domingo, dezembro 31, 2006

A Sopa 06/24

Dois mil e sete está logo ali, dobrando a esquina.

Pouco mais de sete horas nos separam – aqui no sul do mundo, a oeste de Greenwich, 51°13’48’’ – do novo ano que chega e, junto a ele, as mais diferentes expectativas e aspirações. Para cada um de nós, há um conjunto de planos e esperanças que nos é único, por mais que, em linhas gerais, desejemos todos a mesma lista básica de benesses, dinheiro no bolso, saúde para dar e vender, felicidade, etc. Que todos alcancemos nossos desejos num plano geral e nos nossos planos próprios, que são os que mais nos afligem – quando distantes, difíceis – e que nos satisfazem, quando conquistados.

Habitualmente, mas que já não consigo ou tenho ânimo para fazer, eu fazia a minha própria retrospectiva do ano que passou e obviamente planejava o futuro próximo, sabendo que o que planejamos normalmente não ocorre da forma que imaginávamos, o que quase sempre é uma coisa positiva. Já não faço mais, talvez pela avalanche de acontecimentos que têm caracterizado a (minha) vida, que faz com que eu não consiga parar e recuperar em detalhes e reflexões o que se passou. Acho que se fosse retomar de onde parei, teria que começar a minha análise lá por 1986...

Não estou falando sério, claro, mas para ser totalmente honesto, teria que falar de 2002 para cá, o que faria o texto ficar longo, longo, eu passaria a virada (em 6h59) sentado em frente ao computador escrevendo. Não vou fazê-lo, não insistam...

Até porque essa é a idéia, para contar como foi o ano – de novo, o que falo aqui é da perspectiva totalmente pessoal – teria que explicar o contexto dos fatos, que nos faria retroceder até o início dos anos dois mil. Antes disso, para ser bem exato: desde que nasci. Tudo o que vem acontecendo, como sempre foi e sempre será, é um continuum, uma seqüência de eventos e histórias que se inter-relacionam, se sobrepõe, e continuam. Assim é a vida.

Houve um tempo em que eu conseguia, mesmo que sem nenhuma utilidade prática e apenas com objetivo de me situar na minha história, dividi-la em períodos. Agora não mais. Até porque sou o mesmo em evolução, em constante metamorfose.

Dois mil e seis foi marcado por mais um recomeço, de volta para casa, novo trabalho (sob certo prisma), novas atribuições. Desafios, evidentemente, e esses são sempre bem recebidos. Sem falar que 2006 foi um ano de duas primaveras, e isso só pode ser bom.

Feliz 2007 a todos.

Até ano que vem.

sábado, dezembro 30, 2006

Sábado

DSC_0589

Little darlin' it's been a long cold lonely winter
Little darlin' it feels like years since it's been here
Here comes the sun, here comes the sun
And I say it's all right
Little darlin' the smiles returning to their faces
Little darlin' it seems like years since it's been here
Here comes the sun, here comes the sun
And I say it's all right
Sun, sun, sun, here it comes
Sun, sun, sun, here it comes
Sun, sun, sun, here it comes
Sun, sun, sun, here it comes
Sun, sun, sun, here it comes
Little darlin' I feel the ice is slowly meltin'
Little darlin' it seems like years since it's been clear
Here come the sun, here comes the sun
And I say it's all right
Here come the sun, here comes the sun
It's all right, it's all right


Bom sábado a todos.

Até.

sexta-feira, dezembro 29, 2006

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Pensamentos perdidos no fim do ano

O Pinochet morreu.

O Fidel está malecho.

Qual a diferença entre os dois? Um já morreu, claro.

Os dois são responsáveis por milhares de mortes, assim como o Saddam - que vai morrer, por sinal - mas um deles deixou um país MUITO melhor que os outros dois.

Qual deles eu prefiro?

Nenhum.

Os três são criminosos.

Até.

segunda-feira, dezembro 25, 2006

O (meu) Primeiro Natal (na neve)

Novamente é chegado o Natal, a data que se convencionou ser a do nascimento de Jesus Cristo, o principal personagem da mais bela história já escrita pelo homem. Diz-se que é momento de fraternidade, de solidariedade, de paz entre os homens. A minha pergunta é: por que só no Natal? Se esta (“Paz entre os homens”) é a mensagem de Deus, Javé, Alah, o Pai, ou qualquer que seja o nome dado pelas pessoas a esta entidade superior que, de certa forma rege, fiscaliza ou controla nossas vidas, por que há tanta intolerância? Acho que porque a religião é feita por homens. Mas hoje não é dia deste tipo de indagações.

