sexta-feira, junho 30, 2006

Fui

Pôr do sol POA

Mas sei que, não demora muito, os ventos vão me trazer de volta ao Canadá, ao menos para reencontrar os bons amigos que fiz aqui.

Casa*

Primeiro era vertigem
Como em qualquer paixão
Era só fechar os olhos
E deixar o corpo ir
No ritmo...
Depois era um vício
Uma intoxicacão
Me corroendo as veias
Me arrastando pelo chão
Mas sempre tinha a cama pronta
E rango no fogão
Luz acesa, me espera no portão
Pra você ver
Que eu tô voltando pra casa
Me vê
Que eu tô voltando pra casa
Outra vez

Às vezes é tormenta
Fosse uma navegação
Pode ser que o barco vire
Também pode ser que não
Já dei meia volta ao mundo
Levitando de tesão
Tanto gozo e sussuro
Já impressos no colchão
Pois sempre tem a cama pronta
E rango no fogão
Luz acesa, me espera no portão
Pra voce ver
Que eu tô voltando pra casa
Me vê
Que eu tô voltando pra casa
Outra vez

Primeiro era vertigem
Como em qualquer paixão
Logo mais era um vício
Me arrastando pelo chão
Pode ser que o barco vire
Também pode ser que não
Já dei meia volta ao mundo
Levitando de tesão
Pois sempre tem a cama pronta
E rango no fogão
Luz acesa, me espera no portão
Pra você ver
Que eu tô voltando pra casa
Me vê
Que eu tô voltando pra casa
Outra vez

* Lulu Santos

Deu Pra Ti *

Deu pra ti
Baixo astral
Vou pra Porto Alegre
Tchau

Quando eu ando assim meio down
Vou pra Porto e...bah! Tri legal
Coisas de magia, sei lá
Paralelo 30

Alô tchurma do Bonfim
As gurias tão tri afim
Garopaba ou Bar João
Beladona e chimarrão

Que saudade da Redenção
Do Fogaça e do Falcão
Cobertor de orelha pro frio
E a galera do Beira-Rio

* Kleiton & Kledir


Amanhã escrevo de Porto Alegre.

Até mais, Canadá.

Fui.

quinta-feira, junho 29, 2006

É Amanhã

Praticamente tudo pronto.
Hoje, último dia de hospital.
Amanhã talvez ainda dê tempo de assistir Superman Returns...


Tô Voltando*

Pode ir armando o coreto e preparando aquele feijão preto
Eu tô voltando
Põe meia dúzia de Brahma pra gelar, muda a roupa de cama
Eu tô voltando
Leva o chinelo pra sala de jantar...
Que é lá mesmo que a mala eu vou largar
Quero te abraçar, pode se perfumar porque eu tô voltando

Dá uma geral, faz um bom defumador, enche a casa de flor
Que eu tô voltando
Pega uma praia, aproveita, tá calor, vai pegando uma cor
Que eu tô voltando
Faz um cabelo bonito pra eu notar que eu só quero mesmo é
Despentear
Quero te agarrar... pode se preparar porque eu tô voltando

Põe pra tocar na vitrola aquele som, estréia uma camisola
Eu tô voltando
Dá folga pra empregada, manda a criançada pra casa da avó
Que eu tô voltando
Diz que eu só volto amanhã se alguém chamar
Telefone não deixa nem tocar...
Quero lá… lá… lá… lá...
Porque eu tô voltando!

* Chico Buarque

Até

quarta-feira, junho 28, 2006

E Viva a Espanha!

Por causa disso.

Voltar pra querência

Alcei a perna no pingo
E saí sem rumo certo
Olhei o pampa deserto
E o céu fincado no chão
Troquei as rédeas de mão
Mudei o pala de braço
E vi a lua no espaço
Clareando todo o rincão

DSCN1152

E a trotezito no mais
Fui aumentando a distância
Deixar o rancho da infância
Coberto pela neblina
Nunca pensei que minha sina
Fosse andar longe do pago
E trago na boca o amargo
Dum doce beijo de china

Sempre gostei da morena
É a minha cor predileta
Da carreira em cancha reta
Dum truco numa carona
Dum churrasco de mamona
Na sombra do arvoredo
Onde se oculta o segredo
Num teclado de cordeona

DSCN3715

Cruzo a última cancela
Do campo pro corredor
E sinto um perfume de flor
Que brotou na primavera.
À noite, linda que era,
Banhada pelo luar
Tive ganas de chorar
Ao ver meu rancho tapera

Como é linda a liberdade
Sobre o lombo do cavalo
E ouvir o canto do galo
Anunciando a madrugada
Dormir na beira da estrada
Num sono largo e sereno
E ver que o mundo é pequeno
E que a vida não vale nada

DSCN3687

O pingo tranqueava largo
Na direção de um bolicho
Onde se ouvia o cochicho
De uma cordeona acordada
Era linda a madrugada
A estrela d’alva saía
No rastro das três marias
Na volta grande da estrada

Era um baile, um casamento
Quem sabe algum batizado
Eu não era convidado
Mas tava ali de cruzada
Bolicho em beira de estrada
Sempre tem um índio vago
Cachaça pra tomar um trago
Carpeta pra uma carteada

156 Por Sol 9

Falam muito no destino
Até nem sei se acredito
Eu fui criado solito
Mas sempre bem prevenido
Índio do queixo torcido
Que se amansou na experiência
Eu vou voltar pra querência
Lugar onde fui parido

* 'Deixando o Pago', música de Vitor Ramil sobre poema de João da Cunha Vargas.

segunda-feira, junho 26, 2006

domingo, junho 25, 2006

A Sopa 05/49

A última Sopa preparada no Canadá.

