Crônicas e depoimentos sobre a vida em geral. Antes o exílio; depois, a espera. Agora, o encantamento. A vida, afinal de contas, não é muito mais do que estórias para contar.
sexta-feira, abril 28, 2006
Mont Tremblant (2)
Atualização: Saindo de Mont Tremblant, fomos para Montreal. Ficamos lá uma noite e, após dirigir no Circuito Gilles Villeneuve, seguimos para Quebec City, onde estamos. Fotos em breve.
Até.
quinta-feira, abril 27, 2006
quarta-feira, abril 26, 2006
segunda-feira, abril 24, 2006
Diário de Viagem
Ottawa, 24 de abril de 2006.
Caro Capitão,
Confesso que o início foi complicado. Foi difícil manter em alta o moral da tropa após um final de semana de chuvas incessantes. Roupas molhadas, poucas horas de sono, frio. Estava preocupado com a possibilidade de um motim.
Mas hoje o dia amanheceu sem chuvas, apesar do céu plúmbeo, e o ânimo geral melhorou, apesar da apreensão com relação à meteorologia que nos espera nesta jornada. Logo cedo, recebemos nosso transporte, juntamos nosso farnel, e seguimos viagem. “Retroceder, nunca, render-se jamais!”, esse o nosso lema.
Durante todo o dia, alternaram-se momentos de chuva com períodos até se sol. Nossa primeira parada foi em Kingston, Ontário.
Lá, por concidência, estava acontecendo o Congresso Mundial de Mosquitos, e tivemos a chance de encontrá-los na praça bem em frente à prefeitura. Foi um ataque que não esperávamos, mas resistimos bem, apesar de estarem tendo nos derrubar minando nossa resistência ao poucos.
Não vão conseguir, posso garantir.
Sem mais, despeço-me no momento. Assim que for possível enviar mais notícias, o farei.
Até.
Caro Capitão,
Confesso que o início foi complicado. Foi difícil manter em alta o moral da tropa após um final de semana de chuvas incessantes. Roupas molhadas, poucas horas de sono, frio. Estava preocupado com a possibilidade de um motim.
Mas hoje o dia amanheceu sem chuvas, apesar do céu plúmbeo, e o ânimo geral melhorou, apesar da apreensão com relação à meteorologia que nos espera nesta jornada. Logo cedo, recebemos nosso transporte, juntamos nosso farnel, e seguimos viagem. “Retroceder, nunca, render-se jamais!”, esse o nosso lema.
Durante todo o dia, alternaram-se momentos de chuva com períodos até se sol. Nossa primeira parada foi em Kingston, Ontário.
Lá, por concidência, estava acontecendo o Congresso Mundial de Mosquitos, e tivemos a chance de encontrá-los na praça bem em frente à prefeitura. Foi um ataque que não esperávamos, mas resistimos bem, apesar de estarem tendo nos derrubar minando nossa resistência ao poucos.
Não vão conseguir, posso garantir.
Sem mais, despeço-me no momento. Assim que for possível enviar mais notícias, o farei.
Até.
domingo, abril 23, 2006
A Sopa 05/40
Vejam só.
Eu ia começar escrevendo o que o dia 23 de março representa na minha história, até que me dei conta que hoje é vinte e três de abril. O tempo realmente voa.
Isso significa que em pouco mais de dois meses estarei de volta ao Brasil para começar de novo, em vários sentidos, o mais evidente o profissional. Além disso, a proximidade do meu retorno ao pampa exige que esse se torne mote das minhas reflexões com maior freqüência. Algumas questões surgem, então.
Primeiro quanto à forma, ao humor, de minhas reflexões, o tom que darei a elas. Provavelmente será um misto de melancolia por partir e alegria antecipatória pela volta para casa. Vou deixar uma cidade e um país com quem tenho uma relação surgida na vida adulta, madura. Nada das lembranças de infância que – por menos que sejam – sempre são romantizadas. Uma relação desenvolvida e fortalecida aos poucos, um passo depois do outro, com prudência e parcimônia. O cuidado que devemos ter em todas as relações que criamos.
O que implica dizer que já sinto falta de Toronto, e da família que tive por aqui. Éramos cinco, agora somos seis, e me sinto realizado por ter sido capaz de contruir amizades tão legais como as que surgiram por aqui, que me fazem planejar diversos retornos para onde ainda estou.
Vou falar muito disso e outras idéias relacionadas em sopas de um futuro próximo. Agora não tenho tempo para essas idéias. O final de semana começou com reunião com os recém chegados ao país Pedro e Zeca para decidir o nosso roteiro para a semana que vem, em que passearemos aqui por perto. A dúvida inicial era se tínhamos tempo para ir até Halifax, no extremos leste do país, o que se mostrou inviável para apenas uma semana de viagem em que também vamos passar pela capital, por Montreal, Quebec e ainda pegar um pouco dos Estados Unidos, ali pelo Maine, Vermont, talvez Massachusetts.
Depois disso, saímos no final de manhã chuvoso de Toronto, e acabamos no Roger’s Centre, antigo Skydome, almoçando no Hard Rock Café enquanto assistíamos ao Blue Jays vencerem os Red Sox de Boston pela Major League of Baseball. Uma surpresa que foi agradável, e bem melhor que a minha experiência anterior com jogos de baseball, no já longínquo 2004.
Depois caminhanda via P.A.T.H. até o Eaton Centre, de onde voltamos para casa. Amanhã, segunda, pegamos o carro e seguimos em direção ao nosso primeiro destino, Ottawa.
As reflexões, saudades e melancolia ficam para outro dia, agora é hora de cair na estrada (claro que, com o laptop, vamos procurar manter os registros de viagem o mais em tempo real possível…
Até.
Eu ia começar escrevendo o que o dia 23 de março representa na minha história, até que me dei conta que hoje é vinte e três de abril. O tempo realmente voa.
Isso significa que em pouco mais de dois meses estarei de volta ao Brasil para começar de novo, em vários sentidos, o mais evidente o profissional. Além disso, a proximidade do meu retorno ao pampa exige que esse se torne mote das minhas reflexões com maior freqüência. Algumas questões surgem, então.
Primeiro quanto à forma, ao humor, de minhas reflexões, o tom que darei a elas. Provavelmente será um misto de melancolia por partir e alegria antecipatória pela volta para casa. Vou deixar uma cidade e um país com quem tenho uma relação surgida na vida adulta, madura. Nada das lembranças de infância que – por menos que sejam – sempre são romantizadas. Uma relação desenvolvida e fortalecida aos poucos, um passo depois do outro, com prudência e parcimônia. O cuidado que devemos ter em todas as relações que criamos.
O que implica dizer que já sinto falta de Toronto, e da família que tive por aqui. Éramos cinco, agora somos seis, e me sinto realizado por ter sido capaz de contruir amizades tão legais como as que surgiram por aqui, que me fazem planejar diversos retornos para onde ainda estou.
