sexta-feira, julho 04, 2025

A Casa da Praia

Tenho alguns sonhos recorrentes.

 

Essa noite, depois de um certo tempo, sonhei com a casa da praia, a do Imbé, onde passei os verões de minha infância e adolescência. Fazia tempo que não sonhava com a casa.

 

Era para ser um feriado, e a casa ao lado, à esquerda de quem olha de frente, tinha muitos carros em frente e estava sendo limpa para receber pessoas. Estávamos na casa dos fundos, meio improvisados, e a casa da frente estava fechada. 

 

Em algum momento do sonho decidi abri-la, pois estava fechada provavelmente desde o verão, e teríamos que abrir janelas e limpá-la para ficarmos lá. Só que as luzes não acendiam, e fui ao quadro de disjuntores para verificar. Liguei e desliguei alguns deles até que percebi que o quadro estava em lugar que não era o habitual. Foi quando me dei conta, lembrei.

 

A casa não era mais nossa.

 

Estava (de novo) na nossa casa da praia que já não era nossa, e não deveria estar ali. Lembrei que havíamos vendido a casa em dois mil e quatorze (!). E que sigo sonhando de tempos em tempos com a casa, e sempre tenho percebido durante o sonho que não deveria estar mais ali, pois já não é o nosso lugar.

 

Não têm mais os verões e sábados de manhã de sol em que a música que toca é (de um vinil) ‘Cúmplice’, do Cazuza, que diz:

 

‘Hoje eu acordei querendo encrenca
escrevi teu nome no ar
bati três vezes na madeira
senti você me chamar

 

Na verdade uma carta em braile
me deu uma certeza cega
Você estava de volta ao bairro
em alguma esquina á minha espera’...

 

 

Em alguns dos sonhos, meu pai também aparece, e sei que ele não está mais lá. As pessoas que eram importantes para a casa da praia não estão lá.

 

A casa da praia continua em mim, e sigo, mesmo que não mais frequente a praia de outros tempos. Existem outras praias e outras casas, mas nenhuma como a (minha) casa da praia.

 

É vida.

 

Até.

Nenhum comentário: