segunda-feira, março 31, 2008

Futebol

Como é de conhecimento público, nunca fui fã de futebol.

Torcia pelo Inter, simplesmente. A diferença? Não me interessava por assistir jogos de outros times, nunca tive aquela coisa de “no Rio, torço pelo Flamengo, em São Paulo pelo Corinthians”, etc. Aliás, se tem uma coisa que não faço é torcer pelo Corinthians, mas isso não vem ao caso. Sou e sempre fui torcedor do Inter, e os outros times e o futebol em geral não me interessavam.

Mas isso começou a mudar.

Primeiro em decorrência do trânsito de jogadores brasileiros (e, em especial, dos gaúchos) para o exterior. Ao acompanhar a trajetória de jogadores criados aqui na província, passei a acompanhar os jogos de times europeus. Primeiro com o Barcelona e seus brasileiros, desde o Ronaldo Nazário (eu sei, não é gaúcho, mas é um fenômeno) e depois com o Ronaldinho (que, parece, perdeu a vontade de jogar) até atualmente o Milan, com o promissor Alexandre Pato, saído das categorias de base do Inter. Torço para que o Milan ganhe para ver o sucesso do garoto saído do Beira-Rio.

Já com o futebol inglês nunca tive nenhuma relação afetiva. Quando morava no Canadá e o que mais passava de futebol na televisão era justamente o campeonato inglês, preferia assistir outras coisas. Mas isso começa a mudar.

No final de semana, comecei a assistir “meio sem querer” a Manchester United e Aston Villa, e o que vi foi um espetáculo de se aplaudir de pé dos diabos vermelhos, um passeio, com Rooney, Cristiano Ronaldo, Tevez e o ex-gremista Anderson (que entrou no segundo tempo). Uma aula de futebol, uma beleza mesmo.

Devo ampliar meus horizontes.

Mas torcer pelo Corinthians, nunca!

Até.

domingo, março 30, 2008

A Sopa 07/34

A Viagem (19)

Avignon, também conhecida pelos seus Papas, é a capital do departamento de Vaucluse, no sul da França. Está situada na margem esquerda do Rhône, a cerca de 580km de Paris e a 143km ao sul de Lyon. Foi fundada pela tribo gaulesa dos Cavares, ou Cavari.

Sua relação com os Papas começa quando o rei Filipe IV da França consegue eleger um papa francês, Clemente V, e convence-o a estabelecer-se na cidade, o que ocorre em 1309. O período dos Papas de Avignon estende-se até 1377. Durante esse tempo, sete papas residiram na cidade. Herança deste período, o Palais des Papes é o monumento mais conhecido de Avignon, junto com a Pont Saint-Bénézet, cujos arcos sobre o Rhône formam a mais típica imagem da cidade.

Chegamos em Avignon preocupados, em primeiro lugar, em encontrar um hotel para podermos ficar duas noites, servindo de base para visitarmos a região. Além disso, também desejávamos ficar o mais próximo possível do centro histórico, num hotel legal e com bom preço. Óbvio que não conseguimos preencher todos os requisitos desejados.

Tentamos alguns hotéis logo na saída dos muros da cidade antiga, sem sucesso. O primeiro, um Ibis, estava lotado. O segundo, um quatro estrelas bem jeitosinho, além do preço ser exorbitante, também estava lotado. Tentamos mais um ou dois, sem sucesso, quando decidimos estacionar o carro e pensar no que fazer. Paramos próximos à Pont Saint-Bénézet (estacionamento gratuito), e acabamos optando por um Kyriad (da mesma rede em que ficáramos em Aix-en-Provence) bem periférico, longe do centro. Com o celular do Paulo, telefonei para o hotel e fiz a reserva para aquela noite e para a seguinte. Pronto, podíamos passear sem preocupações. E, melhor, o hotel era tipo esses hotéis de estrada com estacionamento ao ar livre (não entalaríamos em nenhuma garagem) e gratuito.

Saímos para passear, começando pela ponte, onde tiramos fotos por fora, e abaixo dela. Da ponte original, composta por mais de treze arcos, restam apenas três. Fotos do grupo, dos casais, com o céu azul sem nuvens ao fundo. Um dia perfeito. Para visitar a ponte, há a cobrança de ingresso. Como estava próximo da hora de encerramento das visitas, optamos pela visita ao Palais des Papes antes de mais nada. Pelas ruas estreitas do centro, subimos até a Place des Papes, onde está o Palais e garotos andavam de skate.

A entrada o Palais é paga, e dá direito a um guia desses tipo rádio, em que – à medida que se passa – digita-se o número do local e ele te dá às informações significativas. Decidimos que não precisávamos desse guias, mas os funcionários insistiram que levássemos os aparelhos porque “it is free”. OK, então... Fizemos a visita do Palais, seguindo um roteiro pré-estabelecido que nos leva, quase para encerrar a visita, a um terraço de onde se tem um bela vista do Rhône, da ponte, da praça e de partes do centro.

A tarde ia para o seu final e o sol ainda não havia se posto, então ficamos um pouco sentados no terraço apreciando a vista. Eu, que carregava sempre a minha máquina fotográfica com o tripé, para as fotos oficiais do grupo – tiradas com o controle remoto da máquina – sentei e armei o tripé para algumas fotos. A Karina, ao meu lado, de brincadeira, comentou do meu “tripé”, e algumas piadinhas óbvias nessa linha, o Paulo e eu rimos e entramos na história. Quando levantamos para irmos em direção à saída, um grupo que estivera todo o tempo próximo a nós também estava de saída. Nisso, um senhor de seus cinqüenta e poucos anos, parou ao meu lado e perguntou: “Vocês são gaúchos, certo?”. Sorri e disse que sim, no que ele disse que nos reconhecera pelo sotaque: era de Curitiba.

