A Viagem (7)
Chegáramos à França e percorrêramos mais de 500km entre Paris e Annecy, onde estávamos hospedados no Hotel Ibis Annecy Centreville, muito bem localizado, próximo à área do lago, do Palais d'Isle e de muitos restaurantes. Jantamos no Jardin d’Auberge, e logo após acompanhamos a festa nas ruas pela vitória da França sobre a Nova Zelândia na Copa do Mundo de Rugby.
Cansados pelos dois longos dias desde a saída de São Paulo, voltamos ao hotel para uma boa e necessária noite de sono. Havíamos sido colocados em quartos contíguos e, aleatoriamente, distribuídos assim: primeiro o Paulo e a Karina, depois o Pedro e a Zeca e, no terceiro quarto, a Jacque e eu. Mal chegamos de volta ao quarto, deitei e imagino que tenha dormido instantaneamente.
Até às 5h30 da manhã.
Exatamente nesta hora, pois olhei o relógio, foi ligada uma televisão em volume exageradamente elevado em algum lugar qualquer, mas praticamente dentro do quarto. Primeiro pensei que o Pedro - no quarto ao lado - havia decidido ver televisão àquela hora da manhã. “Vai ser uma longa viagem”, foi o que me ocorreu, mas logo concluí que não deveria ser ele, no que a Jacque – que também acordara com a gritaria da tevê – concordou comigo. Tentei ignorar e voltar a dormir, sem sucesso. Pior, perto das 6h toca o telefone do quarto. Atendo, e uma voz feminina diz algo em francês. “Je ne parle français”, respondo, no que ela pede, em inglês, para eu baixar o volume da televisão.
What?!
Digo para ela que estava prestes a ligar para reclamar do ruído que a maldita televisão estava fazendo, e ela liga para EU desligar? Devia estar brincando comigo. Ela pede desculpas e diz que vai resolver a situação. O tempo passa, e o barulho continua.
Seis horas e trinta minutos. A situação não mudou. Ainda acordado, ligo para a recepção e pergunto quando é que ela vai resolver o problema e, se ela quiser, posso ir de quarto em quarto para descobrir o causador de tudo (e cometer algum ato de violência, penso, mas não falo). Me informa que não tem como resolver a situação porque o ruído vem do andar superior, que não faz parte do hotel, que só ocupa os dois primeiros pavimentos do prédio. Resmungo algo e durmo, vencido pelo cansaço.
Oito horas e trinta minutos, conforme combinado, o grupo se encontra na recepção para sair para tomar café da manhã e visitar a cidade antes de seguir viagem. Enquanto se aprontam, converso com o gerente sobre o incidente da noite. Pede desculpas e pergunta se vamos tomar café no hotel. Digo que não, e ele me informa que, em virtude do problema que tive (os outros quartos não ouviram nada), a nossa estada seria cortesia.
Saímos do hotel para caminhar pela cidade com uma certeza.
Como tinha sido boa aquela noite…
E era só a primeira da viagem.
Até.
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