Vou falar muito disso e outras idéias relacionadas em sopas de um futuro próximo. Agora não tenho tempo para essas idéias. O final de semana começou com reunião com os recém chegados ao país Pedro e Zeca para decidir o nosso roteiro para a semana que vem, em que passearemos aqui por perto. A dúvida inicial era se tínhamos tempo para ir até Halifax, no extremos leste do país, o que se mostrou inviável para apenas uma semana de viagem em que também vamos passar pela capital, por Montreal, Quebec e ainda pegar um pouco dos Estados Unidos, ali pelo Maine, Vermont, talvez Massachusetts.
Depois disso, saímos no final de manhã chuvoso de Toronto, e acabamos no Roger’s Centre, antigo Skydome, almoçando no Hard Rock Café enquanto assistíamos ao Blue Jays vencerem os Red Sox de Boston pela Major League of Baseball. Uma surpresa que foi agradável, e bem melhor que a minha experiência anterior com jogos de baseball, no já longínquo 2004.
Depois caminhanda via P.A.T.H. até o Eaton Centre, de onde voltamos para casa. Amanhã, segunda, pegamos o carro e seguimos em direção ao nosso primeiro destino, Ottawa.
As reflexões, saudades e melancolia ficam para outro dia, agora é hora de cair na estrada (claro que, com o laptop, vamos procurar manter os registros de viagem o mais em tempo real possível…
Até.
sábado, abril 22, 2006
Terra *
Quando eu me encontrava preso na cela de uma cadeia
Foi que vi pela primeira vez as tais fotografias
Em que apareces inteira, porém lá não estava nua
E sim coberta de nuvens
Terra, Terra,
Por mais distante o errante navegante
Quem jamais te esqueceria?
Ninguém supõe a morena dentro da estrela azulada
Na vertigem do cinema mando um abraço pra ti
Pequenina como se eu fosse o saudoso poeta
E fosses a Paraíba
Terra, Terra,
Por mais distante o errante navegante
Quem jamais te esqueceria?
Eu estou apaixonado por uma menina terra
Signo de elemneto terra do mar se diz terra à vista
Terra para o pé firmeza terra para a mão carícia
Outros astros lhe são guia
Terra, Terra,
Por mais distante o errante navegante
Quem jamais te esqueceria?
Eu sou um leão de fogo, sem ti me consumiria
A mim mesmo eternamente, e de nada valeria
Acontecer de eu ser gente, e gente é outra alegria
Diferente das estrelas
Terra, terra,
Por mais distante o errante navegante
Quem jamais te esqueceria?
De onde nem tempo e nem espaço, que a força mãe dê coragem
Pra gente te dar carinho, durante toda a viagem
Que realizas do nada,através do qual carregas
O nome da tua carne
Terra, terra,
Por mais distante o errante navegante
Quem jamais te esqueceria?
Na sacadas dos sobrados, das cenas do salvador
Há lembranças de donzelas do tempo do Imperador
Tudo, tudo na Bahia faz a gente querer bem
A Bahia tem um jeito
Terra, terra,
Por mais distante o errante navegante
Quem jamais te esqueceria?
* by Caetano Veloso
Homenagem ao 22 de abril, Dia da Terra.
sexta-feira, abril 21, 2006
quinta-feira, abril 20, 2006
Sobre cristais e amigos
Existe dito popular afirma que relacionamentos amorosos são como um cristal. Devem ser carregados nas mãos com todo o cuidado, atenção, dedicação. Todo cuidado com eles é pouco.
Um momento de desatenção, uma palavra ou ação mal colocadas e ele cai no chão e quebra. Pode-se até juntar as partes, colar pedaço por pedaço. Aparentemente, pode ser consertado mas, uma vez quebrado, nunca mais será a mesma coisa. Com o tempo, entretanto, o cristal (metáfora para a relação amorosa) torna-se mais resistente e – conseqüentemente – cada vez mais difícil de ser quebrado.
Por isso todo começo de relação é, de certa forma, complicado. Algo como sermos aquele elefante que circula pela loja de cristais. Temos que ter uma leveza a qual não estamos habituados, uma delicadeza estranha à natureza selvagem que nos é característica. Com o tempo, e à medida que cresce a intimidade e os laços se estreitam, ficamos mais à vontade e passamos a transitar com segurança, sem medo de inadvertidamente deixar cair algo que nos é importante.
Amizades, por outro lado, não são como cristais.
Durante um tempo, podem até ser de ferro. Se não formos atentos, não fizermos a manutenção de maneira correta, podem até oxidar e perder valor, o que nunca queremos. Eventualmente, aceitamos como parte da vida esse processo. Esquecemos do amigo na chuva, exposto às intempéries, e ele oxida.
Mesmo assim, ainda é possível remediar a situação. Contudo, as verdadeiras amizades, aquelas da qual volta e meio falo por aqui, essas não são cristal nem de ferro.
Essas são de aço.
Até.
Um momento de desatenção, uma palavra ou ação mal colocadas e ele cai no chão e quebra. Pode-se até juntar as partes, colar pedaço por pedaço. Aparentemente, pode ser consertado mas, uma vez quebrado, nunca mais será a mesma coisa. Com o tempo, entretanto, o cristal (metáfora para a relação amorosa) torna-se mais resistente e – conseqüentemente – cada vez mais difícil de ser quebrado.
Por isso todo começo de relação é, de certa forma, complicado. Algo como sermos aquele elefante que circula pela loja de cristais. Temos que ter uma leveza a qual não estamos habituados, uma delicadeza estranha à natureza selvagem que nos é característica. Com o tempo, e à medida que cresce a intimidade e os laços se estreitam, ficamos mais à vontade e passamos a transitar com segurança, sem medo de inadvertidamente deixar cair algo que nos é importante.
Amizades, por outro lado, não são como cristais.
Durante um tempo, podem até ser de ferro. Se não formos atentos, não fizermos a manutenção de maneira correta, podem até oxidar e perder valor, o que nunca queremos. Eventualmente, aceitamos como parte da vida esse processo. Esquecemos do amigo na chuva, exposto às intempéries, e ele oxida.
Mesmo assim, ainda é possível remediar a situação. Contudo, as verdadeiras amizades, aquelas da qual volta e meio falo por aqui, essas não são cristal nem de ferro.
Essas são de aço.
Até.
quarta-feira, abril 19, 2006
terça-feira, abril 18, 2006
Depois da caça
Huntsville é uma das cidades próximas ao Algonquin Provincial Park. Com uma população de cerca de 18.000 habitantes, é um local de férias, tanto de inverno quanto de verão.
Também é um local onde se pode voltar no tempo. Aos anos 50, mais especificamente. Sábado que passou, voltando do parque, logo após a “caçada ao moose”, paramos em 1956 para um hot dog.