Após sairmos do Palais, fomos de volta até a ponte para visitá-la justamente ao cair do sol, com o céu tomando todas as tonalidades alaranjadas possíveis, cenário para mais uma série de fotos e vídeo dos casais em separado e do grupo inteiro. Quando terminou o horário de visitação da ponte, voltamos ao centro já pensando na janta. Circulamos por várias ruelas e acabamos jantando em um restaurante na Place Horloge, em frente ao Hotel de Ville.

O que comemos?

Ratatouille, claro.

Após a janta fomos para o hotel para descansar e nos preparar para o longo dia seguinte, quando visitaríamos algumas cidadezinhas próximas, no nosso penúltimo dia de Provence.

Até.

sábado, março 29, 2008

Sábado (cenas de um aniversário)

Comemoramos quarta-feira o aniversário de sessenta anos da minha mãe.

Que já é quase avó.

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O local

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Com a família aqui

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Falando com Nova York

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Com a família em Nova York

Até.

quinta-feira, março 27, 2008

Quase vítima

Ou quase assalto, como preferirem.

Parece ser inevitável, num país como o Brasil, sermos vítimas da violência urbana. Todos já passaram por isso ou ao menos conhecem alguém que já passou. Eu nunca tinha passado por isso.

Um incidente, há quase quatro anos, e tive o carro furtado. Estacionei em frente à casa do Paulo e da Karina e, na hora de ir embora, o carro não estava mais lá. Polícia, seguro, nunca encontraram o carro. Mas não me considerei vítima, porque o sumiço do carro e o posterior pagamento do seguro vieram bem a calhar.

Porque falta um mês para eu ir para o Canadá e estava querendo vender o carro roubado. Com o pagamento do seguro, não precisei vendê-lo e ainda o valor foi maior do que eu ganharia vendendo. Foi uma situação onde todos ganharam. O ladrão ficou com o carro e eu o tranformei em dinheiro. Tudo certo.

Após isso, Canadá por dois anos e volta ao Brasil.

Voltar a morar no Brasil reavivaram certos "cuidados" que não eram necessários em Toronto, em termos de bens pessoais. Acontece que não podemos baixar a guarda nunca, para não termos problemas.

Só que eu baixei.

Estava atendendo em uma clínica no centro de Porto Alegre, onde trabalho há mais de ano, e - pela primeira vez - não guardei a minha pasta de trabalho (onde estão minha carteira, palmtop, óculos escuros e iPod) no armário em que sempre guardo, deixando-a sobre um balcão ao lado da minha mesa de trabalho. Em determinado momento da tarde de quarta-feira (ontem), saí da sala para chamar um paciente e deixei a porta aberta (em frente a um elevador) com a pasta aberta dando sopa.

Não demorei mais de dois minutos.

Quando voltei para a sala, havia um cidadão sainda da mesma e colocando a minha carteira para dentro da calça. Foi surreal, a fração de segundo em que vi o cara, pensei que havia esquecido do paciente na sala, não, não tinha paciente na sala, "ei, é a minha carteira que ele guardou dentro da calça"...

Bloqueei a saída da sala.

Olhei para ele e disse "Larga de volta!". Ele perguntou o quê. Insisti:

- A minha carteira, põe de volta na mesa!

Tirou a carteira do bolso e colocou sobre a minha pasta. Passei por ele e conferi se estavam todas as minhas coisas. Num segundo, vi que estava. Enquanto isso, ele se dirigia ao elevador.

Saí da minha sala e interceptei o ladrão. Ele disse que ia passar. Na sala de espera, falei para as funcionárias chamarem a segurança porque ele estava tentando me assaltar. Ele foi em direção à escada e bloqueei a passagem novamente.

Ficamos num impasse: ele queria passar e eu não deixando, ganhando tempo para o segurança chegar. Ele aumentou a voz, pedindo passagem (todos os pacientes na sala de espera só olhando). Neguei novamente. Fez menção de pegar um extintor de incêndio. Ameacei partir para cima dele. Recuou.

Aumentou a voz e disse que eu não ia impedi-lo de sair.

Olhei para ele, menor que eu e com hálito de álcool.

- Tem certeza que vai encarar?

Recuou, e chegou o segurança, que o levou para fora da clínica e disse para nunca mais aparecer.

A última coisa que pensei sobre isso foi que - para minha sorte - era um ladrãozinho de oportunidade, a espécie mais baixa na escala de valores dos bandidos, inofensivo, praticamente um parasita.

E que não posso baixar a guarda. Nunca.

Até.

quarta-feira, março 26, 2008

Os Dias Antes da Paternidade – Parte 4

Ter filhos é, antes de uma necessidade biológica, um imperativo social. As pessos esperam isso como uma evolução natural, e te olham meio que com pena, quando dizes, em resposta à pergunta sobre se tens filhos, “ainda não”. ‘Pobre coitado, sua vida está incompleta’. Além disso, manifestam suporte e estimulam: vocês vão ver como é bom, vale a pena, etc.

Até o momento em que ficam sabendo que vocês estão grávidos.

A primeira coisa que dizem, quase que instantaneamente, como se estivessem se livrando de um fardo, ou passando o bastão a vocês numa corrida de revezamento, é “durmam enquanto podem, porque depois que nascer, nunca mais terão uma boa noite de sono”. E terminam a frase com um suspiro de alívio, como se dissessem, ‘pronto, disse, agora o azar é de vocês’.

Muito estimulante. Animador, até.

Como se estivessem atraindo um animal selvagem, livre, para uma armadilha, para a domesticação. Vocês viajam muito? Se divertem, jantam fora, vão a festas? Está na hora de terem filhos, não? Já estão grávidos? Bem feito, agora vocês são um de nós, que não dormem direito e não tem mais vida, exceto cuidar da criança que vocês fizeram. Eu avisei, eu avisei!

