Aliás, sou a favor dos médicos. Ponto.
Nós, médicos, estamos deixando a discussão ir para o lado errado.
Ingenuamente, estamos sendo manipulados, e - com isso - ficamos cada vez mais antipáticos perante a opinião pública, que já "sabe" pela grande imprensa que somos os profissionais mais "bem remunerados" do Brasil. Além de marajás, temos medo de concorrência.
Sei, sabemos, qual é o problema da saúde pública no Brasil, e que "importar" médicos estrangeiros não vai resolvê-lo. Mas temos a maior parte da opinião pública sendo colocada contra nós porque estamos perdendo o foco da discussão. Cada vez mais parecemos estar preocupados com o nosso "feudo". Temos um problema de comunicação.
Estive na manifestação dos médicos ontem.
Em sua maioria, os argumentos eram os adequados, mas à vezes ocorriam deslizes, justamente quando se falava dos médicos de Cuba. Sem falar na boa intenção do carro de som com o "puxador" das palavras de ordem, esforçadas, mas fraquinhas (em termos de marketing).
Foi bonito, emocionante mesmo, encontrar professores, colegas e alunos, todos juntos ali em defesa do SUS, dos investimentos em saúde. Mostrou que o momento é de luta, de ir para a rua mesmo. Teve um momento que três mais jovens se dirigiram a um container de lixo. Alguns olharam assustados, se viraram como se fossem defendê-lo, e se acalmaram quando perceberam que a intenção era apenas uma foto...
Foi bonito ver que muitas pessoas aplaudiam a passagem do "cortejo" médico em direção ao Palácio Piratini, e aqueles de carro buzinavam. Foi importante nos manifestarmos. E foi muito bem. E éramos muito, mas muito mais que os 300 citados pelo Correio do Povo ou 600 segundo a Zero Hora.
Só que - no geral - acho que estamos perdendo a batalha pela simpatia do povo.
Esqueçam de onde virão - se virão mesmo - os médicos estrangeiros. Não importa se de Cuba, Portugal, Espanha, ou qualquer que seja seu país. Todos serão bem recebidos, independente da origem ou da formação.
Só precisam fazer o que fazemos quando vamos trabalhar no exterior: revalidar o diploma. Afora isso, é uma ilegalidade. É crime.
Temos médicos suficientes. O que não temos, por outro lado, são governos sérios e competentes.
Até.
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