Eu entendo o terrorismo.
Atenção agora: não estou dizendo que concordo, aceito ou apoio o terrorismo. De maneira alguma. O que estou dizendo simplesmente é que consigo entender o sentimento que leva alguém a jogar um avião contra o World Trade Center, por exemplo.
É a sensação de estar sendo injustiçado (ou oprimido, roubado, etc) por um inimigo sem face. É quando não se tem como personalizar a revolta contra quem nos causa algum mal.
Veja o caso do Bin Laden e sua organização terrorista: ele planejou e executou a ação de 11/09/2001 – todos, e eu mais que a maioria, estão carecas de saber – que não foi um atentado contra os valores ou o estilo de vida ocidental, mas uma agressão ao governo norte-americano, que mantém bases militares e tropas no Oriente Médio, etc. Não foi contra uma pessoa em especial, mas sim contra o inimigo sem face, os Estados Unidos. Bem diferente da resposta norte-americana, que foi em busca do Osama, um coisa pessoal (mesmo que, como conseqüência prática, tenho matado bem mais gente...).
De novo, não concordo nem apoio nenhum tipo de violência. Mas a revolta contra esse “inimigo sem face”, que não pode nem deve ser personificado, é o que causa esse tipo de reação extremada, e até posso entender o sentimento. Guardadas as devidas proporções, foi o que aconteceu no caso do meu imbróglio com a NET, a empresa de TV a cabo que tenta (ainda não conseguiu) me aplicar um golpe.
Para falar a verdade, até acho que não é a empresa que está fazendo isso, estou sendo vítima de um golpe aplicado por algum terceirizado que trabalha para ela e que fez a troca dos aparelhos e tal. Para quem não sabe, explico (pode ler no texto abaixo a história mais completa): quando fui fazer a troca do sistema analógico para o digital, os dois decoders que eu tinha em casa funcionavam perfeitamente bem e, além disso, eu nunca tinha feito qualquer tipo de adulteração neles para desbloqueá-los (até porque pagava plano máximo). Foram retirados da minha casa pelo técnico em perfeito estado, repito, e dez dias depois a NET me ligou dizendo que ia me multar em R$ 700,00 porque um deles não funcionava e o outro estava adulterado.
Não adiantou ir lá e argumentar que deveria haver um erro e tal, eles insistem que vão me cobrar o valor na mensalidade e que eu devo ir à justiça para discutir o caso. Como estou inocente, é o que vou ter que fazer. Mas o tempo todo em que estive lá, insinuaram que era eu quem estava tentando aplicar um golpe neles. Ressarcimento por danos morais serão solicitados na justiça também. Mas isso não vem ao caso agora.
O importante é que, durante a discussão com a coordenadora do setor na NET, em cada vez que ela insinuava que eu tinha feito a alteração que eu dizia que não tinha feito (e não fiz), eu pensava que a única solução para aliviar minha raiva era “me botar nela” e “dar um pau nela”. Só que, pensava ao mesmo tempo, não era culpa dela, funcionária, o que estava acontecendo, era a estrutura, a máquina, a NET, quem estava tentando me prejudicar, e de nada adiantava agredir um funcionária que não ia adiantar. O inimigo não tinha rosto, era uma engrenagem que estava no processo de me esmagar (ou tentava, a justiça é quem vai dizer).
Foi quando sorri e entendi o Bin Laden.
Até.
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