domingo, março 18, 2012

A Sopa 11/10


Sou um entusiasta dos reencontros.

E morro de medo de reencontros.

Sentimentos contraditórios, eu sei, mas perfeitamente compreensíveis. Reencontrar velhos amigos, antigos colegas de escola ou faculdade, é uma situação de potencial risco, porque é – de certa forma – deparar-se com seu passado e, inevitável, reavaliá-lo. Trazer à tona lembranças de fatos que por qualquer razão estavam esquecidas no fundo de uma gaveta mental, empoeiradas, talvez até com algum mofo nelas. É chance de confrontar a versão dos outros para as nossas memórias correndo o risco de as coisas não terem sido exatamente aquilo que sempre pensamos que fossem.

Os últimos seis meses foram pródigos desses eventos. 

Primeiro, em setembro passado, foi reencontrar a turma do segundo grau, após vinte e três anos. Havia o (irracional) medo de não ser lembrado, de não marcado minha passagem naquele grupo. É claro que eu não havia sido esquecido, e as histórias continuavam lá, a maioria como eu lembrava. Alívio. 

Ontem, houve outro desses encontros, de significado ainda maior do que o de setembro passado. Reunimos, depois de cerca de vinte anos, a Turma do Muro, a nossa turma da praia de quando éramos crianças e depois adolescentes entrando na fase adulta. Crescemos juntos, e uma boa parte das histórias desse período da (minha) vida ocorreu com essa turma, dos verões em Imbé. 

Não havia o medo ser não ser lembrado, nem das histórias não serem exatamente como eu lembrava, mas havia a ansiedade do reencontro (alguns encontro sempre, outros fazia quase esse tempo, vinte anos, sem conversar), do saber como seria. Havia o risco – que não saberia quantificar – de que não tivesse nada a ver, que fôssemos estranhos uns para os outros, e que o passado tivesse deixado cicatrizes não curadas, sei lá. Eu achava que não, mas essas coisas podem acontecer. É da vida, paciência.

Não aconteceu, claro.

Foi – e era o que de melhor poderia acontecer – como se não houvesse passado o tempo, no bom sentido. Daquelas situações em que sentamos e retomamos a conversa de vinte e poucos anos atrás, sem hiato, e lembramos das histórias em comum de um tempo que parecia que nunca ia passar, que nunca nossas vidas tomariam rumos que dificultariam o convívio diário ou quase diário. De repente, sem que percebêssemos, vinte anos passaram, mas ainda somos muito ligados por esse passado comum e a vontade de continuar próximos. Rimos muito, contamos histórias que não poderiam ser contadas àquela época, vimos que o carinho e a intimidade não se perderam. O dia passou voando, e planos foram feitos. Até uma Sopa entrou na pauta.

Eu me emocionei, confesso.

Valeu mesmo.

Até.

Um comentário:

Leticia Taufer disse...

Aconteceu isso comigo também nesse último ano. Reencontrei colegas de colégio e a turma da faculdade, os quais não revia a 21 e 15 anos, por estar morando em SP. É muito bom saber que ainda temos estas amizades depois de tantos anos. Faz a vida valer a pena.