Acabou agosto, acabou o ano.
Esse era um dos “mantras”, aquelas expressões de uso frequente, as verdades que não se discutem, do meu pai. Havia outras citações, como a célebre frase do General Osório, patrono da cavalaria do Exército Brasileiro, “é fácil comandar homens livres, basta mostrar-lhes o caminho do dever”, que repetiu incontáveis vezes para nós, e que inclusive foi a inscrição de uma das coroas de flores de seu funeral (piada interna nossa). Mas eu falava de agosto, como de tempos em tempos falo.
Eu sempre pensei que agosto era um mês que estava sobrando.
O inverno já nos incomodava desde meados de junho, dois meses de frio, dias cinzentos e muitas vezes chuva, ainda teríamos agosto, com seus trinta e um dias, antes de setembro e a promessa da primavera e de dias mais longos e agradáveis. Agosto é o equivalente a fevereiro no hemisfério norte, com a desvantagem de ser um mês mais longo.
Sem falar da fama de agosto.
Agosto é conhecido como o “mês do cachorro louco” por causa da alta incidência de raiva canina. A razão está ligada às condições climáticas do mês que, supostamente, fazem com que as cadelas entrem no cio ao mesmo tempo, veja só. Mas não só isso, segundo uma tradição portuguesa, não era aconselhável às mulheres casar no oitavo mês do calendário, porque nesse período os navios das expedições colonizadoras saíam à procura de novas terras. Assim, casar em agosto poderia significar solidão ou até enviuvar. Portanto, “casamento em agosto, casamento de desgosto”.
Já contei aqui, em uma Sopa de domingo, mas quando fui marcar a data do meu casamento, e escolhemos (a Jacque e eu) o dia trinta e um, o padre me olhou espantado e disse “ninguém quer casar em agosto”, no que respondi que era trinta e um à noite, e a festa só acabaria depois da meia noite, já em setembro, então não teria problema. O mês se tornou ainda mais agradável quando a Marina nasceu em um vinte de agosto.
Agora, além de tudo, esse ano em especial, agosto passou, com os mesmos trinta e um dias, muito rapidamente, em meio à rotina de trabalho e às diferentes atividades dos finais de semana, a maior parte delas envolvendo música, o que – como falei – tem sido muito legal.
E acabou agosto.
Dois mil e vinte e três está aí, dobrando a esquina.
Até.
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