Valeu a viagem.
Também é um local onde se pode voltar no tempo. Aos anos 50, mais especificamente. Sábado que passou, voltando do parque, logo após a “caçada ao moose”, paramos em 1956 para um hot dog.
Valeu a viagem.
segunda-feira, abril 17, 2006
domingo, abril 16, 2006
A Sopa 05/39
Páscoa.
Não sei se vocês sabiam, mas TODOS os filmes são rodados aqui em Toronto ou, expandindo um pouco, em Ontário. Todos. Pense num filme e a resposta é sim, ele foi rodado aqui. Podemos até assisti-lo juntos, que eu vou provar isso.
Eu, ingênuo, nunca tinha me dado conta disso, até que o Henrique e o Rafael me revelaram essa informação. Eu não deveria espalhar a informação, mas vocês sabem como eu sou, esse meu espírito de jornalista. Chegou a hora de contar a verdade.
Ontem, por exemplo.
Ontem foi possível visitar as locações de alguns filmes recentes e outros mais antigos. Tudo no mesmo dia. Vocês acham que o “Senhor dos Anéis” foi rodado na Nova Zelândia? Que os filmes sobre o Vietnã foram rodados em algum outro local que não Ontário? Esqueçam todos foram feitos aqui na província, há cerca de 300km de Toronto.
Chama-se Algonquin Provincial Park, e tem 7725km2 de área.
Fomos lá, para conhecer uma parte do local e tentar avistar e fotografar algum moose. Lá pelas tantas, paramos no início de uma trilha que parecia tranquila, apesar de a indicação dizer que o nível de dificuldade era moderado. Resolvemos dar um olhada. Entramos na mata, avançamos, avançamos, avançamos e, quando vimos, estávamos longe para voltar. Seguimos adiante, então.
Foram quatro horas dentro da mata fechada! Sem dúvida, a Terra Média é ali. E o Vietnã. E a ilha do King Kong. Bornéu. Sumatra. Sei lá.
O engraçado é que não estávamos (a Jacque e eu, ao menos) assim preparados para fazer uma trilha. Como vou dizer, a Jacque estava com um sapato de plataforma e eu estava com a minha roupa de missa de domingo… Mas foi tudo bem, e muito legal. Passamos por partes com muita neve, gelo, pântanos, várzeas, o que imaginarem (fotos nos próximos dias).
Lá pelas tantas, fomos ultrapassados por um trio que também fazia a trilha. Um homem de meia idade, com roupa camuflada, mochila, bússula, facão, acompanhado por duas mulheres, também paramentadas para o atividade. Depois, ainda os ultrapassamos enquanto descansavam e tomavam água. Nos últimos metros de trilha, vínhamos na frente e eles logo atrás. No momento de atravessar um grande charco, eu disse para o Rafael e a Monique irem para chegarem na frente deles no final.
O trecker chegou ao meu lado e comentou, irônico: “Wet…”.
Aquilo foi o limite. Pensei: “Palhaço”, e fui adiante. No final, terminamos antes deles, e não pude deixar de pensar que eu, com minha roupa de domingo, e a Jacque de salto alto, fizemos a trilha mais rápido que o “Indiana Jones”…
Até semana que vem.
Não sei se vocês sabiam, mas TODOS os filmes são rodados aqui em Toronto ou, expandindo um pouco, em Ontário. Todos. Pense num filme e a resposta é sim, ele foi rodado aqui. Podemos até assisti-lo juntos, que eu vou provar isso.
Eu, ingênuo, nunca tinha me dado conta disso, até que o Henrique e o Rafael me revelaram essa informação. Eu não deveria espalhar a informação, mas vocês sabem como eu sou, esse meu espírito de jornalista. Chegou a hora de contar a verdade.
Ontem, por exemplo.
Ontem foi possível visitar as locações de alguns filmes recentes e outros mais antigos. Tudo no mesmo dia. Vocês acham que o “Senhor dos Anéis” foi rodado na Nova Zelândia? Que os filmes sobre o Vietnã foram rodados em algum outro local que não Ontário? Esqueçam todos foram feitos aqui na província, há cerca de 300km de Toronto.
Chama-se Algonquin Provincial Park, e tem 7725km2 de área.
Fomos lá, para conhecer uma parte do local e tentar avistar e fotografar algum moose. Lá pelas tantas, paramos no início de uma trilha que parecia tranquila, apesar de a indicação dizer que o nível de dificuldade era moderado. Resolvemos dar um olhada. Entramos na mata, avançamos, avançamos, avançamos e, quando vimos, estávamos longe para voltar. Seguimos adiante, então.
Foram quatro horas dentro da mata fechada! Sem dúvida, a Terra Média é ali. E o Vietnã. E a ilha do King Kong. Bornéu. Sumatra. Sei lá.
O engraçado é que não estávamos (a Jacque e eu, ao menos) assim preparados para fazer uma trilha. Como vou dizer, a Jacque estava com um sapato de plataforma e eu estava com a minha roupa de missa de domingo… Mas foi tudo bem, e muito legal. Passamos por partes com muita neve, gelo, pântanos, várzeas, o que imaginarem (fotos nos próximos dias).
Lá pelas tantas, fomos ultrapassados por um trio que também fazia a trilha. Um homem de meia idade, com roupa camuflada, mochila, bússula, facão, acompanhado por duas mulheres, também paramentadas para o atividade. Depois, ainda os ultrapassamos enquanto descansavam e tomavam água. Nos últimos metros de trilha, vínhamos na frente e eles logo atrás. No momento de atravessar um grande charco, eu disse para o Rafael e a Monique irem para chegarem na frente deles no final.
O trecker chegou ao meu lado e comentou, irônico: “Wet…”.
Aquilo foi o limite. Pensei: “Palhaço”, e fui adiante. No final, terminamos antes deles, e não pude deixar de pensar que eu, com minha roupa de domingo, e a Jacque de salto alto, fizemos a trilha mais rápido que o “Indiana Jones”…
Até semana que vem.
sábado, abril 15, 2006
sexta-feira, abril 14, 2006
Amém*
Sexta-feira santa, vamos matar o pai
Que vai dormir em paz
Depois ressuscitar em nós, em deus, em dois
Vê que não adianta crucificar o boi
Se volta à terra lá do céu
Isso era tudo que queria
A festa, a farra humana, a luta em nome da alegria
Que a santidade não sabia lhe ensinar
Por isso eu creio e não acho feio
Que a fé seja assim
Que até a santa madre, quando tinha sede
Dava tudo que podia
E a Galiléia abençoada, em coro, repetia essa oração
Nossa Senhora é poderosa
Mas nossa raça é manga e rosa
A nossa igreja deita e goza
E onde há fumaça, deixa o pavio queimar
Amém
* Nei Lisboa
Bom feriado a todos.
Até.