A Sopa, assim com esse nome, que está a poucas semanas de completar cinco anos, e que é servida uma vez por semana, originalmente às segundas-feiras e depois aos domingos, está sendo editada e publicada hoje em sua última edição no exílio. A próxima, domingo que vem, já será publicada de Porto Alegre. Claro que na próxima semana, de segunda à sexta-feira, publicarei no blog diariamente, na medida do possível, como de hábito.

Hoje, contudo, é a Sopa de encerramento desse “exílio” canadense, dos quase dois anos em que morei nessa cidade maravilhosa que é Toronto, e da qual eu vou sentir falta, sinceramente.

Hora de fazer um balanço, portanto.

Para quem não sabe, tudo começou em março de 2003, quando surgiu a oportunidade de vir para cá. Ao receber o convite, pedi quarenta e oito horas para pensar, mas ao sair da sala da minha orientadora – ainda atordoado pela idéia – eu já sabia que não poderia dizer não. Era uma daquelas situações na vida em que não se pode dizer não. A porta estava aberta, e certamente me arrependeria profundamente se não entrasse. Não era só eu quem sabia disso: a Jacque, na hora que contei a ela, também sabia que não havia como abrir mão da oportunidade, mesmo que ela soubesse que muito provavelmente não poderia vir para cá comigo, o que acabou se confirmando.

Logo após decidirmos que eu viria (foi uma decisão conjunta, minha e da Jacque, evidentemente) e fazer os primeiros contatos com o pessoal aqui em Toronto, “estorou” a SARS, epidemia que fez os hospitais aqui em Toronto ficarem fechados, de quarentena, por semanas, sem falar no enorme impacto na economia da cidade, e do laboratório para onde eu viria em especial. Com isso, a minha vinda, inicialmente planejada para setembro de 2003, foi adiada e acabou ocorrendo em agosto de 2004, com efetivo começo em setembro do mesmo ano. Enquanto esperava a situação se normalizar para vir para cá, acabei mudando minha tese de doutorado e, ao vir para cá, estava terminando de escrevê-la, o que fiz nos dois primeiros meses de Canadá, e que serviu – a defesa da tese – para a minha primeira volta para casa.

Já falei muito sobre como foi chegar aqui, conhecer a cidade, estabalecer conexões, fazer novos amigos. Falei quase à exaustão (ou náusea, como o leitor preferir) de como foi morar longe de casa, a saudade. Falei tanto que agora me sinto constrangido em voltar ao assunto, como se já tivesse esgotado a paciência dos leitores… É o mesmo com relação às despedidas e minhas impressões sobre mais esse partir: acho que já falei demais. A pergunta que fica, então, é uma, já feita por várias pessoas: valeu à pena?

Valeu, e muito.

Foi fácil?

Sim, e não. Foi tranqüilo porque acho que sou alguém que se adapta fácil às situações e às pessoas. Além disso, se adaptar ao Canadá não é nem um pouco complicado. Por outro lado, foi muito difícil porque ficar longe da Jacque – mesmo que tenhamos nos falado diariamente, via webcam – é uma coisa que não tenho intenção de repetir. Nunca mais.

E tenho certeza que ainda não tenho noção completa de tudo o que esse período morando aqui vai representar para o meu futuro, tanto em termos pessoais como profissionais. O que sei, contudo, é que tenho muitas histórias para contar.

Até.

sábado, junho 24, 2006

Despedidas (1)

Despedidas_01

Despedidas_05

Despedidas_06

Despedidas_02

Despedidas_03

Despedidas_04

Até.

Sábado (final)

Toronto-0001

Porque hoje é sábado e o mundo dá voltas. Voltamos então ao início.

Máquinas de fazer máquinas*

Olha as horas
Olha as horas como passam
Distraídas em silêncio
Como marcam seus compassos
Olha as horas como esperam
Como se espreguiçam
Olhas as horas como voam
E não marcam compromissos

Com máquinas de fazer máquinas de fazer nada, nada disso
Máquinas de fazer máquinas de máquinas, de fazer nada

Olhas as horas
Como mudam pelo mundo afora
Como fazem hora, como viram zero
Olha as páginas da história
Olha a folha solta pelo vento
Olha a cor do teu cabelo
Olha as horas como fazem seu serviço

E as máquinas de fazer máquinas de fazer nada, nada disso
São só máquinas de fazer máquinas de fazer máquinas de fazer nada

Olhas as horas como rendem versos, como inventam
Como comem pensamentos
Olha a máquina do tempo
Olha as horas como tecem
Olha ashoras como esquecem
Olha as horas como sonham
Não ter nada a ver com isso

Com máquinas de fazer máquinas de fazer máquinas de fazer nada
Máquinas de fazer máquinas de fazer máquinas de fazer nada

* Nei Lisboa

Até.

sexta-feira, junho 23, 2006

Um

Os últimos sete dias, a última semana.

Sexta-feira que vem, viajo de volta para o Brasil.

Começar de novo. Uma vez mais.

Não como foi chegar aqui. Agora é diferente. Volto para casa, ao convívio da família, o reencontro com os amigos. Parece que nem todos os amigos estão lá, mas isso é outra história, uma outra sopa. Enfim, volto para Porto Alegre e tudo o que ela representa: aquilo que define quem sou e de onde sou.

