir ouvindo o barulho da chuva…
Até.
domingo, junho 12, 2005
A Sopa 04/47
Não é mais minha praia (ou estou em outra ou estou velho).
Há alguns meses, ainda no ano passado, recebi um e-mail de uma pessoa que se identificava como jornalista e perguntava se eu poderia dar uma entrevista por email. Queria saber sobre pessoas que se utilizam do Orkut (você não conhece? Ah… você é aquele que não conhece, ainda estão procurando o outro) para preparem viagens, fazer contatos, encontrar parceiros de viagem.
Disse que não tinha problema, mas achava que eu não era a melhor pessoa para isso, afinal, sim, até tinha conhecido gente pelo Orkut que está aqui em Toronto e que acabei conhecendo pessoalmente, mas não tinha usado isso para preparar a minha viagem. E disse que, muito mais interessante que comunidades do Orkut, achava que ele deveria pesquisar as comunidades de blogs que se formam. E dei o exemplo aqui de Toronto, que estava formando um grupo bem legal. Ele disse que tudo bem, pediu que eu enviasse uma foto minha aqui em Toronto e foi isso.
Na edição de março de 2005 da revista Viagem e Turismo com a seguinte reportagem:
“Quem tem Orkut vai a Roma (e a qualquer outro lugar)
O Orkut não serve só para colecionar fotos de estranhos e encontrar amigos sumidos: mais de 10 mil comunidades ajudam a viajar pelo mundo, sem pagar mico (e até sem gastar nada!)
Edição 113 - 03/2005
Por Rafael Lessa
Com mais de 3,5 milhões de usuários cadastrados (sendo 60% brasileiros), o Orkut acaba de completar um ano de vida. Até o fechamento desta edição, já existiam 10 446 comunidades registradas na categoria "Viagem", sem falar em tantas outras espalhadas em "Países e Regiões", "Cidades e Bairros" ou "Comida, Bebida e Vinho". Ou seja: bem mais que um detetive de amigos da época do colégio, o Orkut, o maior ponto de encontros virtual do planeta, é também ótima ferramenta para ajudar você a programar sua próxima viagem (…) Já o médico Marcelo Tadday descobriu a comunidade "Brasileiros em Toronto" dias antes de viajar para a cidade, onde estuda atualmente. Fez novos amigos e, ao chegar a Toronto, já tinha companhia para passeios e baladas.“
Pois é… eu li a revista junto com a Jacque, em Atlanta, e não teve jeito: ela pegou no meu pé. Virei “Marcelo, o Baladeiro de Toronto”, mesmo eu tendo – naquele momento – quase sete meses morando aqui, saído um única vez, no meu segundo dia aqui. Bom, tudo bem.
Sábado que passou, contudo, decidi ver qual era a verdadeira balada de Toronto. Havia sido convidado por um conhecido – brasileiro – e mesmo diante da quase exaustão física provocada pela semana que passou, decidi ir. No final da tarde, dei uma dormida para me preparar. Acordei, jantei, e saí de casa para o ponto de encontro.
Dez horas da noite, Union Station, o ponto de encontro. Estamos lá eu e R (preservo o sigilo). Conversamos enquanto aguardamos os outros que possivelmente virão. Chega A, brasileiro, baiano. E vamos os três para a The Guvernement, o ponto da noite (um dos, na verdade) em Toronto. Mesmo antes de ‘A’ chegar, ‘E’ já me orientava como funcionava a noite lá: começava, de verdade, por volta da 1 am, e ia até 8 às vezes 9 am. Techno, acid house era o som predominante, e o pessoal ficava dançando até de manhã. Como? Boleta.
Anfetaminas, e outras “balas”. Só assim para aguentar. No trajeto entre a estação do metrô e a casa noturna, o papo foi sobre isso. Quem tomava e o quanto tomava, de quem comprar, quanto custava, em que situações tomar. Que isso era culpa do governo que, ao sobretaxar as bebidas alcóolicas, “incentivava” o uso dos estimulantes, que acabavam saindo mais barato que as cervejas e destilados, por exemplo. Conheciam alguns traficantes que vendiam. E eu só quieto, ouvindo.
O local, muito grande, com vários ambientes, com sons diferentes em cada um. Para entrar, revista minuciosa por duas meninas observadas de perto por um dos tradicionais seguranças 2x2. Lá dentro, um espaço imenso que vai se ligar aos outros ambientes, ainda não muito cheio, pessoal dançando. Vou ao banheiro. Ao entrar, estão cantando lá dentro… o hino do Inter!! Muito louco, mas não totalmente impensável: a The Guvernement é um local onde muitos brasileiros vão (na rápida fila antes de entrar, ouvíamos português quase o tempo todo).
Lá dentro, o trânsito da “balas” é fluido. Alguns vendem, muitos tomam. Eu fico de longe, só olhando. O som, que não é música, é som para dançar (provoção minha, claro), é contagiante, quase impossível ficar parado, imagina ainda sob efeito de anfetaminas…
Fico um tempo por lá, até por volta das 1h15 e vou embora para pegar o último metrô para casa, onde chego às 1h45, exausto.
Algumas coisas não são para mim.
Ou estou velho ou careta. Tanto faz.
Eu gosto assim.
Há alguns meses, ainda no ano passado, recebi um e-mail de uma pessoa que se identificava como jornalista e perguntava se eu poderia dar uma entrevista por email. Queria saber sobre pessoas que se utilizam do Orkut (você não conhece? Ah… você é aquele que não conhece, ainda estão procurando o outro) para preparem viagens, fazer contatos, encontrar parceiros de viagem.
Disse que não tinha problema, mas achava que eu não era a melhor pessoa para isso, afinal, sim, até tinha conhecido gente pelo Orkut que está aqui em Toronto e que acabei conhecendo pessoalmente, mas não tinha usado isso para preparar a minha viagem. E disse que, muito mais interessante que comunidades do Orkut, achava que ele deveria pesquisar as comunidades de blogs que se formam. E dei o exemplo aqui de Toronto, que estava formando um grupo bem legal. Ele disse que tudo bem, pediu que eu enviasse uma foto minha aqui em Toronto e foi isso.
Na edição de março de 2005 da revista Viagem e Turismo com a seguinte reportagem:
“Quem tem Orkut vai a Roma (e a qualquer outro lugar)
O Orkut não serve só para colecionar fotos de estranhos e encontrar amigos sumidos: mais de 10 mil comunidades ajudam a viajar pelo mundo, sem pagar mico (e até sem gastar nada!)
Edição 113 - 03/2005
Por Rafael Lessa
Com mais de 3,5 milhões de usuários cadastrados (sendo 60% brasileiros), o Orkut acaba de completar um ano de vida. Até o fechamento desta edição, já existiam 10 446 comunidades registradas na categoria "Viagem", sem falar em tantas outras espalhadas em "Países e Regiões", "Cidades e Bairros" ou "Comida, Bebida e Vinho". Ou seja: bem mais que um detetive de amigos da época do colégio, o Orkut, o maior ponto de encontros virtual do planeta, é também ótima ferramenta para ajudar você a programar sua próxima viagem (…) Já o médico Marcelo Tadday descobriu a comunidade "Brasileiros em Toronto" dias antes de viajar para a cidade, onde estuda atualmente. Fez novos amigos e, ao chegar a Toronto, já tinha companhia para passeios e baladas.“
Pois é… eu li a revista junto com a Jacque, em Atlanta, e não teve jeito: ela pegou no meu pé. Virei “Marcelo, o Baladeiro de Toronto”, mesmo eu tendo – naquele momento – quase sete meses morando aqui, saído um única vez, no meu segundo dia aqui. Bom, tudo bem.
Sábado que passou, contudo, decidi ver qual era a verdadeira balada de Toronto. Havia sido convidado por um conhecido – brasileiro – e mesmo diante da quase exaustão física provocada pela semana que passou, decidi ir. No final da tarde, dei uma dormida para me preparar. Acordei, jantei, e saí de casa para o ponto de encontro.
Dez horas da noite, Union Station, o ponto de encontro. Estamos lá eu e R (preservo o sigilo). Conversamos enquanto aguardamos os outros que possivelmente virão. Chega A, brasileiro, baiano. E vamos os três para a The Guvernement, o ponto da noite (um dos, na verdade) em Toronto. Mesmo antes de ‘A’ chegar, ‘E’ já me orientava como funcionava a noite lá: começava, de verdade, por volta da 1 am, e ia até 8 às vezes 9 am. Techno, acid house era o som predominante, e o pessoal ficava dançando até de manhã. Como? Boleta.
Anfetaminas, e outras “balas”. Só assim para aguentar. No trajeto entre a estação do metrô e a casa noturna, o papo foi sobre isso. Quem tomava e o quanto tomava, de quem comprar, quanto custava, em que situações tomar. Que isso era culpa do governo que, ao sobretaxar as bebidas alcóolicas, “incentivava” o uso dos estimulantes, que acabavam saindo mais barato que as cervejas e destilados, por exemplo. Conheciam alguns traficantes que vendiam. E eu só quieto, ouvindo.
O local, muito grande, com vários ambientes, com sons diferentes em cada um. Para entrar, revista minuciosa por duas meninas observadas de perto por um dos tradicionais seguranças 2x2. Lá dentro, um espaço imenso que vai se ligar aos outros ambientes, ainda não muito cheio, pessoal dançando. Vou ao banheiro. Ao entrar, estão cantando lá dentro… o hino do Inter!! Muito louco, mas não totalmente impensável: a The Guvernement é um local onde muitos brasileiros vão (na rápida fila antes de entrar, ouvíamos português quase o tempo todo).
Lá dentro, o trânsito da “balas” é fluido. Alguns vendem, muitos tomam. Eu fico de longe, só olhando. O som, que não é música, é som para dançar (provoção minha, claro), é contagiante, quase impossível ficar parado, imagina ainda sob efeito de anfetaminas…
Fico um tempo por lá, até por volta das 1h15 e vou embora para pegar o último metrô para casa, onde chego às 1h45, exausto.
Algumas coisas não são para mim.
Ou estou velho ou careta. Tanto faz.