Que vai dormir em paz
Depois ressuscitar em nós, em deus, em dois
Vê que não adianta crucificar o boi
Se volta à terra lá do céu
Isso era tudo que queria
A festa, a farra humana, a luta em nome da alegria
Que a santidade não sabia lhe ensinar
Por isso eu creio e não acho feio
Que a fé seja assim
Que até a santa madre, quando tinha sede
Dava tudo que podia
E a Galiléia abençoada, em coro, repetia essa oração
Nossa Senhora é poderosa
Mas nossa raça é manga e rosa
A nossa igreja deita e goza
E onde há fumaça, deixa o pavio queimar
Amém
* Nei Lisboa
Bom feriado a todos.
Até.
quinta-feira, abril 13, 2006
News, Brasil
Está nas ruas mais uma edição do Brasil News, o jornal quinzenal da comunidade brasileira aqui de Toronto, e que tem esse blogueiro como colunista. Coluna, por sinal, que tem como título 'A Sopa no Exílio'.
Publico aqui a minha coluna dessa edição.
Alternativa?
Há alguns anos atrás, em um congresso médico, assisti à uma conferência sobre tratamentos alternativos para asma. O conferencista, não lembro se inglês ou australiano, começou sua fala com uma constatação, com a qual não pude deixar de concordar.
‘As pessoas pesquisam mais antes de comprar uma geladeira (por exemplo) do que quando se trata de sua própria saúde’.
“Mas uma geladeira (ou uma televisão ou um carro) custa caro”, você pode pensar, e eu concordo. Mas quanto vale a sua vida? A minha pelo menos, sei que vale bem mais do que um carro, mais até do que uma casa. Aliás, não tem preço. Se a minha não tem, por que a sua teria?
Não tem, posso assegurar. Todas as vidas, independente de nacionalidade, raça ou credo, valem o mesmo, ou seja, não têm preço. Então por que alguém em sã consciência colocaria a sua em risco por nada? Ninguém se coloca em risco desnecessário. Nem quem salta de paraquedas ou bungee jump. Tudo é feito para que haja total segurança. Sem maiores riscos reais.
E se o paraquedas não abre? E se o cabo arrebenta? Há riscos, então, você se rejubila por ter me dado um cheque-mate e encerrado a discussão. Mas devo dizer que há risco também em tomar banho de banheira, ou andar de carro. Não se vive totalmente livre de riscos, eu sei. Mas não precisamos correr alguns que são desnecessários. É o caso de quando ficamos doentes. Ou temos uma condição que precise tratamente a vida toda, como hipertensão arterial.
Por que não seguir as orientações do seu médico ou, pior, nem consultá-lo, dando ouvidos à orientações e conselhos de uma vizinha ou do irmão do primo da namorada de um colega de trabalho? Por que fazer um tratamento que funcionou em um conhecido se nem sabemos que o que ele teve não tem nada a ver com o que temos agora? Por que algumas vezes somos tão desleixados com nosso prórpio bem estar?
Perguntas sem respostas, talvez.
Quem sabe se nós, que temos o conhecimento, que estudamos isso por muitos anos, algumas vezes abdicamos de nossas vidas pessoais em busca de soluções, quem sabe nós devêssemos falar mais alto, gritar, até que sejamos ouvidos.
Deixa eu dar minha pequena contribuição.
- Asma é um doença crônica, que deve ser tratada e acompanhada por um especialista. Sempre.
- Asma não tem cura. Por mais que insistam em dizer o contrário, não acredite em quem diz que consegue fazê-lo.
- Simpatias não curam asma.
- Homeopatia não cura asma.
- O melhor tratamento que existe é feito via inalatória (respira-se a medicação).
- Os sprays (as bombas, bombinhas) não viciam nem matam. O que pode matar, se não tratada, é a asma.
- Procure seu médico se tiver dúvidas quanto ao seu tratamento.
Se você tem asma, e está interessado em participar de projetos de pesquisa em asma, temos alguns em andamento no Toronto Western Hospital. Caso esteja, e queira entrar em contato conosco, ligue para (416) 603-5489. Por ora, estamos procurando asmáticos leves que não estejam usando corticosteróides inalatórios.
Até.
Publico aqui a minha coluna dessa edição.
Alternativa?
Há alguns anos atrás, em um congresso médico, assisti à uma conferência sobre tratamentos alternativos para asma. O conferencista, não lembro se inglês ou australiano, começou sua fala com uma constatação, com a qual não pude deixar de concordar.
‘As pessoas pesquisam mais antes de comprar uma geladeira (por exemplo) do que quando se trata de sua própria saúde’.
“Mas uma geladeira (ou uma televisão ou um carro) custa caro”, você pode pensar, e eu concordo. Mas quanto vale a sua vida? A minha pelo menos, sei que vale bem mais do que um carro, mais até do que uma casa. Aliás, não tem preço. Se a minha não tem, por que a sua teria?
Não tem, posso assegurar. Todas as vidas, independente de nacionalidade, raça ou credo, valem o mesmo, ou seja, não têm preço. Então por que alguém em sã consciência colocaria a sua em risco por nada? Ninguém se coloca em risco desnecessário. Nem quem salta de paraquedas ou bungee jump. Tudo é feito para que haja total segurança. Sem maiores riscos reais.
E se o paraquedas não abre? E se o cabo arrebenta? Há riscos, então, você se rejubila por ter me dado um cheque-mate e encerrado a discussão. Mas devo dizer que há risco também em tomar banho de banheira, ou andar de carro. Não se vive totalmente livre de riscos, eu sei. Mas não precisamos correr alguns que são desnecessários. É o caso de quando ficamos doentes. Ou temos uma condição que precise tratamente a vida toda, como hipertensão arterial.
Por que não seguir as orientações do seu médico ou, pior, nem consultá-lo, dando ouvidos à orientações e conselhos de uma vizinha ou do irmão do primo da namorada de um colega de trabalho? Por que fazer um tratamento que funcionou em um conhecido se nem sabemos que o que ele teve não tem nada a ver com o que temos agora? Por que algumas vezes somos tão desleixados com nosso prórpio bem estar?
Perguntas sem respostas, talvez.
Quem sabe se nós, que temos o conhecimento, que estudamos isso por muitos anos, algumas vezes abdicamos de nossas vidas pessoais em busca de soluções, quem sabe nós devêssemos falar mais alto, gritar, até que sejamos ouvidos.
Deixa eu dar minha pequena contribuição.
- Asma é um doença crônica, que deve ser tratada e acompanhada por um especialista. Sempre.
- Asma não tem cura. Por mais que insistam em dizer o contrário, não acredite em quem diz que consegue fazê-lo.
- Simpatias não curam asma.
- Homeopatia não cura asma.
- O melhor tratamento que existe é feito via inalatória (respira-se a medicação).
- Os sprays (as bombas, bombinhas) não viciam nem matam. O que pode matar, se não tratada, é a asma.
