quinta-feira, julho 11, 2013

Falando com as paredes

Definitivamente, uma mentira repetida mil vezes vira uma verdade.

Sim, e lamento por isso, continuo falando sobre o momento atual do Brasil, em especial sobre o ataque premeditado que o atual governo (incompetente e corrupto) brasileiro ora faz sobre uma categoria profissional, os médicos. Poderiam citar como conflito de interesse nas minhas análises o fato de eu ser médico, mas é justamente esse fato que me faz entender o que está acontecendo, visto pelo lado de quem está sendo ameaçado. É verdade, tenho um lado a defender e defendo com convicção do que falo.

Mas vamos às últimas novidades.

Por onde começo? Ah, por nós médicos, agora acusados de engomadinhos, burgueses (de novo? sério mesmo?), e de termos nojo de povo. E que a inconstitucional, imoral, autoritária, inefetiva e burra ideia de estender a formação médica em dois anos para que os novos formandos conheçam a realidade do SUS é uma forma de humanizá-los. Esse argumento é tão ESTÚPIDO que fica difícil de debater. Onde as pessoas pensam que se cursa medicina? Num shopping center? Que só atendemos pacientes privados? Ou em bonecos? Aprendemos a diagnosticar com Playmobil e a operar com Legos? Assim que nos formamos, abrimos no dia seguinte um consultório privado naquele mesmo shopping center e ficamos ali, esperando o dinheiro entrar? Pergunta: em que mundo vivem as pessoas?

TODOS os estudantes de medicina atendem pacientes do SUS durante o curso, e 70% dos médicos trabalham no SUS. Alguém do governo diz isso? Pois é.

SIM, nós queremos ir para o interior. Mas queremos ir com dignidade, para que possamos levar nossas famílias, educar nossos filhos. Isso não é questão de salário, apenas. Queremos ter condições de trabalhar direito: postos de saúde em condições, hospitais para onde encaminhá-los quando necessário, exames, equipes de saúde completas, direitos trabalhistas (férias, décimo-terceiro salário, etc), um plano de carreira, possibilidade de progressão. Ou vocês acham que haveria juízes, ou delegados, em todas as comarcas e cidades se as condições oferecidas a eles fossem as mesmo que oferecem aos médicos?

O FRACO governo Dilma Roussef, mais perdido desde que começaram as manifestações populares pelo Brasil, escolheu o alvo da vez, e - já pensando na eleição do ano que vem - lançou esse plano demogógico e eleitoreiro para "satisfazer" as ruas, que pediam saúde. Não se faz saúde sem médicos, mas também não se faz SOMENTE com médicos. Mas isso não importa para eles, o importante é a eleição do ano que vem, quando a possivelmente a presidente (mas não ficaria nada surpreso se o ex viesse aí) vai tentar a reeleição e o ministro da saúde - e seu certificado de especialista falso - vai a governador.

A tática atual - que não vai funcionar - é bater na classe médica, tentar colocar a população contra nós.

Não vão conseguir.

O que me lembra a piada aquela em que um cidadão encontra um amigo e diz:
- Minha gata teve ninhada. Sete gatinhos, e quatro são do PT.
- Do PT? Como assim?
- É que os outros já abriram os olhinhos...

Espero que consigamos fazer a pessoas verem que há uma revolução em curso, e que as próximas vítimas podem ser elas...

Até.

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