Eu gosto assim.
sábado, junho 11, 2005
O Dia da Criação
(Vinícius de Moraes)
I
Hoje é sábado, amanhã é domingo
A vida vem em ondas, como o mar
Os bondes andam em cima dos trilhos
E Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na cruz para nos salvar.
Hoje é sábado, amanhã é domingo
Não há nada como o tempo para passar
Foi muita bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo
Mas por via das dúvidas livrai-nos meu Deus de todo mal.
Hoje é sábado, amanhã é domingo
Amanhã não gosta de ver ninguém bem
Hoje é que é o dia do presente
O dia é sábado.
Impossível fugir a essa dura realidade
Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios
Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas
Todos os maridos estão funcionando regularmente
Todas as mulheres estão atentas
Porque hoje é sábado.
II
Neste momento há um casamento
Porque hoje é sábado
Hoje há um divórcio e um violamento
Porque hoje é sábado
Há um rico que se mata
Porque hoje é sábado
Há um incesto e uma regata
Porque hoje é sábado
Há um espetáculo de gala
Porque hoje é sábado
Há uma mulher que apanha e cala
Porque hoje é sábado
Há um renovar-se de esperanças
Porque hoje é sábado
Há uma profunda discordância
Porque hoje é sábado
Há um sedutor que tomba morto
Porque hoje é sábado
Há um grande espírito-de-porco
Porque hoje é sábado
Há uma mulher que vira homem
Porque hoje é sábado
Há criancinhas que não comem
Porque hoje é sábado
Há um piquenique de políticos
Porque hoje é sábado
Há um grande acréscimo de sífilis
Porque hoje é sábado
Há um ariano e uma mulata
Porque hoje é sábado
Há uma tensão inusitada
Porque hoje é sábado
Há adolescências seminuas
Porque hoje é sábado
Há um vampiro pelas ruas
Porque hoje é sábado
Há um grande aumento no consumo
Porque hoje é sábado
Há um noivo louco de ciúmes
Porque hoje é sábado
Há um garden-party na cadeia
Porque hoje é sábado
Há uma impassível lua cheia
Porque hoje é sábado
Há damas de todas as classes
Porque hoje é sábado
Umas difíceis, outras fáceis
Porque hoje é sábado
Há um beber e um dar sem conta
Porque hoje é sábado
Há uma infeliz que vai de tonta
Porque hoje é sábado
Há um padre passeando à paisana
Porque hoje é sábado
Há um frenesi de dar banana
Porque hoje é sábado
Há a sensação angustiante
Porque hoje é sábado
De uma mulher dentro de um homem
Porque hoje é sábado
Há uma comemoração fantástica
Porque hoje é sábado
Da primeira cirurgia plástica
Porque hoje é sábado
E dando os trâmites por findos
Porque hoje é sábado
Há a perspectiva do domingo
Porque hoje é sábado
III
Por todas essas razões deverias ter sido riscado do Livro das Origens,
ó Sexto Dia da Criação.
De fato, depois da Ouverture do Fiat e da divisão de luzes e trevas
E depois, da separação das águas, e depois, da fecundação da terra
E depois, da gênese dos peixes e das aves e dos animais da terra
Melhor fora que o Senhor das Esferas tivesse descansado.
Na verdade, o homem não era necessário
Nem tu, mulher, ser vegetal, dona do abismo, que queres como
as plantas, imovelmente e nunca saciada
Tu que carregas no meio de ti o vórtice supremo da paixão.
Mal procedeu o Senhor em não descansar durante os dois últimos dias
Trinta séculos lutou a humanidade pela semana inglesa
Descansasse o Senhor e simplesmente não existiríamos
Seríamos talvez pólos infinitamente pequenos de partículas cósmicas
em queda invisível na
terra.
Não viveríamos da degola dos animais e da asfixia dos peixes
Não seríamos paridos em dor nem suaríamos o pão nosso de cada dia
Não sofreríamos males de amor nem desejaríamos a mulher do próximo
Não teríamos escola, serviço militar, casamento civil, imposto sobre a renda
e missa de
sétimo dia.
Seria a indizível beleza e harmonia do plano verde das terras e das
águas em núpcias
A paz e o poder maior das plantas e dos astros em colóquio
A pureza maior do instinto dos peixes, das aves e dos animais em cópula.
Ao revés, precisamos ser lógicos, freqüentemente dogmáticos
Precisamos encarar o problema das colocações morais e estéticas
Ser sociais, cultivar hábitos, rir sem vontade e até praticar amor sem vontade
Tudo isso porque o Senhor cismou em não descansar no Sexto Dia e sim no Sétimo
E para não ficar com as vastas mãos abanando
Resolveu fazer o homem à sua imagem e semelhança
Possivelmente, isto é, muito provavelmente
Porque era sábado.
I
Hoje é sábado, amanhã é domingo
A vida vem em ondas, como o mar
Os bondes andam em cima dos trilhos
E Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na cruz para nos salvar.
Hoje é sábado, amanhã é domingo
Não há nada como o tempo para passar
Foi muita bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo
Mas por via das dúvidas livrai-nos meu Deus de todo mal.
Hoje é sábado, amanhã é domingo
Amanhã não gosta de ver ninguém bem
Hoje é que é o dia do presente
O dia é sábado.
Impossível fugir a essa dura realidade
Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios
Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas
Todos os maridos estão funcionando regularmente
Todas as mulheres estão atentas
Porque hoje é sábado.
II
Neste momento há um casamento
Porque hoje é sábado
Hoje há um divórcio e um violamento
Porque hoje é sábado
Há um rico que se mata
Porque hoje é sábado
Há um incesto e uma regata
Porque hoje é sábado
Há um espetáculo de gala
Porque hoje é sábado
Há uma mulher que apanha e cala
Porque hoje é sábado
Há um renovar-se de esperanças
Porque hoje é sábado
Há uma profunda discordância
Porque hoje é sábado
Há um sedutor que tomba morto
Porque hoje é sábado
Há um grande espírito-de-porco
Porque hoje é sábado
Há uma mulher que vira homem
Porque hoje é sábado
Há criancinhas que não comem
Porque hoje é sábado
Há um piquenique de políticos
Porque hoje é sábado
Há um grande acréscimo de sífilis
Porque hoje é sábado
Há um ariano e uma mulata
Porque hoje é sábado
Há uma tensão inusitada
Porque hoje é sábado
Há adolescências seminuas
Porque hoje é sábado
Há um vampiro pelas ruas
Porque hoje é sábado
Há um grande aumento no consumo
Porque hoje é sábado
Há um noivo louco de ciúmes
Porque hoje é sábado
Há um garden-party na cadeia
Porque hoje é sábado
Há uma impassível lua cheia
Porque hoje é sábado
Há damas de todas as classes
Porque hoje é sábado
Umas difíceis, outras fáceis
Porque hoje é sábado
Há um beber e um dar sem conta
Porque hoje é sábado
Há uma infeliz que vai de tonta
Porque hoje é sábado
Há um padre passeando à paisana
Porque hoje é sábado
Há um frenesi de dar banana
Porque hoje é sábado
Há a sensação angustiante
Porque hoje é sábado
De uma mulher dentro de um homem
Porque hoje é sábado
Há uma comemoração fantástica
Porque hoje é sábado
Da primeira cirurgia plástica
Porque hoje é sábado
E dando os trâmites por findos
Porque hoje é sábado
Há a perspectiva do domingo
Porque hoje é sábado
III
Por todas essas razões deverias ter sido riscado do Livro das Origens,
ó Sexto Dia da Criação.
De fato, depois da Ouverture do Fiat e da divisão de luzes e trevas
E depois, da separação das águas, e depois, da fecundação da terra
E depois, da gênese dos peixes e das aves e dos animais da terra
Melhor fora que o Senhor das Esferas tivesse descansado.
Na verdade, o homem não era necessário
Nem tu, mulher, ser vegetal, dona do abismo, que queres como
as plantas, imovelmente e nunca saciada
Tu que carregas no meio de ti o vórtice supremo da paixão.
Mal procedeu o Senhor em não descansar durante os dois últimos dias
Trinta séculos lutou a humanidade pela semana inglesa
Descansasse o Senhor e simplesmente não existiríamos
Seríamos talvez pólos infinitamente pequenos de partículas cósmicas
em queda invisível na
terra.
Não viveríamos da degola dos animais e da asfixia dos peixes
Não seríamos paridos em dor nem suaríamos o pão nosso de cada dia
Não sofreríamos males de amor nem desejaríamos a mulher do próximo
Não teríamos escola, serviço militar, casamento civil, imposto sobre a renda
e missa de
sétimo dia.
Seria a indizível beleza e harmonia do plano verde das terras e das
águas em núpcias
A paz e o poder maior das plantas e dos astros em colóquio
A pureza maior do instinto dos peixes, das aves e dos animais em cópula.
Ao revés, precisamos ser lógicos, freqüentemente dogmáticos
Precisamos encarar o problema das colocações morais e estéticas
Ser sociais, cultivar hábitos, rir sem vontade e até praticar amor sem vontade
Tudo isso porque o Senhor cismou em não descansar no Sexto Dia e sim no Sétimo
E para não ficar com as vastas mãos abanando
Resolveu fazer o homem à sua imagem e semelhança
Possivelmente, isto é, muito provavelmente
Porque era sábado.
sexta-feira, junho 10, 2005
Consultório Sentimental do Seu Sopa
Fui deixado na mão.
Sem nenhum outro sentido que vocês possam dar a isto, suas mentes infectas. Acontece que esta coluna, que deveria ter uma freqüência semanal, provavelmente não o tenha, já que o seu autor, cuja indentidade continua protegida pelo singelo (meigo, diria) pseudônimo de ‘Ombro Amigo’, não pode se comprometer com os textos na freqüência previamente combinada. Por quê? Vou deixar que ele explique (transcrição de uma carta escrita de próprio punho, talvez com o papel sobre as pernas), conclusão a que chego pelo dificuldade de compreensão de sua letra:
”Amigo Marcelo, Editor e Ex-Sedentário,
Desculpe utilizar essa forma de comunicação arcaica, em que – para a mensagem chegar – dependemos da morte de árvores que vão resultar nesta folha alva, pura, à espera do contorcionismos desta pena que ora uso para escrever-lhe. Alguém ainda usa pena para escrever? Eu, ao menos, sim, porque me agrada esta relação entre a pena e a folha branca, que será maculada e os rastros deste quase crime ficarão marcados para sempre. Tergiverso, contudo.