Sem falar que – no momento em que vocês decidem engravidar – o MUNDO todo parece ter tomado a mesma decisão, ou está havendo algum conjunção de planetas que tornou o mundo um lugar mais fértil. Quem planejava, quem não planejava, todas engravidam de repente. É batata. Aliás, nada é na batata. Cem por cento garantido, certo sem dúvidas, mas não na batata. Só a batata é batata, segundo o Luís Fernando Veríssimo. Mas eu dizia que quando vocês decidem engravidar, o MUNDO resolve participar, e pipocam a sua volta outros casais grávidos. Ou são vocês que começam a reparar em algo que acontece o tempo todo, desde que o mundo é mundo, não importa.

Além disso, todos conhecem uma história ruim a respeito do assunto, e a melhor hora de contar isso é para a recém gestante, que não está nem um pouco insegura e/ou ansiosa. Enjôos, mal estar, TUDO acontece com as grávidas em volta de vocês, futuros papais e mamães. Os mais variados problemas ocorrem e a melhor hora de contar isso para uma grávida é quando ela recém descobriu que está grávida e ainda não sabe se a gestação ‘vai vingar’. Vingança e terrorismo, aliás é o que as pessoas fazem com os futuros pais em espera.

É como um rito de iniciação, um trote para os calouros.

Todos passamos ou passaremos por isso.

Até.

terça-feira, março 25, 2008

Pastor garante que oração faz fiel perder 5 kg

"A promessa de emagrecimento rápido, sem exercícios, dietas ou cirurgias, está atraindo fiéis à Igreja Evangélica Ministério Brilho do Sol, no bairro Santa Lúcia, em Duque de Caxias, no Rio. Em panfletos distribuídos nas ruas e nos cultos, o pastor Ubiraci Xavier promete a perda dos quilos indesejados através da fé."

O pior é que tem otário que acredita nessa bobagem.

Ah, se não funciona a culpa é sua, pessoa de pouca fé.

Fácil, não? Já eu, por exemplo, faço você ganhar na Mega-Sena. Faça a minha oração e certamente ganharás muito dinheiro. Se não der certo, é porque não rezou direito...

Até.

segunda-feira, março 24, 2008

Pesquisa

Está no jornal O Sul do dia de hoje, 24/03/2008, na página 2:

"Brasileiros voltam a rechear a geladeira com iogurtes e leites

A geladeira do brasileiro está mais recheada e com maior variedade. Uma pesquisa realizada pela Latin Panel mostra que 32% dos gastos das donas-de-casa são com iogurte. Outros 27% vão para bebidas a base de soja e 21% para os leites fermentados"
... E por aí vai a notícia.

Cá entre nós, só pode ser notícia plantada, lobby dos vegetarianos. Vinte e sete por cento dos gastos com bebidas a base de soja?!

A base de soja???

Quem é que, em sã consciência, consome bebidas a base de soja?

Ninguém, certamente.

Claro que sempre vai aparecer alguém querendo nos convencer de que é bom e as pessoas até gostam. Mas comigo essa lavagem cerebral não funciona. É melhor nem tentar me convencer do contrário.

Até.

domingo, março 23, 2008

A Sopa 07/33

A Viagem (18)

Ainda antes de irmos dormir, em Aix-en-Provence, tentamos e não conseguimos entrar com o carro na garagem do hotel, pois a altura máxima permitida era pequena demais para nosso “ônibus”. O engraçado disso é que minha preocupação, antes de decidirmos pelo aluguel da Renault Trafic era com a largura e não com a altura. Parecia muito mais provável que entalássemos em ruas estreitas do que em garagens baixas. Acabamos, aquela noite, deixando o carro na rua, em frente ao hotel, onde aparentemente não deveríamos colocar.

Na manhã seguinte, deixamos o hotel logo após acordar, ainda antes do café, e seguimos para a La Rotonde, ponto central para nossa orientação em Aix. Deixamos o carro em uma rua paralela ao Boulevard de la Republique e fomos atrás do café da manhã, que acabamos tomando sentados em um banco de frente para a Rotonde, ao lado de uma estátua de Cézanne (mais Aix-en-Provence, impossível).

Terminado o café da manhã, seguimos para a Cours Mirabeau para iniciar a nossa visita à cidade. É na própria Cours, talvez a rua mais famosa de Aix-en-Provence, onde fica – entre outros – o Les Deux Garçons, brasserie que faz parte da história da cidade, cuja decoração é considerada monumento histórico, e que foi freqüentado por Cézanne e Zola, por exemplo. Visitamos o mercado de flores, passeamos pelas ruas do centro antigo e, quando havíamos parado – já no final da manhã – para um café num dos cafés ao ar na Place du Hotel de Ville, a Zeca descobriu a Le Cure Gourmande, loja de chocolates e outros doces artesanais, cuja fachada ilustrou uma reportagem da revista Viagem e Turismo sobre a Provence. Visitamos, claro, conversamos com as funcionárias e até mostramos para a gerente a revista, que a Zeca havia trazido. Ficaram bem felizes (claro que é possível que fôssemos o milésimo grupo a entrar lá e mostrar a foto, mas...).

Após a visita ao centro, pegamos o carro e fomos em direção ao Bibemus, um platô montanhoso de onde se tem uma vista perfeita do Monte Saint-Victorie, cenário de várias pinturas de Cézanne. Chegar lá não foi simples. Inicialmente nos perdemos, paramos e perguntei a um transeunte sobre as direções e ele nos orientou. Quando chegamos, descobrimos que o local era um ponto de partida para trilhas, e que a vista que procurávamos era no final de uma dessas trilhas. Não foi uma longa trilha, mas, como estava quente e não estávamos preparados para trekking, foi meio penoso, principalmente pela falta de água no trajeto.