Não vou falar das minhas ansiedades, do que me espera na volta. Não importa. O que importa é quem me espera.

Pronta-Entrega*

Sou das manhãs dessa cidade
Na meia-estação
E em plena liberdade
Reluzindo a Redenção

E sou do céu do fim da tarde
Do roxo e carmim
Do sol virar saudade
Levitando a multidão
E posso assistir

No ar, bem devagar
No ar, fácil de ver
Noir, prêt-à-porter
No ar, fácil de amar

Eu sou da cor da humanidade
Sou mané, sou
Serena esquerda vencedora
Sou maré vermelha a festejar

No vaivém dessa calçada
De quem vai
De quem vende felicidade
Algo está pra acontecer
Posso sentir

No ar, bem devagar
No ar, fácil de ver
Noir, prêt-à-porter
No ar, um jeito de ser

E quando essa mulher passeia
Seu charme chanel
De inteira divindade
Sei que estou no meu lugar
E gosto de estar

No ar, bem devagar
No ar, fácil de ver
Noir, prêt-à-porter
No ar, fácil de amar

* Nei Lisboa

Até.

quinta-feira, junho 22, 2006

Memória Musical

Sou da geração que cresceu ouvindo Legião Urbana.

Eu tinha doze anos quando do lançamento do primeiro disco, no início de 1985 (foi gravado entre outubro e dezembro de 1984). Lembro daquele verão, o mesmo do primeiro Rock in Rio, que foi o começo do “estouro” do rock nacional. Barão Vermelho, Paralamas, Titãs, alguns exemplos dos hoje considerados dinassauros do rock brasileiro estavam lançando ou recém haviam lançados seus primeiros trabalhos.

Como eu dizia, crescemos ouvindo Legião Urbana e seus dois primeiros discos, chamados exatamente ‘Legião Urbana’ e ‘Dois’, este um dos seus melhores trabalhos. Praticamente todas as músicas desse disco têm algum significado que se encaixe nos diferentes momentos da minha adolescência. Só para exemplificar, cito duas, ‘Andrea Doria’ e ‘Tempo Perdido’, como memoráveis e cheias de significados e lembranças. Mas é do primeiro disco que quero falar, e de uma música em especial, que representa muito, e cujo significado transcende aquela fase e pode se encaixar no presente facilmente.

Lembrando o passado, quase vinte anos atrás, foi tocada numa noite de dezembro de 1988, quando celebrávamos uma conquista e simbolicamente encerrávamos um ciclo. Não sabíamos que aquela seria a última vez em que estaríamos todos reunidos, que logo após nossas vidas tomariam rumos tão diversos que tornariam impossível o reecontro. Foi tocada no violão pelo cara que não ligou e foi cantada por todos. Era madrugada.

Falando do presente, ela continua sendo verdadeira em muitos sentidos, e lembrei dela agora que estou quase indo.

Por Enquanto*

Mudaram as estações, nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
Está tudo assim tão diferente

Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre
Sem saber
Que o pra sempre
Sempre acaba?

Mas nada vai conseguir mudar o que ficou
Quando penso em alguém
Só penso em você
E aí então estamos bem

Mesmo com tantos motivos pra deixar tudo como está
E nem desistir, nem tentar
Agora tanto faz

Estamos indo de volta
Pra casa.

* Renato Russo


Até.

quarta-feira, junho 21, 2006

terça-feira, junho 20, 2006

Dez

Últimos dez dias do meu ano sabático, que durou dois.

Tudo praticamente pronto para a partida. Já na fase das despedidas…

Toronto

De Volta*

Não tarda que a saudade é sem graça
Na pressa de uma escala no Porto
Levaste a minha alma na bagagem
E sou eu que estou quase morto da viagem
Vê se volta logo
Todo o Brasil quer te ver

Assim como eu te vejo
Ao entardecer
Cruzando o Tejo desde Barreiros
No meio-lume das candeias
Passeias pela proa
Iluminada pelas luzes de Lisboa

Vê, sou eu quem te acena em terra
E todos mais a tua espera
Todo o Brasil quer te ver
Te ver andar da Baixa ao Bairro Alto
Te ver subir de elétrico a Alfama
Aonde se esparrama no horizonte
O amanhecer da tua esquadra
O amor que é tua escolta

Todo o Brasil quer te ver
De volta

* Nei Lisboa

Até.

segunda-feira, junho 19, 2006

No clima de Copa do Mundo

Eu sou do tempo do friquíqui.

Lembro de quando estava no colégio, primeiro grau, hoje ensino fundamental, lá no início dos anos 80. Jogávamos futebol sempre que possível, intervalos, antes e depois das aulas. Normalmente, futebol de campo, num campo de areia no colégio mesmo, ou na rua em frente, ou na frente da minha casa, que ficava a menos de uma quadra da escola.

Além disso, jogávamos futebol de salão. Havia um ginásio próximo, onde eventualmente jogávamos, assim como numa quadra junto ao salão paroquial da igreja onde eu fazia aulas preparatórias para a minha primeira comunhão. Foi nessa quadra, aliás, que após uma aula, consegui entrar num jogo “dos maiores” como goleiro. Na primeira bola, me atirei para defender e raspei com a cabeça na trave, o que fez um pequeno corte que levou a um grande sangramento.

