domingo, dezembro 27, 2020

A Sopa

 (Crônicas de uma Pandemia – Duzentos e Oitenta e Oito Dias)

 

Sobrevivemos, uma retrospectiva.

 

Esse é o resumo do que foi o ano que termina por esses dias. Assim como em todos os anos, mas mais do que nunca, a mudança do ano é apenas uma formalidade de calendário, o dia primeiro de janeiro sendo igual ao trinta e um dezembro. Entraremos 2021 com todo o peso do ano que termina.

 

O ano da peste, versão século XXI.

 

Não pretendo revisitar o ano que termina. Não vou falar de lockdown, distanciamento social, lavagem de mãos, álcool gel, máscaras, contactantes, grupos de risco, UTIs lotadas, tratamento precoce ou vacinas. Não quero falar de politização de assuntos médicos, do uso do nome da ciência para defender medidas sem comprovação. Não vou falar de negacionismo, terraplanismo, crise econômica, desemprego, gripezinha, histeria coletiva ou fim do mundo. Twitter, Facebook ou TikTok. Não, não quero e não vou falar de nada disso.

 

Vou falar do que houve de bom.

 

E, como sabem todos que aqui me leem, esse é um espaço onde falo de mim, do meu umbigo, do que penso e de como vejo o mundo. Portanto, e para que fique bem claro, quando falo de mim não estou negando ou não reconhecendo ou diminuindo de maneira alguma o sofrimento alheio, não estou deixando de ser empático ou solidário. Apenas não é esse o espaço para isso. Aqui sou apenas eu em frente a um espelho imaginário, onde está refletido o que vejo e o que sou. E, como em um espelho, o foco está em mim, apenas.

 

Dois mil e vinte.

 

Fevereiro representou o último mês do meu “ano sabático”, em que havia decidido focar o meu trabalho apenas em meu consultório, em meus pacientes. Sem vínculo empregatício algum, pela primeira vez como profissional liberal puro. Após o verão, de curtas férias e baixo movimento de consultório, Março seria o mês em que as coisas “deslanchariam”.

 

Só que veio a COVID-19.


Os primeiros casos no Sul do Brasil levaram a um pânico generalizado e ao fechamento de tudo, escolas, comércio e restaurantes, entre outros, como todos sabem. Como pneumologista, preparei-me para pior: imaginava o consultório lotado, pacientes e pacientes, mesmo que não fosse atuar diretamente na linha de frente. Só que não foi bem assim.

 

Seguindo as recomendações de ‘fique em casa’, os pacientes desapareceram (os regulares) ou não surgiram (os doentes de COVID). O movimento caiu muito por meses, e se não fosse uma reserva de emergência que havia criado nos últimos poucos anos, teria sido bem difícil. Ao longo do ano, contudo, e principalmente agora nos últimos dois meses de 2020, a tendência inverteu e – para ser honesto – nunca atendi tantos pacientes no consultório como por esses dias.

 

Com isso, poucos pacientes nos primeiros meses de pandemia, e restrições de circulação, e começo a falar do que foi bom nesse maluco ano, passamos muito mais tempo em casa. Nunca almocei tanto em casa quanto nesse último ano, não estivemos tanto tempo juntos com a Marina, em quantidade e qualidade. Foi um ano de convívio familiar muito mais intenso, e foi muito bom neste sentido. Mesmo com o pouco contato pessoal com o restante da família, a tecnologia serviu para nos vermos e conversarmos virtualmente quase todos os dias. Se não preenche, ao menos ameniza a ausência.

 

Maior tempo em casa, menores deslocamentos, tudo isso significou também maior dedicação a outras atividades, como escrever e estudar. Além do cuidado com a saúde e forma física. Perdi 18kg no último ano, a maior parte de março para cá, com pequenas alterações na dieta (diminuindo bem pouco a quantidade) e com muita atividade física. Além da academia, de segunda a sexta-feira, que mantive mesmo quando minhas atividades profissionais reduziram em muito o meu tempo disponível, esse foi um ano de pedalar muito mais que o no ano anterior. Resultado disso: menor peso, menor percentual de gordura corporal, mais disposição, melhora de autoestima. Tudo isso em meio à pandemia.

 

Em julho, após reencontrar uma ex-aluna em uma reunião virtual, e depois de dois anos fora da vida acadêmica, senti vontade de retomá-la. O timing foi perfeito, e em agosto retornei à Universidade, e dessa vez – apesar de não ser (ainda) em Porto Alegre – fica apenas a trinta minutos de casa...

 

Acima de tudo, o meu ano da peste de dois mil e vinte foi um ano de desaceleração, de ter mais tempo de olhar a vida com mais calma, e de estar mais próximo – mesmo que virtualmente em alguns casos – daqueles que são importantes.

 

A expectativa de que a vida, o mundo com um todo, retome um ritmo mais normal, continua. Enquanto isso, vamos vivendo um dia após o outro, fazendo o que podemos e ajudando quem podemos. Cada um tentando (deveria, ao menos) colaborar do jeito que dá.

 

E assim seguimos.