Valeu o esforço, contudo. A vista é belíssima e as fotos ficaram muito boas. Completado o passeio, voltamos ao carro e decidimos partir para a próxima cidade do nosso roteiro, onde ficaríamos duas noites para usarmos como base para poder visitar a região ao redor: Avignon.

A cidade dos Papas.

Semana que vem, semana que vem.

Até.

sexta-feira, março 21, 2008

Amém

Sexta-feira santa, vamos matar o pai
Que vai dormir em paz
Depois ressuscitar em nós, em deus, em dois

Vê que não adianta crucificar o boi
Se volta à terra lá do céu
Isso era tudo que queria
A festa, a farra humana, a luta em nome da alegria
Que a santidade não sabia lhe ensinar

Por isso eu creio e não acho feio
Que a fé seja assim
Que até a santa madre, quando tinha sede
Dava tudo que podia
E a Galiléia abençoada, em coro, repetia essa oração

Nossa Senhora é poderosa
Mas nossa raça é manga e rosa
A nossa igreja deita e goza
E onde há fumaça, deixa o pavio queimar
Amém


(Nei Lisboa)

quarta-feira, março 19, 2008

Os Dias Antes da Paternidade – Parte 3

Imagino que quem está lendo essa série de escritos esteja esperando que eu fale de como está sendo/foi com a gente. Afinal, se é para escrever genericamente, é melhor comprar um livro de alguém que realmente tenha experiência no assunto. Eu é que não tenho. Apesar de médico, na hora em que acontece com a gente, somos tão ou mais leigos que as pessoas em geral, mas com um agravante: nós sabemos tudo de ruim que pode acontecer, probabilidades estatísticas incluídas. Em outras palavras, só temos desvantagens.

Penso nisso há muito tempo, e não relacionado necessariamente a gestações e nenês que estão para nascer. Qualquer situação envolvendo saúde e alguém que conhecemos é sempre um estresse. Primeiro porque nunca pensamos que vai ser uma coisa simples, apesar do que dissemos a vocês. Podemos até acreditar sinceramente que não vai ser nada demais, mas já antecipamos – em pensamento – todas as possíveis catástrofes que podem acontecer e que – sabemos – quase nunca acontecem. Sofremos por antecipação com a possibilidade do pior acontecer. Sem falar na crença vigente entre médicos que familiares de médicos sempre apresentam um quadro MUITO mais complicado do que seria normalmente em um não-familiar de médico. Não que sejamos pessimistas, pelo contrário.

É que é uma maldição sabermos tudo de ruim que pode acontecer.

Bom, mas esse não é o assunto. Devo falar de como as coisas aconteceram (e estão acontecendo) conosco.

Não, não foi na primeira tentativa, mas não levou tanto tempo assim.

Não houve, dessa forma, grande ansiedade por parte de nenhum de nós a respeito da nossa “capacidade” de multiplicação. Foi bem tranqüilo. É nesse momento, contudo, o de ainda não ter certeza da capacidade reprodutiva que podem surgir algumas tensões vindas de “fora”.

Explico.

Pode não funcionar assim com a mulher, mas para o homem, mesmo que inconscientemente, existe uma certa associação entre fertilidade e virilidade. É uma grande bobagem, todos sabemos, mas é quase impossível fugir de comentários jocosos a respeito do assunto, com os adjetivos mais criativos (e para quem se sente atingido pelo tema, de mau gosto).

Como falei, no nosso caso não houve esse estresse todo, até porque não saímos anunciando para o mundo que estávamos “tentando” engravidar. Quando perguntavam, desde antes de iniciarmos o processo, dizíamos “em breve, em breve”, sem precisar muita coisa, até porque não diz respeito a ninguém mais se estamos em vias de ou não. Mesmo assim, fui “vítima” de alguns comentários.

O engraçado é que – a primeira vez que alguém tocou no assunto – a Jacque já estava grávida e não tínhamos contado para ninguém. Foi no aniversário de um amigo, onde praticamente TODAS as mulheres presentes ou estavam grávidas ou recém haviam tido filho, quando uma colega (que não estava grávida e nem tinha filhos) perguntou quando pretendíamos engravidar e perguntou se eu não seria “pau de vento”.

“Pau de vento”.

Nunca tinha ouvido essa expressão, que seria – na minha opinião - de extremo mau gosto se estivéssemos tentando e não conseguindo ou eu soubesse que era infértil, por exemplo. Como nunca foi uma preocupação minha (e já sabia que estava tudo bem) não dei bola. A mesma infeliz expressão ouvi quando contamos a todos que estávamos grávidos, e alguém comentou que “puxa, estávamos começando a pensar que eras ‘pau de vento’, viu?”.

E se fosse, seria menos homem? Claro que não.

Outra expressão que eu ouvi esses dias e que tem a ver com o assunto, e que pareceu mais criativa que agressiva foi ‘tiros de festim’. De qualquer forma, sempre me pareceu um assunto íntimo demais para ser conversado em público. Mas cada um sabe de sua vida.

Vai saber.

terça-feira, março 18, 2008

Sobre o envelhecer e churrascos

Comecei ontem com as caminhadas diárias segundo orientação médica. Tenho que ter mais respeito com a minha coluna cervical a partir de agora, que descobri que ela é pelo menos dez anos mais velha que eu. Pois é, eu sei. Ao menos, não tive dor nas duas últimas semanas, quando me senti envelhecendo, por baixo, esses mesmos dez anos que a minha cervical tinha na minha frente.

Por isso mesmo é que tenho pensado com mais insistência que o normal sobre esse assunto que é recorrente em minhas reflexões: o ciclo da vida, o envelhecer.

