As pessoas falam demais, e falam bobagens. E não importa o assunto, todos tem opiniões definitivas, peremptórias, sobre como tudo é e como deveria ser. Quanto mais certeza tem, mais intolerantes parecem ficar. E te olham, desafiadoras, um dedo em riste a apontar para os defeitos os outros, nunca os seus.
Eu não. Cada vez sei menos, tenho menos certezas. Só que ainda tenho a tendência a falar mais que do deveria e, pior, continuo prolixo. O esforço para melhorar, rumo ao silêncio, ou - ao menos - à concisão é contínuo.
Controladores eletrônicos de velocidade. Mesmo já tendo sido multado mais do que gostaria, sou totalmente a favor, afinal eles só multam quem está acima do limite de velocidade. Chamar de "indústria da multa" ou "caça-niqueis" é uma distorção de valores que beira o ridículo. Lembrem-se, ele só multa quem está ACIMA do limite de velocidade. E não faz diferença que o azulzinho esteja escondido, camuflado, fantasiado: ele não multa quem está dentro da lei. É difícil entender? Falando em multa, alías, acho que se multa pouco no trânsito. A quantidade de aberrações cometidas por motoristas nas ruas e estradas do Rio Grande do Sul, que concluo que as autoridades são extremamente tolerantes com os infratores.
Protestos contra a corrupção. Acho ótimo ir para a rua protestar, sou a favor. Continuemos lutando por um país melhor. Mas, cá entre nós, e a tua parte, estás fazendo? E as pequenas corrupções do dia-a-dia, não contam? Pedir para um colega assinar a presença para ti quando faltas à aula (não, nós professores não percebemos NUNCA isso acontecer...), por exemplo, é exemplo de correção? Receber o troco a mais e não falar nada, subornar o guarda para não receber multa? Justificar o dano ao patrimônio público e privado como "parte" do protesto é correto? Orientar a força policial a não intervir mesmo que testemunhando destruição e saques está bem? Pois é.
E nós médicos, que temos medo que venham médicos de outros países tirar nossos lugares, para pegar nossa parte na fortuna que as prefeituras pagam para nós não trabalharmos? E quando digo que existem médicos que trabalham de GRAÇA para o SUS, não acreditam. De graça? Não pode ser! Pois é, parte do meu trabalho é, sim, não remunerada. Aliás, já passei dois meses inteiros indo ao hospital todos os dias (inclusive aos finais de semana) ver uma paciente do SUS e não recebi nada por isso. Mas isso não vem ao caso. O problema somos nós, médicos? Está bem, façam como achar melhor. Depois conversamos, companheiro.
Não, não foi nada disso que escrevi no e-mail que mandei para a Presidente.
Apenas, como parte da campanha estimulada pelo CFM, pedi respeitosamente que ela sancione a Lei do Ato Médico.
Era isso.
Até.
Um comentário:
Ela não vai ler seu e-mail
:(
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