Uma
história antiga.
No
já longínquo ano de 1978, ano da Copa no Mundo na Argentina, eu estava na 1ª
série do naquela época chamado de 1º grau. Estudava numa Escola Estadual no
Bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre, e morava no Menino Deus, bairro próximo.
Entrei
no primeiro ano de escola pós-educação infantil com cinco anos, cerca de um mês
antes de completar seis anos. Para se ter uma ideia, mais novo do que a Marina
é agora. Até aí, tudo bem. Minha mãe – evidentemente – sempre me levava para a
escola. Levava e buscava, como deve ser. Normal. Tranquilo. Até que...
Um
dia, após ela me deixar na escola e sair, ao chegar na sala, ficamos – os
colegas e eu – sabendo que por algum problema com a professora (havia faltado
não sei por quê), aqueles alunos a quem o pai ou a mãe estivesse ali poderiam voltar para casa. Os outros, ficariam.
Houve
revolta.
Junto
com outros dois ou três colegas – que os nomes ficaram esquecidos no tempo –
decidimos que não era justo conosco, e resolvemos sair da escola. E saímos!
Deixamos a escola, fomos até a casa de um dos colegas, que ficou lá, e fui
caminhando até a minha casa, que ficava a 1,5km da escola, atravessando
inclusive uma avenida de grande movimento que corta a cidade, a Av. Ipiranga. Sozinho,
seis anos de idade, em Porto Alegre.
Cheguei
são e salvo em casa, mas minha mãe não estava. Ato contínuo, voltei para
escola! Mais 1,5km a pé, sozinho por Porto Alegre, cruzando os bairros Menino
Deus e Cidade Baixa até a escola. Como não podia entrar, fiquei esperando no
posto de gasolina em frente à escola. Quando minha mãe chegou, ela já sabia da
minha “aventura”, pois uma vizinha havia contado que eu estivera em casa.
Evidentemente
fiquei um bom tempo de castigo...
Lembramos
disso, minha mãe e eu, quando almoçávamos ontem. E, ao perceber que havia feito
isso com a mesma idade que a Marina tem agora, pela primeira vez percebi o quão
grave foi o que fiz. Consegui me colocar no lugar da minha mãe e entender o
potencial desespero dela com relação ao que poderia ter me acontecido.
Eram
outros tempos, claro, mas não consigo deixar de pensar na inconsequência do que
eu fiz. Em como eu me sentiria se acontecesse com a Marina.
Quase
me coloquei de castigo de novo só por isso...
Até.
##
Mais
memória.
Cazuza.
Terça-feira
passada, sete de julho, completaram-se vinte e cinco anos da morte do Cazuza.
Lembro exatamente do dia, de como fiquei sabendo, de como me senti. Relembrei
diversas histórias daquele tempo, de quem eu era e de quem me tornei.
Eu
era muito fã do Barão Vermelho e depois da carreira solo do Cazuza. Acompanhei
– como todos naquela época – a evolução da sua doença e o amadurecimento de sua
poesia, até hoje relevante.
Cazuza
foi a trilha sonora de parte da minha vida, sua música esteve presente em
momentos marcantes daquele período e mesmo depois dele. Lembrar faz bem, quando se está resolvido com
o passado.
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