Muito sangue. Minha camisa branca da escola ficou completamente vermelha do sangue escorrido, além de todo o alarme que causou, eu caminhando com a mão na cabeça e o sangue escorrendo. Praticamente indolor, mas de impacto visual…

Mas eu falava que jogávamos futebol de salão. Na época esse era o nome, não o futsal dos dias de hoje, e suas regras eram diferentes. Elas mudaram, assim como o fizeram com o vôlei, talvez para tornar o jogo mais interessante, ou para a transmissão da televisão, não sei. O fato é que o jeito que se joga futsal hoje é diferente do futebol de salão dos meus tempo de guri.

Naquele tempo, o goleiro não podia sair de dentro da área sob hipótese nenhuma, a não ser que fosse um jogo com goleiro-linha, uma versão (naquela época) não oficial. Jamais tocar na bola fora da área. Se não era friquíqui. Falta.

Nunca, naquela época, pensei o que queria dizer friquíqui. Depois, parei de jogar no colégio porque fui para o segundo grau, faculdade, residência médica e por aí afora. Nesse meio tempo, as regras mudaram e ao goleiro foi concedido o direito de sair jogando com os pés fora da área. Acabaram com o friquíqui.

O que eu não sei é quando foi o momento que me dei conta friquíqui era nada mais e nada menos que free kick, tiro livre.

Foi como o momento em que crescemos: não somos capazes de apontar, assim, um evento único, singular, que represente essa transformação, quando o nosso mundo passa a ser mais amplo que o espaço delimitado pela linha da área.

Até.

Pequena nota sem acentos no meio do dia

Um dos melhores blogs que eu ja li.

Aqui.

domingo, junho 18, 2006

A Sopa 05/48

O inevitável bloqueio.

Não se pode fugir, ninguém escapa. Em algum momento, sem dúvidas, seremos atingidos por ele e ficaremos assim, sem saber o que dizer e escrever. O nada, o branco. O… sei lá o quê. Sem assunto?

De forma alguma. Assunto é o que mais tenho nesses últimos dias de Canadá e dias de Copa do Mundo. Continuo tendo muito o que dizer, como sempre. Opiniões. Aliás, opinião é o que não falta. Diz aí um assunto, polêmico ou não, que eu tenho um opinião, e posso defendê-la ardorosamente, se o freguês quiser. Confesso, contudo, que boa parte delas são apenas impressões, baseadas em conhecimento pouco mais que superficial sobre o tema, o que não é tão ruim como possa parecer num primeiro momento.

Sim, possuir conhecimento superficial sobre muitos assuntos é uma coisa positiva. Até porque é impossível saber tudo sobre tudo. Logo, ter um conhecimento superficial – básico, se preferirem – sobre diversos temas é bom. Eu, pelo menos, acho.

Mas eu falava do meu bloqueio, e que ele não era por falta de assuntos, por falta do que dizer. É verdade. O problema é que, no momento, poucos assuntos “dominam” minha mente e não permitem que outros se manifestem. Como procuro me policiar para não ser repetitivo além da conta (porque já o sou normalmente), fico me sentindo como se estivesse sendo censurado. Entendem, não?

É difícil, imagino que concordem comigo, não falar sobre tudo o que esperar das próximas semanas, desde as últimas duas de Canadá até as primeiras de recomeço no Brasil. O “balanço” da minha estada aqui e tudo o que espero ou imagino ou desejo da minha volta ao Brasil. Comparar sensações de dois anos atrás com as de agora, tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais. Sem falar na preparação prática para a partida, incluindo mudança e a viagem, despedidas, etc.

E tudo isso em meio à Copa do Mundo!

A overdose de notícias sobre as bolhas e o peso do Ronaldo, a cobertura exagerada e enjoativa da Rede Globo. Aprender como é assistir à Copa aqui em Toronto, onde todos os países estão representados e têm suas torcidas, com bandeiras e festas e seus próprios locais para assistir.

Muita informação nova, muito o que pensar.

Dias intensos, esses.

Até.

sexta-feira, junho 16, 2006

Pequeno comentário…

… sobre a Copa do Mundo.

Os australianos estão “se achando”.

Bom, muito bom.

E a Argentina, hein? Que coisa...

Até.

Dois

Duas. Semanas. Quatorze. Dias.

Ontem atendi um amigo no hospital. Após a consulta, fomos até a minha sala para tomar um café e falar da vida. Sempre é bom falar da vida. Assim, genericamente.

Mas o assunto inevitável sempre aparece na forma da pergunta “Muito ansioso?” que, muito mais que uma pergunta, no fundo é a permissão para eu falar no assunto. E minha resposta sempre começa com um “quanto mais se aproxima a data, mais devagar passa o tempo”. Mas mesmo aparentemente devagar, ele esvai-se. Dois finais de semana. No terceiro, já estarei em casa. Ou terei deixado a casa daqui para voltar para a casa daí.

Percebi isso essa semana.

Quando, em agosto de 2004, eu me despedia de Porto Alegre, eu na verdade não me despedia assim, definitivamente. Era mais um até logo, vou até ali Toronto passar dois anos e já volto. Seguras as pontas aí que não demora muito estou de novo na área. Não era uma despedida real, eu não estava partindo para sempre, mesmo que a sensação fosse essa, a possibilidade de nunca mais voltar. De novo, sensação. Mas isso não é importante nesse momento, é outra história. A idéia é que eu ia para voltar, mesmo que eu soubesse que havia a possibilidade de isso não acontecer. Sempre há essa possibilidade, mesmo que nunca tenha feito parte dos planos.

Agora vivo a sensação oposta.

Vou embora para sempre.