Durante um tempo, nutri a falsa impressão que poderia - a qualquer momento em que me propusesse a tal tarefa - atingir minha capacidade física máxima. Dizendo de outra forma, que eu ainda não a tinha atingido e que poderia - de novo - assim que quisesse e trabalhasse para tal, atingi-la. Descubro agora que era uma ilusão, que já passei do ápice físico possível.

Os problemas degenrativos da minha coluna cervical - possivelmente conseqüência tardia daquele acidente de que fui vítima há quase dezoito anos - foram também como um choque de realidade: saltar de paraquedas, bungee jump, nem pensar. Não que eu fosse fazer. Mas o fato de não poder fazer é que estraga tudo.

Como com a churrasqueira aqui de casa.

Não tem churrasqueira aqui em casa. Logo, NÃO POSSO fazer churrasco. Se houvesse, é bem provável que não fizesse churrasco. Mas eu PODERIA fazê-los. Isso é o que importa: a possibilidade.

E é de possibilidades que a vida fica cada vez mais escassa a medida que envelhecemos.

Até

domingo, março 16, 2008

A Sopa 07/32

A Viagem (17)

Circulando por Cannes, em meio a um festival de televisão, é óbvio que encontraríamos lindas modelos desfilando em frente ao Palácio dos Festivais. E é óbvio que não teriam nada a ver comigo. Porém...

Volta e meia, nas mais diversas situações – principalmente nas que potencialmente podem se transformar em um chamado “mico” – a Jacque “me desafia” a ir ao encontro desse possíveis “micos potenciais”, como uma vez em Viena em que pediu para eu sentar num desses trenzinhos infantis na rua e tirar um foto. Claro que fiz. Estávamos nós, então, em Cannes, e passou por nós um grupo de cinco ou seis belas modelos. Ato contínuo, ela disse para eu ir até elas e pedir para tirar uma foto com o grupo. Fui, e tiramos a foto, nada demais, na verdade.

Antes de seguir em frente, caminhamos pelas ruas de Cannes por mais algum tempo, e ainda parando para um sorvete numa Häagen Daz. Era chegada a hora de deixar para trás a Côte d’Azur e seguir para a Provence. Primeira parada: Aix-em-Provence, distante 148km de Cannes a apenas 30km ao norte de Marseille.

Fundada no ano 123 antes de Cristo, se tornou território francês em 1487 (junto com toda a Provence). Tem uma população de cerca de 140.000 habitantes e uma média de trezentos dias de sol por ano. Entre seus ilustres filhos está o pintor Paul Cézanne, pintor pós-impressionista que viveu e pintou Aix e seus arredores. De Paul Cézanne é dito que fez a ponte, a transição, entre o impressionismo do século XIX e o cubismo do início do século XX. Picasso e Matisse teriam afirmado que Cézanne era “o pai de todos nós”.

A viagem de Cannes até Aix foi tranqüila, sem problemas. Por outro lado, da chegada à Aix e da procura por hotel não se pode dizer o mesmo...

Sem mapa mais preciso da cidade, demoramos um pouco a encontrar o centro da cidade. Seguindo indicações, encontramos a Rotonde, uma rótula com uma fonte que fica na junção do Boulevard de la Republique, com as Avenues Victor Hugo e des Belges e o Cours Mirabeau, o “centro” da cidade. Contudo, isso não significou nada, porque não havia indicações de hotel, nem lugar para parar o carro. Com o carro em movimento, encontramos uma indicação (placa) de hotel e fomos perguntar.

O detalhe é que, para chegar onde queríamos, em sendo as ruas de mão única e formando um círculo (ring) ao redor do centro, tínhamos que dar a volta em todo o centro para voltar ao hotel. Fizemos isso uma vez, duas, três, e chegamos ao primeiro hotel, tipo quatro estrelas, provavelmente bem mais caro do que gostaríamos de pagar. Lotado.

Mais voltas em torno do ring, e a Karina começando a nos chamar de circular Aix-en-Provence. Segundo hotel, um pouco mais afastado: lotado. Depois do terceiro hotel lotado, pedi uma sugestão ao recepcionista de acabara de me negar vagas, e ele sugeriu um da rede Kyriad, bem mais afastado do centro. Era pegar ou largar. Pegamos, mas não assim tão fácil. Foi muito difícil de encontrar o dito hotel (mais voltas no ring, risadas com o circular Aix e, a cada vez que passávamos por um determinado ponto do trajeto, em que havia uma loja que vendia produtos da Apple, eu gritava ‘baaah, loja da Apple’). Quando encontramos, uma grata surpresa: era um Kyriad Prestige, de tipo executivo, com diária em conta e acomodação superior. Decidimos até ficar duas noites ali, mas – para nossa decepção – estaria lotado no noite seguinte.

Após nos instalarmos, voltamos para o centro, a Rotonda, para procurar um lugar para jantar. Foi então que nos deparamos com uma dificuldade que nos acompanharia até o final e que – estranhamente – não havia nos incomodado antes: estacionamento. Em nenhum momento da viagem até ali, tínhamos tido problemas para estacionar. Nada, zero. Justamente naquela noite, quando fomos ao centro de Aix para jantar, o drama se revelou.

A cidade estava cheia, todas as vagas disponíveis nas ruas pareciam tomadas. Optamos por um estacionamento público, subterrâneo. Para nossa surpresa, o carro não entrava. A altura da van era maior que a altura permitida. Iríamos entalar se tentássemos entrar. Por isso, ficamos cerca de quarenta minutos circulando até conseguir estacionar. Com fome, decidimos jantar num dos restaurantes da Cours Mirabeau. Antes, contudo, passamos em frente e eu entrei Hotel des Augustines, antigo convento do século XII transformado em hotel. Lá perguntei sobre vagas (lotado, claro) e do por quê da lotação da cidade. O recepcionista me explicou que era devido à Copa do Mundo de Rugby, que se realizava, e que pela proximidade de Marseille, uma das sedes, a cidade estava cheia.

