Uma das minhas mais notáveis (esse é um momento de ausência humildade) qualidades é minha interminável capacidade de me admirar com o mundo (e sempre lembro o Vitor Ramil cantando “os que se julgam espertos acham que a admiração é um alarmante sintoma de ignorância e por isso afirmam que só os tolos se admiram”). Não me canso de me surpreender com o mundo. Para o bem e para o mal.
A política, por exemplo.
Dirão os mais extremados que me tornei um conservador, alguém de direita, que está se assumindo burguês, etc. Não será surpresa e nem ficarei ofendido. Já fui acusado disso antes, por razões mais sem sentido que o meu texto de hoje, mas isso não vem ao caso. Gostaria – mas não vou fazer – de mostrar minhas “credenciais” para poder falar de política, mostrar que já votei em um ou outro e que não tenho compromisso com ninguém, apenas com minha opinião.
Chega de tergiversar, então.
Estou muito preocupado com o provável resultado da eleição para presidente. Não apenas pela Dilma, que – sim – considero uma pessoa despreparada para o cargo, para dizer o mínimo. Tenho mais medo do PT continuar de posse da máquina do estado. Essa utilização da estrutura de poder para fins menores, como visto nos casos dos dossiês, da quebra de sigilo do caseiro Francenildo, o mensalão, a quebra de sigilo da filha do José Serra e, recém saído do forno, a questão do lobby na casa civil por familiares da ministra. Isso tudo assusta.
Deixar por tanto tempo no poder um partido que, se no início lutava por “um outro mundo possível”, pela democracia e pela ética e que tem homens de bem em seus quadros (como qualquer outro partido), tornou-se um monstro que – se por um lado mantém programas sociais que beneficiam milhões de brasileiros que saíram da miséria absoluta para ter alguma dignidade (e que, por justiça devemos reconhecer, foram iniciados no governo anterior, do Fernando Henrique e chamado pelo PT de compra de votos) – por outro tem uma máquina de fazer dinheiro para poucos, abandonando qualquer princípio da ética um dia proclamada, é um risco. Risco inclusive para a democracia.
Em 2002, eu votei no Lula com convicção, porque acreditava que o Brasil tinha uma chance de mudar porque estávamos tirando do galinheiro velhas raposas que por anos haviam “cuidado” de nós. Mas quando vi com quem Lula se aliou, a saber, Sarney, Collor, Barbalho et caterva, comecei/começamos a ver que quase nada mudaria.
Engano.
Economicamente, ao manter a política econômica do governo anterior, o governo manteve a estabilidade que proporcionou os avanços obtidos nesses anos, mas com isso afastou-se de petistas históricos e mais radicais. Lula sempre foi muito inteligente, mas nunca foi de esquerda, não se enganem. Tudo pragmatismo, isso sim. Lula, aliás, não é o problema. Nem a Dilma, no fim das contas. O PT é.
O José Dirceu e sua turma.
Esses querem tomar conta do Brasil. Sem o Lula lá, e com a Dilma, é bem possível que consigam.
Cuidado, Brasil.
Até.
Nenhum comentário:
Postar um comentário