Certo, não tenho dúvidas de que vou voltar a Toronto, e mais de uma vez. Congressos, projetos e, mais importante, visita a amigos, bons amigos que fiz aqui. Talvez até passe um outro período aqui, dessa vez numa situação diferente, com a Jacque. Mas o que conta é que estou indo embora de Toronto para não voltar a morar aqui. E isso traz uma gama de sensações bem diferentes (mas – paradoxo – também semelhantes) há dois anos atrás.

E começo a sentir que estou me despedindo de tudo. A vista que tenho de determinada janela do hospital, que por onde no início olhava e pensava em quando e se eu voltaria para casa. Lugares por onde passei e não vou passar mais. Na minha rotina, do bonde e do metrô diários, da tranquilidade de andar nas ruas, do ritmo mais calmo da vida. Do calmo esperar para atravessar a rua.

Não estou de forma alguma triste, obviamente. Voltar para casa é algo que venho esperando desde que saí de Porto Alegre. Mas que vou sentir falta daqui, a isso vou. Até porque aqui agora também é minha casa.

Até.

quarta-feira, junho 14, 2006

Só um minutinho

Estaremos fora do ar por breves instantes para troca de equipamento.

Amanhã, sem falta, estamos aí.

Até.

terça-feira, junho 13, 2006

A Estréia

Foi o meu primeiro jogo de Copa do Mundo longe do Brasil.

Normalmente, no Brasil, eu não iria trabalhar vestindo a camiseta da seleção brasileira. Aqui, no Canadá, também não. Mas fui vestindo uma camiseta com a bandeira e a inscrição ‘Brasil’ porque – sim – queria me identificar e entrar no clima.

No hospital, todos já comentam a copa comigo desde sexta, e hoje sabiam que de tarde eu ia sair para ver o jogo. Todos desejando sorte e sucesso para o Brasil.

Não só aqui no Canadá, por todo o mundo. A India, por exemplo, decidiu que ia torcer pelo Brasil na Copa, e Nova Déli está toda decorada de verde e amarelo.

É a mística do futebol brasileiro.

O Jogo

Brasil e Croácia fizeram a estréia que eu esperava.

Se alguém imaginava que ia ser um jogo fácil, espetáculo, goleada, é porque deixou se influenciar pelo pensamento mágico, coisa não muito rara quando se trata do futebol, ou entrou no embalo do oba-oba que a imprensa – e aí falo especificamente da Globo – criou em torno da seleção nessa copa em especial. Estava na cara que ia ser assim.

De qualquer forma, gostei do que vi, apesar de querer e saber que poderia ser melhor. Ou, melhor, que vai ser melhor. O Dida foi muito bem, mostrando uma segurança que eu não havia visto antes. O melhor em campo. A defesa também me agradou, digam o que disserem.

O meio-campo foi combativo sem a bola, marcou, correu, deu conta do recado defensivamente. A parte de criação deixou um pouco a desejar. Kaká foi decisivo pelo gol, mas me pareceu algumas vezes exagerar nos chutes de longa distância. Ronaldinho, muito bem marcado, sempre dois ou três em cima, produziu menos que gostaríamos.

Quem deixou a desejar mesmo foi o ataque.

Ronaldo foi pouco participativo, não buscou o jogo, faltou movimentação. Quanto ao Adriano, a mesma coisa.

Mas foi o primeiro jogo. Muita tensão, muita pressão.

Vai melhorar, com certeza.

Pós-jogo

Após o jogo, fizemos um churrasco. Não. Fizemos um barbecue, que é um pouco diferente. Conversamos, falamos da vida, expectivas. Eu de voltar, a Adriana da chegada das filhas, a Cíntia do começo do trabalho.

A vida é isso, expectativas, plano, churrascos e histórias para contar.

Até.

segunda-feira, junho 12, 2006

No Brasil…

Dias dos Namorados.

jacque & cello
(A idéia não é original, eu sei, mas é sincera…)

Em 18 dias, o teu presente sai daqui, Jacque.

Vai junto comigo.

Te amo.

domingo, junho 11, 2006

A Sopa 05/47

Há uns dias atrás fui jantar com alguns brasileiros que estavam de passagem por Toronto para um curso. Alguns conhecidos entre eles, todos cirurgiões torácicos. O grupo que foi jantar era composto na maioria por gaúchos, não só de Porto Alegre, mas também de Caxias do Sul, Passo Fundo e Cruz Alta. Havia também gente da Bahia. Fomos num restaurante grego, na Danforth, obviamente a região grega de Toronto.

Durante a janta, conversa vai, conversa vem, muitas histórias médicas, alguns “causos” de viagem, acabou-se em política. Eu temia que acontecesse isso. Porque todos sabem, política e religião (e provavelmente futebol) não se deve discutir. E o assunto, não podia deixar de chegar nas vindouras eleições presidenciais brasileiras.

Comentavam-se as últimas pesquisas e tal, e um dos presentes falou que o atual presidente não se reelegeria, porque “nós, que o elegemos, não vamos votar nele”. Alguns disseram que não haviam votado nele e tal, e eu disse que ele estava enganado, ele muito provavelmente seria reeleito e que não havíamos sido “nós” (seja lá em quem ele pensava quando dizia nós) quem havia elegido o atual presidente.

Certo, vocês podem dizer que eu estava querendo comprar briga, mas não, essa não era a intenção. De qualquer forma, ele respondeu num tom alterado, a voz um pouco mais elevada, “não tens como saber, até porque estás fora do Brasil há muito tempo, não sabe o que se passa lá”. Momento tenso. Rapidamente, pensei: “Só tenho duas opções razoáveis nesse momento: ou me levanto e encho esse cara de porrada para aprender a nunca mais falar comigo nesse tom, ou digo a verdade a ele”. Foi o que fiz.

