Sou um
entusiasta dos reencontros.
E morro de
medo de reencontros.
Sentimentos
contraditórios, eu sei, mas perfeitamente compreensíveis. Reencontrar velhos
amigos, antigos colegas de escola ou faculdade, é uma situação de potencial
risco, porque é – de certa forma – deparar-se com seu passado e, inevitável,
reavaliá-lo. Trazer à tona lembranças de fatos que por qualquer razão estavam
esquecidas no fundo de uma gaveta mental, empoeiradas, talvez até com algum
mofo nelas. É chance de confrontar a versão dos outros para as nossas memórias
correndo o risco de as coisas não terem sido exatamente aquilo que sempre
pensamos que fossem.
Os últimos
seis meses foram pródigos desses eventos.
Primeiro, em
setembro passado, foi reencontrar a turma do segundo grau, após vinte e três
anos. Havia o (irracional) medo de não ser lembrado, de não marcado minha
passagem naquele grupo. É claro que eu não havia sido esquecido, e as histórias
continuavam lá, a maioria como eu lembrava. Alívio.
Ontem, houve
outro desses encontros, de significado ainda maior do que o de setembro
passado. Reunimos, depois de cerca de vinte anos, a Turma do Muro, a nossa
turma da praia de quando éramos crianças e depois adolescentes entrando na fase
adulta. Crescemos juntos, e uma boa parte das histórias desse período da
(minha) vida ocorreu com essa turma, dos verões em Imbé.
Não havia o
medo ser não ser lembrado, nem das histórias não serem exatamente como eu
lembrava, mas havia a ansiedade do reencontro (alguns encontro sempre, outros
fazia quase esse tempo, vinte anos, sem conversar), do saber como seria. Havia
o risco – que não saberia quantificar – de que não tivesse nada a ver, que
fôssemos estranhos uns para os outros, e que o passado tivesse deixado
cicatrizes não curadas, sei lá. Eu achava que não, mas essas coisas podem
acontecer. É da vida, paciência.
Não
aconteceu, claro.
Foi – e era
o que de melhor poderia acontecer – como se não houvesse passado o tempo, no
bom sentido. Daquelas situações em que sentamos e retomamos a conversa de vinte
e poucos anos atrás, sem hiato, e lembramos das histórias em comum de um tempo
que parecia que nunca ia passar, que nunca nossas vidas tomariam rumos que
dificultariam o convívio diário ou quase diário. De repente, sem que
percebêssemos, vinte anos passaram, mas ainda somos muito ligados por esse
passado comum e a vontade de continuar próximos. Rimos muito, contamos
histórias que não poderiam ser contadas àquela época, vimos que o carinho e a
intimidade não se perderam. O dia passou voando, e planos foram feitos. Até uma
Sopa entrou na pauta.
Eu me
emocionei, confesso.
Valeu mesmo.
Até.
Um comentário:
Aconteceu isso comigo também nesse último ano. Reencontrei colegas de colégio e a turma da faculdade, os quais não revia a 21 e 15 anos, por estar morando em SP. É muito bom saber que ainda temos estas amizades depois de tantos anos. Faz a vida valer a pena.
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