Como assim, se a França tinha sido campeã na noite em que estávamos em Annecy, nossa primeira da viagem? Havíamos nos enganado? Quando comentei isso com o grupo, houve incredulidade geral. Eu devia estar enganado, não entendera o que ele me dissera. Pior, eu devia estar louco. De qualquer forma, descobriríamos a verdade em breve.

Alheios à essa dúvida, jantamos – ainda celebrando o aniversário da Jacque – e tomamos espumante. Após a janta, fotos e volta para dormir.

Claro que nos perdemos antes de chegar ao hotel

Até.

sexta-feira, março 14, 2008

Esses dias

Felizes, mas também de sobressaltos, de uma aparente fragilidade.

Quase como pisar em ovos.

Até.

quarta-feira, março 12, 2008

Os Dias Antes da Paternidade – Parte 2

Pronto, vocês decidiram que era hora de engravidar.

Estão preparados emocionalmente, os exames estão todos normais, tudo está bem. Mãos à obra, então.

Detalhes técnicos sobre o assunto fogem do objetivo desses escritos, mas é claro que vocês passarão a pensar em coisas como período fértil, duração de ciclo menstrual, ovulação e outros detalhes que, se antes eram lembrados, era apenas para saber quando havia perigo e o contato físico, a conjunção carnal, deveria ser evitado caso não houvesse um método contraceptivo adequado. A partir de agora ficarão “craques” em datas, períodos, atrasos ou não.

Certamente que, quanto mais demorar para engravidar, mais vocês ficarão atentos às datas. Sim, porque às vezes, independente do quanto vocês tentem, as coisas podem levar mais tempo que o “planejado”. Mais tentativas, mais datas e pode-se entrar num ciclo meio neurótico.

Para o futuro papai (FP), ou pai em potencial, então, a demora implica em questionamentos a respeito do seu, vamos dizer, potencial. A sua resposta, FP, vai depender exclusivamente de você e de suas neuroses e/ou paranóias. Reflexões, questionamentos, certezas e incertezas – em alguns casos extremos – até consultas médicas, tudo vai depender de como você lida com a pressão e de quão boa é sua auto-estima.

Às vezes – geralmente quando não é essa a intenção – a gravidez ocorre na primeiríssima tentativa (ou quando nem é tentativa) e tudo fica bem. Por outro lado, se passa de um ano inteiro de tentativas não bem sucedidas, talvez seja hora de procurar ajuda, e aqui não me refiro ao Jorjão nem à vizinha gostosona. Orientação médica, apenas para ver se está tudo bem mesmo com vocês, se os “garotos” são em número suficiente e se correm direitinho, essas coisas.

Mas chega uma hora – em geral – que a tentativa dá certo.

Então começa uma nova fase, saber se deu certo mesmo, mesmo-mesmo.

Porque “dar certo”, no caso, não quer dizer realmente dar certo. Até pode dar certo depois, mas ainda não deu certo, entendeu?

Não?

Tudo bem, tem tempo para isso. Eu explico mais adiante.

Até.

terça-feira, março 11, 2008

Os Novos Pecados

A Igreja Católica, em mais uma prova de que está com muito tempo livre, anunciou uma relação de "novos pecados".

São eles, classificados como "pecados sociais".

1. Fazer modificação genética
2. Poluir o meio ambiente
3. Causar injustiça social
4. Causar pobreza
5. Tornar-se extremamente rico
6. Usar drogas

Quer dizer que ganhar muito dinheiro é pecado? Trabalhar muito e viver bem deve ser punido com o fogo do inferno? Só consigo pensar numa coisa, então:

"Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus".

Espero passar calor na eternidade...

Até.

segunda-feira, março 10, 2008

domingo, março 09, 2008

A Sopa 07/31

A Viagem (16)

A manhã do dia dez de outubro de dois mil e sete iniciou com sol, que nasce ali, no majestoso Mediterrâneo bem em frente ao nosso hotel (e, claro, milhares de outros nessa orla). Por ser aniversário da Jacque, decidimos que o café da manhã seria especial, na praia.

Para isso, assim que nos aprontamos saímos do hotel e fomos à procura de um supermercado para comprar os ingredientes para o desjejum. Numa filial do Casino, típico supermercado local, compramos tudo o que precisaríamos para uma lauta refeição matinal, e mais um pouco. Preparados, fomos para a praia, aquela hora com pouco movimento, afinal era quarta-feira de manhã, em outubro. Apesar disso, via-se um que outro banhista nadando.

Ao contrário das praias aqui do sul do mundo, em Nice não há areia fina na orla, apenas pedras. Cascalho mesmo. Mesmo assim, montamos nossa mesa e brindamos o aniversário da Jacque com suco de laranja, nescauzinho (não lembro a marca), baguetes, queijos. Uma festa mesmo. Após o café, fotos e mais uma caminhada no Promenade des Anglais antes de voltar ao hotel para preparar nossa partida para o próximo destino, St. Paul de Vence.

Essa é mais uma daquelas pequenas cidades do interior da Europa que não parecem reais, por demais perfeitas. Aparentemente parada no tempo, pode-se encontrar, logo em sua entrada, os jogadores de petanque (espécie de jogo de bocha) em suas partidas em frente à platéia que assiste o jogo nas mesas do café, como acontece há décadas. Em St. Paul de Vence viveram artistas do porte de Matisse, Chagall, Renoir, Modigliani. Em suas ruas de pedra, cheias de turista que passeavam pela cidade, pela primeira vez na viagem, encontramos outros turistas brasileiros.