Lamento muito, caro amigo, mas penso não ser capaz de cumprir minhas obrigações acertadas contigo e o teu mui valeroso weblog. Eu sei, eu sei, promessas quebradas são como relacionamentos abalados, como o cristal, que, depois de quebrado, até pode ser colado novamente, mas nunca ficará como antes. Mas por que corro o risco de faltar com minha palavra?
Pela única razão pela qual os homens lutam, constroem castelos, impérios até: o amor. L’amour. Já diziam os Beatles, ‘All you need is love’, e Tim Maia, o síndico, ‘Não quero dinheiro, eu só quero amar’. Pois é, meu caro amigo, estou amando de novo!
E como a vida muda quando amamos!
De certa forma, respondo agora a uma das perguntas que me foi feita por uma mensagem eletrônica: como é que eu podia conhecer a alma feminina se eu fora casado três vezes? Isso não seria sinal de fracasso nos casamentos?
Evidentemente que não, cara ‘N’, você que aflita me perguntou isso. O fato de eu ter sido casado três vezes é explicado justamente pelo fato de eu conhecer muito bem as mulheres. E concordo com o dito popular: “A mulher casa com o homem para tentar mudá-lo, e o homem casa com a mulher e não quer que ela mude”. Os dois se frustram, porque o homem não muda e a mulher muda!
Desta forma, resolvi o problema: eu mudo. De mulher…
Mas desta vez é a definitiva. Isabella, nascida argentina mas cidadã do mundo, é o amor da minha vida, ou pelo menos o último dos amores reservados para mim que vou encontrar. Estamos viajando hoje à noite para Paris, onde vamos passar os próximos meses vivendo nosso louco amor, passando tardes discutindo Sartre no Café de Flore e noites de amor no nosso estúdio no Marais.
De Paris, mando notícias, mas não posso prometer quando.
Um abraço sincero de vosso amigo a caminho do aeroporto,
Ombro Amigo”
Sem nenhum outro sentido que vocês possam dar a isto, suas mentes infectas. Acontece que esta coluna, que deveria ter uma freqüência semanal, provavelmente não o tenha, já que o seu autor, cuja indentidade continua protegida pelo singelo (meigo, diria) pseudônimo de ‘Ombro Amigo’, não pode se comprometer com os textos na freqüência previamente combinada. Por quê? Vou deixar que ele explique (transcrição de uma carta escrita de próprio punho, talvez com o papel sobre as pernas), conclusão a que chego pelo dificuldade de compreensão de sua letra:
”Amigo Marcelo, Editor e Ex-Sedentário,
Desculpe utilizar essa forma de comunicação arcaica, em que – para a mensagem chegar – dependemos da morte de árvores que vão resultar nesta folha alva, pura, à espera do contorcionismos desta pena que ora uso para escrever-lhe. Alguém ainda usa pena para escrever? Eu, ao menos, sim, porque me agrada esta relação entre a pena e a folha branca, que será maculada e os rastros deste quase crime ficarão marcados para sempre. Tergiverso, contudo.
Lamento muito, caro amigo, mas penso não ser capaz de cumprir minhas obrigações acertadas contigo e o teu mui valeroso weblog. Eu sei, eu sei, promessas quebradas são como relacionamentos abalados, como o cristal, que, depois de quebrado, até pode ser colado novamente, mas nunca ficará como antes. Mas por que corro o risco de faltar com minha palavra?
Pela única razão pela qual os homens lutam, constroem castelos, impérios até: o amor. L’amour. Já diziam os Beatles, ‘All you need is love’, e Tim Maia, o síndico, ‘Não quero dinheiro, eu só quero amar’. Pois é, meu caro amigo, estou amando de novo!
E como a vida muda quando amamos!
De certa forma, respondo agora a uma das perguntas que me foi feita por uma mensagem eletrônica: como é que eu podia conhecer a alma feminina se eu fora casado três vezes? Isso não seria sinal de fracasso nos casamentos?
Evidentemente que não, cara ‘N’, você que aflita me perguntou isso. O fato de eu ter sido casado três vezes é explicado justamente pelo fato de eu conhecer muito bem as mulheres. E concordo com o dito popular: “A mulher casa com o homem para tentar mudá-lo, e o homem casa com a mulher e não quer que ela mude”. Os dois se frustram, porque o homem não muda e a mulher muda!
Desta forma, resolvi o problema: eu mudo. De mulher…
Mas desta vez é a definitiva. Isabella, nascida argentina mas cidadã do mundo, é o amor da minha vida, ou pelo menos o último dos amores reservados para mim que vou encontrar. Estamos viajando hoje à noite para Paris, onde vamos passar os próximos meses vivendo nosso louco amor, passando tardes discutindo Sartre no Café de Flore e noites de amor no nosso estúdio no Marais.
De Paris, mando notícias, mas não posso prometer quando.
Um abraço sincero de vosso amigo a caminho do aeroporto,
Ombro Amigo”
Pequena nota no meio do dia
Homeopatia no tratamento da asma.
Homeopathy for chronic asthma
RW McCarney, K Linde, TJ Lasserson
The Cochrane Database of Systematic Reviews 2005 Issue 2
Copyright © 2005 The Cochrane Collaboration. Published by John Wiley & Sons, Ltd.
----------------------------------------------------------
Abstract
Background
Homeopathy involves the use, in dilution, of substances which cause symptoms in their undiluted form. It is one of the most widespread forms of complementary medicines and is also used to treat asthma.
Objectives
The objective of this review was to assess the effects of homeopathy in people with chronic stable asthma.
Search strategy
We searched the Cochrane Airways Group trials register, the Cochrane Complementary Medicine Field trials register, the Glasgow Homeopathic Hospital database, the Münchener Modell database and reference lists of articles. Searches were current as of August 2003.
Selection criteria
Randomised trials of homeopathy for the treatment of stable chronic asthma, with observation periods of at least one week were included.
Data collection and analysis
Data extraction was undertaken by two reviewers. Trial quality was assessed by the reviewers.
Main results
Six trials with a total of 556 people were included. These trials were all placebo-controlled and double-blind, but of variable quality. They used different homeopathic treatments which precluded quantitative pooling of results for the primary outcome. Standardised treatments in these trials are unlikely to represent common homeopathic practice, where treatment tends to be individualised. No trial reported a significant difference on validated symptom scales. There were conflicting results in terms of lung function between the studies. There has been only a limited attempt to measure a 'package of care' effect (i.e., the effect of the medication as well as the consultation, which is considered a vital part of individualised homeopathic practice).
Authors' conclusions
There is not enough evidence to reliably assess the possible role of homeopathy in asthma. As well as randomised trials, there is a need for observational data to document the different methods of homeopathic prescribing and how patients respond. This will help to establish to what extent people respond to a 'package of care' rather than the homeopathic intervention alone.
---------------------------------------------------------------
Synopsis
Not enough evidence from trials to determine whether or not homeopathy can help improve asthma.
Homeopathy is a complementary healing system based on "curing like with like". It involves greatly diluting substances (potentising) which ordinarily may or may not cause symptoms, in order to strengthen the body's own healing response to a problem. Homeopathic remedies (potencies) aim to minimise the risk of adverse effects. There are different types that may be used for asthma, such as classical homeopathy (tailored to an individual's symptoms) or isopathy (for example using a dilution of an agent that causes an allergy, such as pollen). The review of trials found that the type of homeopathy varied between the studies, that the study designs used in the trials were varied and that no strong evidence existed that usual forms of homeopathy for asthma are effective. There has been only a limited attempt to measure a 'package of care' effect (i.e., the effect of the medication as well as the consultation, which is considered a vital part of individualised homeopathic practice).
Until stronger evidence exists for the use of homeopathy in the treatment of asthma, we are unable to make recommendations about homeopathic treatment.
Nao sou eu quem esta dizendo. Sao as evidencias...
Ainda hoje, Consultorio Sentimental do Seu Sopa.
Homeopathy for chronic asthma
RW McCarney, K Linde, TJ Lasserson
The Cochrane Database of Systematic Reviews 2005 Issue 2
Copyright © 2005 The Cochrane Collaboration. Published by John Wiley & Sons, Ltd.
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Abstract
Background
Homeopathy involves the use, in dilution, of substances which cause symptoms in their undiluted form. It is one of the most widespread forms of complementary medicines and is also used to treat asthma.
Objectives
The objective of this review was to assess the effects of homeopathy in people with chronic stable asthma.
Search strategy
We searched the Cochrane Airways Group trials register, the Cochrane Complementary Medicine Field trials register, the Glasgow Homeopathic Hospital database, the Münchener Modell database and reference lists of articles. Searches were current as of August 2003.
Selection criteria
Randomised trials of homeopathy for the treatment of stable chronic asthma, with observation periods of at least one week were included.
Data collection and analysis
Data extraction was undertaken by two reviewers. Trial quality was assessed by the reviewers.
Main results
Six trials with a total of 556 people were included. These trials were all placebo-controlled and double-blind, but of variable quality. They used different homeopathic treatments which precluded quantitative pooling of results for the primary outcome. Standardised treatments in these trials are unlikely to represent common homeopathic practice, where treatment tends to be individualised. No trial reported a significant difference on validated symptom scales. There were conflicting results in terms of lung function between the studies. There has been only a limited attempt to measure a 'package of care' effect (i.e., the effect of the medication as well as the consultation, which is considered a vital part of individualised homeopathic practice).
Authors' conclusions
There is not enough evidence to reliably assess the possible role of homeopathy in asthma. As well as randomised trials, there is a need for observational data to document the different methods of homeopathic prescribing and how patients respond. This will help to establish to what extent people respond to a 'package of care' rather than the homeopathic intervention alone.
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Synopsis
Not enough evidence from trials to determine whether or not homeopathy can help improve asthma.