Pausadamente expliquei a ele que, no fundo, eu sabia mais da conjuntura política brasileira do que ele, por várias razões. Entre elas o fato de estar olhando de fora, de ter uma visão de perspectiva da situação. E por ler ao menos dois jornais brasileiros por dia via internet, além das notícias locais daqui e, mais, da visão que as pessoas têm do Brasil aqui de longe. Eu não estava me posicionando politicamente, levantando uma bandeira. Era uma análise. Ele estava muito envolvido com o calor da discussão para ter uma opinião mais ou menos imparcial.

Perguntou em quem eu ia votar. Não importava, respondi eu, o que estava em jogo não era em quem eu ia votar ou não, mas quem eu achava que ia ganhar. Não um desejo, mas uma opinião. Ele não conseguia diferenciar as coisas, concluí.

Ele até tentou continuar argumentando, mas minha atenção já estava toda voltada para Stella Artois, a belga.

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Ao contrário de outros brasileiros (alguns, imagino que não a maioria) residentes no exterior, eu não só assinei a Globo Internacional como gosto de assistir. Pronto, falei.

O interessante – mas de modo algum surpreendente – é que quando no Brasil eu quase nunca assistia a emissora do falecido Roberto Marinho. Digo que não é surpreendente porque é natural que, por morar longe do país, se sinta a necessidade de manter contato com as origens, até para não perder referências. A internet indubitavelmente ajudou muito nesse sentido e, desde que cheguei aqui, naqueles primeiros meses em que ainda não havia comprado televisão, ouvia rádio pela internet. Rádio de Porto Alegre, claro, para me sentir mais perto de casa. Assim, quando em fevereiro último a Globo passou a ser transmitida aqui em Toronto, eu passei a assisti-la.

Até para comprovar que a programação é bem ruim. A maior parte dos programas não se consegue assistir. Mas assisto o Jornal Nacional sempre que dá. E, mais raramente, o Altas Horas, programa do Serginho Groisman. Estavam tocando ontem no programa o Nando Reis e o Rappa.

Muito bom, muito bom.

Até

sexta-feira, junho 09, 2006

Três

Diz o ditado: um é pouco, dois é bom, e três é demais.

É como me sinto por esses dias, que estranhamente passam rápido mas ao mesmo tempo se arrastam. É o paradoxo do tempo: quando visto em retrospectiva, passa muito rápido. Olhado para frente, uma eternidade; para trás, voa.

Pronto. Num mesmo parágrafo, consegui utilizar um ponto-e-vírgula e dois pontos. Não é sempre que consigo. Por isso, estou satisfeito. Não tão satisfeito quanto no dia da defesa da minha tese de doutorado, em que pude utilizar numa frase, sem parecer estar forçando, a palavra ‘peremptoriamente’.

Porque eu sou assim, pequenos prazeres me deixam feliz.

É o que eu pretendo fazer nas próximas semanas. Não muito, confesso. Encontrar pessoas, rever amigos antes de um até logo um pouco mais prolongado que o meu usual. Relembrar histórias, fazer planos. Minha relação com Toronto não termina no final do mês, evidentemente.

Ninguém que mora por algum tempo numa cidade como Toronto consegue ficar imune a essa experiência. Não tem como não nutrir por essa cidade uma admiração e respeito elevados. Qualidade de vida, civilização, adjetivos que descrevem a cidade mas não captam seu espírito. Ou espirítos. Sim, porque Toronto não é uma cidade única: é – no mínimo – duas. Uma no inverno; outra no verão. Ponto-e-vírgula, de novo… Como dizia, quero viver Toronto nas próximas semana antes de embarcar de volta ao sul do mundo.

Tinha pensado em sair em silêncio, sem muito alarde, para que as pessoas só se dessem conta que eu já havia partido quando fosse tarde, e eu já estivesse trabalhando em Porto Alegre de novo. Mas não seria eu. Eu não sou assim.

Vou celebrar os amigos que fiz aqui. Com eles, claro.

Até.

quinta-feira, junho 08, 2006

Extra! Extra!

A Sopa no Exílio vai para a Copa!

Nosso correspondente já fala de Munique.

Münche 2


München

Final de tarde e nem parece que é quase verão, pois a temperatura realmente cai. Mas tudo bem, isso aqui parece o Senegal comparado ao inverno de Toronto…

Amanhã começa a Copa do Mundo, todos sabem.

Ainda em Toronto, li numa revista canadense (nem lembro o nome) sobre futebol uma pesquisa entre os jornalistas canadenses que vão transmitir os jogos direto da Alemanha, perguntando quais eram os três favoritos ao título. Teve alguns que não colocaram o Brasil entre eles! Qualquer ser humano que tem um mínimo de noção sobre futebol sabe que o Brasil é um dos candidatos ao título. Pode até ser que não ganhe, mas que é um dos três mais cotados, disso ninguém discorda.

Tem mais é que narrar hockey mesmo…

Até.

(Tá bom… não estou na Alemanha, as fotos são antigas… era para entrar no clima…)

quarta-feira, junho 07, 2006

Salve a América

Confissão.

Falem o que quiserem, mas os Estados Unidos são definitivamente um grande país. Eu admiro o país ao sul do Canadá, e estou certo que a maioria das pessoas que dizem ter horror ao país do Tio Sam não sabe do que está falando.

Eu, por exemplo, não conhecia.