- Procure seu médico se tiver dúvidas quanto ao seu tratamento.
Se você tem asma, e está interessado em participar de projetos de pesquisa em asma, temos alguns em andamento no Toronto Western Hospital. Caso esteja, e queira entrar em contato conosco, ligue para (416) 603-5489. Por ora, estamos procurando asmáticos leves que não estejam usando corticosteróides inalatórios.
Até.
Pequena nota sem acentos no meio do dia
Com uma RP como essa, quem precisa pagar publicidade?
Em maio, nos cinemas.
Falem o que quiserem do livro, mas nao se pode negar que ele foi feito (tinha tudo) para ser transformado em filme.
Ate.
Em maio, nos cinemas.
Falem o que quiserem do livro, mas nao se pode negar que ele foi feito (tinha tudo) para ser transformado em filme.
Ate.
quarta-feira, abril 12, 2006
Não é fácil ser amigo
Um depoimento.
Há um tempo atrás, escrevi sobre amizades de longa data, aquelas pessoas que te conhecem há muitos e muitos anos. É claro que não é apenas um questão de tempo, mas também de intensidade. O fato de conhecer alguém há mais de quinze anos, por exemplo, não significa automaticamente que ela me conhece melhor do que alguém que conheci há, também por exemplo, dois anos. O que conta é a intensidade.
Quando falo ‘intensidade’, quero dizer grau de conhecimento, interação, grau de confiabilidade. Não é qualquer um que permitimos que nos conheça de verdade, pelas mais variadas razões, que também não vêm ao caso. Quando falei no assunto no blog há alguns meses atrás, me referia a esses que, além de tempo, têm intensidade.
Mas não é fácil ter amigos assim.
Principalmente porque eles te conhecem de verdade, sem as várias máscaras e personagens e barreiras que desenvolvemos/criamos para lidar com o mundo. Eles sabem como somos, não podemos enganá-los. A eles é que se atribui a máxima de que “amigo não é o que diz o que queremos, mas o que precisamos ouvir”. Tem que ter estômago para ter amigos assim. Certamente não é para qualquer um. Além de tudo, é uma via de mão dupla.
Para ter amigos assim, também temos que ser amigos assim.
Somos aqueles que colocamos o dedo na ferida, que chamamos de volta à Terra quando o amigo está “viajando”. Somos os que têm os pés no chão, somos a voz da razão. E tão difícil quanto ouvir é dizer aquilo que o amigo não quer mas precisa ouvir. Essa é razão para podermos contar nos dedos esse tipo de amigos.
O pior crime que o amigo pode cometer para contigo é a omissão.
Eu não me omito de dizer o que penso.
Nunca.
Até.
Há um tempo atrás, escrevi sobre amizades de longa data, aquelas pessoas que te conhecem há muitos e muitos anos. É claro que não é apenas um questão de tempo, mas também de intensidade. O fato de conhecer alguém há mais de quinze anos, por exemplo, não significa automaticamente que ela me conhece melhor do que alguém que conheci há, também por exemplo, dois anos. O que conta é a intensidade.
Quando falo ‘intensidade’, quero dizer grau de conhecimento, interação, grau de confiabilidade. Não é qualquer um que permitimos que nos conheça de verdade, pelas mais variadas razões, que também não vêm ao caso. Quando falei no assunto no blog há alguns meses atrás, me referia a esses que, além de tempo, têm intensidade.
Mas não é fácil ter amigos assim.
Principalmente porque eles te conhecem de verdade, sem as várias máscaras e personagens e barreiras que desenvolvemos/criamos para lidar com o mundo. Eles sabem como somos, não podemos enganá-los. A eles é que se atribui a máxima de que “amigo não é o que diz o que queremos, mas o que precisamos ouvir”. Tem que ter estômago para ter amigos assim. Certamente não é para qualquer um. Além de tudo, é uma via de mão dupla.
Para ter amigos assim, também temos que ser amigos assim.
Somos aqueles que colocamos o dedo na ferida, que chamamos de volta à Terra quando o amigo está “viajando”. Somos os que têm os pés no chão, somos a voz da razão. E tão difícil quanto ouvir é dizer aquilo que o amigo não quer mas precisa ouvir. Essa é razão para podermos contar nos dedos esse tipo de amigos.
O pior crime que o amigo pode cometer para contigo é a omissão.
Eu não me omito de dizer o que penso.
Nunca.
Até.
terça-feira, abril 11, 2006
Pequena história do mundo
Ser deus não é fácil.
Estava pensando no assunto quando me dei conta da razão do surgimento do monoteísmo na história das religiões ou, se preferirem, na história da humanidade. Downsizing.
No início muitos faziam o serviço.
Existia deus para tudo que é situação. Dos ventos, da chuva, da guerra, da beleza, do vinho, da beleza surgida depois do vinho, das colheitas, etc. Para qualquer situação surgida, havia um deus diferente. Não só isso, os deuses eram bem mais presentes no nosso dia-a-dia. Era possível até encontrar um que outro por aí, sei lá, tentando se arranjar pelas noites da vida.
Até porque naquele tempo, não havia muito trabalho a ser feito. Não tinha tanta gente assim pedindo proteção e tal. Mas, à medida que aumentou a população na terra, o trabalho dos muitos deuses aumento geometricamente. Já não dava mais para ficar todo mundo com Dionísio, curtindo um happy hour e tal. Foi aí que começaram as problemas. Ares se tornou Marte, e não tinha tempo para Afrodite, sua mulher, que passava mais tempo com o filho Eros, que era filho do Caos. Uma confusão.
Até que Zeus, o pais de todos, o maioral, acabou com a festa.
Assim, sem ninguém perceber, tornou-se Iavé, o do antigo testamento, o que teria criado tudo. Repensou a história, para acabar com a confusão e recomeçou com Adão e aquela menina, a Eva, a quem, como Pandora, não dava para confiar. Queriam o conhecimento. Mais confusão.
Expulsou o Adão e a Eva do paraíso, e foi cuidar da criação. Deu no que deu: teve que providenciar um dilúvio para tentar restabelecer a ordem. Mais tarde pestes, fome, seca.
Nem assim, nem assim.
Resolveu, a partir daí, assumir postura mais contemplativa.
Hoje em dia, só pra se divertir, gozador que é, volta e meia manda um cara meio fora da casinha para ver como reagimos. O último deles parece que é presidente dos Estados Unidos…
Até.
Estava pensando no assunto quando me dei conta da razão do surgimento do monoteísmo na história das religiões ou, se preferirem, na história da humanidade. Downsizing.
No início muitos faziam o serviço.
Existia deus para tudo que é situação. Dos ventos, da chuva, da guerra, da beleza, do vinho, da beleza surgida depois do vinho, das colheitas, etc. Para qualquer situação surgida, havia um deus diferente. Não só isso, os deuses eram bem mais presentes no nosso dia-a-dia. Era possível até encontrar um que outro por aí, sei lá, tentando se arranjar pelas noites da vida.