Homeopathy is a complementary healing system based on "curing like with like". It involves greatly diluting substances (potentising) which ordinarily may or may not cause symptoms, in order to strengthen the body's own healing response to a problem. Homeopathic remedies (potencies) aim to minimise the risk of adverse effects. There are different types that may be used for asthma, such as classical homeopathy (tailored to an individual's symptoms) or isopathy (for example using a dilution of an agent that causes an allergy, such as pollen). The review of trials found that the type of homeopathy varied between the studies, that the study designs used in the trials were varied and that no strong evidence existed that usual forms of homeopathy for asthma are effective. There has been only a limited attempt to measure a 'package of care' effect (i.e., the effect of the medication as well as the consultation, which is considered a vital part of individualised homeopathic practice).
Until stronger evidence exists for the use of homeopathy in the treatment of asthma, we are unable to make recommendations about homeopathic treatment.
Nao sou eu quem esta dizendo. Sao as evidencias...
Ainda hoje, Consultorio Sentimental do Seu Sopa.
quinta-feira, junho 09, 2005
A Reunião
A Sopa no Exílio prova mais uma vez ser um blog de jornalismo investigativo e apresenta para vocês uma reportagem inédita no jornalismo mundial. Nós infiltramos um dos nossos colaboradores numa reunião de um grupo secreto (vai ficar óbvio por quê): os SA.
Sedentários Anônimos.
Eles são tão anônimos que sua existência – antes uma história, uma lenda urbana – só foi descoberta por uma denúncia nem tão anônima feita por um gordinho comendo um pacote grande de pipoca em um cinema local. Após a denúncia, enviamos um dos nossos colaboradores para uma das reuniões semanais, no salão paroquial de uma igreja qualquer numa cidade qualquer entre Halifax e Vancouver.
Aqui vai um relato, já devidamente traduzido do inglês.
Quarta-feira, 08 de junho de 2005.
Estaciono meu carro bem em frente à igreja (para não dar na vista) e caminho pouco até uma porta lateral da Igreja. Bato três vezes na porta, e abre-se apenas uma pequena fresta e uma pessoa aparece e pergunta apenas o que quero. Digo que vim para o encontro e a pessoa pergunta “E então?”. Sei que é a deixa para eu dizer a senha. Não vacilo (Atenção, isso é um tradução livre, não literal) e digo a senha: “iiiçaaa, saúde é o que interessa!”.
Nisso sou praticamente jogado para dentro da grande sala com cadeiras formando um círculo. Cerca de vinte pessoas estão sentadas aguardando o início. A pessoa que estava na porta desculpa-se, dizendo que precauções são necessárias, por questão de segurança. Pergunto por quê?
- Não sabe? Por causa da máfia.
- Máfia? Como assim?
- Sim, máfia. Dos cardiologistas.
- Cardiologistas?!
- Evidentemente. Nunca parou pra pensar? São eles que nos querem obesos, com colesterol alto, hipertensos, infartando. Pior que eles, só a máfia dos cirurgiões plásticos. Os cirurgiões plásticos têm os melhores meios de influenciar as pessoas a engordarem, ficarem disformes, e então vender suas lipoaspirações. Eles controlam até os meios de comunicação. A divisão de chocolates e sorvetes da Nestle é dirigida por um cirurgião plástico. Aposto que você não sabia. Fuja dos cirurgiões plásticos!
Começa a reunião. Todos já se conhecem, eu sou o novo. Vou ter que me apresentar e contar meu caso.
- Meu nome é (nome mantido em segredo para a segurança do repórter) e eu sou um sedentário (todos se ajeitam na cadeira, alguns olham para o chão, constrangidos). Estou aqui porque quero deixar essa vida de perdição, de finais de semana no sofá vendo televisão e comendo quilos de carboidratos (todos concordam com movimentos afirmativos da cabeça).
Continuo:
- Hoje é o terceiro dia seguido que faço atividade física.
(seguem-se aplausos entusiasmados, gritos de apoio, todos levantam e me abraçam)
O coordenador aperta minha mão e diz:
- Parabéns, continue assim. Viva um dia após o outro. Só assim conseguirá manter-se ativo e, quem sabe, até melhorar o shape…
(não precisava ouvir isso, mas tudo bem…)
A reunião durou mais uma hora, mais ou menos, e, na hora de ir embora, um dos integrantes sugeriu que fôssemos fazer um lanche antes de ir para casa. “McDonald’s, que tal?”.
Os dois integrantes mais “fortes” pularam sobre ele e o imobilizaram, enquanto ele gritava “Número dois com fritas grandes e coca-cola extra-large! Sundae de sobremesa!”. Levaram-o para uma sala do fundo, enquanto os outros encaminhavam-se para saída. Quando olhei para o coordenador com cara de espanto, ele só disse “Cardiologista”.
Era um espião.
Sedentários Anônimos.
Eles são tão anônimos que sua existência – antes uma história, uma lenda urbana – só foi descoberta por uma denúncia nem tão anônima feita por um gordinho comendo um pacote grande de pipoca em um cinema local. Após a denúncia, enviamos um dos nossos colaboradores para uma das reuniões semanais, no salão paroquial de uma igreja qualquer numa cidade qualquer entre Halifax e Vancouver.
Aqui vai um relato, já devidamente traduzido do inglês.
Quarta-feira, 08 de junho de 2005.
Estaciono meu carro bem em frente à igreja (para não dar na vista) e caminho pouco até uma porta lateral da Igreja. Bato três vezes na porta, e abre-se apenas uma pequena fresta e uma pessoa aparece e pergunta apenas o que quero. Digo que vim para o encontro e a pessoa pergunta “E então?”. Sei que é a deixa para eu dizer a senha. Não vacilo (Atenção, isso é um tradução livre, não literal) e digo a senha: “iiiçaaa, saúde é o que interessa!”.
Nisso sou praticamente jogado para dentro da grande sala com cadeiras formando um círculo. Cerca de vinte pessoas estão sentadas aguardando o início. A pessoa que estava na porta desculpa-se, dizendo que precauções são necessárias, por questão de segurança. Pergunto por quê?
- Não sabe? Por causa da máfia.
- Máfia? Como assim?
- Sim, máfia. Dos cardiologistas.
- Cardiologistas?!
- Evidentemente. Nunca parou pra pensar? São eles que nos querem obesos, com colesterol alto, hipertensos, infartando. Pior que eles, só a máfia dos cirurgiões plásticos. Os cirurgiões plásticos têm os melhores meios de influenciar as pessoas a engordarem, ficarem disformes, e então vender suas lipoaspirações. Eles controlam até os meios de comunicação. A divisão de chocolates e sorvetes da Nestle é dirigida por um cirurgião plástico. Aposto que você não sabia. Fuja dos cirurgiões plásticos!
Começa a reunião. Todos já se conhecem, eu sou o novo. Vou ter que me apresentar e contar meu caso.
- Meu nome é (nome mantido em segredo para a segurança do repórter) e eu sou um sedentário (todos se ajeitam na cadeira, alguns olham para o chão, constrangidos). Estou aqui porque quero deixar essa vida de perdição, de finais de semana no sofá vendo televisão e comendo quilos de carboidratos (todos concordam com movimentos afirmativos da cabeça).
Continuo:
- Hoje é o terceiro dia seguido que faço atividade física.
(seguem-se aplausos entusiasmados, gritos de apoio, todos levantam e me abraçam)
O coordenador aperta minha mão e diz:
- Parabéns, continue assim. Viva um dia após o outro. Só assim conseguirá manter-se ativo e, quem sabe, até melhorar o shape…
(não precisava ouvir isso, mas tudo bem…)
A reunião durou mais uma hora, mais ou menos, e, na hora de ir embora, um dos integrantes sugeriu que fôssemos fazer um lanche antes de ir para casa. “McDonald’s, que tal?”.
Os dois integrantes mais “fortes” pularam sobre ele e o imobilizaram, enquanto ele gritava “Número dois com fritas grandes e coca-cola extra-large! Sundae de sobremesa!”. Levaram-o para uma sala do fundo, enquanto os outros encaminhavam-se para saída. Quando olhei para o coordenador com cara de espanto, ele só disse “Cardiologista”.
Era um espião.
Diário…
… de-um-quase-quem-sabe-tomara-que-sim-ex-sedentário.
Dia dois. Quem disse que o primeiro dia é o mais difícil? Quem?! Provavelmente alguém que não teve um segundo dia. Palhaço…
O segundo dia é pior que o primeiro, com certeza.
Começa logo ao acordar. Abrir os olhos e perceber que a gravidade aumentou. Cinco gê (5G), como se estivesse voando num F-16 à velocidade do som. Uma improbabilidade física, mas uma certeza. Ainda antes de sair da cama, a certeza que o melhor horário para ir para a academia tem que ser à tarde. Por que se dependesse da disposição naquele momento, não iria nem ao hospital. Aliás, nunca confie numa resolução tomada logo ao acordar. Pode não durar até depois do almoço, o que – neste caso – seria positivo.
O dia foi bastante trabalho, o que foi bom, pois “ativou a adrenalina” e fez voltar a disposição de continuar na luta contra o sedentarismo. Aí vieram as vozes dizendo “desista, desista”. Não desisti, e hoje voltei à academia.
Fui mais forte que a química. É, sério. Deixa eu explicar para vocês: à medida que passamos cada vez mais tempo sem fazer nenhuma atividade física, começa a circular em nosso organismo uma quantidade cada vez maior de sedentarina, um hormônio que faz com que você queira ficar cada vez mais tempo no sofá vendo TV comendo pipoca e sorvete. Dá a sensação de prazer nesta atividade. Prazer em ser sedentário.
É o contraponto à serotonina, hormônio liberado em diversas situações, atividade física entre elas, e proporciona prazer. Uma contrapõe outra. Elas lutam entre si para ver quem predomina. Uma vai ter que ganhar. E as vozes que nos pedem para desistir nada mais são do que um golpe baixo da sedentarina contra nós. Mas estou vencendo.
O meu medo agora é o terceiro dia.
UPDATE FUTEBOLÍSTICO - Hoje, o Brasil foi o Paraguai da Argentina...
Falo mais amanhã.
Ou não.