 

Bom 2021 para todos nós.

 

E que o próximo ano seja um ano de reencontros.

 

Até.

 

segunda-feira, dezembro 21, 2020

A Sopa

(Crônicas de uma Pandemia – Duzentos e Oitenta e Dois Dias) 

Árvore genealógica, uma crônica sem muito sentido.

 

Estávamos, esses dias, conversando – a Jacque, a Marina e eu – à mesa, após o jantar, amenidades. Assuntos diversos, desde séries do streaming até música e outros. Começamos, em determinado momento, a falar de família.

 

A Marina perguntou, então, a letra inicial dos nomes de todos da família, incluindo aí os dois lados, da Jacque e meu, incluindo familiares distantes. Começamos a listar, então, por ordem alfabética, todos os que lembrávamos, pais, filhos, tios, tias, irmãos, irmãs, primos, primas, de primeiro, segundo e até terceiro grau, sobrinhos, agregados ou não, próximos e mesmo os muito distantes. Até que surgiu um nome de um familiar que já havia morrido.

 

A dúvida (inútil, sabemos, mas era momento de conversas bobas) surgiu: incluímos ou não na lista os familiares que já morreram. Nenhuma forma de desrespeito ou falta de consideração, obviamente. Apenas um detalhe prático para nossa lista de parentes...

 

Após rápida deliberação, decidimos que familiares próximos, pais – por exemplo – continuariam na lista mesmo que já mortos. Eu continuaria na lista, de qualquer maneira, dessa forma. Eu estava garantido nas futuras atualizações da lista (como se fôssemos atualizá-la em algum momento no futuro). Fomos adiante.

 

A lista, claro, ficou grande.

 

Nova deliberação.

 

Familiares muito distantes ou ausentes mereceriam fazer parte da lista?

 

Depende, decidimos.

 

Se não houver encontro presencial por um período de dois anos, ou seja, se não houver qualquer tipo de reunião nesse período, será cortado da lista. Simples assim. Dois anos inteiros sem encontrar um familiar resulta em exclusão da lista. Paciência. Como se recomenda com roupas do armário, que devemos descartar as que ficam sem uso por um longo período. Familiares, caso não estejamos juntos, da mesma forma...

 

Claro que, em tempos de pandemia e distanciamento social, esses limites foram alongados, assim como milhas aéreas de um programa de fidelidade. 

Ninguém será excluído esse final de ano...   

 

Até.

 

PS – Esse é um texto de ficção. Qualquer semelhança com fatos ou pessoas reais é mera coincidência...

sábado, dezembro 19, 2020

Sábado (e Paris numa outra vida...)

 

    Paris, France

    Final do dia. Setembro de 2018.

    Bom sábado a todos.

    Até.
                      

segunda-feira, dezembro 14, 2020

A Sopa

(Crônicas de uma Pandemia – Duzentos e Setenta e Cinco Dias)

 

Um texto não muito bem humorado.

 

O ano civil vai para sua última quinzena.

 

De agora até o início de 2021 serão pouco mais de duas semanas, mas parece que dois mil e vinte não terminará assim tão facilmente. Parece querer se arrastar por mais tempo, manter-nos presos a ele o quanto der, tentando de todo jeito se eternizar.

 

Falo da pandemia, claro.

 

Como havia falado, minha expectativa (esperança, agora sei) de que ao terminar dois mil e vinte tivéssemos superado essa fase maluca de distanciamento, de abraços ausentes e proximidades – quando ocorriam – culpadas, provou ser nada mais que isso, esperança. Continuamos sitiados pelo vírus e pelo medo, vítimas de governantes ou em descompasso com a realidade, negando o óbvio, ou pequenos tiranos tentando impor suas medidas irracionais baseadas “em ciência”. Seguimos ao sabor das ondas, nos cuidando do jeito que dá.

 

Quando se estimula que as pessoas denunciem seus pares por se reunirem, quando “premiam” quem se avança sobre a privacidade dos outros, é sinal de que há algo muito errado. O mais impressionante é que ninguém se espanta ou revolta com isso. A liberdade individual (que pressupõe responsabilidade) é cada vez mais um conceito etéreo, fluido, quando – obviamente - não deveria ser.

 

Eu só saio de casa de máscara desde o início da pandemia.

 

Eu trabalho de máscara e face shield.  

 

Eu tomo todo o cuidado possível, para não me contaminar e não contaminar os outros. Mas não estou histérico, nem fico contando isso como vantagem em redes sociais.

 

Estamos em uma prisão. Pelo vírus, pelo politicamente correto, pelo pensamento único que não admite contraditório. Estamos presos em uma narrativa escrita por quem quer nos dominar pelo medo. Uma hora isto tem que acabar.

 

E, por estar nessa prisão maluca, o jeito é viver um dia de cada vez.

 

Até.

sábado, dezembro 12, 2020

Sábado (e um lugar)

 

     Halifax, Nova Scotia, Canada

     Outubro/2019

     Bom sábado a todos.