Também não é o momento para voltar às questões levantadas quando afirmei que Deus (a entidade superior...) rege e/ou controla as nossas vidas. Não, não vou entrar em questões filosóficas relacionadas ao livre-arbítrio, à liberdade do homem, etc. Isso fica para um outro dia, talvez numa quarta-feira filosófica. Os dias próximos ao Natal são de reflexão. Por isso vou contar como foi o meu primeiro Natal. O primeiro que passei no frio, na neve.
Acordei cedo naquele vinte e quatro de dezembro, e abri a cortina para ver a rua. Branco, tudo branco. O céu, azul celeste, indicava que não haveria precipitação de neve, mas seu contraste com o branco que cobria as ruas e os campos dava a impressão de estarmos num dos contos dos irmãos Grimm. Avistava também casas com os telhados cobertos de branco e das chaminés saindo a fumaça de – quem sabe – fogões à lenha ou lareiras.

Coloquei as calças por sobre as ceroulas, a camisa de lã por sobre uma camiseta, e por cima de tudo o meu casaco pronto para suportar temperaturas glaciais (-60°C, segundo quem tinha me vendido ainda em Porto Alegre) e desci para o café. Antes de entrar na sala do café, fui até a rua para olhar os carros, todos cobertos por uma camada de gelo. Ao entrar para o café, encontrei o Annes, filho do dono do hotel e o único que falava inglês, que me disse que a temperatura estava por volta de –18°C.

Após o café, a Jacque, o nosso amigo e eu (parceiros de viagem) rumamos para Anterselva (Antholz) para nossa primeira e única aula de esqui da vida, até aquele momento. Não podia sequer imaginar que um dia moraria num lugar frio, onde até neva, como Toronto. O nosso amigo, que torcia o pé até caminhando no plano, não quis. A Jacque e eu tivemos uma hora de aula de esqui fondo (o que não desce montanhas, só anda no plano) e depois ficamos andando por nossa conta. Falando em conta, se contarmos bem, caí mais ou menos uma quinze vezes durante a aula (e não estávamos descendo!). Foi legal.

Durante a tarde, após o almoço, passeamos pela região – norte da Itália, quase na Áustria – próxima à Brunico. Às dezoito horas, começou a ceia de Natal. No início, teve um coquetel acompanhado por músicos vestidos com trajes tiroleses. Sob o comando da dona do hotel (Andréas Hofer, em Oberassen, norte da Itália) cantamos juntos “Noite Feliz” (claro que quem cantou foi quem conhecia a letra em alemão), todos de mãos dadas. Foi uma longa ceia, com vários pratos, vinho. No final, todos os locais foram assistir à missa do galo. Nós, após ligar para o Brasil, fomos dormir. Na manhã de Natal, quando deixaríamos Oberassen para seguir em frente em nossa viagem, fomos brindados pelo belo e perigoso – para quem dirige - espetáculo da neve caindo.

terça-feira, dezembro 19, 2006

O último comentário sobre futebol

Para encerrar os posts comemorativos da conquista do mundo pelo Inter, encerro uma polêmica de 23 anos.

Está no site da FIFA.

Brazilian football notched up another major achievement when SC Internacional of Porto Alegre overcame Spain's FC Barcelona to win the FIFA World Club Cup Japan 2006. In the process, Inter became the third Brazilian side to taste success in the competition after Corinthians in 2000 and Sao Paulo in 2005.

Antes, era Torneio Intercontinental. Agora, Campeonato Mundial. Ponto.

Encerrado o assunto.

Até.

UPDATE - Claro que isso é só brincadeira. Na verdade, Porto Alegre deve orgulhar-se de ter dois campeões mundiais. Ponto.

Até.

domingo, dezembro 17, 2006

A Sopa 06/22

campeao_mundo

Glória do desporto nacional
Oh, Internacional
Que eu vivo a exaltar
Leva as plagas distantes
Feitos relevantes
Vives a brilhar
Correm os anos, surge o amanhã
Radioso de luz, varonil
Segue tua senda de vitórias
Colorado das glórias
Orgulho do Brasil
É teu passado alvirubro
Motivo de festas
Em nossos corações
O teu presente diz tudo
Trazendo às torcidas
Alegres emoções
Colorado de ases celeiro
Teus astros cintilam
Num céu sempre azul
Vibra o Brasil inteiro
Com o clube do povo
Do Rio Grande do Sul

campeao_mundial2006

Nada pode ser maior.