Circulamos pela cidade e, ao sair dos muros, deparei-me com um bronze de Rodin, o famoso ‘O Pensador’. Parei para admirar, ao mesmo tempo em que outro turista parou ao meu lado. Por alguma razão, começamos a conversar sobre esculturas e eu, que não sei praticamente nada do assunto, esclareci como aquele ali podia ser um original, assim como o são o que está em Paris, no jardim do Museu de Rodin, e um em Buenos Aires: todos os bronzes feitos a partir do molde original são originais (isso era a única coisa que eu sabia sobre ao assunto...). Curta visita, seguimos em direção ao próximo destino, onde almoçaríamos: Cannes.

Não há necessidade de se falar sobre Cannes, todos a conhecem, no mínimo pelo seu festival de cinema. Não era época do festival, mas estava acontecendo naqueles dias uma grande feira de televisão, e um dos grandes painéis que adornavam o Palácio dos Festivais era da rede globo e sua minissérie ‘Amazônia’. Foi em Cannes que almoçamos, num restaurante de praia, bem em frente ap Hotel Carlton. E pagamos por isso!

A cerveja mais cara que eu paguei na vida, com pizzas. Como era o almoço de aniversário da Jacque, não nos importamos. Estávamos em Cannes, afinal de contas. Almoço festivo, e fomos caminhar em direção ao Palácio dos Festivais.

Para encontrar as modelos.

E encontramos, aliás, encontrei...

Até.

quinta-feira, março 06, 2008

É bom esse Janer Cristaldo

"Desprestigiada na Europa e em todo mundo desenvolvido, a Igreja tenta ganhar no tapetão no Terceiro Mundo. Como costumo afirmar, religião e tabagismo hoje são práticas de países subdesenvolvidos."

Leia mais aqui.

Imprevisto

Nada é mais desagradável que teres os teu planos de final de semana arruinados por uma prova que não deveria acontecer justamente neste. Pior ainda quando descobres dois dias antes...

Paciência...

Até.

quarta-feira, março 05, 2008

Os Dias Antes da Paternidade – Parte 1

Vocês sabem como é, não?

Chega um momento da vida em que os hormônios se alteram e você começa a olhar de maneira diferente para aquela sua amiga da escola ou da turma da praia. Claro que – muito provavelmente – nada vai acontecer porque você ainda não tem a menor idéia ou experiência no assunto para saber o que fazer, como chegar. Vai levar ainda um certo tempo até que descubra o caminho, a manha, o como fazer. No meu tempo, era mais ou menos assim.

Hoje em dia, as coisas mudaram. Tudo é bem mais simples e direto. Gostou, atacou. Parece que nem precisa gostar, seria algo como produção industrial, a quantidade sendo mais importante que a qualidade. Ficar com três ou quatro meninas numa noite, sem nem saber seus nomes, de onde vêm e para onde pretendem ir, apenas pelo ficar. Se é carnaval, então, a contagem se faz em dezenas. Outros tempos, outros tempos.

Não que eu ache que seja melhor ou pior do que – atenção para a frase que entrega a idade – no meu tempo. É simplesmente diferente, com seus prós e contras. Aliás, você sabe que está ficando velho quando começa a falar “no meu tempo” ou "eu sou do tempo", assim como em “eu sou do tempo do Eskibon de caixinha”. Eu sou, por exemplo. Mas, como o título acima evidencia, não era disso que queria falar. Nem dos passáros e nem das abelhas e nem sobre as primaveras e verões com seus hormônios e poucas roupas.

Dizia eu que chega um momento da vida em que decidimos nos juntar àquela pessoa que, em princípio, vai ser para sempre. Sim, eu sei que nem sempre é realmente para sempre, até que a morte (n)os separe, mas prefiro acreditar que – se estás indo viver com alguém – a intenção é que seja para sempre. Se vai ser ou não, só o tempo dirá.

Então vocês, o casal feliz, decidem viver juntos e para celebrar esse acontecimento, resolvem fazer uma festa. Dependendo das suas tradições e/ou crenças, vocês podem casar perante à Igreja, ou num cartório, ou mesmo apenas festejando com os que são queridos para vocês, jovem casal. Suponhamos que seja um casamento tradicional, na Igreja, com festa após e toda parafernália que faz parte disso. Assim que vocês tiverem formalizado tudo perante as famílias, estiverem oficialmente juntos, o enfoque da relação de vocês, enquanto casal, vai mudar com as famílias.

Isso acontece mais ou menos quarenta e três minutos após vocês estarem festejando a união. Certamente vai aparecer alguém e perguntar:

- E aí, quando é que vem o primeiro filho?

Pronto. A partir daí o assunto não vai deixar de rondar a vida do casal em nenhum momento até que decidam que, sim, é hora de ter filhos. As abordagens serão as mais variadas, as formas de pressão as mais criativas e, à medida que passar o tempo, maior será a pressão. É inevitável, parte da vida. E não há como escapar por muito tempo, porque é o ciclo natural da vida: nascer, crescer, e multiplicar-se.

Mas chega um momento em que a pressão externa torna-se quase insuportável. E isso é diretamente proporcional ao tempo em que vocês estão juntos e também tem relação com a situação dos casais com os quais vocês convivem. Quanto mais “casais grávidos” a sua volta, maior a pressão. De novo, não adianta lutar contra. É assim e pronto.

Bom, vamos supor que vocês, simpático casal, decidam que é chegada a hora de quem sabe começar a tentar engravidar. Perfeito, mas aí vocês vão perceber um fenômeno interessante: O MUNDO INTEIRO ESTÁ ENGRAVIDANDO! Amigos, conhecidos, conhecidos de conhecidos, todos estão grávidos. É algo como se houvesse um surto de fertilidade à volta de vocês. É chegada a hora de vocês fazerem alguma coisa.