Depois de quase dois anos morando pertinho, acompanhando bem de perto, posso dizer que conheço um pouco. E gosto do que vejo. E admiro.

Sim, porque os Estados Unidos, mesmo com todos os problemas conhecidos, os seus conservadores, tudo o que criticamos até com razão, mesmo com tudo isso, eles são um grande país. E uma democracia. As pessoas podem dizer o que pensam, uma liberdade nem sempre respeitada em outros países.

Ontem, por exemplo.

No programa do Jon Stewart ontem à noite, o Daily Show, o entrevistado foi Bill Bennett, conservador que tem um programa de rádio diário e é o autor de alguns livros, o útlimo ‘America – The Last Best Hope’. Ele contra, por exemplo, o casamento de pessoas do mesmo sexo. O Stewart, âncora do programa, a favor da liberdade de escolha, da igualdade.

dailyshow

Poucas vezes vi um debate em tão alto nível. Posições diametralmente opostas discutindo um tópico polêmico em alto nível.

Ah se fosse assim sempre, em todos os lugares.

Até.

terça-feira, junho 06, 2006

Em Brasília

Manifestantes do MLST invadiram hoje à tarde o prédio da Câmara dos Deputados e um promoveram quebra-quebra, ferindo mais de 20 pessoas, sendo que um dos ferido está numa UTI com traumatismo craniano.

MLST é o Movimento de Libertação dos Sem Terra. É uma dissidência do MST, com quem não mantém ligação, apesar de alguns afirmarem que é o braço armado e violento desse. O MLST está organizado pricipalmente no estado de Pernambuco, e adota um discurso em defesa da revolução socialista com base nas teses do líder da revolução chinesa Mao Tse Tung.

Seu líder é Bruno Costa de Albuquerque Maranhão. Ao contrário do que seria esperado,
não é um camponês ou mesmo um agricultor. É formado em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal de Pernambuco. É filho de um usineiro e mandou seus filhos estudarem nos Estados Unidos.

Atualmente integra a Comissão Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores como responsável pelos "movimentos populares". O MLST nasceu organizado com cerca de cem assentamentos em oito estados, incluindo o Rio Grande do Sul, e já teve os seus integrantes recebidos no Palácio do Planalto pelo presidente da república (Fonte: clicRBS).

Bom, espera-se que depois de preso - o que já foi - responda pelo crime de destruição do patrimônio público, no mínimo. Provavelmente formação de quadrilha também. E que o PT o expulse de seus quadros. Qualquer coisa menos que isso é impunidade, omissão. Que é tão criminosa quanto a ação.

E que não venham me dizer - como aconteceu quando da invasão e destruição dos laboratórios de pesquisa da Aracruz, no RS - que não é bem assim, e tal. Tentar justificar violência é uma forma de incitá-la.

Até.

segunda-feira, junho 05, 2006

A Ilusão Perdida

A questão dos possíveis terroristas presos no final de semana aqui em Toronto é extremamente complexa. Todos são canadenses, nascidos aqui, segunda ou terceira geração de imigrantes (os pais ou os avós imigraram, eles são cidadãos canadenses desde o nascimento), e isso causa mais espanto ainda. Como enveredaram para o caminho do extremismo, todos se perguntam.

Não tenho conhecimento suficiente sobre o assunto e, mesmo que normalmente dê palpites sobre assuntos que não domino bem – sempre deixando claro que são palpites, não análises profundas – dessa vez acho complicado falar sobre o caso. Aliás, já falei sobre isso ano passado, quando dos atentados em Londres. A questão do multiculturalismo canadense, com seus prós e contras. Mas nem sei se isso tem relação com o que aconteceu (ou poderia ter acontecido e não aconteceu).

Mas, independente disso, imagino que o estrago está feito. Quebrou-se a ilusão de segurança. Mesmo que se dissesse que o Canadá era um provável alvo do terrorismo, isso passava como uma ameaça distante. Agora, não mais.

Sabemos que quase.

E nesse caso, o ‘quase’ é bem mais do que nada. O ‘quase’ é a perda dessa ilusão de segurança.

Nada deve mudar no dia-a-dia das pessoas. Continuaremos indo e vindo pela cidade, andando de transporte público, subindo em prédios altos. Como sempre todos fizeram. Mas duvido que, de vez em quando, lendo o seu jornal diário no metrô, ninguém irá pensar que são vulneráveis, que somos vulneráveis.

Até.

domingo, junho 04, 2006

A Sopa 05/46

Dois anos de blog.

Lá vem de novo, lá vem de novo… o fechamento de um ciclo. Pronto, falei. Azar. Eu avisei que nas próximas semanas eu ia utilizar muito essa expressão, e cumpro o anunciado…

Mas é adequada a conclusão.

Há dois anos, depois de praticamente quatro escrevendo ‘A Sopa’ e a enviando por e-mail para um grupo de assinantes, semanalmente, e às vésperas de vir para Toronto, decidi que uma forma mais interessante de comunicação com os amigos que ficariam geograficamente longe durante esse período seria criar um blog. ‘A Sopa’, porque era a referência, ‘A Sopa de Ervilhas Anual do Marcelo’ criada em 1997 como uma brincadeira em que éramos oito jantando lá em casa e que em sua última edição no Brasil contou com mais de cinquenta participantes, e ‘no Exílio’ porque a minha vinda para o Canadá, além de representar um período de grande crescimento profissional e pessoal, não deixava de ser um exílio, pois estaria vivendo sozinho, longe das pessoas que eu mais amava na vida.