     Até


terça-feira, dezembro 08, 2020

Crônicas de uma Pandemia – Duzentos e Sessenta e Nove Dias

 E em meio à pandemia...

Uma noite dessas, não muito tarde, enquanto estávamos tranquilos em casa assistindo televisão, nossa atenção foi desviada por uma gritaria, uma altercação, pedidos quase histéricos de desculpas seguidos por gritos de ‘Eu te amo’, além de ‘não me toque’, e outros com o mesmo sentido. Um barraco, como dizem.

 

O meu vizinho que toca bateria e fuma maconha, evidentemente.

 

Tudo muito alto, todos no edifício certamente ouvindo. Pelo que se escutava, parecia uma briga de casal, aparentemente chegando às raias da violência física, pela progressão dos gritos. Marina com fones de ouvido para não precisar ouvir, eu tinha que tomar uma decisão.

 

Intervir ou não.

 

Como já falei anteriormente em outras situações, o que as pessoas fazem com suas vidas privadas não diz respeito a ninguém mais, exceto quando interferem com a vida em sociedade. Ou seja, quando não coloca o bem estar e a segurança de mais ninguém em risco. E os seus vizinhos estão aí incluídos, naturalmente. 

 

Volto à noite em questão.

 

Liguei para o síndico, que atendeu e fiz apenas uma pergunta: deveria chamar a polícia ou não? Debatemos rapidamente o assunto e (por sugestão dele, que estava mais próximo do evento) e decidimos esperar e observar atentos para um possível escalada violenta nos acontecimentos. Momentos tensos.

 

Tudo acalmou, contudo.

 

Mais tarde, descobrimos o que havia acontecido (ele – o síndico - descobriu, e me contou): separado/divorciado ele (o baterista maconheiro), mas com uma nova namorada, havia sido flagrado com outra pela namorada que chegara em sua casa de surpresa... E as duas ainda se conheciam! Pois é...

 

Outra noite, uns dias após, somos acordados em meio a madrugada por gritos dele dizendo ‘eu te amo’ e ‘agora estás me agredindo’, mas de curtíssima duração, pois logo o silêncio da noite voltou até que os sabiás começassem a cantar e liquidar definitivamente com minha noite de sono...

 

E a corda vai esticando...

 

Até.

domingo, dezembro 06, 2020

A Sopa

 (Crônicas de uma Pandemia – Duzentos e Sessenta e Sete Dias)

 

Uma história do passado.

 

Há muitos anos, quando ainda tínhamos a casa na praia, no Imbé, litoral norte do Rio Grande do Sul, no tempo das casas sem muros e grades, e próximas umas das outras, e quando ainda era tradição a reunião de grandes famílias nos finais de semana, havia – bem ao lado da nossa casa – justamente vizinhos com grande família e que tinham por hábito reunir-se e confraternizar muitas vezes até altas horas da noite. Não necessariamente grandes festas e grandes ruídos, mas – na maior parte das vezes – apenas conversando na área em frente e na lateral da casa.

 

Bem ao lado da nossa, bem onde ficavam os quartos em que dormíamos, o que – evidentemente – atrapalhava o nosso sono quando acontecia. E, claro, irritava.

 

Nunca reclamamos, contudo.

 

Até que uma vez em que isso aconteceu, provavelmente uma festa de aniversário mais animada e que invadiu a madrugada e eu – ao chegar sábado de manhã cedo para passar o final de semana com meus pais e ficar sabendo do ocorrido – decidi que era hora de um retorno: ainda antes das nove da manhã, estacionei meu carro em frente à nossa casa e passei a tocar música, a todo volume possível. AC/DC, Highway to Hell

 

Não demorou uma música inteira para alguém na casa ao lado abrir a porta, com cara de muito sono, e – educadamente – perguntar se eu poderia diminuir o volume do som porque queriam dormir. Claro que eu podia. Prontamente baixei o volume, ou mesmo desliguei o som, não lembro mais.

 

Você, caro leitor, pode estar se perguntando por que eu atendi ao pedido se havia muito tempo éramos incomodados pelos ruídos que vinham da casa ao lado em muitas noites de conversas e risadas e festas? Por uma simples razão. Porque nunca havíamos reclamado, nunca havíamos manifestado nosso incômodo com o barulho. Se não manifestamos nossa inconformidade, como saberiam que estávamos incomodados?

 

Voltemos ao presente.

 

Tenho um vizinho maconheiro que toca bateria.

 

Sério.

 

Problema dele, não me diz respeito. Não me incomoda, desde que não interfira na paz da minha casa. Ele faz aulas de bateria algumas vezes à noite, e vai ao limite do horário de silêncio, mas – exceto uma vez – não passa das 22h. Está no direito dele. É o mais adequado, tocar bateria num apartamento sem isolamento acústico? Não, com certeza. Mas se ele não invade o horário de silêncio, está no seu direito, por mais que ninguém goste. 

 

O mesmo com a maconha, cuja fumaça nos atinge algumas vezes se deixamos janelas abertas. É ruim? Eu acho, mas ele está na casa dele, e o que ele faz não me diz respeito, é livre para fazer o que bem entender, desde que não interfira com a minha liberdade e paz. Desde que não avance sobre os meus direitos. Porque se isso acontecer, bom, aí certamente vou reclamar, e muito.

