Confesso que não tenho as mínimas condições para escrever a respeito de toda a obra literária e mitologia criados pelo filólogo e escritor inglês J. R. R. Tolkien, autor do já transformado em filme “O Senhor dos Anéis” e o ainda em produção “O Hobbit”, ambos livros da primeira metade do século XX. Apenas li os livros – dos quais fiquei fã incondicional – e depois vi os filmes.
Um dos principais personagens da história é Gandalf, o feiticeiro, que no decorrer da história se torna o “comandante” da ‘Sociedade do Anel’ (Fellowship of the Ring) na busca pelo “Um Anel” e depois comanda junto com Aragorn o exército do oeste na batalha contra as forças de Saruman. Mas não é da biografia de Gandalf que quero falar. Aliás, não é desse Gandalf que quero falar.
O episódio 9 da quarta temporada do seriado americano ‘Friends’ mostra a expectativa dos personagens Chandler e Ross com a chegada à cidade do amigo do tempo da faculdade Mike “Gandalf” Ganderson. O início da sequencia mostra Chandler perguntando a Ross “are you ready to party?”, e posteriormente explicando aos outros amigos que tudo poderia acontecer quando “Mike Gandalf” vinha à cidade. Poderiam acabar nos lugares mais bizarros e diferentes. Passaporte, meias sobressalentes e soro antiofídico seriam úteis numa saída com Gandalf, apesar da probabilidade de acontecer o mesmo da saída anterior ser remota. O episódio se desenrola a partir daí.
Gandalf esteve aqui nesse final de semana.
Não, não estou escrevendo isso de um barco pesqueiro diretamente do meio do mar (o que poderia acontecer se fosse o personagem do seriado). Estou em casa, mas ontem nos reunimos, o Márcio, o Radica e eu, uma vez mais, após dois anos.
Somos amigos, os três, desde o tempo do segundo grau técnico na Escola Técnica de Comércio da UFRGS, há mais de vinte anos. De todos os colegas da turma, permanecemos amigos e nos falando sempre apenas nós três. E é como há vinte e três anos. Tomamos rumos diferentes, profissões diferentes, até cidades diferentes (o Radica mora em São Paulo há nove anos), por isso os encontros dos três são tão raros. O último havia sido na Bienal do Mercosul de 2007.
A passagem do tempo não altera em nada a sintonia e proximidade que temos, a relação de confiança que surgiu entre nós durante esse tempo, e cada vez que nos encontramos isso é reafirmado. Já havia sido assim em junho desse ano, quando fui à São Paulo e saímos, o Radica e eu, nas duas noites em que passei lá.
São poucas as amizades que duram tanto tempo e que permanecem intensas da mesma forma que no início ou, melhor, tornam-se mais fortes com a passagem do tempo. Aqueles amigos que me dizem o que eu preciso ouvir e para quem posso (devo) dizer o que eles precisam ouvir (mesmo que nem sempre seja o que gostaria/gostariam de ouvir ou dizer). Eu valorizo muito isso. E é por isso que os dias que antecederam o encontro foram de grande expectativa, justamente como se Gandalf, o feiticeiro, o mágico, estivesse para chegar.
Só que a mágica somos nós.
Até.
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