O blog, então, surgiu como uma forma também de me manter presente na vida das pessoas, ser “visto” para ser lembrado ou, melhor, não ser esquecido. De pensar, refletir, lembrar, sentir saudades. E escrever, claro. O que eu não esperava é que serviria também para conhecer pessoas e criar laços. Foi um bônus, sem dúvida, e muito bom.

Porque sou um ser social, basicamente. Ou me tornei um, com o passar do tempo. A partir do momento que percebi que – e lá vem mais um chavão – a vida é feita de histórias que vamos contar, sabia que a melhor forma de ter histórias era interagindo com as pessoas. Vivendo, em suma. E vir para cá foi um teste, que acho que passei.

Comecei do zero, sem conhecer ninguém, e consegui criar laços, relações, uma turma. E, conseqüentemente, histórias. E o blog (afinal, estamos falando dele, não de mim) foi o meio inicial de interação com uma parcela das pessoas com quem tive o prazer de conviver nesses quase dois anos e de quem certamente vou sentir saudades quando não mais estiver aqui. E as saudades são exatamente isso, o sentimento da distância de quem queremos bem. É dolorida, mas só sentimos falta de quem importa.

Normalmente, numa data dessas, eu ia escrever que talvez estivesse na hora de parar de escrever, encerrar o blog. Dessa vez, não. Quem eu quero enganar? Eu não consigo ficar sem escrever, sem falar. Provavelmente em algum momento no futuro eu encerre ou mude o blog, mas por enquanto não consigo. Adiante, então!

Ano passado, eu planejava mudar o blog, fazer melhorias e talicoisa. Esse ano, nem isso. As mudanças – grandes, até de país – não serão virtuais.

Continuo falando nisso nas próximas semanas.

#

Sobre a prisão dos possíveis terroristas em Toronto neste final de semana, quero ver se escrevo mais amanhã.

Até

sábado, junho 03, 2006

O terror não está longe

A RCMP prendeu ontem 17 pessoas ligadas a uma possível célula terrorista aqui em Toronto. Junto com as prisões, foram apreendidas três toneladas de nitrato de amônia, quantidade suficiente para um grande atentado. Parece que o plano era atacar prédios aqui mesmo.

Já faz tempo que o serviço secreto canadense alerta que as células terroristas dentro do Canadá são uma realidade e que um atentado não era improvável. Essa ação de ontem mostra que todos estão atentos.

Coisa louca, coisa louca.

Até.

Sábado, chuva

Toronto06_Mai30


Toronto06_Mai29

sexta-feira, junho 02, 2006

Quatro

Semanas.

“Falta muito pouco tempo, eu sei
Mas quando a gente é pequeno
O tempo custa pra passar
Também a gente pode crescer”


Não sei se é exatamente assim a letra dessa música, que acho que se chama ‘Nos tempo do Julinho’ (na verdade se chama 'Armadilha', como lembrou a Jacque). Nelson Coelho de Castro. Porto Alegre. Da cidade e o autor eu tenho certeza, mas o resto é como minha memória determina que seja. E, por isso, pode não ser nada disso.

Julinho, nesse caso, é a Escola Estadual Júlio de Castilhos, Porto Alegre, claro, que sempre foi um emblema de educação pública de qualidade, e não o Julinho, primo do Beto e do Fernando, um dos integrantes dos Grupo dos Oito, o grupo que iniciou nossa turma da praia, lá nos anos oitenta. Nesse momento, lembranças se misturam, pessoas, fatos, causos e outras histórias.

Compreensível, afinal estou às portas de mais uma mudança grande na minha vida. Um ciclo se encerrará em breve. Parênteses. Vou usar essa expressão, final de ciclo, várias vezes nas próximas semanas, e espero que não a ponto de levá-los à náusea. Fecha parênteses.

Como é propício nessas fases de vida, é um bom momento para reflexões, avaliações. Uma boa hora para revisar a história, a minha história.

É o que farei, eventualmente, nas próximas semanas.

Entre festas de despedida, ansiedade pela volta, trabalho, trabalho e trabalho.

Até.

UPDATE - A Jacque, nos comentários, lembrou da letra como realmente é. Com vocês, 'Armadilha'.

Falta pouco tempo eu sei
mas quando a gente é pequeno
o tempo custa prá passar
também a gente pode crescer
Não é preciso que me digas
se tem algéum atrás da porta
esperando prá atacar
e cumprir, armadilha
e receber o beijo frio
da lâmina do coração
e como o hábito de ser
enxugo a lã, a lâmina
Não repara no cuspe que sai
no vento venta, a minha vontade
vamos botar no branco esse preto
cambada de fé, tá na mão
que sei da rima torta,
sei da lenha minha paixão...

quinta-feira, junho 01, 2006

Primeiro de junho

O tempo realmente passa.

Parece que foi ontem, não?

Mas já entramos em junho, o que significa que falta muito pouco tempo.

Para a Copa do Mundo.

Não vou estar na Alemanha, como programado em 2002, mas tudo bem. Além disso, a Copa – para mim – começa no Canadá em termina no Brasil. Aliás, chego em Porto Alegre no dia do jogo do Brasil das quartas de final (contando que o Brasil vá estar nas quartas de final – claro que vai).

Ia chegar bem na hora que estará começando o jogo, e certamente teria que ir a pé do aerporto até em casa porque NINGUÉM estaria nas ruas, mas acabei de receber a confirmação da troca do vôo, antecipando minha chegada em duas horas e meia.

A tempo de tomar banho e preparar a pipoca.

Até.