domingo, fevereiro 26, 2023

A Sopa (Perdidos Mães e Filhos)

Ninguém está livre do risco.


Tudo ocorreu aos 49 minutos do segundo tempo, naquele exato momento em que a vitória está consolidada, nada mais parece poder dar errado, o momento em que no jargão automobilístico é a hora de levar “na ponta dos dedos”, justamente ali, e talvez por não ter feito exatamente isso, levado na ponta dos dedos, é que ocorreu o acidente. Ouvimos o ruído forte e o tremor da batida, tudo numa fração de segundo.  


O pior tinha acontecido.

 

Mas ainda não é o momento de falar nisso. Vai ficar cronologicamente para o final, para segundos antes de o juiz apitar e embarcarmos de Milão para São Paulo, sem termos a noção de que haveria a prorrogação, com voo atrasado, conexão curta e um integrante perdido no aeroporto, última chamada para o último voo, e...

 

Calma.

 

Como já sabe quem acompanha os meus relatos de viagem, e mesmo outras histórias que costumo contar, nenhuma estória existe sem um contexto, sem uma outra estória por trás dela, anterior, e ainda outra por trás dessa, em uma série de camadas que servem para aprofundá-la e, mais, para entendê-la completamente. Em resumo, sou prolixo mesmo, transitando na fronteira perigosa entre um contador de estórias e o chato.

 

Não importa.

 

Uma viagem, como não canso de repetir, começa muito antes do seu início efetivo, no embarque doméstico em direção à conexão internacional, ou no ônibus que ruma ao litoral, ou mesmo ao terminar de abastecer o carro para pegar a estrada. Uma viagem começa a nascer bem antes disso, em um tempo variável, no momento em que a ideia da mesma surge. Pode ser no final da viagem anterior, num encontro entre amigos, ou até mesmo quando – por impulso – compra-se a passagem, situações todas essas já vividas por nós aqui em casa.

 

Por outro lado, o nome pelo qual vamos chamar a viagem, e todas elas têm nome, normalmente surge durante ou logo após a viagem, mas – óbvio – pode surgir antes, como os Perdidos na Espace, nome pelo qual viajamos em 1999, viagem que já contei por aqui. Dessa vez, na viagem que terminou por esses dias, o nome surgiu durante a viagem, e se impôs, não deixando dúvidas. Itália 2023, Mães e Filhos. Acrescento aqui o Perdidos, que nos caracteriza desde a nossa primeira grande viagem. Itália 2023, Perdidos Mães e Filhos.

 

 

Os Perdidos (Marina, Marcelo, Tânia, Karina, Jacque e Roberta)


É essa estória que pretendo contar com calma nas próximas semanas.

 

Até.

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