Durante cerca de dez anos, trabalhei aos finais de semana.
Não todos, claro, mas uns dois ou três por mês, na época em que fazia plantões em emergências e pronto-atendimentos. Nunca gostei de fazer plantões, principalmente aqueles aos finais de semana. Até que isso acabou.
Já faz tempo, claro.
Foi logo antes de ir para o Canadá, alguns meses antes, quando havia finalmente conseguido ser antigo o suficiente na escala de plantões para poder não fazê-los às sextas à noite, sábados ou domingos. Naquele momento, fazia plantões todas as terças-feiras à noite. Estava bom. Ainda não era o ideal, mas era o melhor dos mundos dentro das possibilidades.
Quando fui para o Canadá, não só não trabalhava aos finais de semana como também não precisava levar trabalho para casa. Era sair do hospital e não pensar em trabalho. O melhor dos mundos, mesmo, esse esquema de trabalho.
Mas voltei ao Brasil.
E, ao voltar, uma decisão: mesmo sabendo que rapidamente estaria ganhando muito bem - às custas de noites e finais de semana trabalhando - como plantonista de emergência, optamos (foi uma decisão familiar) que não o faria. No início não foi simples, levou um tempo até me "estabelecer" novamente, e ter uma certa tranquilidade financeira. A opção por ganhar menos em prol de qualidade de vida - algumas vezes questionada e com algumas noites de pouco sono - foi questão de convicção, de princípios.
Da mesma forma que foi por convicção que briguei (história antiga) com a Secretaria da Saúde de Porto Alegre, chegando até ao gabinete do Prefeito, porque - após passar em concurso público para a minha área - havia sido locado num serviço de atendimento de urgências, em esquema de plantões. A minha certeza de que o meu tempo livre é muito valioso para passá-lo de plantão é muito maior desde que nasceu a Marina. Pois bem, tudo isso para deixar bem claro que não gosto de ter que resolver assuntos de trabalho, burocráticos, aos finais de semana.
Só que é inevitável.
Cheguei na sexta-feira à noite com uma série de assuntos pendentes e urgentes que deveria terminar o quanto antes. Desanimador, até porque a semana que virá será muito corrida, e alguns dos assuntos não podiam esperar. Azar.
Acordei bem cedinho no sábado (o que não é problema para mim, pelo contrário) e pus-me a trabalhar. Metade da manhã de sábado, parte do final da tarde de sábado e parte da manhã de domingo em frente ao computador e - bingo! - tudo resolvido, surpreendendo até a mim mesmo.
Sensação do dever cumprido.
Em dia com os meus deveres.
E que venha a semana!
Até.
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