domingo, junho 13, 2010

A Sopa 09/44

Relacionamentos.

Não é nenhuma novidade dizer que relacionamentos podem acabar. Faz parte da vida. As pessoas, em determinado momento, afastam-se, param de andar juntas (no sentido de seguir os caminhos da vida) e – no que parece ser algo súbito, inesperado, e que sabemos que nunca é – decidem efetivamente seguir sua vida por si só. Como eu disse, é do jogo.

Só que nunca é fácil.

Quanto mais longa é ou foi a relação em questão, mais difícil é. O tempo cria amarras que são às vezes muito difíceis de soltar, e corre-se o risco de tentar seguir em frente e ser obrigado a carregar um passado do qual é impossível de se desvincular. Pode o estimado leitor estar pensando que falo de filhos, mas engana-se.

Falo da memória.

As lembranças. Fotos, cartas, filmes, histórias vividas juntos. Quem somos é basicamente o conjunto do que fomos, e a memória é o que nos dá a diretriz para seguir em frente. Não falo de vivermos no passado, reverenciar o passado e não olhar para frente, mas de que a forma com que olhamos o mundo depende do que vivemos (e pensamos) anteriormente. As referências estão naquilo que vivemos, quem conhecemos e com quem convivemos. Por isso que quanto mais passado juntos temos, mais difícil é se desvincular dele.

Sempre penso nisso quando lembro as viagens que já fiz, e como seria recomeçar a vida sem poder relembrá-las ou revivê-las por não estar mais com a pessoa que as viveu comigo. Além da tristeza do final de um relacionamento, haveria a dor de ter que abrir mão dessas memórias, dessas vivências, porque vinculadas a uma pessoa ou um grupo de pessoas que não faria mais parte da vida. Sair de casa, então, além de representar o final da relação (o que pode até ser bom se o relacionamento não mais funciona) representaria também deixar para trás o mundo em que se viveu por anos e que havia sido construído pelo casal.

Sem falar na carga que haveria num suposto próximo relacionamento. Que chance teria a nova pessoa quando comparada com a memória dos tempos anteriores, em que se criou tanto? E as fotos de viagem, o que fazer com elas?

Perguntas sem resposta.

Penso que um casal, antes de viajar juntos, deveria pensar seriamente no que isso representa, nas possíveis implicações. Viajar, afinal de contas, é algo muito sério.

Até.

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