Até porque naquele tempo, não havia muito trabalho a ser feito. Não tinha tanta gente assim pedindo proteção e tal. Mas, à medida que aumentou a população na terra, o trabalho dos muitos deuses aumento geometricamente. Já não dava mais para ficar todo mundo com Dionísio, curtindo um happy hour e tal. Foi aí que começaram as problemas. Ares se tornou Marte, e não tinha tempo para Afrodite, sua mulher, que passava mais tempo com o filho Eros, que era filho do Caos. Uma confusão.
Até que Zeus, o pais de todos, o maioral, acabou com a festa.
Assim, sem ninguém perceber, tornou-se Iavé, o do antigo testamento, o que teria criado tudo. Repensou a história, para acabar com a confusão e recomeçou com Adão e aquela menina, a Eva, a quem, como Pandora, não dava para confiar. Queriam o conhecimento. Mais confusão.
Expulsou o Adão e a Eva do paraíso, e foi cuidar da criação. Deu no que deu: teve que providenciar um dilúvio para tentar restabelecer a ordem. Mais tarde pestes, fome, seca.
Nem assim, nem assim.
Resolveu, a partir daí, assumir postura mais contemplativa.
Hoje em dia, só pra se divertir, gozador que é, volta e meia manda um cara meio fora da casinha para ver como reagimos. O último deles parece que é presidente dos Estados Unidos…
Até.
segunda-feira, abril 10, 2006
Etiqueta
Eu, um limão
Não estou de mau humor. Longe disso.
Mas preciso abordar uma nova polêmica.
Antes disso, deixar eu atualizar vocês na minha empreitada contra essa ignomínia que é o arroz de leite. Pois pensava eu ser um exército de um homem só, mas foi só levantar minha bandeira (hum…) que adeptos da causa começaram a se manifestar por e-mail. Não vou citar nomes nesse primeiro momento, mas quando tomarmos as ruas cantando músicas de protesto, vocês saberam quem somos e ao que estamos dispostos.
À minha nova frente de batalha, então.
Agora que a tecnologia está ficando mais e mais disponível a todos, é hora de começarmos a incluir aulas de etiqueta na internet para que as pessoas se dêem conta de que isso não é a casa da mãe joana.
Um hábito comum no ambiente de trabalho, ao menos aqui onde estou, é a troca de e-mails freqüentes, entre todos os integrantes do grupo. Acontecem, inclusive, debates dessa forma. Nesse caso, cada vez que um recebe um e-mail (endereçado a ele e aos outros do grupo) ele responde para todos (Reply All, Responder a Todos). Isso é natural, esperado.
O que não dá para suportar é quando alguém manda e-mail para um monte de gente, não manda como Cópia Oculta (já não é muito bom) e pior, alguém responde para todos. É MUITO chato receber um e-mail de alguém que não conheço respondendo um e-mail que outra pessoa mandou.
Esses tempo, recebi um desses. O conteúdo da resposta era extremamente preconceituoso e tinha uma visão distorcida (por falta de conhecimento) do mundo. Não resisti, e respondi. Houve uma seqüência de e-mails com essa pessoa, num debate nada produtivo. A Jacque, quando ficou sabendo, disse que fui agressivo. Talvez. Azar.
Um tempo atrás, comecei a receber esse mesmo tipo de e-mail de um “radical” de direita, que tinha me incluido em sua lista de e-mails. Primeiro, enviei um e-mail educadamente solicitando minha retirada da dita lista. Nada. Um segundo e-mail e nada. Até que não agüentei e mandei um e-mail dizendo que ia denunciá-lo ao provedor por spam.
Agora decidi que não vou mais tolerar esse tipo de indelicadeza. Delicadeza se responde com indelicadeza. Olho por olho, dente por dente.
(...)
Tá… estou meio ansioso…
Três dias e meio, e contando.
:-)
Até.
domingo, abril 09, 2006
A Sopa 05/38
Culinárias.
Não estou ansioso nem estressado.
Mas quero deixar bem claro a todos os que por ventura venham a ler essa missiva que, apesar de não andar armado, existe uma chance razoável de eu cometer um ato violento de proporções gigantescas. Algo como invadir um restaurante com uma metralhadora e atirar em todos os garçons, maitres e chefs.
Sim, eu sei, eu não vou fazer nada disso, mas preciso registrar minha revolta contra mais uma daquelas “verdades” absurdas que todos aceitam e nunca questionam. Até que um dia uma voz se levanta e começa uma revolução.
Como o arroz de leite.
Vocês sabem, aquilo de chamam de arroz doce, ou arroz de leite, que é simplesmente essa aberração, colocar leite no arroz. E canela, acho que é isso. Não me interessa saber a receita dessa coisa abominável, a minha missão é fazer com que todos acordem desse pesadelo que vivem sem ao menos se dar conta. Se antes eu estava sendo pouco incisivo a esse respeito, declaro que acabou minha trégua com relação a esse assunto. Vou retomar minha guerra contra o arroz de leite. Morte ao arroz de leite! Morte aos vegetarianos! Ops, essa foi sem querer… foi mal…
Mas não era disso que eu queria falar.
A bandeira que preciso (não é que eu queira, eu devo fazer) levantar é com relação a restaurantes e a forma de cozimento de carnes em geral. É chegada a hora de acabar com essa palhaçada de ficar perguntando como as pessoas querem a carne, se no ponto, mal ou bem passada. Essa é uma pergunta que jamais – jamais! – deveria ser feita a qualquer pessoa, em qualquer situação. Primeiro, porque só existem duas formas de apresentação de uma carne: bem feita ou mal feita. O resto é perfumaria.
O ponto – engraçado, acabei de ficar com a impressão que já escrevi sobre esse assunto, mas, se fiz, azar – essa entidade abstrata que indica a medida exata do cozimento, como o nome já diz, o ponto de perfeição possível. Anos de evolução culinária, até chegar-se aqui. Muitas queimaduras, muitas doenças pegas comendo-se carne crua demais, muita carne com aparência de carvão e consistência de borracha até alcançarem a carne cozida à perfeição, nem pouco e nem demais. Quantos padeceram nessa busca pela carne perfeita, e para quê? Para um bundinha chegar num restaurante e pedir o seu filé mal passado?
Nessa caso, a violência justifica-se.
#
Restautante brasileiro em Toronto. Sábado, duas da tarde.
Casal acompanhado de filha pré-adolescente entra, encontra uma mesa e é atendido pela garçonete (que em determinado momento diz que não tem mais idade para ser garçonete), que indica os pratos do dia, entre eles a feijoada, por sinal o motivo de eu estar lá naquele mesmo momento. O idioma é o português, claro, nesse restaurante que fica no subsolo, ou basement.