 

Simples assim.

 

Até.

sábado, dezembro 05, 2020

Sábado (e um café)

                         Um café no final da tarde... e uma caminhada pelo bairro...

                          Até.

 

quarta-feira, dezembro 02, 2020

Crônicas de uma Pandemia – Duzentos e Sessenta e Três Dias

Progressistas. 

Não há nenhum valor mais importante que a liberdade individual.

 

Não há nada mais progressista do que buscar, respeitar e valorizar a liberdade individual em todos os momentos. O respeito ao indivíduo, em todas as dimensões possíveis, e - por conseguinte - a todos os indivíduos sem restrições ou condicionantes, é o ideal de uma sociedade.

 

Respeitar a todos individualmente, independente de qualquer condicionante, é o melhor que alguém que se diz progressista deveria fazer e pregar como conduta individual. A forma como cada um escolhe viver não diz respeito a ninguém mais, desde que esse respeito seja mútuo. Se você não respeita a minha individualidade, você não pode exigir que eu respeite a sua. Viva como achar melhor, desde que não interfira com o outro. O velho papo: a liberdade de um acaba quando começa a do outro. Respeitar os limites do outro é (ou deveria ser) a base da civilização. 

 

Aliás, tentar impor a sua verdade aos outros, (tentar) forçá-los a viver o seu modo de vida, é o maior dos desrespeitos. E falo de política, religião, futebol, ou qualquer outra dimensão que possamos pensar.

 

A defesa da liberdade individual é o máximo do progressismo.

 

Coletivismos, seja quais forem, independente a bandeira que levantem, são contra a liberdade individual, e – portanto – uma afronta à ideia de liberdade. A esquerda, que se apropriou de bandeiras consideradas, chamadas progressistas, tem como característica a defesa do coletivo em detrimento do individual, em detrimento da liberdade.

 

A esquerda não é progressista. Nunca foi.

 

É sectária, agressiva e rancorosa.

 

Vamos dar nome aos bois.

 

Até.

domingo, novembro 29, 2020

A Sopa

(Crônicas de uma Pandemia – Duzentos e Sessenta Dias)

 

São duzentos e sessenta dias.

 

De pandemia. Aqui no Sul do Mundo. E estamos num momento pior, em termos epidemiológicos, do que estávamos há dois meses. Se é segunda onda ou não, não importa.

 

Casos aumentando, muitos pacientes ligando, mandando mensagens, o consultório cheio de pacientes. Aqueles com outras doenças que agora vêm para revisar e uma parcela grande de pacientes que tiveram COVID e vem para serem reavaliados. Por outro lado, um dos temores que todos tínhamos durante o “lockdown”, de que pacientes com doenças graves tivessem suas doenças agravadas ainda mais pela demora em consultar decorrente do medo de sair de casa, vem se confirmando: nas últimas semanas, pelo menos um paciente chega para mim por semana com um câncer de pulmão bem avançado, quando já não há mais chance de cura. 

 

Será que se tivessem consultado antes teriam chance de cura? Impossível dizer, mas - por não terem vindo – e não por culpa deles, mas de quem assustou a todos com o “fica em casa” a qualquer custo, certamente agora não tem mais. Triste, e ninguém será responsabilizado por isso.

 

Como eu dizia, seguimos com a pandemia, e agora sem os sinais de melhora que tínhamos anteriormente, pelo contrário. Seguimos, então, com as recomendações de distanciamento social, de evitar aglomerações, uso de máscaras, lavagem de mãos e uso de álcool gel enquanto esperamos as vacinas. E seguimos a vida, com cuidados.

 

Confesso que – lá em março, quando começou por aqui – eu tinha a convicção (que era esperança, agora vejo) de que no final do ano já a teríamos superado. Tudo começaria a melhorar em setembro, e o Natal seria quase como se nunca tivéssemos passado por isso. Agradeceríamos por todos os que houvessem passado, lamentaríamos aqueles que não tivessem resistido, aprenderíamos com os erros cometidos e viraríamos a página. 

 

Dois mil e vinte e um começaria do zero, na medida do possível.

 

Eu estava enganado.

Ainda vamos seguir por um tempo convivendo com essa situação, e não há nada que possamos fazer diferente das recomendações que já seguimos. Lembrei de novo da imagem de uma corrida insana, que - quando parece que estamos completando - o ponto de chegada fica mais longe. De novo, paciência, não depende de nós.

 

Continuo, contudo, otimista.

 

O final nunca esteve tão perto, mesmo que – em meio a essa névoa de desinformação, boatos, teorias da conspiração – não consigamos avistar a linha de chegada, que está em algum lugar lá na frente, mais perto do que ontem e mais longe do que amanhã.

 

Temos que seguir correndo (ou caminhando, vá lá) e vivendo.

 

Até. 

sábado, novembro 28, 2020

Sábado (e saudades do norte...)


