domingo, junho 16, 2013

Um show, uma vida

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Quinta-feira passada, Teatro São Pedro, Porto Alegre.

Essa é uma história de começa há mais de vinte e cinco anos, que é mais ou menos o tempo em que acompanho o trabalho do Vitor Ramil. Desde que, por acaso, o assisti tocando 'Joquim' num programa de tevê numa tarde qualquer quando ainda cursava o segundo grau. Claro que já conhecia 'Estrela, Estrela' e 'Semeadura', mas ainda não ligava essas músicas com seu criador. Foi a partir desse dia, em que estava em casa de bobeira assistindo tevê, que comecei uma relação de admiração que só aumentou ao longo desses anos. De ir a todos os shows dele que conseguisse, inclusive indo sozinho em uma ocasião em dois dias consecutivos assistir ao mesmo show, sentado na primeira fila e depois indo conversar no camarim e ficar superfeliz de ele reconhecer que eu estava nos dois dias...

Quando surgiu o projeto que resultou no disco 'Foi no mês que vem" e no Songbook, financiado via crowdfunding, era claro como água que eu deveria participar. Não poderia ficar de fora. Assim o fiz e aguardei ansiosamente o lançamento dos mesmos. Houve um momento em que achei que o lançamento seria quando não estivesse em Porto Alegre - o primeiro semestre desse ano foi pródigo em saídas de Porto Alegre - e eu perderia. Quando foram anunciadas as datas dos shows, corri para comprar os ingressos. Alguns dias antes do show, o download do disco seguido pelo recebimento pelo correio do CD e da camiseta serviram de aquecimento - era só o que tocava no carro na última semana - para a quinta-feira dia 13.

O fato de ter participado do financiamento coletivo para o songbook e CD fizeram com que eu me sentisse parte, envolvido, orgulhoso de poder ajudar, mesmo que com uma mínima parcela do todo, que se concretizasse o projeto que culminou no show. Foi com uma ansiedade juvenil que passei a semana esperando o show e ouvindo, sempre que podia, o disco, classificado por um jornal de Porto Alegre como "o Vitor Ramil definitivo".

O show foi tudo o que eu esperava, e muito mais.

Mostrou um artista em sua plenitude artística.

E me fez voltar no tempo.

Ouvir as releituras de alguns de seus clássicos me fez sentir como eu me sentia na época em que originalmente eu ouvia essas músicas, como se fosse a primeira vez, como se eu ainda fosse aquele cara que ainda não sabia que caminho tomaria na vida, para que lado seguiria, o que faria, quando ainda tudo o que tinha era a minha juventude, e não era nada mal. Pensei na trajetória de lá até aqui, que já andei muito longe do pago e voltei. Lembrei que "se um dia qualquer tudo pulsar num imenso vazio / coisas saindo do nada, indo pro nada /  se um dia qualquer ter lucidez for o mesmo que andar / e não notares que andas, o tempo inteiro / é sinal que valeu, pega carona no carro que vem / e se ele não vem, não importa / fica na tua"... Me emocionei pensado em mim, na vida, em tudo. Quando terminou o show, não ficamos para autógrafos ou fotos com ele, tínhamos que buscar a Marina na casa da minhã mãe.

Fica para outro dia, fica para outro dia.

Até.

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