domingo, agosto 16, 2009

A Sopa 09/03

Cuidado com o que desejas.

O grande problema das afirmações (ditas ou escritas) é que alguém que a ouviu (ou leu) pode colocá-las à prova. Mesmo que as afirmações tenham sido retóricas. Mas quem se expõe deve estar preparado para isso.

De tempos em tempos trago de volta a questão da churrasqueira. A saber, para alguém desavisado: no apartamento onde moro, por ser de um prédio não tão novo, não tem churrasqueira. Sempre digo que lamento, mesmo que nunca fosse fazer churrascos numa hipotética churrasqueira na minha casa, porque o que eu queria era poder fazer. De novo: talvez eu nunca fizesse churrasco, o que eu queria era poder fazer se me desse vontade.

O que aconteceu, então?

Mais de uma pessoa com churrasqueira em casa colocou a sua a minha disposição quando eu quisesse fazer. Fui colocado na parede: já que eu queria tanto ter uma churrasqueira, que eu fizesse churrasco na casa em que me era oferecida esta oportunidade. Ou deixasse de ser chorão (palavras minhas, mas a idéia era essa).

Tentei argumentar que não era a mesma coisa, afinal a idéia era a de “poder ou não”, mas não adiantou: eu teria que fazer um churrasco. Pensam que me dobrei?

Fiz salsichão com pão...

Na próxima eu faço churrasco. Peguei o gostinho...

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De volta.

Há cerca de um ano e meio, quando as dores e as contraturas cervicais tornaram-se insuportáveis, e após consultar com o meu neurocirurgião e um especialista em dor, fiz o que tinha que fazer para tentar melhorar: larguei o futebol, que jogava religiosamente às segundas-feiras e eventualmente às quintas. Foi ruim, afinal – além de atividade física - era uma diversão e fazia parte de uma turma legal. Mas para melhorar era necessária uma atitude radical a esse ponto.

Depois de algum tempo, já sem dores, achei que deveria esperar mais para poder me preparar para voltar adequadamente. E então chegou agosto de 2008, a Marina nasceu e o centro do mundo passou a estar dentro de casa, e todo tempo disponível eu queria passar perto dela. Aliás, é assim até hoje. Mas um pai sedentário pode não ser um pai (saudável) por muito tempo. Foi quando decidi procurar um cardiologista.

Antes de voltar às atividades físicas, como qualquer um que não é mais guri, fui fazer uma avaliação cardiológica. Não só por isso, afinal depois que a Marina nasceu descobri o medo de deixá-la órfã. Consultei, fiz exames médicos incluindo um teste ergométrico, e fui liberado para voltar a me exercitar. Isso ainda no verão, em fevereiro.

Estabeleci uma rotina de exercício, basicamente caminhadas no início que foram seguidas de corridas, tudo calmo, sem pressa, com cuidados. Só do futebol que eu seguia afastado. Havia sido aconselhado tanto pelo neurocirurgião quanto pelo cardiologista a procurar outro esporte. Sem falar que, cada vez que eu dizia que ia voltar a jogar, tinha dor na coluna. Totalmente paranóico.

A rotina de exercícios lamentavelmente foi interrompida pelo total falta de tempo, entre trabalho, concurso, viagens, inverno e gripe suína, e já estava conformado em só voltar a jogar num futuro distante. Até que levamos a Marina para consultar com o pediatra dela na quinta-feira passada.

A temperatura estava agradável, o tempo bom, tudo bem com a Marina (que cresce e ganha peso dentro do esperado) e – em meio à conversa – o pediatra (que faz parte da turma do futebol) botou uma pilha para ir jogar o jogo daquela noite. Acabei indo.

Todo apavorado, com medo de voltar a ter contraturas, cheguei no grupo. Saudado como “ressuscitado”, fiquei de canto quando definiram os times, afinal estava ali como “furão”, e imaginava jogar um pouquinho se sobrasse lugar. Estava errado.

Não só joguei desde o início, como fiquei o tempo todo. Como zagueiro, sem me aventurar muito ao ataque (não teria como correr muito). Posso dizer que não comprometi (o que já é muito). E, melhor de tudo, não tive dores na coluna ou contraturas depois, e nem fiquei com dores musculares no dia seguinte.

Só não digo que estou definitivamente de volta porque nos próximos meses a minha presença ainda vai ser esporádica (por questões alheias ao jogo e minha saúde). Valeu.

Estou voltando.

Até.

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