   Stowe, Vermont/USA   

    

    Nada a ver com o calor que chega por aqui, mas neve e férias combinam...

    Bom sábado a todos.

    Até.  

   

quarta-feira, novembro 25, 2020

Crônicas de uma Pandemia – Duzentos e Cinquenta e Seis Dias

Às vezes, confesso, sou chato. 

 

Mesmo que na esmagadora maior parte do tempo eu seja uma pessoa realmente, digamos assim, emocional, em outras – por outro lado – sou muito prático e racional. De um lado, mesmo que não sejam situações opostas ou mesmo relacionadas, sou fã de comédias românticas e, por outro, há situação em que sou racional ao extremo, ainda mais quando se fala de determinadas crenças populares, digamos assim.

 

Como a crença generalizada no meio médico de que ser médico, ou familiar de médico, é um fator de risco para doenças ou evolução de doenças mais grave. Como se esse fato, ser médico ou familiar de, implicasse em ter chance maior de morrer ou sofrer mais por doença, seja ela qual for. Mesmo médicos experientes, professores, volta e meia se saem com essa afirmação.

 

Não consigo aceitar.

 

Sou obrigado rebater, sempre. Não faz sentido nenhum, não há lógica envolvida nisso. Entendo que médicos tenham essa impressão, mas ocorre simplesmente porque nos chama mais a atenção o fato de um colega ou familiar de um esteja com algum problema de saúde. Estatisticamente, certamente os médicos não são mais propensos a complicar, muito menos seus familiares. Se fizermos um estudo sério sobre isso, veremos que não há relação entre os fatos. Imaginário popular, apenas.

 

Assim como determinadas reações a acontecimentos no mundo, que não entendo. Sei que pode ser incapacidade minha, mas certamente não é falta de empatia, acreditem.

 

Como a morte de Diego Armando Maradona, ocorrida hoje.

 

É a perda de um mito do futebol, um dos maiores da história, sem dúvida nenhuma. Para os argentinos, um mito, quase uma divindade. Idolatrado. Perfeito, sem nenhuma contestação. Lamentamos a morte de uma lenda.

 

Contudo...

 

Ouvia o rádio enquanto voltava para casa, hoje mais cedo, e a apresentadora, em uma entrevista em meio à programação relacionada à morte do Maradona, diz que ‘estamos todos consternados’ e que o futebol ‘perde com a sua morte’. Opa, só um pouquinho... e aí não consigo não ser chato (eu avisei).

 

A história viva do futebol perde, sim, um dos seus grandes personagens, e todos lamentamos e reverenciamos sua memória enquanto jogador brilhante, genial. Mas o futebol perdeu, e muito, quando ele se aposentou, assim como quando Pelé – o maior de todos – parou de jogar. Perde, em maior ou menor grau, quando um grande jogador encerra sua carreira (e nenhuma piada ou insinuação nisso). O mundo do futebol perdeu um dos seus grandes craques do passado, e lamentamos sinceramente sua morte. 

 

Os termos ‘consternados’ e ‘comoção mundial’, contudo, me pareceram meio fortes... mas entendo...

 

O problema sou eu, que às vezes sou muito chato.

 

Até. 

segunda-feira, novembro 23, 2020

A Sopa

 (Crônicas de uma Pandemia – Duzentos e Cinquenta e Quatro Dias)

 

Ontem não teve Sopa.

 

De novo.

 

Fim de semana de sol e um certo frio ao final do dia. Bem agradável, como deveriam ser todos os finais de semana. Bom para estar ao ar livre.

 

Quanto a não ter publicado essa Sopa no domingo, como virou tradição, lembro que originalmente eu a enviava por e-mail aos assinantes, antes ainda do blog, às segundas-feiras. Foi um período em que eu tinha as manhãs de segunda disponíveis, e podia escrever. 

 

Há muito tempo isso, quase em outra vida.

 

Mas falava do final de semana.

 

Os começos de manhã foram – como tem sido há quase dois anos – dedicados a pedalar. Tenho o objetivo semanal de pedalar aos menos 55km, normalmente entre sábado e domingo, o que leva mais ou menos 1h30 em cada um dos dias. Começo e termino cedo, geralmente antes da 10h já voltei para casa e pronto para começar as atividades do dia. Pedalei mais no sábado e o domingo era para completar a meta semanal.

 

Mas, perto de casa, furou o pneu da bicicleta. Por estar perto, decidi não tentar trocá-lo, e fui empurrando a bicicleta até chegar. Tranquilo. Como guri de apartamento, e por estar na hora de fazer revisão nela, vou deixar que troquem o pneu na oficina...

 

Voltando ao final de semana, após a tradicional ida ao supermercado da manhã de sábado, saímos para almoçar fora, uma das poucas vezes desde março, quando começou a pandemia que tínhamos convicção que já teria terminado por esses dias... Conseguimos uma mesa ao ar livre e comemos numa parrilla. Ao final da tarde e para a janta, saímos novamente e encontramos uns amigos (distanciamento e as óbvias máscaras...) ao ar livre.

