terça-feira, dezembro 08, 2020

Crônicas de uma Pandemia – Duzentos e Sessenta e Nove Dias

 E em meio à pandemia...

Uma noite dessas, não muito tarde, enquanto estávamos tranquilos em casa assistindo televisão, nossa atenção foi desviada por uma gritaria, uma altercação, pedidos quase histéricos de desculpas seguidos por gritos de ‘Eu te amo’, além de ‘não me toque’, e outros com o mesmo sentido. Um barraco, como dizem.

 

O meu vizinho que toca bateria e fuma maconha, evidentemente.

 

Tudo muito alto, todos no edifício certamente ouvindo. Pelo que se escutava, parecia uma briga de casal, aparentemente chegando às raias da violência física, pela progressão dos gritos. Marina com fones de ouvido para não precisar ouvir, eu tinha que tomar uma decisão.

 

Intervir ou não.

 

Como já falei anteriormente em outras situações, o que as pessoas fazem com suas vidas privadas não diz respeito a ninguém mais, exceto quando interferem com a vida em sociedade. Ou seja, quando não coloca o bem estar e a segurança de mais ninguém em risco. E os seus vizinhos estão aí incluídos, naturalmente. 

 

Volto à noite em questão.

 

Liguei para o síndico, que atendeu e fiz apenas uma pergunta: deveria chamar a polícia ou não? Debatemos rapidamente o assunto e (por sugestão dele, que estava mais próximo do evento) e decidimos esperar e observar atentos para um possível escalada violenta nos acontecimentos. Momentos tensos.

 

Tudo acalmou, contudo.

 

Mais tarde, descobrimos o que havia acontecido (ele – o síndico - descobriu, e me contou): separado/divorciado ele (o baterista maconheiro), mas com uma nova namorada, havia sido flagrado com outra pela namorada que chegara em sua casa de surpresa... E as duas ainda se conheciam! Pois é...

 

Outra noite, uns dias após, somos acordados em meio a madrugada por gritos dele dizendo ‘eu te amo’ e ‘agora estás me agredindo’, mas de curtíssima duração, pois logo o silêncio da noite voltou até que os sabiás começassem a cantar e liquidar definitivamente com minha noite de sono...

 

E a corda vai esticando...

 

Até.

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