Até.

sábado, dezembro 16, 2006

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Barcelona

Entrei no restaurante, hoje ao meio-dia, e encontro um amigo colorado.

Sozinho, almoça e fita o horizonte imaginário, catatônico, com um olhar de ausência de esperança, de alguém que sabe que vai morrer em muito pouco tempo. Alguém que viu sua cidade destruída por um bombardeio inimigo (sempre lembro do Vietnã, sempre o Vietnã). Chego próximo, ele me olha e pergunta:

- Viste o Barcelona?

Logo entendo o motivo de seu mal estar, de sua angústia. Solidário, ainda tento animá-lo.

- Nossa obrigação já fizemos, que era chegar na final, o que vier agora é lucro.

Ele balança a cabeça, desolado. “Não vai dar, não vai dar”, lamenta. “Ninguém ganha jogo de véspera”, argumento, e ele concorda sem muita convicção.

Domingo é a final. Esperemos.

Pode ser um dia de glória. Ou não.

Até.

terça-feira, dezembro 12, 2006

Muito tenso

Ontem, ao sair de casa, encontrei o zelador do nosso prédio, que me comentou sobre o Mundial de Clubes no Japão, que o Inter começa a disputar amanhã. Falei que tinha esperanças, e ele lembrou que o Inter havia conquistado a Libertadores da América apenas após eu voltar do Canadá.

Lembrei que eu havia voltado no dia em que o Brasil foi eliminado da Copa do Mundo, e ele respondeu que o Inter era mais importante. Concordei, mas fiquei tenso.

Não sabia dessa minha responsabilidade.

Amanhã, o primeiro jogo.

Até.

domingo, dezembro 10, 2006

A Sopa 06/21

Cabelos. Ou a falta de.

Percebi, com o passar do tempo, que a calvície (real, provável ou possível) é um tema que causa profunda angústia nas pessoas. As deixa sem dormir, é motivo de longos pensamentos e reflexões. Não importa se a calvície é própria ou de outrem. Mais: esse outrem pode ser conhecido próximo ou não. Por isso eu afirmo com convicção que nem a fome, as guerras, a Palestina, a pastelina, o terrorismo, a violência urbana, nada disso é importante quando comparamos com esse assunto mais grave.

O mal do mundo é o pouco cabelo.

Aprendi essa verdade aos poucos, à medida que o meu próprio cabelo foi tornando-se mais escasso. Sim, porque esse é um processo gradativo, e para nós, agentes ativos dele, é difícil notar grandes diferenças sem que tenhamos um termo de comparação, como uma foto. Por outro lado, aqueles que não convivem diariamente conosco, calvos (reais, prováveis ou possíveis), é que assustam-se ao nos encontrar depois de um período maior. Vocês sabem como é isso. É o mesmo que acontece com relação ao peso: “Puxa vida, estás mais forte, não?”, dizem os mais educados, enquanto os diretos vão de “Baita gordão?!”… Mas eu falava de cabelos, ou de sua ausência.

Pois bem, dizia eu que há alguns anos noto que o meu cabelo estava tornando-se menos presente onde sempre estivera. E, sinceramente, não fiquei preocupado com isso. Se é para ser careca, sejamos carecas, paciência. É da vida, pelo menos tenho saúde, coisa e tal. E a vida continua. Mas aí vi que as pessoas preocupam-se com o fato de potencialmente (ou não) estares rumando para a completa ausência de cabelos. E comentam, dão conselhos. Chega a ser tocante. E não adianta explicar que tudo bem, estou tranquilo, minha auto-estima não se abala, etc. Torna-te parte das orações diárias, “…e que o Marcelo não fique completamente calvo, amém”.

E comentam contigo. Mesmo pessoas que mal te conhecem, nunca te viram mais gordos, e acham que tem o direito de “alertar para o fato”. “Vem cá, sabia que estás ficando careca?” é a pergunta mais cretina que podem fazer. Aconteceu comigo num jantar com pneumologistas brasileiros num congresso em Montreal. Quem fazia a pergunta era um colega do Ceará COMPLETAMENTE careca. A resposta que pensei foi “Não, não notei isso a última vez que me olhei no espelho, em 1985…”, mas a educação não permitiu que eu a dissesse. É óbvio que alguém que perde cabelo sabe que está perdendo o cabelo. Ponto.

Dentro dessa preocupação capilar para comigo, esses tempos o meu pai - que não é careca – resolver tomar uma atitude: comprou para mim uma loção que um conhecido havia usado e estava ajudando. Dentro do espírito “tudo tranquilo” comecei a usar. E começou a aumentar o cabelo onde estava diminuindo! Parei de usar correndo.

