terça-feira, julho 01, 2025

Palavras ao Vento

Saudades sem ação são como palavras ao vento.

 

Quando morei no Canadá, há vinte anos, de tempos em tempos acontecia de sentir saudades de alguém em especial, familiar ou amigo. De pronto, eu ligava para essa pessoa, ou enviava uma mensagem, um e-mail. Não havia como estar presente fisicamente, então arranjava um jeito de estar virtualmente, ao menos.

 

Existem situações em que as saudades vão bater e não teremos como resolver de maneira definitiva, pois a morte, angústia de quem vive, como disse Vinícius de Moraes, estará entre nós e de quem sentimos falta. Essa talvez seja a única situação em que não temos como fazer nada, e a forma de suprir essa ausência é com as memórias, as lembranças dos momentos que vivemos.

 

Para todas as outras situações, há o que fazer, existem soluções. Ligação de áudio, de vídeo, mensagem, cafés, encontros, churrascos. Não há por que sentir falta de alguém e não fazer nada.

 

Assim como em outras situações da vida, não devemos complicar o que é simples. Se realmente quisermos, na maior parte das vezes há o que fazer, há como ligar, como encontrar. Se parece difícil demais, se parece impossível até, talvez sejamos nós que não estamos sentindo tanta falta assim. Talvez nosso interesse não seja tão grande assim.

 

Quando sinto saudades, e é alguém que está mais ou menos próximo, a um telefonema ou uma mensagem de distância que seja, eu tomo uma atitude, procuro passar para a ação. Porque se for “deixando para quando der”, pode ser que chegue um momento em que não será mais possível, não haverá mais como. Como eu disse, saudades sem ação são como palavras ao vento.

 

E não há nada pior do que o arrependimento de não ter falado, de não ter feito.


Até. 

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