 

O domingo, churrasco na minha churrasqueira “sem fumaça”, aquisição da pandemia. Final de tarde, mais uma vez um tempo ao ar livre, com sol.

 

Com cuidados e prudência, a vida continua. 

 

Até.

sábado, novembro 21, 2020

Sábado (e a Itália, há 15 anos...)


        Amalfi, em dia nublado, em 2005.

        Província de Salerno, Itália.

        Bom sábado todos.


segunda-feira, novembro 16, 2020

Crônicas de uma Pandemia – Duzentos e Quarenta e Sete e Dias

Ontem não teve Sopa. 

Por quê?

 

Ninguém perguntou, mas mesmo assim eu falo... por nenhuma razão em especial. Simplesmente porque não tenho obrigação de escrever. Escrevo quando preciso, ou sinto que devo. Ontem não estava no clima.

 

Teve eleição, e inexplicavelmente Porto Alegre insiste em eleger candidatos vinculados ao atraso e a ideias que não deram certo em lugar nenhum do mundo. Em candidatos de partidos que são, já no seu nome, uma impossibilidade. Como liberdade e socialismo, dois conceitos excludentes.

 

Aparentemente, ainda pensam que é bonito ser de esquerda. 

 

Já foi, já fui.

 

Não mais.

 

A esquerda hoje é envergonhada, tanto que a campanha da candidata do partido comunista do Brasil em nenhum momento mostrou em seus materiais a foice e o martelo, e nem a cor vermelha. Não faço nenhum julgamento pessoal quanto a ela, mas o que o partido dela representa é o indefensável.

 

Até.

sexta-feira, novembro 13, 2020

Sábado (e mais uma memória)


    Restaurant La Comedia.

    107 Rue Monge, Paris.

    Há mais de vinte anos fomos lá pela primeira vez, com os Perdidos na Espace. 

    Boa comida, boas lembranças.

    Até.

    

quarta-feira, novembro 11, 2020

Crônicas de uma Pandemia – Duzentos e Quarenta e Dois Dias

Vacina.

 

Hoje tive a minha quarta consulta como parte do estudo da Coronavac, a famosa “vacina chinesa” que está em estudo no Brasil numa parceria com o Instituto Butantã. Aqui no Sul do Mundo, o estudo está sendo realizado no Hospital São Lucas da PUCRS, onde trabalho.

 

Quando iniciou o estudo, me inscrevi para participar e fui chamado.

 

Fiz a primeira dose em setembro e a segunda entre duas e três semanas depois. Desde então, tenho que medir minha temperatura todos os dias e registrar em um diário, em que também respondo sobre a possível ocorrência de reações adversas, tanto nos locais de aplicação como em geral. Não tive nenhuma reação, nem tive febre. Tudo segue normal comigo.

 

Essa semana, contudo, saiu a notícia de que o estudo havia sido suspenso devido a ocorrência de um evento adverso grave com um dos participantes, da mesma forma que havia ocorrido com outros dois estudos com outras potenciais vacinas, e como é comum em estudos clínicos. Mas virou notícia nos principais meios de comunicação e em redes sociais, inclusive com o presidente “comemorando” essa ocorrência, em mais um capítulo da medíocre briga política dele com o governador de São Paulo.

 

Ambos errados, ambos oportunistas, ambos abutres em busca de carniça.

 

Hoje, ainda, a estudo foi novamente liberado porque o tal evento adverso grave não tinha relação com a vacina em si, e o episódio só serviu para mais uma vez vermos o quão baixo podem chegar as pessoas em busca de obter e/ou manter o poder.

 

Até transformar pesquisa científica em reality show.

 

Eu até ia fazer uma piada com relação a isso, mas não vale.


Até. 

domingo, novembro 08, 2020

A Sopa

 (Crônicas de uma Pandemia – Duzentos e Trinta e Nove Dias)

 

Sou influenciável.

 

A história clássica que comprova isso é da minha relação com bancos. Anos atrás, já médico, e por isso mesmo, por ser médico, talvez pelo potencial financeiro que se via nesse fato, eu era alvo de alguns bancos, que me procuravam para ser seu cliente, a despeito do fato que, objetivamente, eu não era – em termos financeiros, claro – tudo aquilo que eles imaginavam. Aconteceu mais de uma vez.

 

Os bancos em questão me procuravam e ofereciam a possibilidade de abertura de conta corrente, isenta de tarifas de manutenção, com cheque especial e outros benefícios. Faziam a oferta, sedutora, e – claro – eu aceitava por influenciável, como falei. Bank of BostonCitibank foram dois bancos em que tive contas abertas nesse esquema.

 

Com relação ao primeiro, Bank of Boston, mantive a conta por alguns meses, com saldo zero, até perceber que não fazia sentido nenhum mantê-la (até porque trabalhava com outros bancos) e encerrá-la. Fui prejuízo para o banco, lamentavelmente. Quanto ao Citibank, foi um pouco diferente. Mantive a conta aberta por uns bons anos, com pouca movimentação. O principal uso era para renovar o visto americano, quando ainda durava cinco anos e o pagamento não era online. De qualquer forma, fui mantendo a conta até o que Itaú (de quem sou cliente há muito mais anos) incorporou-o e essa conta foi absorvida pela que já tinha. Resolvido. E faz um certo tempo que estou “imune” a isso.

