Termina 2011 e estou em férias.
Merecidas. Justas.
Fui almoçar esses dias com um amigo
que, ao me ver, disse que há tempos não me encontrava daquele jeito, com
aspecto descansado, relaxado. Tem razão, estou tranquilo, consegui reduzir a
marcha para me recuperar, física e mentalmente. E, melhor de tudo, sensação do
dever cumprido.
Sensação de que consegui, e neste
momento não importa o que eu possa ter conseguido, nem vem ao caso. Quer fazer
isso mesmo, tornar intransitivo o verbo que originalmente pede um objeto
direto. Simplesmente consegui. Ponto.
E encerra o ano, bola ao centro,
começamos tudo de novo. Mais uma vez, e sempre.
Sei que falo e não digo nada, ou –
melhor – quase nada. Claro que é proposital, neste momento acho que os
pormenores são irrelevantes para o entendimento (ou não) do todo. É a potencial
audiência mais ampla o que justifica o fato.
Dois mil e doze é o ano em que
farei quarenta anos.
E lembro o começo do ano de 2002,
quando vi que era hora de mudar minha postura perante algumas coisas que
ocorriam na vida. E assim o fiz: dediquei-me aquilo que eu precisava me dedicar,
inverti prioridades – profissionais, mais especificamente – e acabei entrando
num turbilhão de acontecimentos que resultaram em chegar até aqui na condição
em que estou. E foi bom? Claro que sim. Como já disse, consegui.
Fazer quarenta anos não quer dizer
muita coisa, exceto que o tempo realmente avança a passos largos e não somos
mais crianças. Tinha pensado numa grande festa, reunindo a Banda da Sopa
novamente, os guris já tinham até topado, mas não sei mais de nada. Não com
relação à banda, falo de fazer a festa ou não. Não sei mesmo. Tem tempo, que
não é muito, para decidir. Vamos ver.
Mas essa é uma retrospectiva, dizia
eu, e a ideia é pensar o ano que passou.
Posso dizer que reencontrei velhos
amigos, relembrei de fatos e tempos idos e também não lembrei fatos que pessoas
juram que vivi, o que assusta um pouco, afinal a boa memória sempre foi uma das
minhas características. Não tive tempo de encontrar outras que queria muito
reencontrar e que - sinceramente - pretendo fazê-lo no próximo ano. Algumas
porque temos um passado muito significativo e acho que devo ao menos reafirmar
isso.
Sinto que falo como se tivesse
“contas a acertar” com as pessoas e uma urgência em fazer isso, como se
correndo contra o tempo. E é verdade. Estou mesmo correndo contra o tempo.
Aliás, sempre corro contra o relógio e, em boa parte das vezes (bem menos
agora), nado contra a corrente. Como dizia, tenho pressa em dizer às pessoas
que elas são importantes e que o convívio – mesmo que eventual, afinal amizade
não tem hiato - é importante para a minha sanidade mental, para não esquecer
quem realmente sou.
O que de importante aconteceu, no
ano que ora termina, foram – como sempre – as pessoas e as relações. O resto é
o resto, é falsificação, como diz a música dos Engenheiros do Hawaii. Música
essa, ‘Exército de um homem só’, que poderia servir de trilha sonora:
Não
importa se só tocam
O primeiro acorde da canção
A gente escreve o resto em linhas tortas
Nas portas da percepção
Em paredes de banheiro
Nas folhas que o outono leva ao chão
Em livros de histórias seremos a memória dos dias que virão
Se é que eles virão
O primeiro acorde da canção
A gente escreve o resto em linhas tortas
Nas portas da percepção
Em paredes de banheiro
Nas folhas que o outono leva ao chão
Em livros de histórias seremos a memória dos dias que virão
Se é que eles virão
Não
importa se só tocam
O primeiro verso da canção
A gente escreve o resto sem muita pressa
Com muita precisão
Nos interessa o que não foi impresso
E continua sendo escrito à mão
Escrito à luz de velas quase na escuridão
Longe da multidão
O primeiro verso da canção
A gente escreve o resto sem muita pressa
Com muita precisão
Nos interessa o que não foi impresso
E continua sendo escrito à mão
Escrito à luz de velas quase na escuridão
Longe da multidão
Somos
um exército, o exército de um homem só
No difícil exercício de viver em paz
Somos um exército, o exército de um homem só
Sem bandeira
Sem fronteiras
Pra defender
Pra defender...
No difícil exercício de viver em paz
Somos um exército, o exército de um homem só
Sem bandeira
Sem fronteiras
Pra defender
Pra defender...
Para terminar, conversando com uma
colega com quem convivo há bastante tempo, e comparando quem eu era e o que
fazia há alguns anos com quem sou e o que faço hoje, ela disse “Te vendeu ao
sistema, então?”. Na hora, não soube o que responder, apenas disse que “pode
ser, pode ser”.
Semanas depois, tive a epifania:
“Não me vendi para o sistema, agora
eu sou o sistema...”
:-)
Até.
Um comentário:
Lembrei dessa:
http://www.youtube.com/watch?v=ekAPqr-obXk
vamos em frente!
abraço!
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