domingo, setembro 20, 2009

A Sopa 09/07

Sexta-feira.

Conforme o planejamento inicial, o vôo LH506, um Boing 747-400 da Lufthansa proveniente de Frankfurt pousa suavemente às 5h30 no aeroporto internacional em Guarulhos. Com um intervalo de poucos minutos pousam, também sem intercorrências, outro 747-400 da mesma Lufthansa – vindo de Munique –, um Airbus A340 da TAP, proveniente de Lisboa e outro A340, só que esse da Swissair, vindo de Zurique, entre outros. Todos vêm lotados.

Ao descer do vôo LH506, os passageiros encontram uma longa fila antes ainda da escada que levará ao controle de passaporte pela Polícia Federal. Entre eles, está esse que vos escreve, vindo de volta ao Brasil proveniente de Viena, onde havia passado a última semana em um congresso médico. A longa fila não era tudo: além disso, não andava.

Por algum tempo, permanecemos parados aguardando que pudéssemos seguir em frente. O vôo da conexão para Porto Alegre que eu e vários colegas pegaríamos era às 7h50, embarque às 7h10, ou seja, tínhamos bastante tempo ainda. Cansado, após mais de onze horas de vôo apenas desde Frankfurt, sem contar o tempo desde que saíramos do hotel em Viena em direção ao aeroporto, só pensava que antes das 10h chegaria em casa.

A esperava continuou até que houve um princípio de tumulto, com passageiros reclamando da demora na fila (que era uma fila para chegar em outra fila). Foi nesse momento em que o funcionário liberou para os brasileiros passarem, deixando os estrangeiros na fila. Foi a primeira vez que pensei na Copa do Mundo de 2014. Seguindo, descemos uma escada e chegamos na (mais uma vez) longa fila para o controle de passaporte. A fila dava voltas e voltas e ali encontramos (quem vinha de Viena via Frankfurt) com colegas pneumologistas que vinham via Zurique e outros brasileiros que vinham de outros destinos.

Uma multidão confinada naquele saguão, separados por cordões de isolamento, andando sem parar fazendo o contorno da fila. Um colega gaúcho passa por mim e brinca: “Será que essa é a nossa fila, não tínhamos que estar na de estrangeiros?”. Olho o meu passaporte, que diz ‘MERCOSUL’ e o “tranqüilizo”: “Nosso passaporte é comunitário, está tudo certo”... Até que chego na polícia federal, mostro meu passaporte e passo para a próxima fase, em direção às esteiras de para pegar minha mala. Ainda dentro do horário, mas já um pouco apertado para a conexão.

Chego, então, no inferno.

Há outra multidão tentando pegar suas malas. Na esteira indicada para o meu vôo, estão vindo também as malas de quem vem de Munique e de Lisboa. Há malas em excesso na esteira, pessoas em excesso em volta da esteira, poucos funcionários. As pessoas se amontoam umas sobre as outras na tentativa de encontrar suas malas. A esteira para. Pessoas sobem na esteira atrás das malas. A esteira não anda porque há pessoas andando sobre ela. As pessoas reclamam com o funcionário, que – num primeiro momento – não fala nada. Logo após, ouço-o falando para outro funcionário que havia ligado para a INFRAERO solicitando que mudassem as esteiras dos vôos para evitar a confusão e que havia sido solicitado a ele que enviasse um e-mail fazendo a solicitação. Vejo que a coisa vai ficar feia mesmo. E penso uma segunda vez na Copa do Mundo de 2014.

Demora muito tempo até que recupere minha mala. Quando o faço, já está na hora de embarcar. Tento fazer o controle de alfândega e solicito prioridade porque meu vôo está embarcando e vou perder a conexão, e um funcionário (acho que da polícia federal) me manda entrar na fila. Para variar um pouco, longa fila. Penso em ameaçar o funcionário com violência física caso eu perca o vôo, mas a possibilidade de ser da polícia federal me faz mudar de idéia...

Entro na fila e, quando me libero, já são 7h25. Encontro a funcionária da empresa que nos deu assistência que diz que não há mais tempo para pegar o vôo. Um colega que vem logo atrás diz que – perdendo essa conexão – vai perder a seguinte, para Pelotas/RS. Digo que eu também, e que o vôo do meio-dia é o único do dia. A funcionária, então, sai correndo junto com a gente até o balcão de conexões da TAM, que diz que não pode fazer nada, o vôo já estava fechado, lamentavelmente. Teríamos que pegar o próximo, às 13h10, quase oito horas depois de aterrissarmos em São Paulo. Chego em casa às 16h.

Um saco.

Paciência...

O tempo todo, porém, pensei que – se numa sexta-feira normal, sem feriado ou nenhum evento em especial – o aeroporto de Guarulhos é esse inferno, não quero ver durante a Copa do Mundo de 2014. Se muita coisa não mudar, vamos passar vergonha.

O principal aeroporto do Brasil, porto de entrada da maioria dos vôos vindos do exterior, é mal conservado, acanhado, e administrado por incompetentes. O tratamento dado ao turista é – com exceções, claro – ruim.

Lamentável, lamentável.

Até.

Um comentário:

Anônimo disse...

Passei por este mesmo problema em agosto, mas demos sorte porque estávamos com o Antônio, então uma funcionária da Polícia Federal nos passou na frente, o que fez vencermos esta fila em um pouco mais de 15 minutos.
Porém, o grupo que estava com a gente, levou mais de hora para aparecer.
A Copa de 2014? Hummmmmmm
abs
Marco