 

Pois dizia eu que sou influenciável.

 

Sou mesmo.

 

Quero dizer que tenho poucas certezas pétreas, que nunca mudarão, e que tem a ver com quem sou, com o que podemos chamar de essência, ou princípios. Meus princípios não mudam.

 

O resto, contudo, pode mudar. Se apresentado a evidências que contradigam meus conhecimentos, que provem que estou errado, não tenho nenhum problema em mudar de ideia e/ou opinião. Só os idiotas não mudam de opinião quando frente a fatos/conhecimentos que invalidem ou mudem o que pensavam antes.

 

Por isso é bom sair da bolha vez que outra. 

 

Nem sempre é fácil ouvir pessoas com opiniões e visões de mundo diferentes das nossas, admitir que nem sempre sabemos tudo e que sempre podemos aprender com os outros. Só que dentro da bolha, dentro do ambiente seguro onde todos pensam como nós, nem sempre (quase nunca) temos essa oportunidade.

 

Não que vamos necessariamente mudar de opinião sempre. Sempre é bom respirar ar puro, contudo. E sair um pouco da bolha nos deixa respirar melhor.

 

Até.

 

sábado, novembro 07, 2020

Sábado (e um momento filosófico)


                          Ah, pois é...

                          Bom sábado a todos.

                          Até.

sexta-feira, novembro 06, 2020

Crônicas de uma Pandemia – Duzentos e Trinta e Sete Dias

Estava errado. 

Pensei que meu desprezo pela imprensa militante era maior que o que sinto pelo Trump. Que valeria à pena passar mais quatro anos assistindo-o como presidente dos EUA só para ver a cara de derrota e as explicações que esses jornalistas/torcedores daria após verem seu candidato, que davam certo como vencido, ganhar a eleição. Seriam mais quatro anos do mesmo, de ambos os lados.

 

Não vale.

 

Assisti agora há pouco, na televisão, parte de um pronunciamento do (ainda) presidente, dando a entender que não pretende aceitar uma possível/provável derrota eleitoral e chamando os estados de Michigan e da Pensilvânia de politicamente corruptos. Não é uma postura aceitável vinda de um presidente. 

 

Vergonha alheia.

 

Até.

quinta-feira, novembro 05, 2020

Crônicas de uma Pandemia – Duzentos e Trinta e Seis Dias

Maldito Bolsonaro.

Não, não é o que vocês estão pensando. 

Confesso a vocês que não consigo não ficar revoltado com o governo Bolsonaro todos os dias de manhã, quando acordo me percebo o que vivemos. É insuportável uma vida assim.

 

Sem horário de verão.

 

Sempre fui fã do horário de verão, e estou entre as “viúvas”, que lamentam e não perdoam o governo por ter acabado com o mesmo. Mas isso não é o pior. O pior de tudo é muito pior que isso. Pior mesmo.

 

É que o meu relógio biológico está em horário de verão.

 

Acordo, diariamente, antes das seis da manhã, como se fossem sete horas e fosse a hora de acordar. Diariamente. Sábados, domingos e feriados.  Forço o sono para ficar mais tempo na cama, mesmo que os pássaros já estejam cantando lá fora e que o sol já esteja nascendo. Não levanto de raiva.

 

Por quê, por quê?

 

Precisava fazer isso? Acabar com o horário de verão, com os finais de dia de luz mais longos? Quem se importa que a economia de luz não seja grande? Quem se importa com o que pensam os chatos anti-horário de verão?

 

Maldito Bolsonaro. Malditos anti-horário de verão.

 

Até.

terça-feira, novembro 03, 2020

Crônicas de uma Pandemia – Duzentos e Trinta e Quatro Dias

 Política. De novo.

 

Confesso que estou torcendo para o Trump ganhar as eleições americanas.

 

Não que eu simpatize com ele, ou ache ele um ótimo presidente. Não tenho absolutamente nada a favor dele, com exceção, talvez, do potencial bom relacionamento entre Brasil e EUA, e – admito – vários contras. Vários contras mesmo. 

 

Por quê, afinal, estou torcendo para ele ganhar as eleições?

 

Por causa da narrativa.

 

Porque quero ver todos os ‘analistas’ que se dizem isentos, toda a imprensa militante, todos esses que se dizem especialistas, mas que, no fundo, não passam de torcedores, quebrar a cara em suas previsões. Para derrotar mais uma vez a narrativa de que só existe a esquerda boazinha e a extrema-direita. De quem pensa diferente é negacionista ou terraplanista. Para derrotar os chatos. O Trump, vejam só, é o Bolsonaro americano, aquele em que as pessoas deveriam votar para evitar que a esquerda assuma o poder. Sim, porque os Democratas são a esquerda americana, com tudo de ruim que ela representa. São o PT de lá. Não eram, mas se tornaram...