Dia dois. Quem disse que o primeiro dia é o mais difícil? Quem?! Provavelmente alguém que não teve um segundo dia. Palhaço…
O segundo dia é pior que o primeiro, com certeza.
Começa logo ao acordar. Abrir os olhos e perceber que a gravidade aumentou. Cinco gê (5G), como se estivesse voando num F-16 à velocidade do som. Uma improbabilidade física, mas uma certeza. Ainda antes de sair da cama, a certeza que o melhor horário para ir para a academia tem que ser à tarde. Por que se dependesse da disposição naquele momento, não iria nem ao hospital. Aliás, nunca confie numa resolução tomada logo ao acordar. Pode não durar até depois do almoço, o que – neste caso – seria positivo.
O dia foi bastante trabalho, o que foi bom, pois “ativou a adrenalina” e fez voltar a disposição de continuar na luta contra o sedentarismo. Aí vieram as vozes dizendo “desista, desista”. Não desisti, e hoje voltei à academia.
Fui mais forte que a química. É, sério. Deixa eu explicar para vocês: à medida que passamos cada vez mais tempo sem fazer nenhuma atividade física, começa a circular em nosso organismo uma quantidade cada vez maior de sedentarina, um hormônio que faz com que você queira ficar cada vez mais tempo no sofá vendo TV comendo pipoca e sorvete. Dá a sensação de prazer nesta atividade. Prazer em ser sedentário.
É o contraponto à serotonina, hormônio liberado em diversas situações, atividade física entre elas, e proporciona prazer. Uma contrapõe outra. Elas lutam entre si para ver quem predomina. Uma vai ter que ganhar. E as vozes que nos pedem para desistir nada mais são do que um golpe baixo da sedentarina contra nós. Mas estou vencendo.
O meu medo agora é o terceiro dia.
UPDATE FUTEBOLÍSTICO - Hoje, o Brasil foi o Paraguai da Argentina...
Falo mais amanhã.
Ou não.
terça-feira, junho 07, 2005
Sobre atividade física e outros frufrus
Tem uma propaganda que eu vi estes dias – não sei num canal aqui do Canadá ou dos Estados Unidos – muito engraçada, mas que faz pensar. Começa com um gordo abrindo a porta da garage com o controle remoto e indo até a frente da casa numa daqueles carrinhos motorizados, para pegar o jornal. A partir daí, mostra toda a família obesa fazendo atividades com o mínimo possível de esforço, até acabar com o filho gordinho brincando com o cachorro: sentado numa cadeira, tomando um milk-shake, a arremessando bolas de tênis com aquelas máquinas para treinar tênis, que fazem isso. O aviso final, acho que do Colégio Americano de Cardiologia: cuidado com o sedentarismo.
Eu era sendentário. Não sou mais.
Nada a ver com a propaganda, mas resolvi que tinha que deixar de ser sedentário. Certo, talvez tenha a ver com o fato de eu ver minha barriga crescer a olhos vistos apesar de (1) não estar grávido por óbvias razões e (2) não estar tomando cerveja. Mas isso não vem ao caso.
Ontem ia começar na academia que tem aqui no condomínio onde moro, mas logo depois do almoço comecei com um dor de cabeça quase insuportável. Tomei dois Tylenol e vim para casa. Chegando, deitei e dormi umas duas horas. Acordei ainda meio enjoado mas sem dor. Definitivamente, não era dia de começar atividade física.
Pensando no por quê de ter tido a dor de cabeça justamente no dia em que ia começar na academia, duas teorias surgiram: (1) um tumor no cérebro que vinha crescendo e agora tinha começado a doer, o que explicaria muita coisa; ou (2) o meu corpo estava se rebelando contra mim, queria continuar sedentário e, para isso, faria qualquer coisa, até simular um tumor cerebral. Gostei mais da segunda hipótese.
Hoje, segundo round.
Acordei bem, apesar de atrasado. Após o almoço, tudo bem.
O plano, sair do hospital e ir direto me inscrever na academia. No metrô, começaram as vozes “vai pra casa, vai pra casa”. Não me deixei abater e fui até a academia. Chegando lá, a menina da recepção estava tão de má vontade (coisa rara de se ver aqui, na minha experiência) que decidi que eles não me mereciam como cliente. Fui pra casa. O meu corpo ia ganhar de novo.
Mas numa reviravolta das expectativas, troquei de roupa e fui para uma academia aqui perto de casa, me inscrevi e já comecei. Não sou mais sedentário.
Vamos ver até quando…
Eu era sendentário. Não sou mais.
Nada a ver com a propaganda, mas resolvi que tinha que deixar de ser sedentário. Certo, talvez tenha a ver com o fato de eu ver minha barriga crescer a olhos vistos apesar de (1) não estar grávido por óbvias razões e (2) não estar tomando cerveja. Mas isso não vem ao caso.
Ontem ia começar na academia que tem aqui no condomínio onde moro, mas logo depois do almoço comecei com um dor de cabeça quase insuportável. Tomei dois Tylenol e vim para casa. Chegando, deitei e dormi umas duas horas. Acordei ainda meio enjoado mas sem dor. Definitivamente, não era dia de começar atividade física.
Pensando no por quê de ter tido a dor de cabeça justamente no dia em que ia começar na academia, duas teorias surgiram: (1) um tumor no cérebro que vinha crescendo e agora tinha começado a doer, o que explicaria muita coisa; ou (2) o meu corpo estava se rebelando contra mim, queria continuar sedentário e, para isso, faria qualquer coisa, até simular um tumor cerebral. Gostei mais da segunda hipótese.
Hoje, segundo round.
Acordei bem, apesar de atrasado. Após o almoço, tudo bem.
O plano, sair do hospital e ir direto me inscrever na academia. No metrô, começaram as vozes “vai pra casa, vai pra casa”. Não me deixei abater e fui até a academia. Chegando lá, a menina da recepção estava tão de má vontade (coisa rara de se ver aqui, na minha experiência) que decidi que eles não me mereciam como cliente. Fui pra casa. O meu corpo ia ganhar de novo.
Mas numa reviravolta das expectativas, troquei de roupa e fui para uma academia aqui perto de casa, me inscrevi e já comecei. Não sou mais sedentário.
Vamos ver até quando…
segunda-feira, junho 06, 2005
As aves que aqui gorjeiam…
Confesso.
Não sou lá muito fã de ficar assistindo futebol na TV. Normalmente não tenho paciência. Poderia ir além e dizer que não sou muito fã de futebol, assim dito genericamente. Sou muito mais torcedor do Inter do que apreciador do esporte bretão. E da seleção brasileira, claro.
Imagine, então, caro leitor, juntar os dois, Inter e seleção. Pois é, já aconteceu, mais especificamente nas Olimpíadas de 1956, em que oito jogadores do Inter fizeram parte da seleção que representou o Brasil, e em 1984, Los Angeles, em que o time do Inter foi a seleção brasileira e chegou à medalha de prata, a melhor colocação do Brasil na história das Olimpíadas, colocação que se repetiu em 1988.
Como contei ontem, o futebol aqui no Canada é lamentável. Então vocês podem imaginar que mesmo eu, que não sou grande fã de assistir jogos que não sejam os do time pelo qual torço ou da seleção, estou carente de assistir futebol. Some-se a isso a notícia de que a seleção brasileira ia jogar em Porto Alegre e – mais – no Beira-Rio, estádio do Inter, “minha segunda casa”, e enlouqueci: tinha que ver o jogo.
Durante a semana que passou, pesquisei todas as possibilidades de conseguir assistir ao jogo pela TV a cabo, e essas possibilidade se reduziram a zero. Para assistir, teria que ter uma antena parabólica (Dish Network), o que é contra o regulamento edifício onde moro. O detalhe sobre a Dish Network é que ela é ilegal. Aliás, vendê-la aqui é perfeitamente legal, mas tê-la a captar canais não regulamentados (Globo Internacional, por exemplo) é procedimento irregular. Mas que todo mundo (tá, nem todo mundo) faz.
Decidi, então, assistir o jogo num bar, cujo nome é bem apropriado: Bola. É, digamos assim, luso-brasileiro. Cheguei lá faltando pouco menos de dez minutos para começar o jogo. Estava lotado, e tinha até uma percussão. O clime era de festa, a maioria do pessoal com camisetas da seleção.
Na hora do hino do brasileiro, vacilei, e começou. Mesmo eu, um cara circunspecto e soturno, sombrio até, uma rocha, enfim, me emocionei. Por várias razões, evidentemente. Por estar longe do Brasil, claro que – e é a primeira vez que digo isso – a minha “brasilidade” ficou exacerbada, e com ela meu apego ao pago, à querência. A afirmação da minha identidade, cada vez mais.
Fiquei emocionado também porque era Porto Alegre nas imagens, mesmo que só mostrasse de relance a vista do morro Santa Tereza acima da arquibancada superior, do lado contrário ao das sociais, onde muitas e muitas vezes estive sentado assistindo jogos do Inter (e me irritando com a torcida, mas essa é outra história). A vista era familiar, conhecida. Quando, então, mostrou o sol que se punha no Guaiba, na sua melhor e mais bela forma, tonalidades alaranjadas passando a avermelhadas, como que para combinar com a cor do time que tem casa na beira do rio que não é rio, fiquei tomado de euforia, de saber que eu sou dali, sou parte daquilo tudo.
O pessoal comentou na mesa sobre a beleza das imagens, e fiquei quieto, mas alguém próximo de onde eu estava comentou “O pôr-do-sol mais lindo do mundo”. Sorri.
Quem sou eu, afinal, para discordar da voz do povo?
Não sou lá muito fã de ficar assistindo futebol na TV. Normalmente não tenho paciência. Poderia ir além e dizer que não sou muito fã de futebol, assim dito genericamente. Sou muito mais torcedor do Inter do que apreciador do esporte bretão. E da seleção brasileira, claro.
Imagine, então, caro leitor, juntar os dois, Inter e seleção. Pois é, já aconteceu, mais especificamente nas Olimpíadas de 1956, em que oito jogadores do Inter fizeram parte da seleção que representou o Brasil, e em 1984, Los Angeles, em que o time do Inter foi a seleção brasileira e chegou à medalha de prata, a melhor colocação do Brasil na história das Olimpíadas, colocação que se repetiu em 1988.