O marido pergunta sobre o acompanhamento, e fica sabendo que, além da feijoada, vêm junto o arroz, a couve, laranja, vinagrete, farofa e torresmo frito. Para maior esclarecimento, pergunta:
- Vem carne?
- Sim, junto do feijão,
- Mas não vem assim, separado, tipo uma costelinha de porco?
- O senhor sabe o que é feijoada?
- …
Mais tarde, enquanto me preparava para sair, acompanho outro diálogo, em outra mesa:
- Vem cá, como é essa carne? Ela é mole?
Tive que sair para não ouvir mais…
#
Já que estou falando de comida, uma receita.
Feijoada do Marcelo
Ingredientes:
- feijão
- água
- um porco
- sal, pimenta
- couve
- farofa
- laranja
- arroz
Modo de preparo: bom, com reklação à couve, o arroz, a farofa e a laranja, não há dúvidas de preparação, afinal são todos acessórios ao prato principal, o feijão. Logo, o grande lance está na sua preparação. Vai aqui, então a forma de prepará-lo. Pegue o feijão e coloque na água. Com relação ao porco, é simples.
Esquarteje-o. E coloque as partes com o feijão e a água.
Tempero a gosto.
Até.
UPDATE - Hoje é a final do Campeonato Gaúcho de Futebol. Depois de sete anos, tem GRENAL na final. O Inter tenta o seu quinto título consecutivo enquanto o Grêmio, em processo de reconstrução depois da segunda divisão, tenta acabar com a hegemonia colorada.
O primeiro jogo, sábado passado, terminou 0x0. Quem ganhar hoje é campeão. Empate sem gols leva à prorrogação e pênaltis. Empate com gols dá Grêmio. Vamos ver.
O Inter tem mais time, mas GRENAL é sempre imprevisível.
O problema é que sonhei que o jogo tinha terminado 0x0 e o Grêmio tinha sido campeão. E, não sei se já falei pra vocês, tenho poderes mediúnicos. É, da última vez que sonhei com um resultado de GRENAL, acertei.
Tomara, mesmo, que dessa vez eu esteja errado.
Dá-lhe colorado!
UPDATE 2- A possível chateação por ver o Grêmio campeão gaúcho só não é maior porque posso ganhar um grana a partir de hoje com meus poderes de prever o futuro.
Parabéns, aos azuizinhos...
Até.
Não estou ansioso nem estressado.
Mas quero deixar bem claro a todos os que por ventura venham a ler essa missiva que, apesar de não andar armado, existe uma chance razoável de eu cometer um ato violento de proporções gigantescas. Algo como invadir um restaurante com uma metralhadora e atirar em todos os garçons, maitres e chefs.
Sim, eu sei, eu não vou fazer nada disso, mas preciso registrar minha revolta contra mais uma daquelas “verdades” absurdas que todos aceitam e nunca questionam. Até que um dia uma voz se levanta e começa uma revolução.
Como o arroz de leite.
Vocês sabem, aquilo de chamam de arroz doce, ou arroz de leite, que é simplesmente essa aberração, colocar leite no arroz. E canela, acho que é isso. Não me interessa saber a receita dessa coisa abominável, a minha missão é fazer com que todos acordem desse pesadelo que vivem sem ao menos se dar conta. Se antes eu estava sendo pouco incisivo a esse respeito, declaro que acabou minha trégua com relação a esse assunto. Vou retomar minha guerra contra o arroz de leite. Morte ao arroz de leite! Morte aos vegetarianos! Ops, essa foi sem querer… foi mal…
Mas não era disso que eu queria falar.
A bandeira que preciso (não é que eu queira, eu devo fazer) levantar é com relação a restaurantes e a forma de cozimento de carnes em geral. É chegada a hora de acabar com essa palhaçada de ficar perguntando como as pessoas querem a carne, se no ponto, mal ou bem passada. Essa é uma pergunta que jamais – jamais! – deveria ser feita a qualquer pessoa, em qualquer situação. Primeiro, porque só existem duas formas de apresentação de uma carne: bem feita ou mal feita. O resto é perfumaria.
O ponto – engraçado, acabei de ficar com a impressão que já escrevi sobre esse assunto, mas, se fiz, azar – essa entidade abstrata que indica a medida exata do cozimento, como o nome já diz, o ponto de perfeição possível. Anos de evolução culinária, até chegar-se aqui. Muitas queimaduras, muitas doenças pegas comendo-se carne crua demais, muita carne com aparência de carvão e consistência de borracha até alcançarem a carne cozida à perfeição, nem pouco e nem demais. Quantos padeceram nessa busca pela carne perfeita, e para quê? Para um bundinha chegar num restaurante e pedir o seu filé mal passado?
Nessa caso, a violência justifica-se.
#
Restautante brasileiro em Toronto. Sábado, duas da tarde.
Casal acompanhado de filha pré-adolescente entra, encontra uma mesa e é atendido pela garçonete (que em determinado momento diz que não tem mais idade para ser garçonete), que indica os pratos do dia, entre eles a feijoada, por sinal o motivo de eu estar lá naquele mesmo momento. O idioma é o português, claro, nesse restaurante que fica no subsolo, ou basement.
O marido pergunta sobre o acompanhamento, e fica sabendo que, além da feijoada, vêm junto o arroz, a couve, laranja, vinagrete, farofa e torresmo frito. Para maior esclarecimento, pergunta:
- Vem carne?
- Sim, junto do feijão,
- Mas não vem assim, separado, tipo uma costelinha de porco?
- O senhor sabe o que é feijoada?
- …
Mais tarde, enquanto me preparava para sair, acompanho outro diálogo, em outra mesa:
- Vem cá, como é essa carne? Ela é mole?
Tive que sair para não ouvir mais…
#
Já que estou falando de comida, uma receita.
Feijoada do Marcelo
Ingredientes:
- feijão
- água
- um porco
- sal, pimenta
- couve
- farofa
- laranja
- arroz
Modo de preparo: bom, com reklação à couve, o arroz, a farofa e a laranja, não há dúvidas de preparação, afinal são todos acessórios ao prato principal, o feijão. Logo, o grande lance está na sua preparação. Vai aqui, então a forma de prepará-lo. Pegue o feijão e coloque na água. Com relação ao porco, é simples.
Esquarteje-o. E coloque as partes com o feijão e a água.
Tempero a gosto.
Até.
UPDATE - Hoje é a final do Campeonato Gaúcho de Futebol. Depois de sete anos, tem GRENAL na final. O Inter tenta o seu quinto título consecutivo enquanto o Grêmio, em processo de reconstrução depois da segunda divisão, tenta acabar com a hegemonia colorada.
O primeiro jogo, sábado passado, terminou 0x0. Quem ganhar hoje é campeão. Empate sem gols leva à prorrogação e pênaltis. Empate com gols dá Grêmio. Vamos ver.
