quinta-feira, novembro 18, 2004

Um e-mail

Enviei a um casal de amigos.

"Dou bom dia diariamente ao macaco falante (ele grita, na verdade), que está pendurado no lustre que tenho na sala aqui de casa. No início achei que ele fosse parecer enforcado naquela posição, mas não, ele fica apenas suspenso me observando enquanto estou em casa e cuidando da mesma quando não estou. Próximo a ele, na porta da cozinha, estão as bandeiras do Brasil e do Rio Grande do Sul, para lembrar das minha origens. Em cima da geladeira, o E.T., que ganhei momentos antes de ir para o aeroporto no agora distante 19 de agosto, presente das queridas amigas Denise e Cláudia, porque sempre que me davam tchau, diziam "bye martchelo", e eu lembrava que na Disney de Orlando o ET me deu tchau, de verdade...

A internet realmente revolucionou as comunicações, e apenas graças a ela é que tenho conseguido ficar tanto tempo longe da Jacque, apesar das saudades serem imensas. Nos falamos todos os dias via iChat, com a webcam. Há mais ou menos um mês, a Jacque fez uma janta lá em casa para o Magno e a Lúcia (uma linda história de amor que ainda vou contar em livro) e falamos os quatro, em tempo real. Em determinado momento, até parecia que eu estava junto, em Porto Alegre...

Apesar da saudades, já gosto daqui. E como poderia não gostar? Segundo a Jacque, até se eu estivesse morando em Gaza eu ia achar legal... Dizem que aqui é frio, mas ainda não vi nada disso. Um dia estava -4ºC, mas desde uma passagem pelos Alpes italianos num natal há uns anos, só considero frio mesmo quando baixa de -5ºC, e, por enquanto, nem previsão...

Vou pegar frio mesmo em janeiro, quando voltar para cá. Pois é, três meses de trabalho e já vou tirar férias... Dia 03 embarco para um longo vôo que vai parar em Miami para uma escala de três horas, depois um vôo noturno rumo ao sul até Guarulhos e - dia 04, 10h10 - piso em solo rio-grandense de novo. Pensei em descer do avião e beijar o solo, mas o aeroporto é novo e a saida do avião é por plataformas, e salas e esteiras e o primeiro chão de verdade que vou pisar vai ser - provavelmente - atravessando a a passarela para chegar no estacionamento do Salgado Filho. Então, desisti da idéia.

Mas não é bem férias a razão de ir para casa. Dia 16 defendo a minha tese de doutorado, finalmente, quase dez anos depois de me formar, no mais longínquo ainda ano de 94. Sobre isso, uma década de formados, ainda espero a definição da data da festa para celebrar o acontecimento. Grandes fotos aquelas nossas, principalmente aquela na beira da praia,em atlântida, antes da formatura. Dia 20, por fim, embarco novamente rumo ao hemisfério norte, mas para NY, em busca de um white Christmas com a família, Pai, Mãe, Jacque, Neni e Ane (a Nana, antes namorada e agora esposa).

Nesses 16 dias de Brasil, além da tese, vários compromissos, também sociais: festa de final de ano da sociedade de pneumologia, um casamento, um possível show da Banda da Sopa (o Magno chega em Porto Alegre de Ribeirão Preto no dia 12), churrascos, feijoadas, massas, encontros com amigos, quem sabe abbey road, enfim, muitos planos para talvez pouco tempo. Imagino que serão dias intensos, definitivamente não dias comedidos... Aqui come-se muito bem, também, mas refeições solitárias definitivamente não têm o mesmo sabor...

Pra não dizer que não falei de flores:

A derrota do PT era esperada (por mim, ao menos) e desejada (também por mim), ao menos em Porto Alegre. Nos outros lugares, não posso falar, a distância é relamente grande , e não me interessam muito mesmo. Mas estava na hora de "arejar" a administração de Porto Alegre, tirar o pó, varrer certos burocratas que haviam criado raizes e se achavam donos de Porto Alegre. Aliás, a arrogância de certos petistas que realmente acreditavam ser Porto Alegre o seu feudo foi o que determinou - em parte - a derrota nas eleiçôes. Pior ainda foi a arrogância dos que falavam como se Porto Alegre não existisse antes do PT, e que fosse deixar de ser uma cidade boa para se morar com a vitória do Fogaca (acho que eu teria votado nele). Não! Pior foi ouvir que o Fogaça tinha passado os seus anos no senado compondo "musiquinhas" sobre Porto Alegre. O baixo nível de argumentação, junto com as práticas medíocres da política em geral foi o que determinou o lançamento da Carta de Paris, redigida em um guardanapo, nos primeiros dias deste miliênio, num café na esquina dos bulevares St Michel e St Germain, na Rive Gauche, Paris, em que o Magno e eu, com a Jacque como testemunha, decidimos não participar ativamente da política, exceto como pensadores e teóricos...

Quanto às passagens para Toronto, nesta época estão mais caras, pela alta temporada. Se acharem muito frio, planejem para o começo de maio ou junho, final da primavera, onde os dias estão bem longos, há verde por tudo, e o passeio pelo país é muito bonito. Olhando minha agenda, evitem o período entre 20 e 25 de maio, por estarei fora da cidade, na Califórnia, não vivendo a vida sobre as ondas, mas no congresso da American Thoracic Society. Espero vocês - sem falta - aqui ano que vem.

Mas, antes, tem dezembro. E a agenda de vocês? Temos um vinho para tomar, que será substituído por outro e outro e assim por diante...

Saudades,

marcelo"

Um comentário:

Anônimo disse...

e-migrante http://e-migrante.zip.net/

Espero q sua viagem seja realmente muuuuuuuuuuuuito boa. Um abraço!