Sem nenhuma pressão, claro.

Até.

segunda-feira, março 03, 2008

Células-tronco

"O Supremo Tribunal Federal deve decidir, nesta semana, o futuro das pesquisas com células-tronco embrionárias no Brasil. Ás vésperas do julgamento, o relator do processo, ministro Ayres Brito, recebeu o advogado de uma associação de cientistas favoráveis à pesquisa com células-tronco embrionárias. E depois um grupo de parlamentares contrários.

(...)

No julgamento que começa na quarta-feira (5), os 11 ministros do Supremo Tribunal Federal vão dar seus votos. Irão participar dos debates advogados da sociedade civil. Mas a acusação contra a pesquisa será feita pelo procurador-geral da República. E a defesa, pelo Advogado-Geral da União, José Antonio Dias Toffoli.

O relatório da AGU diz que é absurdo cogitar que um embrião in vitro seja igualado aos embriões alojados no ventre materno. E afirma que as teses usadas na ação estão embasadas na doutrina católica. Não podem servir de parâmetros para análise, porque o Brasil constitui um estado laico, ou seja, não pertence a nenhuma ordem religiosa.

"Pelo código civil brasileiro, a partir do nascimento com vida é que surgem os direitos do cidadão. Enquanto nao há o nascimento com vida, existe apenas o pontencial de direito, por exemplo, em matéria sucessória," explica Toffoli."


FONTE: G1

Espero que o resultado seja a favor da ciência, e não da religião. Porque, como regra geral, a religião não trouxe nada de bom para o mundo, apenas intolerância.

Até.

domingo, março 02, 2008

A Sopa 07/30

A Viagem (15)

O Hotel Flots D’Azur, em Nice, onde ficamos hospedados, era – antes de se tornar hotel - uma entre as muitas mansões que ficavam frente ao Mediterrâneo e, imagino, deveria ser propriedade de alguma família rica de ingleses, fato muito comum no final do século dezenove e início do século vinte. Com o tempo, foi transformadas em hotel.

Por inicialmente ser uma casa de veraneio, não é surpresa que não possuísse banheiro em todos os seus quartos. Contudo, banheiro no quarto é um “conforto” que permite cobrar uma diária um pouco mais alta. O que fazem os proprietários desses hotéis, então? Colocam um banheiro dentro do quarto. Repare bem: eu não disse constroem, eu disse “colocam” o banheiro dentro do quarto. E isso não é uma coisa incomum, afinal, muitos hotéis na Europa eram inicialmente residências e que foram adaptadas posteriormente para se tornarem hotéis.

Lembro sempre de um em Munique, talvez de nome Dietl, que em 1999 foi o único que encontramos com três quartos livres às onze e meia da noite, e que nos inspirou a cunhar a expressão “dormir logo para acordar logo para ir embora logo”. Ele tinha uma banheiro colocado dentro do quarto, algo tipo uma cápsula com um vaso sanitário e um Box com chuveiro.

Em Nice, contudo, não foi assim. O hotel era simpático, de preço bom, com Internet wireless na recepção e em frente ao mar. Dos três quartos, definidos por sorteio, o da Jacque e meu era o único que tinha um banheiro inserido no quarto. Havia uma porta que antigamente muito provavelmente era de um armário embutido que dava para esse pequeníssimo banheiro, com chuveiro, pia e um vaso sanitário. Logo na entrada do banheiro havia um aviso em francês, alemão e inglês dizendo para não colocar papel no vaso porque era um WC elétrico.

Elétrico?!

Sim, o sistema de descarga era elétrico. Fazia-se o que era necessário e, ao dar a descarga, era acionado um motor elétrico e jogava água e drenava logo após. Certo que virou atração entre nós, imaginando como seria se desse choques ou se houvesse um curto-circuito... Após toda essa função de chegada, banho e descoberta da privada elétrica, decidimos sair para jantar. Terça-feira à noite, outubro, Cote D’Azur: impossível de encontrar lugar para estacionar.

Não gosto de imaginar como fica a cidade no auge do verão. Ficamos provavelmente mais de uma hora tentando encontrar um local para deixar o carro para poder jantar. Andamos, andamos, e nada. Não havia vaga disponível, os estacionamentos públicos já estavam fechados, só havia vaga em local proibido de parar. Após muito circular, paramos atrás de um carro em uma zona não permitida. Logo após pararmos, parou outro atrás de nós e outro atrás dele. Concluímos, então, que essa devia ser uma rotina e fomos jantar.

Restaurante ao ar livre, aqueles que comem frutos do mar comeram frutos do mar e os que na comem tiveram que encontrar alternativas (que sempre existem e são muito boas). Durante a janta já começamos a celebrar o aniversário da Jacque, que ocorreria no dia seguinte, em poucas horas.

Terminado o jantar, fomos caminhar pela noite de Nice. Seguimos até o cassino e entramos para conhecer. O Pedro, que usava uma daquelas bermudas mais longas, foi barrado pelos trajes inadequados. Apenas permitiram acesso a ele aos caça-níqueis. Os que entraram até o setor onde era a roleta e o black Jack ficaram meio decepcionados: o ambiente parecia meio decadente. Bom, talvez o que parecesse decadente fosse a idéia de estar num cassino em Nice, fora de temporada, numa terça-feira à noite. Pior ainda se estivesse sozinho e chovesse...

Ficamos um pouco por ali, voltamos à Promenade des Anglais para algumas fotos, já passada a meia-noite, e para começarmos as comemorações do aniversário da Jacque, que seguiriam na manhã seguinte com um café da manhã sentados no cascalho. Por ora, voltamos ao hotel para dormir.

Até.