Como contei ontem, o futebol aqui no Canada é lamentável. Então vocês podem imaginar que mesmo eu, que não sou grande fã de assistir jogos que não sejam os do time pelo qual torço ou da seleção, estou carente de assistir futebol. Some-se a isso a notícia de que a seleção brasileira ia jogar em Porto Alegre e – mais – no Beira-Rio, estádio do Inter, “minha segunda casa”, e enlouqueci: tinha que ver o jogo.
Durante a semana que passou, pesquisei todas as possibilidades de conseguir assistir ao jogo pela TV a cabo, e essas possibilidade se reduziram a zero. Para assistir, teria que ter uma antena parabólica (Dish Network), o que é contra o regulamento edifício onde moro. O detalhe sobre a Dish Network é que ela é ilegal. Aliás, vendê-la aqui é perfeitamente legal, mas tê-la a captar canais não regulamentados (Globo Internacional, por exemplo) é procedimento irregular. Mas que todo mundo (tá, nem todo mundo) faz.
Decidi, então, assistir o jogo num bar, cujo nome é bem apropriado: Bola. É, digamos assim, luso-brasileiro. Cheguei lá faltando pouco menos de dez minutos para começar o jogo. Estava lotado, e tinha até uma percussão. O clime era de festa, a maioria do pessoal com camisetas da seleção.
Na hora do hino do brasileiro, vacilei, e começou. Mesmo eu, um cara circunspecto e soturno, sombrio até, uma rocha, enfim, me emocionei. Por várias razões, evidentemente. Por estar longe do Brasil, claro que – e é a primeira vez que digo isso – a minha “brasilidade” ficou exacerbada, e com ela meu apego ao pago, à querência. A afirmação da minha identidade, cada vez mais.
Fiquei emocionado também porque era Porto Alegre nas imagens, mesmo que só mostrasse de relance a vista do morro Santa Tereza acima da arquibancada superior, do lado contrário ao das sociais, onde muitas e muitas vezes estive sentado assistindo jogos do Inter (e me irritando com a torcida, mas essa é outra história). A vista era familiar, conhecida. Quando, então, mostrou o sol que se punha no Guaiba, na sua melhor e mais bela forma, tonalidades alaranjadas passando a avermelhadas, como que para combinar com a cor do time que tem casa na beira do rio que não é rio, fiquei tomado de euforia, de saber que eu sou dali, sou parte daquilo tudo.
O pessoal comentou na mesa sobre a beleza das imagens, e fiquei quieto, mas alguém próximo de onde eu estava comentou “O pôr-do-sol mais lindo do mundo”. Sorri.
Quem sou eu, afinal, para discordar da voz do povo?
domingo, junho 05, 2005
A Sopa 04/46
Acho que existem poucas coisas mais deprimentes no mundo que passar um sábado à noite assistindo a um jogo de futebol dos times daqui do Canadá na TV. Até onde sei, o governo canadense não permite que pessoas que moram sozinhas, ou que tenham alguma tendência depressiva, assistam a esses jogos. Ainda mais esse ano que não houve temporada de hóquei. Acho que é por isso que eles sempre passam uns filmes legais no sábado à noite na TV: contassem apenas com o futebol, o índice de suicídios na Canadá seria o maior do mundo.
Vocês que não tem acesso a alguns documentos ultra-secretos do governo americano podem não saber, mas eu, que conheço gente que conhece gente que conhece gente, tive acesso a alguns arquivos do FBI e da CIA que comprovam (atenção, eles vão negar a existência desses documentos, e corro risco de vida por estar revelando isso a vocês, mas tudo pela informação jornalística. Se eu desparece,r assim, do nada, saibam que esses documentos estão muito bem guardados e que aparecerão na FOX News, no programa do Geraldo… não, não aparecerão, quem eu quero enganar? Anyway, eles serão entregues à imprensa, podem confiar, NINGUÉM VAI ME PARAR NA BUSCA DA VERDADE!) que esses massacres que ocorrem eventualmente em escolas americanas, em que alunos entram atirando e matam várias pessoas e depois se matam, todos os atiradores era fãs da liga de soccer aqui do Canadá, e assistiam aos jogos sábado à noite… É verdade. Mas eu falava do soccer aqui do Canadá, e dos deprimentes sábado à noite assistindo-os na TV…
É lamentável, podem acreditar. Não, eu não assisti. Não sou patético a este ponto, de ficar assistindo soccer canadense na TV num sábado à noite. Eu fiquei vendo basquete, as finais da NBA. Quando acabar a NBA? Filmes, com certeza…
Mas não vou negar que antes de começar Detroit Pistons X Miami Heat, sexto jogo da final da Conferência Leste, eu dei uma olhadinha em Toronto Lynx e um outro que estava ganhando. Mas foi bem pouco, até porque comecei ouvir uma voz dizendo “Pula a janela, pula a janela”. Como moro no 21º andar, achei melhor mudar de canal.
Mas no pouco tempo em que assisti aquilo que chamam de soccer, me senti bem. Paradoxo, eu sei, mas fácil de explicar. Passei a ver os jogos que jogávamos aos sábados de manhã lá no campo em frente ao hospital da PUCRS, em Porto Alegre - só os médicos - com outros olhos. Não eram tão ruins assim, como podem alguns desavisados pensar. Poderíamos tranquilamente jogar a USL, United Soccer League, que compreende times dos Estados Unidos e aqui do Canadá.
Claro que isso pode ser aquele papo de “Quer parecer magro? Anda com gordos”, mas quem se importa?
Até.
------------------------------------------------------
Bar Politicamente Incorreto
by Nelson Lehman
Recomendo, em Tramandaí, o Bar do Müller. Trata-se de uma espelunca muito discreta, apesar de situar-se na “Emancipação”. Comidinha boa e barata em porções generosas. Especialidade é o mocotó. Mocotó com suco de pimenta, uma barbaridade. O velho Müller atrás do balcão com seu palheiro. O filho servindo de garçon. O neto engatinhando entre as pernas dos clientes.
Ali se reúnem aposentados, em maioria. Todos se conhecem. A conversa alcança até quem está na outra mesa, a dez metros. Assunto é futebol e política. O primeiro é levado a sério, o segundo é na piada.
Bebe-se e fuma-se à vontade.
Mas o que chama a atenção mesmo é a figura que pontifica de intelectual naquela irmandade. Vocabulário sofisticado, estórias de viagens, sentenças filosóficas. Tirando os brigadianos, os senhores ali apresentam nítidos traços de ascendência alemã ou italiana. Mas o mestre, erudito e culto ali, é negro. Negro mesmo. E baixinho.
Ninguém ali sabe o que é nem raça nem racismo.
Como nossas teses acadêmicas passam longe da realidade.
Vocês que não tem acesso a alguns documentos ultra-secretos do governo americano podem não saber, mas eu, que conheço gente que conhece gente que conhece gente, tive acesso a alguns arquivos do FBI e da CIA que comprovam (atenção, eles vão negar a existência desses documentos, e corro risco de vida por estar revelando isso a vocês, mas tudo pela informação jornalística. Se eu desparece,r assim, do nada, saibam que esses documentos estão muito bem guardados e que aparecerão na FOX News, no programa do Geraldo… não, não aparecerão, quem eu quero enganar? Anyway, eles serão entregues à imprensa, podem confiar, NINGUÉM VAI ME PARAR NA BUSCA DA VERDADE!) que esses massacres que ocorrem eventualmente em escolas americanas, em que alunos entram atirando e matam várias pessoas e depois se matam, todos os atiradores era fãs da liga de soccer aqui do Canadá, e assistiam aos jogos sábado à noite… É verdade. Mas eu falava do soccer aqui do Canadá, e dos deprimentes sábado à noite assistindo-os na TV…
É lamentável, podem acreditar. Não, eu não assisti. Não sou patético a este ponto, de ficar assistindo soccer canadense na TV num sábado à noite. Eu fiquei vendo basquete, as finais da NBA. Quando acabar a NBA? Filmes, com certeza…
Mas não vou negar que antes de começar Detroit Pistons X Miami Heat, sexto jogo da final da Conferência Leste, eu dei uma olhadinha em Toronto Lynx e um outro que estava ganhando. Mas foi bem pouco, até porque comecei ouvir uma voz dizendo “Pula a janela, pula a janela”. Como moro no 21º andar, achei melhor mudar de canal.
Mas no pouco tempo em que assisti aquilo que chamam de soccer, me senti bem. Paradoxo, eu sei, mas fácil de explicar. Passei a ver os jogos que jogávamos aos sábados de manhã lá no campo em frente ao hospital da PUCRS, em Porto Alegre - só os médicos - com outros olhos. Não eram tão ruins assim, como podem alguns desavisados pensar. Poderíamos tranquilamente jogar a USL, United Soccer League, que compreende times dos Estados Unidos e aqui do Canadá.
Claro que isso pode ser aquele papo de “Quer parecer magro? Anda com gordos”, mas quem se importa?
Até.
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Bar Politicamente Incorreto
by Nelson Lehman
Recomendo, em Tramandaí, o Bar do Müller. Trata-se de uma espelunca muito discreta, apesar de situar-se na “Emancipação”. Comidinha boa e barata em porções generosas. Especialidade é o mocotó. Mocotó com suco de pimenta, uma barbaridade. O velho Müller atrás do balcão com seu palheiro. O filho servindo de garçon. O neto engatinhando entre as pernas dos clientes.
Ali se reúnem aposentados, em maioria. Todos se conhecem. A conversa alcança até quem está na outra mesa, a dez metros. Assunto é futebol e política. O primeiro é levado a sério, o segundo é na piada.
Bebe-se e fuma-se à vontade.
Mas o que chama a atenção mesmo é a figura que pontifica de intelectual naquela irmandade. Vocabulário sofisticado, estórias de viagens, sentenças filosóficas. Tirando os brigadianos, os senhores ali apresentam nítidos traços de ascendência alemã ou italiana. Mas o mestre, erudito e culto ali, é negro. Negro mesmo. E baixinho.
