sábado, julho 18, 2015

quinta-feira, julho 16, 2015

Histórias Aleatórias

 Macondo, às vezes, é ali em casa.

Uma antiga ideia, de que a literatura está em todo o lado, com o que etérea, esperando que a reconheçamos e decidamos escrevê-la, tem sido recorrente nos últimos dias. Talvez porque eu esteja mais sensível ao mundo, voltando a conviver com o ofício e tentando recuperar o hábito de escrever. Ou não. Sei lá. Não importa.

O fato é que lembrei do final de Cem Anos de Solidão, do Gabriel Garcia Marquez, que termina de forma sensacional, tanto é que não esqueço, mesmo fazendo mais de vinte anos que li, ainda no início dos anos noventa. Termina dizendo “que as estirpes condenadas a cem anos de solidão não tinham uma segunda oportunidade sobre a terra”. Nos trechos finais do livro, ainda escreve sobre Aureliano Buendia: “... Não porque estivesse paralisado pelo horror, mas porque naquele instante prodigioso revelaram-se as chaves definitivas de Melquíades e viu a epígrafe dos pergaminhos perfeitamente ordenada no tempo e no espaço dos homens: O primeiro da estirpe está amarrado a uma árvore e o último está sendo comido pelas formigas...”.

Formigas. Pois é.

Lembrei do livro ontem enquanto esperava ser chamado para atendimento numa assistência da Apple aqui em Porto Alegre. Quando o número da senha que eu tinha foi anunciado, fui até o atendente e, quando ele perguntou qual era o motivo da visita ao local, comentei – entre constrangido e divertido – “formigas saem da minha Apple TV...”. Ele me olhou, incrédulo, e eu entreguei a ele o aparelho da Apple, de onde ainda saiam algumas daquelas formigas diminutas, clarinhas, que parecem pequenas aranhas. Como assim?, perguntou.

Respondi a ele que – não tenho a menor ideia de como nem por quê – ocorrera uma infestação desses pequenos animais justamente junto ao DVD e ao aparelho da Apple. Isso que eu moro no sétimo andar! Eliminei-as da cozinha, foram se vingar na sala...

Foi conversar com os técnicos e após alguns minutos voltou com o veredito: não há o que fazer. “Nada?”, perguntei eu. Não... nada, respondeu.  Não tem como abrir o aparelho. As formigas devem ter feito um ninho dentro... Talvez com aqueles venenos em fumaça... O aparelho funciona? Sim, respondi. Então é isso.

Voltei para casa entre frustrado e conformado.

Ao chegar, as formigas ainda saíam da minha Apple TV. Peguei um jornal, estendi no chão da área de serviço do apartamento, depositei o aparelho ali e – com um spray de inseticida – dei um banho de veneno nele. Horas depois, testei: continuava funcionando (mas não sei até quando será assim). Poucos cadáveres de formiga eventualmente ainda aparecem em sua volta, mas estou em vigília quase permanente para o aparecimento de novas.

Ou que elas ataquem em outro local da casa.

Até. 

segunda-feira, julho 13, 2015

Segunda-feira e chove

Começo de semana com chuva e pacientes faltando às consultas...

Treze de julho, dia do rock.

Led Zeppelin.

domingo, julho 12, 2015

A Sopa – Edição Inverno 2015

Uma história antiga.

No já longínquo ano de 1978, ano da Copa no Mundo na Argentina, eu estava na 1ª série do naquela época chamado de 1º grau. Estudava numa Escola Estadual no Bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, e morava no Menino Deus, bairro próximo.

Entrei no primeiro ano de escola pós-educação infantil com cinco anos, cerca de um mês antes de completar seis anos. Para se ter uma ideia, mais novo do que a Marina é agora. Até aí, tudo bem. Minha mãe – evidentemente – sempre me levava para a escola. Levava e buscava, como deve ser. Normal. Tranquilo. Até que...

Um dia, após ela me deixar na escola e sair, ao chegar na sala, ficamos – os colegas e eu – sabendo que por algum problema com a professora (havia faltado não sei por quê), aqueles alunos a quem o pai ou a mãe estivesse ali poderiam voltar para casa. Os outros, ficariam.

Houve revolta.

Junto com outros dois ou três colegas – que os nomes ficaram esquecidos no tempo – decidimos que não era justo conosco, e resolvemos sair da escola. E saímos! Deixamos a escola, fomos até a casa de um dos colegas, que ficou lá, e fui caminhando até a minha casa, que ficava a 1,5km da escola, atravessando inclusive uma avenida de grande movimento que corta a cidade, a Av. Ipiranga. Sozinho, seis anos de idade, em Porto Alegre.

Cheguei são e salvo em casa, mas minha mãe não estava. Ato contínuo, voltei para escola! Mais 1,5km a pé, sozinho por Porto Alegre, cruzando os bairros Menino Deus e Cidade Baixa até a escola. Como não podia entrar, fiquei esperando no posto de gasolina em frente à escola. Quando minha mãe chegou, ela já sabia da minha “aventura”, pois uma vizinha havia contado que eu estivera em casa.

Evidentemente fiquei um bom tempo de castigo...

Lembramos disso, minha mãe e eu, quando almoçávamos ontem. E, ao perceber que havia feito isso com a mesma idade que a Marina tem agora, pela primeira vez percebi o quão grave foi o que fiz. Consegui me colocar no lugar da minha mãe e entender o potencial desespero dela com relação ao que poderia ter me acontecido.

Eram outros tempos, claro, mas não consigo deixar de pensar na inconsequência do que eu fiz. Em como eu me sentiria se acontecesse com a Marina.

Quase me coloquei de castigo de novo só por isso...

Até.

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Mais memória.

Cazuza.

Terça-feira passada, sete de julho, completaram-se vinte e cinco anos da morte do Cazuza. Lembro exatamente do dia, de como fiquei sabendo, de como me senti. Relembrei diversas histórias daquele tempo, de quem eu era e de quem me tornei.

Eu era muito fã do Barão Vermelho e depois da carreira solo do Cazuza. Acompanhei – como todos naquela época – a evolução da sua doença e o amadurecimento de sua poesia, até hoje relevante.

Cazuza foi a trilha sonora de parte da minha vida, sua música esteve presente em momentos marcantes daquele período e mesmo depois dele.  Lembrar faz bem, quando se está resolvido com o passado.

Eu estou.