O Inter tem mais time, mas GRENAL é sempre imprevisível.
O problema é que sonhei que o jogo tinha terminado 0x0 e o Grêmio tinha sido campeão. E, não sei se já falei pra vocês, tenho poderes mediúnicos. É, da última vez que sonhei com um resultado de GRENAL, acertei.
Tomara, mesmo, que dessa vez eu esteja errado.
Dá-lhe colorado!
UPDATE 2- A possível chateação por ver o Grêmio campeão gaúcho só não é maior porque posso ganhar um grana a partir de hoje com meus poderes de prever o futuro.
Parabéns, aos azuizinhos...
Até.
sábado, abril 08, 2006
Ontem
Reencontro.
Eu a conheci no final do ano 2000 numa pequena cidade do interior da França e – desde lá – não havíamos mais nos encontrado pessoalmente. Depois disso, em 2003, eu havia recebido uma foto dela. Até ontem à noite.
Saí e, lá pelas tantas, descobri que ela estava no mesmo local que eu. Tive que chamá-la, muito por saudades, um pouco por carência. Ficamos juntos até o final da noite. Foi legal.
Mas vocês sabem como é, aqui no Canadá as coisas são mais liberais e tal e coisa. Não fui apenas eu que fiquei com ela. O Rafael também o fez. Ao mesmo tempo! E, depois, até o Henrique deu uma chegada…
Que loucura…
Sem falar na amiga belga dela…
Rafael, a francesa e eu
As amigas
Até.
Eu a conheci no final do ano 2000 numa pequena cidade do interior da França e – desde lá – não havíamos mais nos encontrado pessoalmente. Depois disso, em 2003, eu havia recebido uma foto dela. Até ontem à noite.
Saí e, lá pelas tantas, descobri que ela estava no mesmo local que eu. Tive que chamá-la, muito por saudades, um pouco por carência. Ficamos juntos até o final da noite. Foi legal.
Mas vocês sabem como é, aqui no Canadá as coisas são mais liberais e tal e coisa. Não fui apenas eu que fiquei com ela. O Rafael também o fez. Ao mesmo tempo! E, depois, até o Henrique deu uma chegada…
Que loucura…
Sem falar na amiga belga dela…
Rafael, a francesa e eu
As amigas
Até.
sexta-feira, abril 07, 2006
O Silêncio*
antes de existir computador existia tevê
antes de existir tevê existia luz elétrica
antes de existir luz elétrica existia bicicleta
antes de existir bicicleta existia enciclopédia
antes de existir enciclopédia existia alfabeto
antes de existir alfabeto existia a voz
antes de existir a voz existia o silêncio
o silêncio
foi a primeira coisa que existiu
um silêncio que ninguém ouviu
astro pelo céu em movimento
e o som do gelo derretendo
o barulho do cabelo em crescimento
e a música do vento
e a matéria em decomposição
a barriga digerindo o pão
explosão de semente sob o chão
diamante nascendo do carvão
homem pedra planta bicho flor
luz elétrica tevê computador
batedeira, liquidificador
vamos ouvir esse silêncio meu amor
amplificado no amplificador
do estetoscópio do doutor
no lado esquerdo do peito, esse tambor
* Carlinhos Brown / Arnaldo Antunes
antes de existir tevê existia luz elétrica
antes de existir luz elétrica existia bicicleta
antes de existir bicicleta existia enciclopédia
antes de existir enciclopédia existia alfabeto
antes de existir alfabeto existia a voz
antes de existir a voz existia o silêncio
o silêncio
foi a primeira coisa que existiu
um silêncio que ninguém ouviu
astro pelo céu em movimento
e o som do gelo derretendo
o barulho do cabelo em crescimento
e a música do vento
e a matéria em decomposição
a barriga digerindo o pão
explosão de semente sob o chão
diamante nascendo do carvão
homem pedra planta bicho flor
luz elétrica tevê computador
batedeira, liquidificador
vamos ouvir esse silêncio meu amor
amplificado no amplificador
do estetoscópio do doutor
no lado esquerdo do peito, esse tambor
* Carlinhos Brown / Arnaldo Antunes
quinta-feira, abril 06, 2006
Sometimes It Snows In April
Tracy died soon after a long fought civil war,
just after I'd wiped away his last tear
I guess he's better off than he was before,
A whole lot better off than the fools he left here
I used 2 cry 4 Tracy because he was my only friend
Those kind of cars don't pass u every day
I used 2 cry 4 Tracy because I wanted to see him again,
But sometimes sometimes life ain't always the way...
Sometimes it snows in April
Sometimes I feel so bad, so bad
Sometimes I wish life was never ending,
and all good things, they say, never last
Springtime was always my favorite time of year,
A time 4 lovers holding hands in the rain
Now springtime only reminds me of Tracy's tears
Always cry 4 love, never cry 4 pain
He used 2 say so strong unafraid to die
Unafraid of the death that left me hypnotized
No, staring at his picture I realized
No one could cry the way my Tracy cried
Sometimes it snows in April
Sometimes I feel so bad
Sometimes, sometimes I wish that life was never ending,
And all good things, they say, never last
I often dream of heaven and I know that Tracy's there
I know that he has found another friend
Maybe he's found the answer 2 all the April snow
Maybe one day I'll see my Tracy again
Sometimes it snows in April
Sometimes I feel so bad, so bad
Sometimes I wish that life was never ending,
But all good things, they say, never last
All good things that say, never last
And love, it isn't love until it's past
Toronto, 05 de abril de 2006.
Até.
just after I'd wiped away his last tear
I guess he's better off than he was before,
A whole lot better off than the fools he left here
I used 2 cry 4 Tracy because he was my only friend
Those kind of cars don't pass u every day
I used 2 cry 4 Tracy because I wanted to see him again,
But sometimes sometimes life ain't always the way...
Sometimes it snows in April
Sometimes I feel so bad, so bad
Sometimes I wish life was never ending,
and all good things, they say, never last
Springtime was always my favorite time of year,
A time 4 lovers holding hands in the rain
Now springtime only reminds me of Tracy's tears
Always cry 4 love, never cry 4 pain
He used 2 say so strong unafraid to die
Unafraid of the death that left me hypnotized
No, staring at his picture I realized
No one could cry the way my Tracy cried
Sometimes it snows in April
Sometimes I feel so bad
Sometimes, sometimes I wish that life was never ending,
And all good things, they say, never last
I often dream of heaven and I know that Tracy's there
I know that he has found another friend
Maybe he's found the answer 2 all the April snow
Maybe one day I'll see my Tracy again
Sometimes it snows in April
Sometimes I feel so bad, so bad
Sometimes I wish that life was never ending,
But all good things, they say, never last
All good things that say, never last
And love, it isn't love until it's past
Toronto, 05 de abril de 2006.
Até.
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