 

De verdade.

 

Para o Brasil, a derrota dos democratas será melhor, por pior que seja a figura de Donald Trump. 

 

Até.

sábado, outubro 31, 2020

Sábado (mas hoje é na rua...)

 



                         Bom sábado (e bom feriado) a todos!

                         Até.

sexta-feira, outubro 30, 2020

Crônicas de uma Pandemia – Duzentos e Trinta Dias

 Política.

 

Estamos há cerca de duas semanas da eleição para prefeitos e, em Porto Alegre, as pesquisas – nunca esquecendo dos vieses que elas possuem – apontam a candidata do partido comunista (sério, de verdade) como a líder das pesquisas, tendo como vice um candidato do partido dos trabalhadores (não riam). Inacreditável. É bem provável que ela esteja no segundo turno e, então, seremos todos os outros contra os comunistas, assim espero.

 

Porque – vamos admitir – não dá para levar a sério alguém que defenda o comunismo (ou socialismo, que seja). São ideologias e sistemas fracassados e que nunca trouxeram bem-estar a quem quer que seja, com exceção de uma pequena casta governante. Nem vale a pena falar sobre isso.

 

E então circulava eu de carro por Porto Alegre, no caminho entre o hospital e minha casa, ouvindo rádio. Gosto de ouvir rádio. Por coincidência, estava sendo entrevistado o eterno (sempre concorre) candidato do partido socialista dos trabalhadores unificado, que prega o socialismo revolucionário, seja lá o que for isso. Tive que ouvir, mesmo sabendo que – por princípio – jamais votaria nesse partido e/ou candidato.

 

Fiquei constrangido.

 

Conselhos populares eleitos nas fábricas, nos sindicatos, nos quilombos e nas regiões mais pobres da cidade, seriam quem decidiria os rumos da administração, trabalhando contra os capitalistas, empresários e bancos. E quanto ao legislativo, perguntou o entrevistador (que são representantes eleitos pelo povo, lembro eu). Ou aceitariam as determinações ou haveria confronto, deu a entender ele, com outras palavras. E o transporte público? Seria municipalizado, e o “patrões” pagariam para que fosse gratuito para os trabalhadores...

 

Não vai ser eleito, claro.

 

Mas me pergunto se ele realmente pensa isso.

 

Não pode ser sério...

 

Até.

domingo, outubro 25, 2020

A Sopa

 (Crônicas de uma Pandemia – Duzentos e Vinte e Cinco Dias)

 

Eu fiz a vacina chinesa. Ou não.

 

Tem sido crescente nas últimas semanas a vontade de escrever a última Sopa desta pandemia, a crônica final do diário do coronavírus. Não que eu esteja afirmando ou mesmo pense que tenha acabado, mas é que cheguei (chegamos) a um ponto de quase esgotamento mental relacionado ao assunto. Em outras palavras, a tolerância está em seus últimos estertores.

 

Porque as pessoas falam muito, e quem fala muito corre o risco de dizer bobagem. Não me excluo disso, também corro esse risco e devo dizer algumas por aí. Paciência, é o risco que corro por me expor.

 

Não assisto a telejornais, seleciono o que vou ler, mas – mesmo assim – não consigo evitar de todo tomar conhecimento das polêmicas criadas diariamente relacionadas ao coronavírus, Bolsonaro, Trump e outras. É cansativo, mentalmente, e não há sinais de que vão diminuir, o que – admito – desanima.  

 

Estamos no final de outubro, o final do ano se aproxima a passos largos, e não há – no momento – perspectiva de que passaremos a virada do ano de forma mais tranquila. O Uruguai, por exemplo, anunciou que vai manter suas fronteiras fechadas durante todo o verão, acabando com uma ideia de férias no final de janeiro. Paciência, digo eu, e reconheço que o que mais eu disse esse ano foi justamente isso.

 

Nunca fomos tão pacientes.

 

Mas também passivos.

 

Diante de diversos absurdos que nos foram impostos durante o ano em nome da “ciência” e que – na realidade – não muitos eram baseados em ciência de verdade, fomos aceitando que nos tirassem a liberdade e a autonomia. Temos sidos vítimas de uma ditadura de pensamento que não admite que se questione nada. A hashtag “Fique em casa”, é só o exemplo mais visível de todo esse movimento, que permite festas em condomínio, abertura de cinemas, mas não querer a volta das aulas presenciais.

 

A hipocrisia, a hipocrisia.

 

E as pessoas acham normal, o que é compreensível, levando-se em conta o pânico criado por aqueles que querem nos manter sob seu controle. Ainda vamos sentir por muito tempo, em termos de saúde pública, os prejuízos causados por essas medidas tomadas a partir de premissas equivocadas. E tudo isso sem em nenhum momento eu querer diminuir a seriedade do momento.

 

Pareço amargo, eu sei.

 

Por isso, penso em ser este o último capítulo desse diário do ano da pandemia. Porque eu não sou assim, e nem vou me tornar uma pessoa pessimista ou amarga.

 

Quero mudar de assunto, só isso.

 

Até.