domingo, setembro 24, 2023

A Sopa

O Tempo. 

Esse é um espaço em que, volta e meia, eu falo sobre a passagem do tempo. É claramente um assunto recorrente por aqui. De certa forma, contar estórias, ofício a que me proponho e que praticamente me define, é registrar a passagem do tempo, registrar a vida. 

 

Como o tolo do texto do Barão de Itararé musicado pelo Vitor Ramil (“... os que se julgam espertos acham que a admiração é um alarmante sintoma de ignorância e, por isso, afirmam que só os tolos se admiram. Os que se maravilham de qualquer coisa, por sua vez, se surpreendem também da impassibilidade dos sabidos, aos quais consideram lamentáveis cegos e inconscientes...”) ainda me admiro e me maravilho com a passagem do tempo, e tudo que isso representa. A vida, basicamente. 

 

Quanto mais passado tenho, e cada dia tenho mais, e pode-se dizer que tenho um menor caminho pela frente, mais no presente tento estar e, a partir do hoje, tento projetar um futuro, porém cada dia com menor ansiedade quanto a ele. Olho em frente, mas respeito o que passou, e quem esteve comigo no caminho.  

 

Pronto. Era isso. Era o que queria dizer.

Aos cinquenta e um anos continuo me sentindo bem jovem, em termos mentais e físicos, mesmo que mais ou menos uma vez por ano o meu corpo faça questão de me lembrar de minha idade real, de maneira até meio agressiva, podemos dizer. Hérnia de disco cervical em um ano, síncope com trauma de crânio e arritmia em outro, e hérnia de disco lombar com cirurgia nesse, há seis meses.  Apesar dessas intercorrências, que modestamente tenho superado de forma até que bem-humorada, como eu disse, me sinto jovem e ainda com muito a aprender.  E projetos e desafios.

 

E pessoas.

 

De forma, podemos dizer, surpreendente, conhecendo pessoas com as quais estamos criando novas, importantes e fortes conexões, como se ainda fôssemos adolescentes, como se fôssemos tão jovens. Diferente de alguns anos atrás, quando sentenciei que a minha cota de pessoas no mundo estava esgotada, e – a partir daquele momento – só entrariam novas pessoas em minha vida quando morresse alguém que já estivesse no meu mundo. Assim, também, como quando eu disse que parara de usar óculos porque não queria mais ver as pessoas... Não era verdade, claro, mas...

 

Pensamentos soltos num bom momento de vida.

 

Até.

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