Fiquei com medo. Sei lá, posso estar indo contra os desígnios divinos, sei lá.

Até.

sábado, dezembro 09, 2006

Sábado (800º post)

DSCN0199

Vou andando feliz pelas ruas sem nome...
Que vento bom sopra do Mar Oceano!
Meu amor eu nem sei como se chama,
Nem sei se é muito longe o Mar Oceano...
Mas há vasos cobertos de conchinhas
Sobre as mesas... e moças na janelas
Com brincos e pulseiras de coral...
Búzios calçando portas... caravelas
Sonhando imóveis sobre velhos pianos...
Nisto,
Na vitrina do bric o teu sorriso, Antínous,
E eu me lembrei do pobre imperador Adriano,
De su'alma perdida e vaga na neblina...
Mas como sopra o vento sobre o Mar Oceano!
Se eu morresse amanhã, só deixaria, só,
Uma caixa de música
Uma bússola
Um mapa figurado
Uns poemas cheios de beleza única
De estarem inconclusos...
Mas como sopra o vento nestas ruas de outono!
E eu nem sei, eu nem sei como te chamas...
Mas nos encontramos sobre o Mar Oceano,
Quando eu também já não tiver mais nome.

(Mário Quintana)


Bom sábado a todos.

Até.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Claro, ele tem o seu próprio avião...

O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro (PT-RS), disse que o presidente "não tem uma pressa neurótica para resolver os problemas dos aeroportos". Segundo ele, Lula está tomando as medidas necessárias com os outros órgãos envolvidos na situação de uma maneira sóbria.

Notícia completa aqui.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Coisas que realmente me irritam

Pessoas que – por laços de amizade - tem a obrigação de serem totalmente honestas comigo e não o são.

Mas a irritação é só por uma fração de segundo, não mais. Porque se estão agindo assim é porque não valem a minha irritação.

Simples assim.

Até.

domingo, dezembro 03, 2006

A Sopa 06/20

Cuidado com o que dizes (ou escreves).

Há um tempo atrás escrevi aqui que eu estava pronto para morrer. Foi um estresse. As pessoas tiveram reações diferentes.

Um primeiro grupo mandou emails me chamando de mórbido, e “que eu virasse a boca pra lá”. Perguntando se eu não tinha mais nada para fazer do que ficar pensando bobagens. Dava até azar falar uma coisa dessas. Bate três vezes na madeira. Toc, toc, toc. Para que mexer com a matungona?

Um segundo grupo me escreveu perguntando se eu estava doente. É isso, certo? É câncer, pode falar. Esse cabelos ficando escassos não eram sinal de calvície, era a quimioterapia. Tu tens que ser forte, luta, não te entrega. Que promessas já fizeste? Nós já fizemos algumas, que tu vais pagar se melhorares…

Finalmente, um terceiro grupo achou que era uma declaração suicida. Você sabe, o suicida sempre avisa, dá sinais de que quer ou planeja se matar. Só podia ser isso, era um pedido desesperado de ajuda. E resolveram me ajudar. Primeiro, não me deixaram mais ficar sozinho. Sempre tinha alguém por perto. Depois, não me deixaram mais cozinhar. “Longe das facas! Longe das facas!”. Até aí, tudo bem, tinha um desculpa para não ajudar nas lides domésticas… Mas quando resolveram não me deixar mais usar cinto e tiraram todos os cadarços dos meus sapatos e tênis, achei que a coisa estava indo longe demais. Resolvi explicar a situação de uma vez por todas.

Não era nada do que estavam pensando.

Não, eu não queria nem pretendia morrer tão cedo. Aliás, a morte, a matungona, não estava nos meus planos, mesmo os mais distantes.

O que eu queria dizer no início de tudo é que eu tinha me dado conta que já tinha tocado a vida de alguém, já tinha sido importante na vida de alguém, e isso já tornava a minha uma vida produtiva e significativa. De certa forma, eu já me imortalizara.

E que esse era o sentido da vida.

Até.

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Take Action Today

We can stop the spread of HIV

aids

Around forty million people are living with HIV throughout the world - and that number increases in every region every day. In the UK alone, more than 60,000 people are living with HIV and more than 7,000 more are diagnosed every year. Ignorance and prejudice are fuelling the spread of a preventable disease.

World AIDS Day, 1 December is an opportunity for people worldwide to unite in the fight against HIV and AIDS. This year, it's up to you, me and us to stop the spread of HIV and end prejudice.


Leia mais aqui.

Até.