Ninguém ali sabe o que é nem raça nem racismo.
Como nossas teses acadêmicas passam longe da realidade.
sábado, junho 04, 2005
Envelheço na Cidade
O dia primeiro de janeiro é igual ao trinta e um dezembro, nós é que criamos o significado da mudança de ano. É normal o ser humano procurar sentidos outros nos fatos que vive, em busca de um significado maior a isso tudo que está à nossa volta, que chamamos mundo e, em última forma, vida.
Todos os anos, no seu primeiro dia, na sua primeira hora, até logo depois de ter passado a meia noite, estabelecemos metas, objetivos. Definimos mudanças que queremos para nós e que vamos procurar colocar em ação nos trezentos e sessenta e cinco dias que virão. Cada começo de ano é um recomeçar de ciclo, um zerar o cronômetro para tentar melhorar o que somos e para onde vamos. O mesmo acontece nos nossos aniversários.
Todo final de ciclo, e refiro aos ciclos temporais, pode e deve ser celebrado e pensado. O que aconteceu, por que aconteceu, como aconteceu. Tudo deve ser contado e recontado. Refletido.
Eu tenho várias chances de repensar e “recomeçar” durante o período de um ano. Como já disse, primeiro no início do ano, depois em abril, no meu aniversário, no final de julho, quando A Sopa (o semanário) completa aniversário, e em agosto (no meu segundo aniversário, explicações não necessárias, vide arquivo). Agora, tenho mais uma oportunidade, no aniversário do A Sopa no Exílio, o caçula das minhas invenções.
E o que aconteceu no último ano, desde que ele foi criado?
Muita coisa, com certeza. Un ano non é un seccolo, mas mesmo assim é muito tempo. Desde quatro de junho de 2004, o mundo deu muitas voltas.
O Papa não é mais o mesmo, vimos como surgiu o Darth Wader, mudei de cidade e de país – mesmo que temporariamente -, tive que me acostumar a morar sozinho, defendi minha tese de doutorado, completei dez anos de formado. E muito, mas muito mais.
E consegui escrever na maior parte dos dias, o que foi bem legal.
Até.
Todos os anos, no seu primeiro dia, na sua primeira hora, até logo depois de ter passado a meia noite, estabelecemos metas, objetivos. Definimos mudanças que queremos para nós e que vamos procurar colocar em ação nos trezentos e sessenta e cinco dias que virão. Cada começo de ano é um recomeçar de ciclo, um zerar o cronômetro para tentar melhorar o que somos e para onde vamos. O mesmo acontece nos nossos aniversários.
Todo final de ciclo, e refiro aos ciclos temporais, pode e deve ser celebrado e pensado. O que aconteceu, por que aconteceu, como aconteceu. Tudo deve ser contado e recontado. Refletido.
Eu tenho várias chances de repensar e “recomeçar” durante o período de um ano. Como já disse, primeiro no início do ano, depois em abril, no meu aniversário, no final de julho, quando A Sopa (o semanário) completa aniversário, e em agosto (no meu segundo aniversário, explicações não necessárias, vide arquivo). Agora, tenho mais uma oportunidade, no aniversário do A Sopa no Exílio, o caçula das minhas invenções.
E o que aconteceu no último ano, desde que ele foi criado?
Muita coisa, com certeza. Un ano non é un seccolo, mas mesmo assim é muito tempo. Desde quatro de junho de 2004, o mundo deu muitas voltas.
O Papa não é mais o mesmo, vimos como surgiu o Darth Wader, mudei de cidade e de país – mesmo que temporariamente -, tive que me acostumar a morar sozinho, defendi minha tese de doutorado, completei dez anos de formado. E muito, mas muito mais.
E consegui escrever na maior parte dos dias, o que foi bem legal.
Até.
sexta-feira, junho 03, 2005
Consultório Sentimental do Seu Sopa
Amanhã ‘A Sopa no Exílio’, o blog, completa um ano de existência.
A minha intenção inicial era inaugurar as várias modificações que estava planejando para cá, inclusive um domínio próprio, mas acabou não sendo possível. Mas isso não quer dizer que não vai acontecer nada aqui para marcar a data. Se não posso (ainda) modificar a forma do blog, mudo o conteúdo.
A idéia também é diminuir um pouco o meu trabalho, que aumentou muito desde que resolvi que este seria um blog diário. Com essa idéia, convidei algumas pessoas para me auxiliar nessa tarefa, e lanço hoje a mais nova seção deste nem tão humilde blog: o “Consultório Sentimental do Seu Sopa”, e como responsável, um amigo que quer permanecer anônimo e que responderá pelo pseudônimo ‘Ombro Amigo’.
Toda a semana, vocês poderão endereçar suas aflitas e chorosas cartas ao Ombro Amigo, e às sextas-feiras elas serão respondidas, direta ou inderetamente, através das crônicas publicadas.
Um pouco da biografia do Ombro Amigo, mas sem revelar maiores em informações. Ele mora aqui no Canadá há aproximadamente 10 anos, já foi casado três vezes e hoje mora sozinho numa casa em Mississauga (pronucia-se “mississóga”), onde passa o inverno todo retirando neve do passeio público e pensando na vida e, quando acaba o inverno, reclamando do barulho das obras nas ruas e pensando na vida. É um filósofo, e profundo conhecedor da alma feminina e dos meandros da psiquê dos relacionamentos.
Com vocês, Ombro Amigo.
"Caríssimo Marcelo d’A Sopa,
Desde que recebi vosso convite, tenho pensado em como começar estas minhas colunas semanais aqui no teu blog. Várias possibilidades surgiram, mas nenhuma delas me interessava, não neste primeiro momento. Em dúvida, a data se aproximando, até que o assunto impôs-se: a mulher canadense.
Vocês, que acompanham as notícias, devem saber que o concurso da Miss Universo foi no início desta semana, e a vencedora foi a nossa representante. Nossa, sim, pois há tanto tempo morando aqui, já tenho a cidadania. A minha candidata venceu! Por isso, Marcelo, não procede a tua teoria estapafúrdia de que ela ganhou apenas porque tu está morando aqui. Pode tirar o cavalo da chuva. Anyway, pensa o que quiseres. Whatever.
A Miss Universo, além de ser canadense, é de Toronto. Os noticiosos comentaram isso e o fato de que a outra que já ganhou há uns anos também ser de Ontário. Disseram que as mulheres mais bonitas do Canadá estão em Toronto. Fiquei pensando nisso, meu caro amigo.
Não quero NUNCA mais sair de Toronto se as mulheres mais bonitas do Canadá estão aqui. Porque se isso é verdade, não posso encontrar as outras canadenses. Não tenho nervos de aço, acho que não ia agüentar o susto. E eu que achava que eles tinham mandado para o concurso a ÚNICA canadense bonita…
Estou exagerando, claro. Existem muitas canadenses que têm o rosto bonito. Mas tenho a impressão de que após os trezes anos de idade elas desenvolvem os seus largos e polpudos quadris como forma de adaptação ao ambiente: no inverno, se caíem, amortece o tombo…
Por hoje, é isso. Para aqueles leitores que quiserem ter suas dúvidas respondidas, é só mandá-las para o email asopa@terra.com.br. Todas serão respondidas e o anonimato está garantido. Vejo vocês na próxima semana!
Ombro Amigo, ao seu dispor”
NOTA DO EDITOR – as opinões expressas aqui são de exclusiva responsabilidade do autor.
Até.
A minha intenção inicial era inaugurar as várias modificações que estava planejando para cá, inclusive um domínio próprio, mas acabou não sendo possível. Mas isso não quer dizer que não vai acontecer nada aqui para marcar a data. Se não posso (ainda) modificar a forma do blog, mudo o conteúdo.
A idéia também é diminuir um pouco o meu trabalho, que aumentou muito desde que resolvi que este seria um blog diário. Com essa idéia, convidei algumas pessoas para me auxiliar nessa tarefa, e lanço hoje a mais nova seção deste nem tão humilde blog: o “Consultório Sentimental do Seu Sopa”, e como responsável, um amigo que quer permanecer anônimo e que responderá pelo pseudônimo ‘Ombro Amigo’.
Toda a semana, vocês poderão endereçar suas aflitas e chorosas cartas ao Ombro Amigo, e às sextas-feiras elas serão respondidas, direta ou inderetamente, através das crônicas publicadas.
Um pouco da biografia do Ombro Amigo, mas sem revelar maiores em informações. Ele mora aqui no Canadá há aproximadamente 10 anos, já foi casado três vezes e hoje mora sozinho numa casa em Mississauga (pronucia-se “mississóga”), onde passa o inverno todo retirando neve do passeio público e pensando na vida e, quando acaba o inverno, reclamando do barulho das obras nas ruas e pensando na vida. É um filósofo, e profundo conhecedor da alma feminina e dos meandros da psiquê dos relacionamentos.
Com vocês, Ombro Amigo.
"Caríssimo Marcelo d’A Sopa,
Desde que recebi vosso convite, tenho pensado em como começar estas minhas colunas semanais aqui no teu blog. Várias possibilidades surgiram, mas nenhuma delas me interessava, não neste primeiro momento. Em dúvida, a data se aproximando, até que o assunto impôs-se: a mulher canadense.
Vocês, que acompanham as notícias, devem saber que o concurso da Miss Universo foi no início desta semana, e a vencedora foi a nossa representante. Nossa, sim, pois há tanto tempo morando aqui, já tenho a cidadania. A minha candidata venceu! Por isso, Marcelo, não procede a tua teoria estapafúrdia de que ela ganhou apenas porque tu está morando aqui. Pode tirar o cavalo da chuva. Anyway, pensa o que quiseres. Whatever.
A Miss Universo, além de ser canadense, é de Toronto. Os noticiosos comentaram isso e o fato de que a outra que já ganhou há uns anos também ser de Ontário. Disseram que as mulheres mais bonitas do Canadá estão em Toronto. Fiquei pensando nisso, meu caro amigo.
Não quero NUNCA mais sair de Toronto se as mulheres mais bonitas do Canadá estão aqui. Porque se isso é verdade, não posso encontrar as outras canadenses. Não tenho nervos de aço, acho que não ia agüentar o susto. E eu que achava que eles tinham mandado para o concurso a ÚNICA canadense bonita…
Estou exagerando, claro. Existem muitas canadenses que têm o rosto bonito. Mas tenho a impressão de que após os trezes anos de idade elas desenvolvem os seus largos e polpudos quadris como forma de adaptação ao ambiente: no inverno, se caíem, amortece o tombo…
Por hoje, é isso. Para aqueles leitores que quiserem ter suas dúvidas respondidas, é só mandá-las para o email asopa@terra.com.br. Todas serão respondidas e o anonimato está garantido. Vejo vocês na próxima semana!
Ombro Amigo, ao seu dispor”
NOTA DO EDITOR – as opinões expressas aqui são de exclusiva responsabilidade do autor.
Até.
quinta-feira, junho 02, 2005
Correio do leitor
Hoje, você faz o blog.
‘A Sopa no Exílio’ decidiu responder a algumas questões formuladas pelos seus leitores. Para isso, vamos sortear uma carta entre as milhares de cartas que recebemos todos os dias e a sorteada, além de ter sua pergunta respondida ao vivo, vai receber um prêmio especial: um passe para um dia inteiro de brincadeiras e diversão no Parque Tupi, um dos nossos patrocinadores mais queridos, aberto agora todo o ano, ali, bem pertinho, na Av. Rio Grande, na beira do Rio Tramandaí, em Imbé/RS, Brazil.
Vamos proceder ao sorteio, então.
Ao meu lado, junto com as suecas seminuas que vão jogar as cartas para cima para eu pegar, estão os representantes da Price Waterhouse, para garantir a lisura do sorteio. Atenção (rufam os tambores), cartas para o ar… um, dois… e tenho em mãos um vencedor!! Vamos ver (som de papel sendo desamassado) se respondeu à pergunta para ganhar o prêmio… “Qual o grito de guerra do blog?” e a resposta está… errada… Lamento muito. Por outro lado, eu sou o dono do sorteio e, mesmo com a resposta imprecisa, vai ganhar o prêmio, além de ter a sua pergunta respondida!
O vencedor é Rodrigo Rodrigues (apesar do sobrenome, não tem nenhum parentesco com esse que vos fala) e ele mora em São Sebastião da Boa-Vontade. Um abraço para todos os boa-vontadinos! Saudades de São Sebastião da Boa-Vontade, e de sua boa gente… O que me lembra: um abraço para o pessoal da Vila Scharlau! Não esqueçam que em dezembro vou estar aí para “encher os pantulho de chops, uma vez”. Bom, vamos adiante, porque se eu não ganho, quem ganha?
(coro de quinhentas vozes respondendo ao mesmo tempo)
- A carta!
Isso mesmo, vamos à carta do nosso leitor:
“Meu amigo Seu Sopa,
Espero que o senhor leia esta pequena mensagem e que possa me responder. Aliás, o senhor pode me mandar um foto autografada? Agradeço desde já.
Seu Sopa, afinal de contas, o que o senhor está fazendo aí no Canadá, no que está trabalhando, além de passar boa parte dos dias lendo blogs e escrevendo crônicas melancólicas e algumas bobagens?”
Meu caro RR, percebi que o estimado leitor é daqueles que pensam que estou aqui recebendo dinheiro do governo canadense para escrever o meu blog e ler os do outros. É um engano. O dinheiro não é do governo…
Algumas pesquisas, posso dizer, mas um dia desses, quando eu resolver falar sério sobre isso e achar que é de interesse de alguém mais (alguém talvez queira saber), eu conto.
Eu ia dar uma dica colocando uma poesia, mas Augusto dos Anjos e os versos que vem antes de “A mão que afaga é a mesma que apredeja” soaram disgusting agora enquanto escrevo.
Até.
‘A Sopa no Exílio’ decidiu responder a algumas questões formuladas pelos seus leitores. Para isso, vamos sortear uma carta entre as milhares de cartas que recebemos todos os dias e a sorteada, além de ter sua pergunta respondida ao vivo, vai receber um prêmio especial: um passe para um dia inteiro de brincadeiras e diversão no Parque Tupi, um dos nossos patrocinadores mais queridos, aberto agora todo o ano, ali, bem pertinho, na Av. Rio Grande, na beira do Rio Tramandaí, em Imbé/RS, Brazil.
Vamos proceder ao sorteio, então.
Ao meu lado, junto com as suecas seminuas que vão jogar as cartas para cima para eu pegar, estão os representantes da Price Waterhouse, para garantir a lisura do sorteio. Atenção (rufam os tambores), cartas para o ar… um, dois… e tenho em mãos um vencedor!! Vamos ver (som de papel sendo desamassado) se respondeu à pergunta para ganhar o prêmio… “Qual o grito de guerra do blog?” e a resposta está… errada… Lamento muito. Por outro lado, eu sou o dono do sorteio e, mesmo com a resposta imprecisa, vai ganhar o prêmio, além de ter a sua pergunta respondida!
O vencedor é Rodrigo Rodrigues (apesar do sobrenome, não tem nenhum parentesco com esse que vos fala) e ele mora em São Sebastião da Boa-Vontade. Um abraço para todos os boa-vontadinos! Saudades de São Sebastião da Boa-Vontade, e de sua boa gente… O que me lembra: um abraço para o pessoal da Vila Scharlau! Não esqueçam que em dezembro vou estar aí para “encher os pantulho de chops, uma vez”. Bom, vamos adiante, porque se eu não ganho, quem ganha?
(coro de quinhentas vozes respondendo ao mesmo tempo)
- A carta!
Isso mesmo, vamos à carta do nosso leitor:
“Meu amigo Seu Sopa,
Espero que o senhor leia esta pequena mensagem e que possa me responder. Aliás, o senhor pode me mandar um foto autografada? Agradeço desde já.
Seu Sopa, afinal de contas, o que o senhor está fazendo aí no Canadá, no que está trabalhando, além de passar boa parte dos dias lendo blogs e escrevendo crônicas melancólicas e algumas bobagens?”
Meu caro RR, percebi que o estimado leitor é daqueles que pensam que estou aqui recebendo dinheiro do governo canadense para escrever o meu blog e ler os do outros. É um engano. O dinheiro não é do governo…
Algumas pesquisas, posso dizer, mas um dia desses, quando eu resolver falar sério sobre isso e achar que é de interesse de alguém mais (alguém talvez queira saber), eu conto.
Eu ia dar uma dica colocando uma poesia, mas Augusto dos Anjos e os versos que vem antes de “A mão que afaga é a mesma que apredeja” soaram disgusting agora enquanto escrevo.
Até.
quarta-feira, junho 01, 2005
Em Toronto…
Algumas coisas só acontecem em Toronto. Ou não. Certo, é possível que aconteçam em outras cidades, mas com certeza não aconteceriam no Brasil.
Por exemplo, não se vê cachorros em livrarias. Aqui, até onde pude perceber, é normal. E não falo de pequenos cães, já encontrei labradores e pastores alemães. Na boa, sem stress.
Aliás, acabou o inverno e todos vão para as ruas. Com sol se pondo depois das 8:30 pm, todos podem voltar do trabalho, fazer um lanche, e ir aproveitar o sol por mais algumas horas. Como já disse anteriormente, é outra cidade.
Mas eu falava que certas coisas só acontecem em Toronto. Hoje, peguei o bonde para voltar do hospital. Estava cheio, fiquei de pé mas sabia que logo ele começaria a esvaziar, a medida que avançasse pela Dundas em direção a oeste. Ele normalmente fica vazio ao passar pelo bairro português. Eu desço no final da linha, então não me preocupo.
Pois bem, como previsto logo liberou um lugar num assento do corredor ao lado de uma senhora. Sentei e ali fiquei até que ela levantou para descer. Levantei também, ela passou e, quando fui sentar no banco da janela, notei que no chão tinha algo. Era um cachorro! Um pastor alemão!!
Estava deitado no chão, desde o assento da frente, onde estava o seu dono, e “terminava” justamente onde eu ia colocar meus pés. Imaginou eu pisando no rabo de um pastor alemão e ele me atacando dentro do bonde? Já estava vendo a manchete dos jornais: “Brasileiro atacado por cão feroz em bonde, permanece internado em estado grave. Não foi possível reimplantar seu braço”. Tá, menos, não era um leão…
Além disso, o seu dono certamente era o “velho do saco”, barbudo, sujo e fedorento. Só em Toronto mesmo…
Até.
Por exemplo, não se vê cachorros em livrarias. Aqui, até onde pude perceber, é normal. E não falo de pequenos cães, já encontrei labradores e pastores alemães. Na boa, sem stress.
Aliás, acabou o inverno e todos vão para as ruas. Com sol se pondo depois das 8:30 pm, todos podem voltar do trabalho, fazer um lanche, e ir aproveitar o sol por mais algumas horas. Como já disse anteriormente, é outra cidade.
Mas eu falava que certas coisas só acontecem em Toronto. Hoje, peguei o bonde para voltar do hospital. Estava cheio, fiquei de pé mas sabia que logo ele começaria a esvaziar, a medida que avançasse pela Dundas em direção a oeste. Ele normalmente fica vazio ao passar pelo bairro português. Eu desço no final da linha, então não me preocupo.
Pois bem, como previsto logo liberou um lugar num assento do corredor ao lado de uma senhora. Sentei e ali fiquei até que ela levantou para descer. Levantei também, ela passou e, quando fui sentar no banco da janela, notei que no chão tinha algo. Era um cachorro! Um pastor alemão!!
Estava deitado no chão, desde o assento da frente, onde estava o seu dono, e “terminava” justamente onde eu ia colocar meus pés. Imaginou eu pisando no rabo de um pastor alemão e ele me atacando dentro do bonde? Já estava vendo a manchete dos jornais: “Brasileiro atacado por cão feroz em bonde, permanece internado em estado grave. Não foi possível reimplantar seu braço”. Tá, menos, não era um leão…
Além disso, o seu dono certamente era o “velho do saco”, barbudo, sujo e fedorento. Só em Toronto mesmo…
Até.
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